terça-feira, 6 de julho de 2010

"É dando que se recebe!"

LIÇÃO 187

Abençoo o mundo porque abençoo a mim mesmo.

1. Ninguém pode dar a menos que tenha. De fato, dar é a prova de ter. Já estabelecemos este ponto antes. O que parece tornar difícil de acreditar nele não é isto. Ninguém pode duvidar de que primeiro tens de possujir o que queres dar. É na segunda fase que o mundo e a percepção verdadeira divergem. Depois de teres e dares, o mundo afirma, então, que perdeste o que possuías. A verdade assegura que dar vai aumentar o que tens.

2. Como isto é possível? Pois é certo que, se dás uma coisa finita, os olhos do teu corpo não perceberão como tua. No entanto, aprendemos que as coias apenas representam os pensamentos que as criaram. E não te falta prova de que quando dás ideias tu as reforças em tua própria mente. Talvez a forma com que o pensamento parece surgir mude ao dar. Porém, ele tem de voltar àquele que dá. E a forma que ele assume também não pode ser menos aceitável. Tem de ser mais.

3. Primeiro as ideias têm de te pertencer antes que as dês. Se tens de salvar o mundo, primeiro aceitas a salvação para ti mesmo. Mas não acreditarás que isto aconteceu até que vejas os milagres que isto traz a todos para quem olhas. Nisto se esclarece a ideoa de dar e ela adquire significado. Agora podes perceber que, por tua doação, tua riqueza aumenta.

4. Protege todas as coisas que prezas pelo ato de doá-las e terás certeza de que nunca as perderás. Aquilo que pensavas não ter vai se provar teu deste modo. Não valorizes, porém, sua forma. Pois esta mudará e ficará irreconhecível no tempo, por mais que tentes mantê-la a salvo. Nenhuma forma dura. É a ideia por detrás da forma das coisas que vive, imutável.

5. Dá com alegria. Só podes ganhar deste modo. O pensamento permanece e ganha força quando é reforçado pela doação. Os pensamentos se estendem na medida em que são dados, pois não podem se perder. Não existe nenhum doador ou receptor no sentido que o mundo os concebe. Há um doador que conserva; outro que também dará. E ambos têm de ganhar nesta troca, pois cada um terá o pensamento na forma mais útil para si. O que alguém parece perder é sempre alguma coisa que ele valorizará menos do que aquilo que certamente lhe será devolvido.

6. Não te esqueças nunca de que só dás a ti mesmo. Aquele que entende o que significa dar tem de rir da ideia de sacrifício. E também não pode deixar de reconhecer as muitas formas que o sacrifício pode assumir. Ele também ri da dor e da perda, da doença e do sofrimento, da pobreza, da fome e da morte. Ele reconhece que o sacrifício contnua a ser a única ideia por trás de todas estas coisas e em sua risada tranquila elas são curadas.

7. Reconhecida, a ilusão tem de desaparecer. Não aceites o sofrimente e eliminas a ideia de sofrimento. Tua bênção pousa sobre todos os que sofrem, quando escolhes ver todo o sofrimento como ele é. A ideia do sacrifício dá origem da todas as formas que o sofrimente parecer assumir. E o sacrfício é uma ideia tão louca que a sanidade a elimina imediatamente.

8. Nunca acredites que podes sacrificar. Não há nenhum lugar para o sacrifício naquilo que tem algum valor. Se o pensamento acudir, a própria presença dele prova que o erro surgiu e que tem de se fazer a correção. Tua bênçao o corrigirá. Dada primeiro a ti, ela agora é tua para dares também. Nenhuma forma de sacrifício e sofrimento pode durar o bastante diante do rosto daquele que se perdoa e se abençoa.

9. Os lírios que teu irmão te oferece estão depositados sobre teu altar, com os que lhe ofereceste ao lado deles. Quem poderia ter medo de olhar para tão bela santidade? A grande ilusão do medo de Deus se reduz a nada diante da pureza que verás aqui. Não tenhas medo de olhar. A ventura que verás afastará toda ideia de forma e deixará em seu lugar a dádiva perfeita sempre presente, destinada a crescer para sempre, tua eternamente, para ser dada incessantemente.

