quinta-feira, 21 de julho de 2011

Voltar para casa é voltar para nós mesmos

LIÇÃO 202

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

1. (182) Eu me aquietarei por um momento e irei para casa.

Por que eu escolheria ficar por mais um momento onde não é meu lugar, quando o Próprio Deus me dá Sua Voz e me chama de volta a casa?

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

Como vimos ontem, de acordo com a instruções que recebemos para as práticas durante este período de revisão, qualquer uma das lições que vamos praticar, entendida, praticada, aceita e aplicada a tudo o que aparentemente nos acontecer ao longo de todo o dia, todos os dias, é suficiente para nossa salvação individual e, por consequência, para a salvação do mundo inteiro, uma vez que cada uma delas contém todo o currículo. E nós trazemos o mundo inteiro em nós.

Nesta quinta-feira, dia 21 de julho, a ideia que praticamos chama nossa atenção para o anseio que nos leva a buscar de forma incessante um modo de voltar para casa, uma vez que, em geral, mesmo que de modo muito sutil e, muitas vezes, inconsciente, não nos sentimos em casa aqui, neste mundo, estejamos aonde estivermos.

A razão para este "desconforto", para esta "inquietação", está na crença na separação. A percepção do mundo das formas nos mostra, separados de nós, aspectos do divino em nós mesmos em tudo e em todos, que muitas vezes temos dificuldade para reconhecer, aceitar e acolher. Entre estes aspectos está aquele que se denomina "sombra".

Ken Wilber, em seu livro A Visão Integral, entre outros, diz que "sombra" é um termo que representa o inconsciente pessoal ou o material psicológico que reprimimos, negamos, dissociamos ou rejeitamos". Diz mais que "infelizmente, negar esse material não faz com que ele vá embora; pelo contrário, ele volta para nos perturbar com dolorosos sintomas neuróticos, obsessões, medos e ansiedades. Trazer este material à superfície, familiarizar-se com ele e apropriar-se dele é necessários não apenas para a eliminação dos sintomas dolorosos, mas também para a formação de uma auto-imagem mais verdadeira e saudável".

Acredito que a prática diária pode nos dar condições de reconhecer, sem medo, aqueles aspectos de nós que buscamos reprimir, negar, dissociar ou rejeitar. Mais, os exercícios com as ideias que o Curso nos apresenta são um ótimo instrumento para aprendermos a aceitá-los, acolhê-los, encará-los, conversar com eles e integrá-los a nossa experiência. Isto tudo facilita a volta a casa, que não é nada mais nada menos do que voltar para nós mesmos, incluindo tudo o que vemos aparentemente separado de nós.

Voltar a casa, pode-se dizer, talvez seja apenas reconhecer a verdade do que o Curso diz quando diz que "já somos aquilo que estamos buscando". 

2 comentários:

  1. Uau!!!

    Acabo de ler um livrinho, de leitura fácil, que se vale de expressões simples, e que vale mais do que muitos livrões.

    Trata-se do livro "A Condição Humana", de Thomas Keating. E lhes falo dele porque muito do que ele diz tem a ver com a ideia de nossas práticas de hoje.

    Ele abre com a pergunta: "Onde estou? Onde estou em relação a Deus, a mim mesmo e aos outros?", dizendo que "assim que respondemos honestamente [a estas questões] iniciamos a busca espiritual por Deus, que é também a busca por nós mesmos".

    Além de esta ser uma das grandes questões de todos os tempos ela também é "o foco da primeira metade da jornada espiritual", no dizer dele.

    E ele diz mais ainda. Diz que "... somente a experiência de Deus pode colocar em perspectiva todas as outras formas de prazer ou promessas de felicidade que várias criaturas nos proporcionam, então perceberemos que estamos procurando a felicidade... nos lugares errados. [E que] toda a ajuda que pudermos conseguir de outras pessoas que experimentam a mesma privação psicológica não fará nenhum bem".

    Para Keating, "a jornada espiritual... é mais [do] que um processo psicológico. Ela é, na verdade, primeiramente um processo da graça".

    A segunda grande questão da jornada espiritual é: "Quem sou eu?" É para responder a estas duas questões que podemos nos valer do que ela chama de "terapia divina".

    E "a terapia divina é um acordo que fazemos com Deus. Reconhecemos que nossas próprias ideias de felicidade não se estão efetuando, e voltamos nossas vidas completamente para Deus".

    Continuando, "... submeter-nos à terapia divina é alguma coisa que devemos a nós mesmos e ao restante da humanidade. Se não permitirmos que o Espírito de Deus se dirija aos níveis profundo de nossa ligação com nós mesmos e com nossos programas para a felicidade, despejaremos no mundo os elementos negativos de nosso egocentrismo, contribuindo para os conflitos e desastres sociais que surgem da excessiva identificação com as discriminações e preconceitos de nossa cultura e educação pessoais. Isso se torna mais importante, quando avançamos para uma cultura global e para um pluralismo crescente de crenças religiosas".

    Em meu modo de entender, submeter-se à terapia divina é o que propõe a lição de hoje, que busca nos ensinar uma forma de voltar para casa.

    Vou voltar a isto na postagem de amanhã.

    Paz e bem!

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  2. Olá Moisés. Quero agradecer as palavras de boas vindas ao blog que me dirigiu no outro dia. Agradeço também os comentários que faz diariamente às lições de UCEM. Às vezes as lições são tão difíceis de entender, quase numa linguagem estrangeira, que ajuda ter um interprete.

    Relativamente ao que escreveu sobre "A Condição Humana", de Thomas Keating, que eu não li, gostava de lhe colocar uma questão sobre o "voltarmos nossas vidas completamente para Deus"

    Reconheço que eventualmente chegamos a um ponto em que nos rendemos à evidência de que nunca iremos encontrar felicidade no "mundo" e voltamo-nos para dentro, para Deus. Mas começo a notar que nessa busca, estou a desligar-me de muitos relacionamento que estavam, precisamente, centrados em encontrar a satisfação no mundo dos sentidos, dos relacionamentos e da personalidade. Então, entrei numa situação de crescente isolamento relativamente a pessoas que persistem em encontrar satisfação no "mundo", como que preso numa terra de ninguém, entre um mundo que eu sou um corpo e a vida materialista e outro em que eu sou espírito, ou mente, no reino de Deus.

    Não sei se passou por uma situação semelhante à minha no seu caminho mas é uma situação de impasse, de dúvida e incerteza. Como dar esse passo que volta nossas vidas completamente para Deus, num mundo que parece estar completamente alheio a Deus?

    Um abraço fraterno.

    Jorge

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