segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Estamos vigilantes aos nossos pensamentos?

Ernest Becker, em seu livro, A negação da morte, diz a certa altura que "as dores que sentimos, as doenças reais ou imaginárias nos dão algo com que nos relacionarmos, evitam que escorreguemos para fora do mundo, que nos atolemos no desespero da completa solidão e do vazio total. Em uma palavra, a doença é um objeto. Nós nos transferimos para o nosso próprio corpo como se ele fosse um amigo no qual podemos nos apoiar para conseguir força ou um inimigo que nos ameace com o perigo. Pelo menos, ele nos faz sentir reais e nos dá um pouco de influência sobre o nosso destino".
Essa ideia, a de que somos apenas o corpo, é o grande equívoco sobre o qual se baseiam quase todas as nossas crenças e de onde se originam todos os nossos medos. Somos, de certa forma, incapazes de lidar com a ideia de nossa mortalidade, a do corpo, basicamente porque, no fundo, acreditamos que não existe nada além dele. Embora queiramos ardentemente acreditar em uma realidade eterna que não depende do corpo.
Becker diz ainda que nós, ocidentais, criamos uma série de rituais de louvor à morte exatamente por nos acreditarmos vulneráveis. Mortais, cujo destino depois de uma vida sem sentido algum, é o da morte inevitável. Um destino do qual não se escapa e que nos é absolutamente desconhecido, uma vez que não há registro digno de crédito de caso algum de pessoas como nós que tenham voltado do abismo da morte para contar o que acontece do outro lado. Se é que existe outro lado.
Na verdade, a se acreditar no que nos diz Becker a respeito da morte, ou do medo que temos dela, tornamo-nos hipócritas em nossas celebrações ritualísticas. Porque, quando choramos a morte de alguém, ou quando em contato com a morte de alguém que nos é caro, o que nos emociona e motiva é a constatação de também somos mortais. Mais do que qualquer outro sentimento de perda, a perda que choramos é a do chão sobre o qual pisamos, ao julgar a morte tão distante e percebendo-a tão próxima de nós naquele momento.
Esquecemo-nos de que tudo o que vemos é apenas expressão de nossos próprios desejos. Projeção daquilo que trazemos interiormente. E que pode, certamente, ser modificado, caso mudemos nossa forma de pensar. Caso mudemos nosso modo de criar a realidade.
Se pusermos nossa atenção e cuidado a serviço da verdade que não muda nunca, veremos claramente que somos invulneráveis. Nascemos assim e nada pode nos atingir a não ser nossos próprios pensamentos, os verdadeiros criadores de nossa aparente realidade. Sim, porque tudo o que existe, antes de se apresentar como vemos, foi inicialmente um pensamento, uma ideia.
Por isso é tão importante que prestemos atenção permanente a nossos pensamentos. Para não sermos surpreendidos com uma criação que não atenda a nossos maiores interesses. Isto é, uma criação que nos separe da alegria perfeita, para a qual fomos criados.
Alan Cohen, em uma das historinhas do livro Canja de Galinha para a Alma, diz que "nascemos para amar", que se poderia dizer que "somos máquinas de amar criadas por Deus", que "funcionamos com mais potência quando estamos dando amor". Diz ainda que "o mundo nos levou a acreditar que nosso bem-estar depende do amor de outras pessoas. Mas este é o tipo de pensamento às avessas [ao qual temos de prestar muita atenção], que tem nos causado tantos de nossos problemas. A verdade é que nosso bem-estar depende de nossa capacidade de dar amor. Não tem nada a ver com o que volta; tem a ver com o que vai!"
Parece-me que isso tem tudo a ver com a afirmação de Jesus segundo a qual o mal não está no que entra pela boca do homem e sim naquilo que sai dela. E mais, eu diria, tem tudo a ver com a lição de hoje do UCEM, a de número 26, que diz: Meus pensamentos de ataque atacam minha invulnerabilidade.
Vamos pensar a respeito disso. Alguém quer comentar alguma coisa? À vontade...

