quinta-feira, 1 de julho de 2010

O que vivemos é "um sono e um esquecimento"

LIÇÃO 182

Ficarei quieto por um instante e irei para casa.

1. O mundo no qual pareces viver não é tua casa. E, em algum lugar em tua mente, tu sabes que isto é verdade. Uma lembrança de casa continua a te assombrar, como se houvesse um lugar que te pede para voltares, embora não reconheças a voz nem aquilo de que a voz te lembra. Porém, tu ainda te sentes um estranho aqui, vindo de algum lugar completamente desconhecido. Nada tão definido que possas dizer com certeza que és um exilado aqui. Apenas uma sensação constante, às vezes não mais do que um pequenino arrepio, vagamente lembrado em outros momentos, rejeitado com vigor, mas algo que, com certeza, voltará à mente de novo.

2. Não há ninguém que não saiba do que falamos. No entanto, alguns tentam pôr de lado o sofrimento em jogos de que se valem para ocupar o tempo e manter sua tristeza longe de si mesmos. Outros negarão estar tristes e não reconhecerão suas lágriamas em absoluto. Outros ainda insistirão que isso de que falamos é ilusão, algo a ser considerado como nada mais do que apenas um sonho. Porém, com pura honestidade, fora da defensiva e do auto-engano, quem negaria que compreende as palavras que dizemos?

3. Falamos por todo aquele que anda por este mundo, pois ele não está em casa. Ele vaga incerto em uma procura sem fim, buscando nas trevas o que não pode achar; sem reconhecer o que é que procura. Constrói mil casas embora nenhuma satisfaça sua mente irriquieta. Ele não compreende que contrói em vão. O lar que ele busca não pode ser construído por ele. Não há nenhum substituto para o Céu. Tudo o que ele já fez foi o inferno.

4. Talvez penses que é o lar de tua infância que queres achar novamente. A infância de teu corpo e seu abrigo são uma lembrança tão distorcida agora que só tens um retrato de um passado que nunca aconteceu. Mas há uma Criança em ti Que busca a casa de Seu Pai e que sabe Ele é uma estranha aqui. Esta infência é eterna, com um inocência que durará para sempre. Aonde quer que esta Criança vá é solo sagrado. É a Santidade d'Ela que ilumina o Céu e que traz à terra o reflexo pura da luz acima, na qual terra e Céu estão unidos como uma coisa só.

5. É esta Criança em ti que teu Pai conhece como Seu Próprio Filho. É esta Criança Que conhece Seu Pai. Ela deseja ir para casa tão profunda e continuamente que Sua voz te implora que A deixes descansar um momento. Ele não te pede mais do que apenas uns poucos instantes de repouso; apenas um intervalo no qual Ela possa voltar a respirar mais uma vez o ar sagrado que enche a casa de Seu Pai. Tu também és a casa d'Ela. Ela voltará. Mas dá-Lhe apenas um breve momento para se Ela Mesma, na paz que é a casa d'Ela, descansando no silêncio e na paz e no amor.

6. Esta Criança precisa de tua proteção. Ela está longe de casa. Ela é tão pequenina que parece fácil excluí-La, Sua voz débil tão prontamente escondida, Seu pedido de ajuda quase inaudível em meio aos sons discordantes e baraulhos ásperos e irritantes do mundo. Mas Ela sabe que Sua proteção segura ainda habita em ti. Tu não A abandonarás. Ela irá para casa e tu junto com Ela.

7. Esta Criança é tua não-defensiva; tua força. Ela confia em ti. Ela veio porque sabia que não fracassarias. Ela murmura sem cessar a respeito de Sua casa para ti. Pois Ela quer te levar de volta com Ela, para que Ela Mesma possa ficar e não voltar mais uma vez a um lugar que não é o lugar d'Ela e no qual Ele vive como um pária em um mundo de pensamentos estranhos. A paciência d'Ela não tem nenhum limite. Ela esperará até ouvires Sua Voz suave dentro de ti, pedindo que A deixes ir em paz, junto contigo, ao lugar em que Ela está em casa e tu com Ela.

8. Quando ficares quieto por um instante, quando o mundo se afastar de ti, quando ideias inúteis deixarem de ter valor em tua mente irriquieta, então ouvirás a Voz d'Ela. Ela te chama de mod tão comovente que não resistirás mais a Ela. Nesse instante, Ela te levara para Sua casa e tu ficarás com Ela em completa tranquilidade, silêncio e paz, além de todas as palavras, não perturbado pelo medo e pela dúvida, com a certeza sublique de que estás em casa.

9. Descansa com Ela com frequência hoje. Pois Ela estava disposta a se tornar uma Criancinha para que pudesses aprender d'Ela quão forte é aquele que vem sem desfesas, oferecendo apenas mensagens de amor para aqueles que pensam que ele é seu inimigo. Ela carrega o poder do Céu em Sua mão e os chama de amigos e lhes dá Sua força, para que possam ver que Ela quer ser Amiga deles. Ela pede que eles A protejam, pois o lar d'Ela está muito distante e Ela não voltará para lá sozinha.

10. Cristo rensasce como apenas uma Criancinha cada vez que um peregrino quer deixar sua casa. Pois ele tem de aprender que aquilo que ele quer proteger é apenas esta Criança Que chega sem defesa e Que está protegida pela não-defensiva. Vai para casa com Ela de vez em quando hoje. Tu és tão estranho aqui quanto Ela.

11. Reserva tempo, hoje, para pôr de lado teu escudo que não te favorece em nada e depõe a lança e a espada que levantaste contra um inimigo inexistente. Cristo te chama de amigo e de irmão. Ele inclusive veio pedir tua ajuda para permitir que Ele vá para casa hoje, completo e completamente. Ele vem do mesmo que vem uma criancinha, que tem de pedir proteção e amor a seu pai. Ele rege o universo e, no entanto, te pede de forma incessante que voltes com Ele e que não aceites mais ilusões como teus deuses.

