quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Uma ação certa para cada situação que se apresenta


1. O que é o perdão?

1. O perdão reconhece que o que pensaste que teu irmão fez a ti não aconteceu. Ele não perdoa os pecados e os torna reais. Ele vê que não houve pecado. E, em vista disso, todos os teus pecados são perdoados. O que é o pecado exceto uma ideia falsa acerca do Filho de Deus? O perdão simplesmente vê sua falsidade e, em razão disso, a abandona. Agora, então, o que fica livre para ocupar seu lugar é a Vontade de Deus.

2. Um pensamento que não perdoa é um pensamento que faz um juízo ao qual não porá em dúvida, embora não seja verdadeiro. A mente está fechada e não será liberada. O pensamento oculta a projeção, apertando suas correntes a fim de que as distorções fiquem mais veladas e mais disfarçadas; menos facilmente sujeitas à dúvida e mantidas mais distante do bom senso. O que pode se interpor entre uma projeção rígida e o objetivo que ela escolhe como a meta que quer?

3. Um pensamento que não perdoa faz muitas coisas. Busca seu objetivo numa ação frenética, torcendo e destruindo aquilo que vê como intromissões ao caminho que escolheu. Seu objetivo, e também o meio pelo qual quer alcançá-lo, é a distorção. Ele inicia suas tentativas furiosas de esmagar a realidade sem preocupação com qualquer coisa que pareça apresentar uma contradição a seu ponto de vista.

4. O perdão, por outro lado, é tranquilo e, de modo sereno, não faz nada. Ele não transgride nenhum aspecto da realidade, nem busca alterá-la para formas que lhe agradem. Ele olha simplesmente e espera, e não julga. Aquele que não quer perdoar tem de julgar, pois precisa justificar seu fracasso em perdoar. Mas aquele que quer perdoar tem de aprender a receber a verdade exatamente como ela é.

5. Não faças nada, então, e permite que o perdão te mostre o que fazer, por intermédio d'Aquele Que é teu Guia, teu Salvador e Protetor, forte em esperança e certo de teu êxito final. Ele já te perdoou, porque esta é Sua função, que Lhe foi dada por Deus. Agora tu tens de compartilhar a função d'Ele e perdoar aquele que Ele salvou, cuja inocência Ele vê a a quem Ele reconhece como o Filho de Deus.

*

LIÇÃO 223

Deus é minha vida. Não tenho nenhuma vida a não ser a d'Ele.

1. Eu estava errado quando pensava que vivia separado de Deus, uma existência separada que se movimentava no isolamento, independente, alojada dentro de um corpo. Agora sei que minha vida é a de Deus, não tenho nenhum outro lar e não existo separado d'Ele. Ele não tem nenhum Pensamento que não seja parte de mim e eu não tenho nenhum a não ser aqueles que são d'Ele.

2. Pai nosso, permite que vejamos a face de Cristo em lugar de nossos erros. Pois nós, que somos Teu Filho santo, somos inocentes. Queremos olhar para nossa inocência, pois a culpa afirma que não somos Teu Filho. E nós não queremos esquecer de Ti por mais tempo. Sentimo-nos solitários aqui e ansiamos pelo Céu, onde estamos em casa. Queremos voltar hoje. Nosso Nome é o Teu e reconhecemos que somos Teu Filho.

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COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 223

Repito, para a lição de hoje, com alguns acréscimos necessários, porém, comentário feito anteriormente:

Continuemos, pois, com as práticas a que nos orientam as instruções para o primeiro dos temas que abre esta segunda parte do Livro de Exercícios, a parte que nos leva na direção da percepção verdadeira: O que é o perdão? Um tema que temos de nos lembrar de ler a cada lição como ajuda para nossa reflexão a respeito da ideia de cada dia.

Para auxiliar mais uma vez o treino com o exercício, não posso resistir à tentação de lhes oferecer, como fiz em anos passados, a reflexão do jagunço Riobaldo a respeito de sua própria sabedoria interior - uma sabedoria que está igualmente disponível a todos nós -, e a respeito de existir um plano [para a salvação]. No livro Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa. Diz ele:

Sempre sei, realmente. Só o que eu quis, todo o tempo, o que eu pelejei para achar, era só uma coisa - a inteira - cujo significado e vislumbrado dela eu vejo que sempre tive. A que era: que existe uma receita, a norma dum caminho certo, estreito, de cada uma pessoa viver - e essa pauta cada um tem - mas a gente mesmo, no comum, não sabe encontrar; como é que, sozinho, por si, alguém ia poder encontrar e saber? Mas, esse norteado, tem. Tem que ter. Se não, a vida de todos ficava sendo sempre o confuso dessa doideira que é. E que: para cada dia, e cada hora, só uma ação possível da gente é que consegue ser a certa. Aquilo está no encoberto; mas fora dessa consequência, tudo o que eu fizer, o que o senhor fizer, o que o beltrano fizer, o que todo-o-mundo fizer, ou deixar de fazer, fica sendo falso, e é o errado. Ah, porque aquela outra é a lei, escondido e vivível mas não achável, do verdadeiro viver; que para cada pessoa, sua continuação, já foi projetada, como o que se põe, em teatro, para cada representador - sua parte, que antes já foi inventada, num papel...

(...) Mas minha alma tem de ser de Deus: se não, como é que ela podia ser minha? ... Olhe: tudo o que não é oração é maluqueira...

Atenção: como o jagunço diz "para cada dia, e cada hora, só uma ação possível da gente é que consegue ser a certa". E qual é ela? A que fizermos, é claro, qualquer que ela seja. Porque só podemos pensar em uma de nossas ações como sendo errada se julgarmos nossas ações. É preciso que nos lembremos sempre de que não existe erro, só a experiência.

Assim, continuando, não lhes parece que faz todo o sentido pensar que Deus é minha vida, pois se não fosse, "como é que ela podia ser minha"? E ampliar o pensamento para concluir que não tenho nenhuma vida a não ser a d'Ele

Quando em se tratando das coisas do espírito, a regra é crer para ver. Em geral, porém, vivemos a partir da orientação dita de São Tomé, queremos ver para crer. Daí que muitos de nós perguntam, como diz Sai Baba, "Então, por que Ele [Deus] não é visto?" E responde: "Bem, Ele [Deus] é como manteiga no leite. Ela está em cada gota. Se [se] quiser ver a manteiga, certos processos têm de ser realizados: ferver, coalhar, bater, etc. Assim também, mediante certas disciplinas espirituais como a de repetir o Nome (de Deus) na língua, Aquele que mora no coração pode ser vislumbrado; o imanente Deus pode ser experimentado como o Real". 

Quantos de nós estamos dispostos a realizar os tais processos, praticar as tais disciplinas espirituais, fazer as lições que o Curso nos pede todos os dias?

Às práticas?

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