10. Agora somos um em pensamento, pois o medo se foi. E aqui, diante do altar do único Deus, do único Pai, do único Criador e do único Pensamento, estamos juntos como um único Filho de Deus. Não separados d'Aquele Que é nossa Fonte; não distantes de um só irmão que é parte de nosso único Ser, Cuja inocência se uniu a nós todos como um só, permanecemos em bem-aventurança e damos do mesmo modo que recebemos. O Nome de Deus está em nossos lábios. E, ao olharmos para dentro, vemos a pureza do Ceú brilhar em nosso reflexo do Amor de nosso Pai.

11. Agora somos abençoados e agora abençoamos o mundo. Queremos estender aquilo para que olhamos, porque queremos vê-lo em todos os lugares. Queremos vê-lo brilhar com a graça de Deus em todos. Não queremos que ele seja negado a nada do que vemos. E, para garantir que esta visão santa seja nossa, nós a oferecemos a tudo o que vemos. Pois aonde a virmos ela nos será devolvida na forma de lírios que podemos depositar em nosso altar, transformando-o em um lar para a Própria Inocência, Que habita conosco e nos oferece a Santidade d'Ela como sendo nossa.

*

COMENTÁRIO:

Nilton Bonder, em seu livro Fronteiras da Inteligência, diz que "a sabedoria não é um saber, mas a habilidade de aprender". Diz também que "a única forma que se tem de chegar à certeza é pela dúvida. E mesmo assim essa certeza deve estar eternamente aberta à dúvida. Ou, em outras palavras, ainda pertencer à categoria da dúvida". Para ele, "a espiritualidade não foge a esta regra da 'inteligência'. Ao contrário do que muitos pensam, a fé não é formada de certezas, mas de dúvidas trabalhadas de forma sensível e sofisticada".

Dito de outra forma, de acordo com Alan Watts, no livro God [Deus], a "fé é um estado de abertura ou confiança" e "a entrega é a atitude fundamental da fé". O que não significa que não se pode ter dúvidas. Estas, contudo,  quando existirem - e acho que sempre vão existir -, também têm de fazer parte da entrega.

Do mesmo modo que o livro nos diz a certa altura em um dos exercícios para abandonarmos tudo, inclusive o próprio livro, e buscarmos o encontro do Ser no mergulho mais profundo em nós mesmos, aonde vamos ser capazes de ouvir distintamente a Voz por Deus, as práticas da ideia que o Curso nos oferece para esta terça-feira, dia 6 de julho, vão nos revelar o quanto recebemos e de que forma podemos fazer multiplicar os dons.

Lembremo-nos da Oração de São Francisco, que afirma que "é dando que se recebe", palavras a que raramente damos atenção, porque distraídos de nós mesmos a maior parte do tempo. Quantas vezes já ouvimos estas palavras? Quantas vezes percebemos a verdade que há nelas? Quantas vezes nos dispomos a verificar, na prática, a veracidade delas? E quantas vezes, apesar de comprovada sua verdade, nos esquecemos disto, julgando que é negando a doação que poderemos manter e guardar aquilo que prezamos? Temendo perder o que conquistamos "a duras penas".

As práticas de hoje vão reforçar em nós a ideia de que somos abençoados e podemos abençoar e que só dando é que podemos receber, pois ela nos diz claramente que só damos a nós mesmos. Sempre.

3 comentários:

  1. Obrigada por mais esta bela lição. Moisés dás-nos tanto, que também dou os conhecimentos que me transmites. Dou porque não possuo nada, apenas usufruo daquilo que Ele me colocou no caminho, posso usufruir e partilhar desta forma multiplico o amor que recebo. Obrigada, meu querido.

    ResponderExcluir
  2. Welwitschia, querida, que prazer...

    É uma alegria contar com sua contribuição, com sua presença entre nós. Na verdade não se pode dizer que não temos nada, porque Deus nos deu, dá e dará tudo para sempre. E, é claro, quanto mais aprendermos a dar o que recebemos, por menos que acreditemos ser, tanto mais o que damos se torna nosso e aumenta, para que demos mais e mais e mais.

    Obrigado por se manifestar.

    ResponderExcluir