12. Tu não perdeste tua inocência. É por isto que anseias. Este é o desejo de teu coração. Esta é a voz que ouves e é este o chamado a que não se pode dizer não. A Criança sagrada permanece contigo. A casa d'Ela é a tua. Hoje, Ela te dá Sua não-defensiva e tu a aceitas em troca de todos os brinquedos de guerra que fizeste. E agora o caminho de casa está aberto e a jornada tem um termo em vista finalmente. Fica quieto por um instante e vai para casa com Ela, e fica em paz por algum tempo.

*

COMENTÁRIO:

Nesta quinta-feira, dia 1º de julho, a ideia para nossas práticas nos remete à meditação, mas não necessariamente àquela meditação que precisamos de um local tranquilo, preparado para nos sentarmos na posição de lótus e nos entregarmos à interiorização. Isto é, a buscarmos nos voltar para o mais íntimo de nós mesmos à procura da Criança sagrada de que nos esquecemos ao nos deixarmos envolver mais e mais pelas atividades mundanas, sob a orientação do ego.

Eu diria que a meditação que as práticas nos pedem se refere mais a um estado de atenção, a um estado de alerta que precisamos manter durante as atividades do dia, para ouvir a voz da Criança interior, da inocência interior em quaisquer ocasiões nas quais formos tentados a nos afastar de nós mesmos e, por consequência, da Criança divina em nós mesmos.

Talvez seja interessante ouvir o que o poeta Wordsworth, na ode Indícios de Imortalidade, fala a respeito do lugar a que pertencemos, na verdade. Diz ele que:

Nosso nascimento não é mais do que um sono e um esquecimento:
A alma que se levanta conosco, a nossa Estrela de vida,
Tinha sua morada alhures,
E veio de longe,
Não num completo esquecimento,
E não numa total nudez,
Mas trazendo nuvens de gloria, nós viemos
De Deus, que é o nosso lar...

É para a volta ao lar que nossas práticas estão orientadas. Para que acordemos do sono e nos lembremos de onde viemos.

  

5 comentários:

  1. Olá
    Lição M A R A V I L H O S A!!!!!!
    Firme na prática. Atenta à Criança...
    Começando o dia "com o pé direito", rs...
    Grata
    Bjs

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  2. *
    Olá meus queridos ...

    Escrevi esse poema inspirada exatamente nessa Criança. Como só o enviei a poucos de nós, agora aproveito para enviar a todos, por caber tão bem na lição de hoje .


    * DIVINA INOCÊNCIA *
    . ( Meu Ser real )

    Acordar, despertar, dentro apenas...
    me sentir, sem levantar
    nem corpo, nem pensamento...
    algo em meu ser pulsa
    não é meu coração,
    e nem essa mente confusa,
    é só essa criança,
    que me habita e que exulta,
    feliz, por sua vez
    feliz, por outra vez

    Ser, nela,
    e em seus experimentos
    a nau, sem porto
    só a aventura
    a Inocência Pura
    sem pudor, nem culpa
    das escolhas sem vaidades
    sem senso de maldade
    só possibilidades
    de uma mente sem limites

    Sem chão, ou firmamento,
    viagens, movimento,
    universos a dentro,
    sob o alento, de luz,
    nada falta,
    completude,
    sou, estou,
    perfeita em tudo,
    sou tudo,
    o êxtase...
    o ser se cala
    e fala a paz,
    se expande,
    e é o Amor...
    Sou !

    Potente, onipresente,
    o tempo sem tempo,
    a própria eternidade,
    e assim, provar,
    tudo ter, sem pedir,
    brindar, na abundância
    saldar, minha aliança
    com o Rei desse lugar
    onde apenas sou Feliz

    Que brinca comigo
    e sorri minha Alegria,
    aqui eu sei,
    serei, sempre bem vinda
    mais que amiga,
    mais que irmã,
    a Filha,
    a própria Vida,
    do Rei que é o Pai,
    expandida ...


    Mas, voltei, da criança,
    minha Pura Consciência,
    só um momento levou
    desse mundo sem essência
    onde penso ser um corpo ...

    Voltei para nele dormir
    e sonhar,
    novamente,
    nesse mundo do tempo
    onde penso, que penso,
    que imagino, e me percebo,
    só que aqui, pelo avesso,
    do que Sou, nesse eu terreno,
    que também experimento

    Dormir, dormir ...
    sonhar, torpor,
    onde sonho um circo insano
    onde esqueço de Quem Sou...

    Outra hora eu acordo,
    novamente na criança,
    eternamente,
    a Pura Inocência,
    para novamente, e apenas,
    Ser Divina ...
    Ser no Amor.

    Carmen Thiago

    Milagres e Milagres a todos !

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  3. Viva, Nina.

    É isso aí! Manter-se firme na prática e atenta à Criança.

    Isso me lembra aquela canção dos mineiros, que diz: "Há um menino, há um moleque, morando sempre no meu coração. Toda vez que o adulto balança, ele vem pra me dar a mão..."
    E por aí vai.

    É só da atenção à Criança que precisamos sempre e cada vez mais.

    Obrigado por compartilhar.

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  4. Ora, vivas, Carmen.

    Obrigado e parabéns pela poesia. Aliás, acho, e muito mais gente também, que a poesia é capaz de nos oferecer uma linguagem que pode nos aproximar da Criança. Isto é, que nos autoriza a brincar com sons e imagens de forma diferente da fala comum de que nos valemos a maior parte do tempo.

    Obrigado por compartilhar.

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  5. UAU! Vou comentar na lição seguinte...
    Bjs

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