domingo, 1 de julho de 2012

Para se pensar a respeito do valor das palavras



LIÇÃO 183

Invoco o Nome de Deus e o meu próprio.

1. O Nome de Deus é santo, mas não é mais santo do que o teu. Invocar o Nome de Deus é apenas invocar teu próprio nome. Um pai dá seu nome ao filho e, assim, identifica o filho consigo. Os irmãos dele compartilham o nome e, deste modo, ficam unidos por um laço ao qual se voltam em busca de sua identidade. O Nome de teu Pai te lembra de quem tu és, mesmo em um mundo que não sabe; mesmo que tu não te lembres.

2. O Nome de Deus não pode ser ouvido sem resposta, nem dito sem um eco na mente que te convida a lembrar. Dize o Nome d'Ele e convidas os anjos a envolverem o solo em que te encontras e a cantar para ti enquanto abrem suas asas para te manter seguro e te proteger de todo pensamento mundano que se intrometeria em tua santidade.

3. Repete o Nome de Deus e todo o mundo responde abandonando as ilusões. Cada sonho que o mundo dá valor desaparece subitamente e, onde ele parecia estar, encontras uma estrela; um milagre da graça. Os doentes se levantam, curados de seus pensamentos doentios. Os cegos podem ver; os surdos podem ouvir. Os infelizes abandonam sua lamentação e as lágrimas de dor secam quando o riso feliz vem para abençoar o mundo.

4. Repete o Nome de Deus e os nomes insignificantes perdem o sentido. Todas as tentações se tornam apenas uma coisa inominável e indesejável diante do Nome de Deus. Repete o Nome d'Ele e vê com que facilidade esqueces os nomes de todos os deuses que valorizaste. Eles perdem o nome de deus que lhes deste. Tornam-se anônimos e inúteis para ti, embora, antes de deixares que o Nome de Deus substitua seus nomes insignificantes, ficasses diante deles em adoração chamando-os de deuses.

5. Repete o Nome de Deus e invocas teu Ser, Cujo Nome é o d'Ele. Repete o Nome d'Ele e todas as coisas pequeninas e inomináveis sobre a terra assumem a perpectiva correta. Aqueles que invocam o Nome de Deus não podem confundir o inominável pelo Nome, nem o pecado pela graça, nem corpos pelo Filho santo de Deus. E, se te unires a um irmão, enquanto sentas com ele em silêncio, e repetires o Nome de Deus junto com ele em tua mente calma, estabeleces aí um altar que alcança o Próprio Deus e Seu Filho.

6. Pratica apenas isto hoje: repete o Nome de Deus lentamente muitas e muitas vezes. Esquece todos os nomes a não ser o d'Ele. Não ouças mais nada. Deixa que todos os teus pensamentos se prendam a isto. Não usamos nenhuma outra palavra exceto no início, quando declaramos a ideia de hoje apenas uma vez. E, então, o Nome de Deus se torna nosso único pensamento, nossa única palavra, a única coisa que ocupa nossas mentes, o único desejo que temos, o único som com algum significado e o único Nome de tudo o que desajamos ver, de tudo o que chamaríamos de nosso.

7. Deste modo fazemos um convite que não pode ser recusado nunca. E Deus virá e Ele Mesmo o atenderá. Não penses que Ele ouve as preces inúteis daqueles que O invocam com os nomes de ídolos que o mundo preza. Eles não podem alcançá-Lo desta forma. Ele não pode ouvir os apelos a Ele para não ser Ele Mesmo, ou para que Seu Filho receba outro nome que não o d'Ele.

8. Repete o Nome de Deus e O reconheces como o único Criador da realidade. E reconheces também que Seu Filho é parte d'Ele, criando em Seu Nome. Senta em silêncio e deixa que o Nome d'Ele se torne a ideia todo-abrangente que ocupa por completo tua mente. Deixa que todos os pensamentos silenciem exceto este. E responde a todos os outros com isto e vê o Nome de Deus substituir os milhares de nomes insignificantes que deste a teus pensamentos, sem tem aperceberes de que há um único Nome para tudo o que existe e para tudo o que existirá.

9. Hoje podes chegar a um estado no qual experimentarás a dádiva da graça. Podes escapar de toda a escravidão do mundo e dar ao mundo a mesma liberação que achaste. Podes lembrar daquilo que o mundo esqueceu e lhe oferecer tua própria lembrança. Hoje podes aceitar o papel que desempenhas na salvação do mundo e também em tua própria salvação. E ambas pode se realizar por completo.