6 comentários:

  1. Oi Mouss
    No meu comentário ao texto anterior, não tinha entendido que você ia escrever mais de um texto por dia. Me precipitei...
    Este segundo texto responde as perguntas que ia fazer e te agradeço mais uma vez.
    Fique com Deus!
    Bjs
    Nina

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  2. Oi, eu quero comentar, como é difícil entender que quando alguém nos ataca esta apenas pedindo amor, por mais que eu saiba disso, o ataque me machuca e a dor se torna inevitável, faz nos sentir inútil e me questino para que server essa lição? Para que serve e parece que não tenho resposta nenhuma.
    Quando atacada não replico pois sei que o ataque não foi comigo, mesmo não replicando me machuca, e pior quando dependo da pessoa que me ataca, me sinto vunerável e com medo.O que fazer para agradar à essa pessoa? Como fazê-la entender a lidar com seus sofrimentos sem atacar as pessoas que estão próximas?Como tirá-la do sofrimento para que ela não me ataque mais?Não sei o que pensar sobre nada disso e o que fazer.Me sinto de mãos atadas e presa no mundo de ilusão onde dependemos do dinheiro de outras pessoas para pagarmos nossas contas e termos o minimo possível de conforto.O que fazer?Como acionar o Espirito Santo de forma eficaz e aprender o que tenho que aprender e viver em paz.Enfim ...estou confusa, também tenho um monte de problemas e questões emocionais para resolver assim como a pessoa que me ataca, nem por isso ataco as pessoas, não vejo a reação na mesma medida da ação. Bjs Duda

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  3. Nina, querida, que bom que o texto respondeu a suas perguntas. Em todo o caso, talvez fosse interessante fazê-las aqui. Pode ser que sejam também as mesmas de outras pessoas, que ainda não obtiveram as respostas.
    Quanto a escrever mais de um texto por dia, não estabeleci nenhuma regra a respeito. Espero também que ninguém se sinta limitado a fazer um comentário só por dia, ou por texto. Talvez seja o caso de compartilharmos todos os insights que surjam ao longo do dia, sempre que acharmos possível. O que achas?
    Obrigado pelo comentário.

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  4. Duda, cara mia, atenção, atenção. Se o ataque a machuca e faz se sentir como você diz, é porque em algum nível você o reconhece como ataque. E mesmo que não revide, isto é, que não contra-ataque, você se sente vulnerável e com medo. Por quê? Porque, de acordo com os ensinamentos do Curso, não há nenhuma diferença entre nossos próprios pensamentos de ataque [aqueles em que nós nos vemos atacando alguém ou alguma coisa] e os pensamentos em que nos sentimos atacados [os que atribuímos a outros]. São os mesmos. Somos sempre nós mesmos nos atacando. Por isso não há diferença entre eles.
    Com respeito a suas outras perguntas, o que posso dizer é que não há nada que possamos fazer para "agradar" as outras pessoas, ou para ensiná-las a lidarem com seu próprio sofrimento. Tudo o que percebo se refere apenas a mim mesmo o tempo inteiro. Não existe outro a não ser na medida em que ele atende a uma necessidade que eu projeto, para a qual busco uma resposta. O ensinamento básico do UCEM visa a nos colocar em contato com nossa - a de cada um - própria responsabilidade pelo mundo que criamos. Dito de outra forma, tudo o que vemos, tudo o que existe em meu mundo fui eu que criei. Se vemos de maneira diferente é apenas porque nossa percepção ainda não foi corrigida de acordo com o sistema de pensamento do Espírito Santo.
    Obrigado por participar.

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  5. Moisés, adorei sua idéia do blog, não acho nada pretencioso, pelo contrário, vc. está se esforçando para partilhar e isso é ótimo. Viva as facilidades da comunicação on line!
    Meu questionamento fica por conta da questão do amor. Como aumentar esse potencial em nosso interior e, ao mesmo tempo, não nos perdermos no mundo das emoções piegas? Como manter a lucidez e ao mesmo tempo não nos tornarmos distantes do nosso irmão? Acho perfeita a colocação de que amor é o que vai, e só volta amor por ter ido.

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  6. Que posso lhe dizer, Ruth, além do que já foi dito por milhares de pessoas milhares de vezes antes, a respeito da questão do amor?
    Acho que a única regra perene é a chamada regra de ouro, que tem várias versões diferentes para dizer a mesma coisa, isto é, "faze a teu irmão apenas aquilo que gostarias que ele fizesse a ti".
    Ém síntese, é isso, e isso já é o máximo,que todos os ensinamentos do mundo vão conseguir nos ensinar. Quando quisermos aprender.
    É para que aprendamos isso que o UCEM surgiu e a prática diária dos exercícios que ele traz, em minha opinião, é um dos melhores instrumentos para que este aprendizado se realize.
    Obrigado por comentar.

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