sábado, 24 de janeiro de 2009

É tudo novo de novo

Há uma canção que diz: "É tudo novo de novo". Mas nem todos vemos assim. Como aquele conhecido escritor alemão, pensamos que não há "nada de novo no front", a maior parte do tempo. Esquecemo-nos de autorizar nossos olhos a se atualizarem, a não se fixarem num registro imaginário que já passou. A não cristalizarem o mundo em uma imagem imutável. A não o colocarem sob o controle e a guarda de crenças arraigadas que já perderam o sentido e a validade.
O presente é sempre novo. É sempre aqui. Agora. Neste exato momento.
De que falávamos mesmo dias atrás? Quem falava?
É interessante notar o modo como nos condicionamos [a maioria de nós, me parece] a aceitar, sem questionamento algum, tudo, ou quase tudo, o que nos receitam ou indicam as autoridades, os meios de comunicação, os políticos, as religiões, os gurus, os sábios, os profetas, a propaganda, os criadores da moda, a internet, com seu mundo virtual e seus infinitos "hards" e "softs", que atendem às necessidades mais impressionantes e estapafúrdias, às vezes, se é que podemos chamar de necessidades a algumas delas.
Esquecemo-nos [a maioria de nós, mais uma vez] das condições de vida de algum tempo atrás. Incorporamos a nosso dia a dia uma série, inominável, de necessidades que não existiam há bem pouco tempo. Já não vivemos, ou dizemos não entender como se podia viver, sem este ou aquele artefato moderno, que as novas tecnologias colocam à disposição hoje. E esperamos mais. Queremos sempre mais. Mais conforto, mais tempo, mais tudo. Para quê? Se não temos a menor noção daquilo que é o melhor para nós mesmos.
É esta a afirmação do exercício deste dia 24 de janeiro, deste novo ano: Eu não percebo meus maiores interesses. E se nos pusermos a pensar a respeito com vagar e com alguma atenção, como o aconselha o Curso, veremos quão verdadeira é a ideia. Basta que sejamos apenas um pouquinho mais honestos do que o habitual para com nós mesmos ao examinar as situações que se apresentam, ou se apresentaram a nós, para as quais ainda não sabemos qual a solução ideal. Isto é, a solução que nos colocaria em contato com a alegria perfeita.
Continuamos a basear nossas vidas em crenças que já se provaram equivocadas, apenas porque não queremos dar o braço a torcer.Não queremos tomar a decisão de olhar para o mundo de modo diferente. Apenas porque não queremos reconhecer que não sabemos nada. Que quanto mais aprendemos mais aprendemos que não sabemos, porque, a cada passo, o que não sabemos é muito mais do que o que sabemos. Porque o conhecimento que o mundo oferece não leva a lugar algum.
O conhecimento de que precisamos - aquele que pode nos pôr em contato permanente com a alegria, a paz e a felicidade - não está no mundo. Ou está também. Mas não pertence a ele, no sentido de que não depende dele.
Lembro-me de que certa vez anotei em meus rascunhos [uns cadernos que uso há algum tempo para registrar minhas observações e reflexões, leituras, citações e outras coisas de meu interesse] uma ideia sobre a qual talvez valha a pena pensar um pouquinho. E que vale para tudo o que digo, em qualquer tempo e lugar. Aqui, quem sabe, mais ainda. Todas as afirmações que fazemos, nós, eu e todas as pessoas do mundo, são somente perguntas para as quais buscamos respostas. Isto é, não há nada no mundo - ou a respeito dele - que possamos, de fato, afirmar, porque a impermanência do mundo e das coisas nele, nós mesmos entre elas, ou, se preferirem, o "princípio da incerteza de Heisenberg", reduz tudo à possibilidade, à probabilidade, à potencialidade.
O que, de uma certa forma, prova o que dizia o cantor. Se olharmos bem, "é tudo novo de novo". E prova ainda o acerto da ideia da lição de hoje, que vale repetir e refletir: Eu não percebo meus maiores interesses.
O debate está aberto. Quem se habilita?

Um comentário:

  1. Eu não percebo meus maiores interesses porque minha percepção é equivocada, apenas quando entregamos ao Espírito Santo é que podemos perceber os interesses "reais", reais entre aspas porque nada nesse mundo é real, se nada nesse mundo é real, quais seriam meus verdadeiros interesses? Seria o amor e a paz?O que mais precisamos se estivermos em paz? Se oferecermos o amor a todos. Só o amor é real!!!
    Quando oferecemos o amor recebemos o amor e recebemos a cura, com a cura podemos ter a percepção não equivocada e perceber que tudo que acontece no nosso dia a dia são milagres. Vamos agradecer a Deus ao milagre que recebemos todos os dias, e dessa forma perceberemos nossos verdadeiros interesses e viveremos com leveza, paz e amor.
    Não seremos hipócritas em dizer que não precisamos de dinheiro, conforto, bens etc...
    O que adianta termos as coisas do mundo se não temos paz, para termos todos os bens materiais que o mundo oferece precisamos primeiro estar em paz, então logo, os meus maiores interesses são a paz e o amor, para que possamos buscar com leveza os bens do mundo e quando tivermos saberemos aproveitar da melhor forma!!!
    Certa vez eu ouvi uma frase: “Eu preciso primeiro de dinheiro, porque tendo dinheiro o resto eu compro”, agora eu deixo a pergunta para você:
    Será que todo dinheiro do mundo compra a paz e o amor?
    Você concorda Moises? Bjs Querido!!!

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