domingo, 29 de abril de 2018

O real é que só a verdade pode nos tornar livres


LIÇÃO 119

Para revisão pela manhã e à noite:

1. (107) A verdade corrigirá todos os erros em minha mente.

Estou errado quando penso que posso
 ser ferido de alguma forma. Eu sou o Filho de Deus,
cujo Ser repousa em segurança na Mente de Deus.

2. (108) Dar e receber são a mesma coisa na verdade.

Vou perdoar todas as coisas hoje, para poder aprender como
aceitar a verdade em mim, para vir a reconhecer minha inocência.

3. Para a hora:
A verdade corrigirá todos os erros em minha mente.

Para a meia hora:
Dar e receber são a mesma coisa na verdade.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 119

Aproximamo-nos, mais uma vez, do final desta revisão - a terceira delas neste ano. E as ideias que vamos praticar hoje são extremamente importantes para reconhecermos, aceitarmos e cumprirmos nosso papel no plano de Deus para a salvação. Elas são também instrumentos importantes para nos preparar para os passos que virão a seguir.

A primeira ideia que revisamos busca nos tornar capazes de apagar de nossa memória aquilo que nos deu - e continua a dar - a educação do mundo, que nos fez, e faz até hoje, acreditar que a verdade, tanto quanto Deus, é perigosa e deve ser temida.

A realidade mesmo, que o ego quer esconder de nós, é que só a verdade nos pode tornar livres. Porque só a verdade pode nos levar à paz infinita e inabalável. É só o ego - o falso eu - que pode ter medo da verdade. Pois a verdade faz ver que não há nenhuma valor em nenhuma das ilusões que o mundo oferece. Todas são a mesma. Todas são perecíveis, finitas. Só podem nos levar a mais ilusões, quando lhes damos nossa atenção.

A segunda, como já vimos, resolve todos os conflitos que aparentemente existem no mundo, por desmentir a crença de que dar alguma coisa significa perdê-la. Não, não e não! Na verdade, como o Curso ensina, só temos de fato aquilo que damos. Ou ainda, dito de outra forma, "só não tens aquilo que não dás". E não existe perda, a não ser na ilusão. E a ilusão não existe.

Para isso praticamos.


*

ADENDO:

Jornada num tempo sem tempo (ou viagem de volta no tempo?)

2017. Abril, dia 29: De Rabé de las Calzadas a Castrojeriz (28,5 km)

O alvorada em Rabé de las Calzadas se dá também a partir da seis horas. Aí, toca começar a se preparar para a nova jornada, re-arranjar a mochila, tratar dos pés e das bolhas, protegendo-as para enfrentarem a nova etapa.

Depois do café da manhã e de tudo arranjado, saio em direção a Hornillos del Camino, que fica a cerca de nove quilômetros de Rabé. São sete e meia.

Na descida para Hornillos, após uma longa subida num terreno não lá muito confiável, de cerca de de seis quilômetros, mais ou menos, para preparar os bastões para a descida, retiro as luvas e as ponho num dos bolsos da jaqueta que estou vestindo. Ao chegar quase lá embaixo, descubro que uma das luvas caiu. Um peregrino passa  e pergunto-lhe se a achou, ou a viu? Não!

Preparo-me, então para voltar - tinha acabado de comprar as luvas em Burgos, por quinze euros, uma fortuna -, e, já voltando, encontro outros dois peregrinos, um peregrino e uma peregrina, na verdade, Lourdes, uma basca, que já fez o Caminho antes, venho a saber depois, estava - intuí - com minha luva presa a seu cinto e me pergunta: "Que pasa?". Digo-lhe que perdi um guante. "Es esta?", diz ela me estendendo a luva. Si, si, gracias. Gracias muchissimas.

Seguimos juntos até Hornillos, aonde chegamos às nove horas. Aí, procuramos um bar para comer e beber alguma coisa. Logo chega um senhor e diz que ja vai abrir: o Bar del Abuelo, que devia ser ele. Entramos, ele sai por instantes para pegar o pão que está sendo entregue naquela hora. E volta.