10. Volta-te para o Nome de Deus para tua liberação e ela te é dada. Não é necessário nenhuma prece a não ser esta, pois ela contém todas em si. As palavras são insignificantes e todos os apelos desnecessários quando o Filho de Deus invoca o Nome de seu Pai. Os Pensamentos de seu Pai se tornam seus próprios pensamentos. Ele reclama para si tudo o que seu Pai deu, ainda dá e dará para sempre. Ele Lhe pede que deixe que todas as coisas que ele pensava ter feito fiquem sem nome agora e que, no lugar delas, o santo Nome de Deus seja sua compreensão da inutilidade delas.

11. Todas as coisas insignificantes estão quietas. Agora os sons insignificantes são inaudíveis. As coisas insignificantes da terra desaparecem. O universo não se constitui de nada que não do Filho de Deus, que invoca seu Pai. E a Voz de seu Pai responde em Nome do santo Nome de seu Pai. Neste relacionamento eterno e sereno, no qual a comunicação transcende de longe todas as palavras e ainda supera a profundidade e a elevação do que quer que as palavras poderiam transmitir, está a paz eterna. Em nome de nosso Pai queremos experimentar esta paz hoje. E, em Nome d'Ele, ela nos será dada.

*

COMENTÁRIO:

Meio que reprisando o comentário feito a esta lição no ano passado, porque até gosto dele, por exprimir alguns aspectos de nosso envolvimento com a percepção aos quais muitas vezes não prestamos atenção, distraídos que estamos de nós mesmos, posso dizer mais uma vez que a ideia que o Curso nos oferece para as práticas deste domingo, dia 1º de julho, tem tudo a ver com aquilo que Eckhart Tolle diz a respeito das palavras no segundo capítulo de seu livro Um Novo Mundo - O Despertar de uma Nova Consciência.

E penso que o que ele diz, como disse antes, pode inclusive ser de grande auxílio em nossas práticas com a ideia de hoje, ajudando-nos a abrir mão das palavras, conceitos e ideias preconcebidas que temos a respeito do mundo, e das coisas do mundo, em favor do uso de uma só palavra que traz em si todo o significado de todas as coisas: Deus. Lembrando-nos de que as palavras só têm o significado e o valor que cada um de nós dá a elas.

Eis o que Tolle diz: 

"As palavras, não importa se são verbalizadas e transformadas em sons ou se permanecem como pensamentos, podem lançar um encanto quase hipnótico sobre nós. É muito fácil nos perdermos por causa delas, sermos hipnotizados pela crença implícita de que, quando vinculamos um termo a alguma coisa sabemos o que ela é. A verdade é que não sabemos o que ela é. Apenas encobrimos o mistério com um rótulo. Tudo - um pássaro, uma árvore, uma simples pedra e, certamente, um ser humano - é, em última análise, incognoscível. Isto porque o que podemos perceber, experimentar, e a respeito do que podemos pensar, é a camada superficial da realidade, menos do que a ponta de um iceberg.

"(...) As palavras reduzem a realidade a algo que a mente humana é capaz de entender, o que não é muita coisa. A linguagem consiste em cinco sons básicos que se originam nas cordas vocais. Elas são as vogais a, e, i, o, u. Os outros sons são consoantes produzidas pela pressão do ar: s, f, g, e assim por diante. Você acredita que alguma combinação destes sons básicos é suficiente para explicar o que é você, o propósito supremo do universo ou até mesmo o que uma árvore ou uma pedra são em essência?" 

Ampliando um pouco o comentário, creio que as práticas com a ideia de hoje podem nos levar a compreender também o que já sabiam e sabem, no dizer de Karen Armstrong, em seu livro Em defesa de Deus, "alguns dos maiores teólogos judeus, cristãos e muçulmanos", que, "embora seja importante expressar nossas ideias sobre o divino" ..., "todas as palavras utilizadas para descrever coisas mundanas não servem para falarmos de Deus. Ele não é bom, divino, poderoso ou inteligente em qualquer sentido que possamos compreender. Não podemos sequer dizer que Deus existe, porque nosso conceito de existência é limitado demais".

É por esta razão que o próprio Curso a certa altura afirma que em alguma instância, por mais vagamente que seja, reconhecemos "que Deus é uma ideia" e que a fé n'Ele se reforça pelo compartilhar. Mais do que só isso o Curso afirma: "O que achas difícil aceitar é o fato de que, assim como teu Pai, tu és uma ideia".

Vocês não acham que isso tudo é razão suficiente para nos dedicarmos com afinco e atenção às práticas?

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