quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Abandonar a culpa, o ataque, e experimentar a paz


LIÇÃO 216

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

1. (196) Só posso crucificar a mim mesmo.

Tudo o que faço, faço a mim mesmo. Se ataco, eu sofro. Mas, se eu perdoar, a salvação me será dada.

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 216

A ideia que vamos revisar mais uma vez hoje, como já disse antes, contém uma verdade que não aprendemos com o mundo. Quer dizer, não aprendemos a não ser depois de muitas cabeçadas e de, como se diz, cansar de dar murros em ponta de faca. Pois tudo o que o mundo nos ensina a fazer é julgar, condenar, atacar e crucificar todos os que se apresentam em nossos caminhos como culpados pelo estado de coisas que vivemos e, por consequência, é claro, a nós mesmos. 

É claro que isso é só uma tentativa equivocada de transferir nossa própria responsabilidade por nossa vida a outros e a outras circunstâncias, ignorando - porque o mundo não nos ensina - que somos nós mesmos que fazemos nossas circunstâncias. Assim como somos responsáveis por absolutamente tudo no mundo. Pelo menos por tudo aquilo que, no mundo, se apresenta a nossa consciência.

Ora são nossos pais, ora é nossa família toda. Ora são os professores, ora é a escola em que estudamos. Ora é o bairro ou o lugar em que vivemos, ora é o país em que nascemos. Em alguns momentos é o supervisor em nosso emprego, nosso superior direto, noutros é a empresa, que não nos dá a chance que pensamos precisar. Noutros é a situação econômica, social e política do país, onde "todos" os representantes eleitos são corruptos e só pensam em seu próprio bem. Ou ainda onde alguns - em geral aqueles que consideramos nossos adversários - são "mais" corruptos que o tolerável.  Noutras ainda é a religião em que fomos criados, que quer nos manter sob o jugo de um Deus acusador e vingativo.

Quando é que vamos aprender a deixar de atribuir a outro(s) a responsabilidade que nos cabe pelo estado das coisas que vivemos? Quando é que vamos compreender - e, lembrem-se, compreender é aceitar - que só nós mesmos criamos e construímos esse estado de coisas, seja ele qual for. 

Um estado que, aliás, como já disse também, nunca parece ser de nossa própria responsabilidade. Porque "eu" sei o que faço e o que quero e o que não quero. Os outros? Os outros estão todos errados, a se dar ouvidos ao sistema de pensamento deste falso "eu", uma imagem de nós mesmos apenas, que vamos construindo com o aprendizado do mundo, e que o Curso chama de ego.

O Curso diz várias vezes, em diversos pontos diferentes, que oferece um ensinamento muito simples. Afinal, diz ele a certa altura, o que pode ser mais simples do que ensinar que só a verdade é verdadeira? E que o que é falso é falso?

E é isto que a ideia para as práticas de hoje nos ajuda a aprender e a compreender. Pois ela é apenas extensão e consequência natural de outra lição que diz: Tudo o que dou é dado a mim mesmo (Lição 126). Ora, se só dou a mim mesmo, é lógico que só posso ferir a mim mesmo, não? Da mesma forma, só posso julgar, condenar, culpar e crucificar a mim mesmo, não? Mesmo quando estou atribuindo tudo a todos menos a mim mesmo.

Isto não é simples de se aprender? Sim! Sim! É simples, mas não é fácil. E por quê? Porque, na maior parte do tempo, estamos hipnotizados pelos modos e sugestões do mundo [do ego, o falso eu], grande número de vezes não nos apercebemos de que o que fazemos só atinge mais fundo, de fato, a nós mesmos.

Apesar de todos já termos experimentado em algum momento a dor que resulta de se ferir alguém, o ego nos convida a relevar esta dor e a esquecê-la, sob a justificativa de que o que fizemos era o que aquela pessoa merecia, mas não ensina como abandonar o sentimento de culpa que se origina do ataque.

Na verdade, sabemos que não é assim. Pois sempre que buscamos ferir ou atacar alguém é a nós mesmos que machucamos mais. E pagamos o preço em culpa. E a culpa gera o medo. E não conseguimos mais ficar em paz, nem experimentar a alegria, que é nosso estado natural. É só abandonando a culpa, que vem do ataque e do julgamento do ataque, frutos da crença na separação, que vamos conseguir experimentar a paz.

Afinal, o que queremos de verdade para nossa vida? Paz ou culpa? Ou, lembrando de mais um dos ensinamentos do Curso: queremos ter razão ou ser felizes?

Às práticas?

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