segunda-feira, 30 de abril de 2018

As práticas podem nos libertar das ilusões do mundo


LIÇÃO 120

Para revisão pela manhã e à noite:

1. (109) Eu descanso em Deus.

Eu descanso em Deus hoje e O deixo trabalhar em mim,
e por meu intermédio, enquanto descanso n'Ele em paz e
em perfeita segurança.

2. (110) Eu sou como Deus me criou.

Eu sou o Filho de Deus. Hoje deixo de lado
todas as ilusões doentias acerca de mim mesmo e permito que
meu Pai me diga Quem eu sou realmente.

3. Para a hora:
Eu descanso em Deus.

Para a meia hora:
Eu sou com Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 120

Eis que novamente chegamos ao fim de mais uma revisão. Com isto, voltamos a atenção e dirigimos nossas práticas de hoje para duas ideias, que trazem em si - cada uma delas com sua peculiaridade - toda a força e todo o poder para nos libertar para todo o sempre de todas as ilusões que inventamos acerca do que somos e do que pensamos ser o mundo.

É bom termos sempre em mente que "todas as coisas cooperam para o bem" e que, diferentemente do que nos mostra a percepção dos sentidos, fazendo o que quer que façamos, pensando o que quer que pensemos, é em Deus que o fazemos, pois vivemos e nos movemos n'Ele. 

E, ainda que não tenhamos consciência disso o tempo todo, descansamos em Deus, enquanto a ilusão de nós mesmos, que criamos, pensando-nos separados d'Ele, se debate em um mundo de fantasias, um mundo de ilusão, que não leva a lugar nenhum. 

O melhor de tudo isso, porém, é que, por ser ele ilusório, podemos abandonar este mundo tranquilamente a qualquer instante. Agora mesmo, neste exato momento, se assim o desejarmos. Basta acreditar de fato nesta ideia para reconhecermos que este mundo de ilusões não tem nada que queiramos e que não há nada nele que queiramos mudar, nem em nós mesmos, porque ainda somos como Deus nos criou. E porque o mundo e tudo nele só pode ser exatamente como é em todo e qualquer momento em que voltamos nossa atenção para ele.

Reforçando: independente do que fizermos, somos como Deus nos criou. Sempre seremos. E descansamos n'Ele. Nada, nem ninguém, neste mundo, nada nesta vida ilusória de separação, de sofrimento, de dor e de morte que pensamos levar pode mudar a verdade do que somos. Nunca, em tempo algum. Esta ideia deve bastar para nos dar a tranquilidade, a serenidade e a paz, que completam a alegria perfeita, que é a Vontade de Deus para nós.

N'Ele e só n'Ele podemos descansar.

Às práticas, pois?


*

ADENDO:

Jornada num tempo sem tempo (ou viagem de volta no tempo?)

2017. Abril, 30 de abril. De Castrojeriz a Boadilla del Camino (17 km)

Saio de Castrojeriz com o propósito de esticar a caminhada até Fromista (o que daria um total de 23 quilômetros de caminhada), Daniel e Fábio seguem comigo.

No entanto, as condições do tempo transformaram esta etapa nos dezessete quilômetros mais longos "ever".

Começou a chover assim que saímos. E não parou mais. Daniel e Fábio ficam para trás. 

Ando e ando e ando. E nada de chegar a lugar nenhum. E começa uma subida. Um trecho longo. E desce-se um pouquinho. E se anda e se anda. E chove e chove. Em certo ponto há um lugarejo de que nos falou José,, do albergue em Castrojeriz - um hospital de peregrinos, um pouco antes da ponte sobre o rio Pisuerga. Na porta o cartaz: Aberto.

Passo direto. Fotografo a ponte. A chuva deu uma trégua. E começa o vento. Passo por Itero del Castillo - antes do rio, mas é um desvio - o caminho não segue para lá. Logo depois da ponte vem Itero de la Vega - há muitas mochilas sobre os bancos à vista em um restaurante que avisto à frente, a minha direita. Vejo até um dos peregrinos que estava conosco em Castrojeriz. 

Decido-me por não parar. Espero chegar a Boadilla antes que a chuva recomece. Ledo engano. Atravesso a pista de uma estrada seguindo os sinais e a chuva recomeça mais forte.

Uma coisa interessante é que parece que só chove em mim, como se a chuva estivesse sendo atraída por e para mim, sem molhar o caminho que - parece-me - se mantém seco. Depois de chegar a Boadilha é que verifico no guia - faltavam apenas pouco mais de cinco quilômetros desde Itero de la Vega. Longos cinco quilômetros sob um chuva gelada, cortante. Há já algum tempo o tênis - a bota - deixou de ser impermeável - a capa de chuva também não suportou o volume da precipitação. Não sei o que está seco sob ela em mim.

Chego a um albergue privado: o Albergue "En el Camino", completamente molhado, ensopado, com frio - decidido a ficar - não há como andar mais seis quilômetros até Fromista. Pelo menos não nas condições em que me encontro.

A pessoa que me atende, proprietário, não sei, ou funcionário, se chama Dudu, diminutivo para Eduardo - é daqui, mas morou em São Paulo, no Real Parque Morumbi. 

Ele me leva às acomodações, liga uma lareira elétrica e me diz para ficar à vontade - sou o primeiro -, indica as duchas, o banheiro e as camas: beliches. Escolho o primeiro, na entrada da porta da sala, a cama inferior. Aí é que vou avaliar os estragos causados pela chuva. Estou todo molhado. O tênis e as meias também estão ensopadas.

Tomo um banho quente. Ponho roupas secas. Trato dos pés com o creme. Calço meias secas e a sandália. E vou para o bar. Tenho fome. Ele me oferece uma sopa de feijão. Peço um conhaque. Após a sopa, água e vinho. Sobremesa: um creme de baunilha delicioso.

Os outros peregrinos começam a chegar. Molhados, com frio. Um grande número deles vibra ao chegar. Dudu me diz que Paulo, de BH, está vindo. Depois de ter almoçado, vejo Tina. Ela me diz que Márcio e ela também optaram por ficar aqui. Chegaram por volta da uma da tarde. Quando Márcio desce para almoçar, diz estar gripado. Também! Sento-me com eles e ficamos conversando enquanto eles comem.

Por volta das quatro da tarde o albergue está praticamente lotado. Há gente chegando ainda. Às seis chega mais uma peregrina.

O tempo muda. Em poucos minutos chove granizo. E o sol se apresenta. Faz muito frio. Logo em seguida, chove de novo. E, de novo, o sol. O vento é gelado. 

A questão agora é: será que o tênis/a bota e as palmilhas vão estar secas amanhã de manhã? Terei de fazer um trecho ( os próximos vinte e cinco quilômetros) de sandálias?

Para jantar, as turmas forma divididas em duas. A primeira janta às 19 horas. Cerca de trinta pessoas, eu inclusive. Uma mesa grande acho que para seis pessoas, em que cada um fala uma língua diferente. Já estou familiarizado com algumas pessoas e trocamos histórias na língua possível. A segunda, após as 20 horas. Mais uma dez pessoas. Há também aqueles que preferem pedir um sanduíche, ou uma porção e beber alguma coisa no bar.

Ao chegar, eu havia deixado minha roupa suja e molhada para lavar e secar com Pedro, outro dos atendentes, hospitaleros. Depois do jantar Pedro me entrega a roupa lavada e seca. E peço-lhes, a conselho de Dudu, alguns jornais para pôr dentro das botas e para envolver as palmilhas para ver se elas secam durante a noite.

Dez horas da noite! Dormir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário