quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Ruído ou informação?

Vivemos tempos de excesso. O desenvolvimento, de forma geral, nas ciências, na medicina, na física, na química, na biologia, na área tecnológica e em praticamente todas as áreas do conhecimento humano, se acelerou de uma forma tal que, quando pensamos em aprender uma técnica nova, ela já está desatualizada. Quando pensamos ter toda a informação possível acerca de um assunto, algum órgão de comunicação nos surpreende com novas descobertas.
É a velocidade dos meios e formas de comunicações que nos trouxe o excesso de informações, qualificado como ruído, por Iván Izquierdo, em entrevista na última edição da revista Vida Simples. Ruídos, de acordo com ele, não são apenas auditivos, são "visuais, linguísticos e sensoriais. São os sons indesejáveis, que gostaríamos de ignorar para poder atender aos sinais que nos são importantes".
Respondendo à pergunta da revista quanto a fato de que já nascemos fazendo barulho, ele diz que o ruído [o choro] que fazemos ao nascer é diferente, "é informação... é uma forma de expressão".
Iván diz que os ruídos "atrapalham a memorização e a sensibilidade, nas suas mais variadas combinações, inclusive prejudicando as memórias guardadas anteriormente..." E mais: que "na saúde mental, existe uma situação patológica que é a esquizofrenia, em que não se consegue identificar os sinais em meio aos ruídos - percebe-se tudo como importante".
Parece-me, pelo que ele diz que estamos nos tornando pouco a pouco esquizofrênicos, pois, aparentemente, já não há como fugir dos ruídos. Principalmente vivendo em uma grande cidades como São Paulo, ou outra capital qualquer de um dos Estados brasileiros. Ou de um País qualquer.
De acordo com o entrevistado, a melhor maneira de se prevenir do excesso de ruído, que pode criar um processo de confusão mental [vide os dois parágrafos anteriores],"é se manter atento, [é buscar] aprender a discriminar informação de ruído". Outra coisa interessante que ele diz é que, junto com o ruído apareceu o hábito do ruído, que é "o costume de não saber mais ouvir em silêncio", o que demonstra falha na educação e, na maioria das vezes, falta de respeito.
Outro ponto da entrevista sobre o qual acho que vale a pena refletir é a afirmação de Iván segundo a qual a ignorância "é muito barulhenta", gosta de frases de efeito, resultantes de "um tipo de desinformação que tem sua origem no desejo de simplificar".
Lendo a entrevista, lembrei-me de uma músiquinha que se cantava na missa [será que ainda se canta?], antes das leituras do Antigo Testamento e do Evangelho. Dizia: "faça silêncio em seu coração, pois o Senhor lhe quer falar..." e por aí vai.
Talvez tenhamos nos esquecido da necessidade do silêncio, da mesma forma que nos esquecemos de Deus, seja qual for o nome que damos a Ele, querendo nos referir à Mente Universal, ao Criador, ao Inominável, Àquele cuja existência é um mistério e fonte das maiores controvérsias ao longo do tempo. Na verdade, muitos de nós [a maioria?] pensamos que o que acontece é o contrário. Deus é quem se esqueceu de nós, tão grande a confusão que se apresenta neste mundo que vivemos.
Por isso, talvez, seja importante prestar atenção [deixar de lado os ruídos para ouvir] ao que diz a lição do UCEM para este dia 29 de janeiro: Deus está em tudo o que vejo.
Estará?

3 comentários:

  1. Na minha humilde opiniao, esta em tudo. Certamente e muito mais facil sentir, ver e reafirmar a presenca Dele em tudo o que e belo e que nos rodeia. Mas, ter certeza da presenca Dele, nas atrocidades que presenciamos, ouvimos, vemos pela tv ou vivenciamos; saber que Ele esta tambem presente na dor que sentimos, nao e tao simples e facil. Mas Ele esta la, com toda Sua graca e sabedoria nos mostrando a mensagem do aprendizado, da reflexao e oferecendo a possibilidade de mudanca que so a nos cabe, mas que a oportunidade Ele proporciona.

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  2. Moisés
    É grande o desafio para ficarmos atentos e lembrar a cada instante que ELE está em tudo o que vemos. Adorei o que a Sylvia Beatrix disse. Concordo plenamente.
    Fiquem com Deus!
    Bjs
    Nina

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  3. Sylvia, Nina, obrigado pelos comentários. Talvez tudo fique mais fácil, se, na tentativa de exercitar o "lembrar-se de si", e de Deus, cada um de nós atentar para o fato de que tudo aquilo que se apresentou, e que foi durante algum tempo muito importante em nossa vida, se foi. Todas as coisas que vemos e às quais nos apegamos, agora, também passarão. Tanto o belo quanto o feio mudam. Mas a beleza não muda nunca. O que quer dizer que nossa percepção também muda, quando mudamos. Apenas aquilo que somos, no mais íntimo de cada um de nós, não muda nunca. Não passará nunca. O resto está dentro do sonho. Ou do pesadelo que cada um cosntrói para seu viver. Deus não tem nada a ver com isso. A não ser na medida em que "eu" O coloco em tudo. Lembremo-nos, pois, do ensinamento central do UCEM, segundo o qual "nada real pode ser ameaçado.Nada irreal existe. Nisso está a paz de Deus".

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