Além de Lourdes, Ricardito - do Colorado - e eu, há mais um casal. Outra pessoa que entra desiste de esperar e se vai. Lourdes também sai.

O "Abuelo" é muito lento (e um poquito surdo). O casal pede dois "bocadillos de tortilla" e dois cafés grandes e ele começa por lhes servir uma cerveja. A confusão está formada.

Peço um "bocadillo" pequeno e um "sumo de naranja". Ele me diz que tem de esperar por "la chica" para o "sumo". Um café americano então. A "chica" chega em seguida om "la chiquita". Prepara o suco. Bebo, pago e saio. São nove e quarenta.

Sigo na direção de Castrojeriz, passando por San Bol. Até San Bol são seis quilômetros e meio de solidão, não há movimento algum nem de gente, nem de animais ou qualquer outra alma viva. Depois de San Bol, mais cinco quilômetros e se chega a Hontanas.

Logo depois da entrada de Hontanas, em que há uma espécie de cercado onde se encontra uma pequena capela bem interessante, há uma igreja antiga e muito bonita. Enorme. É a Igreja de Nossa Senhora da Conceição.

Conheço aí outros quatro brasileiros: Fábio, Daniel e Luis e Kariana [a Mariana com K], um casal.

À uma e meia entramos em Castrojeriz. É uma entrada por um lugar meio confuso e nos demoramos para encontrar o albergue. Castrojeriz é uma cidade de médio porte e muito espalhada, em comparação com os outros vilarejos por que passei.

No albergue, encontro Marcelo, Tina e Márcio, que me dão notícias de António e Mayara, o casal que mora me Manaus. Também estão aqui. No Albergue Municipal. Fico conhecendo também mais um brasileiro, Paulo Arantes, um médico mineiro, de Belo Horizonte.

No "Comedor" do albergue, a sala de jantar, encontro também duas francesas, Marie Rose e Emilie. Emilie é jovem e toca violão. Depois, venho a saber que ambas são de Carcassone, uma cidade medieval do Sul da França.

Emilie escreve letras para um parceiro - Dani - pôr música. Diz ela estar aprendendo a tocar o violão há apenas pouco mais de um ano. Acha difícil juntar violão e voz. Canta muito bem. E o violão do albergue, com encordoamento novo, desafina um bocado.

Devidamente registrados no albergue, as coisas acomodadas na parte de baixo de um beliche, banho tomado, vamos à missa das 19 horas, na Igreja de San Esteban. Longe. Uma boa caminhada. Tudo pela bênção do peregrino.

Ao voltar da igreja, numa das praças da cidade, encontro um monumento que celebra o primeiro milênio de Castrojeriz. O ano: 1974.

O jantar, que faz parte do pacote do albergue, é servido um pouco antes das oito e às oito e meia, José e sua mulher nos convidam e nos levam a um passeio pela Cave, sob o albergue.

Antes de descermos, José nos fala da prensa para esmagar uvas, no processo de fazer vinho, que há no "Comedor". É uma prensa do século XVIII. Ele explica todo o processo e funcionamento da prensa.

A Cave faz parte da história de Castrojeriz. Era parte do sistema de túneis para a defesa do Castelo, durante o período de conflitos entre mouros e cristãos. Sim, há um castelo que se vê ao longe e no alto e que pode ser visitado. Diz José que com o passar do tempo e o fim dos conflitos, os túneis, que passavam por baixo das casas, foram sendo fechados e passaram a ser usados como adegas.

Há, nas paredes da Cave, ele nos mostra, pedras do século I e II. E há passagens mais estreitas para se passar de um compartimento a outro, que serviam para surpreender um eventual inimigo e matá-lo, forçado que ele era a se abaixar para poder passar.

De volta ao "Comedor", Emilie canta mais duas ou três músicas, a pedidos. Aí, o violão passa às mãos de Fábio e cantamos Tim Maia junto com ele. Para terminar ele toca "with or without" do U2.

Já são 22 horas. Toca dormir que amanhã, para variar, a alvorada é cedo.

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