quinta-feira, 12 de junho de 2014

Enquanto eu acredito na morte, não posso ser livre


LIÇÃO 163

Não há morte. O Filho de Deus é livre.

1. A morte é uma ideia que assume muitas formas, muitas vezes não reconhecidas. Pode se apresentar como tristeza, medo, ansiedade ou dúvida; como raiva, descrença e falta de confiança; cuidado com corpos, inveja e todas as formas em que o desejo de seres como não és possa vir a te tentar. Todos estes pensamentos são apenas reflexos da adoração da morte como salvadora e doadora da liberação.

2. Personificação do medo, anfitrião do pecado, deus da culpa e senhor das ilusões e enganos, o pensamento da morte parece, de fato, poderoso. Pois ela parece manter todas as coisas vivas ao alcance de sua mão ressequida; todas as esperanças e desejos sob sua influência maléfica; todas as metas percebidas apenas sob a influência de seus olhos invisíveis. O frágil, o desamparado e o doente se curvam diante de sua imagem, pensando que só ela é real, inevitável, digna de sua confiança. Pois só ela virá com certeza.

3. Todas as coisas a não ser a morte são vistas como incertas, perdidas muito rapidamente apesar de difíceis de ganhar, duvidosas em seus resultados, inclinadas a frustrar as expectativas que geraram em algum momento e a deixar o gosto de pó e de cinzas em seu rastro, em lugar das aspirações e dos sonhos. Só se pode contar com a morte. Pois ela virá com passos seguros quando chegar o momento de sua vinda. Ela nunca deixará de tomar toda vida como refém de si mesma.

4. Tu te curvarias diante de ídolos como este? Nisto se percebe a força e o poder do Próprio Deus no interior de um ídolo feito de pó. Nisto se anuncia o opositor de Deus como senhor de toda a criação, mais forte do que a Vontade de Deus em favor da vida, da infinitude do amor e da constância perfeita e imutável do Céu. Nisto derrota-se finalmente a Vontade do Pai e a do Filho, que são enterradas sob a lápide que a morte coloca sobre o corpo do Filho santo de Deus.

5. Pecaminoso na derrota, ele se torna o que a morte quer que ele seja. Seu epitáfio, que a própria morte escreve, não lhe atribui nenhum nome, pois ele se transforma em pó. Ele diz apenas isto: "Aqui jaz uma testemunha de que Deus está morto". E ela escreve isto vezes sem conta enquanto, o tempo todo, seus adoradores concordam e, ajoelhando-se com a fronte no chão, sussurram que é verdade.

6. É impossível adorar a morte sob qualquer forma e mesmo assim escolher algumas que não apreciarias e que ainda evitarias, embora ainda acreditasses nas demais. Pois a morte é total. Ou todas as coisas morrem ou, ao contrário, elas vivem e não podem morrer. Nenhuma transigência é possível. Pois aqui, mais uma vez, percebemos uma posição evidente que temos de aceitar se formos sãos; aquilo que contradiz uma ideia por completo não pode ser verdadeiro, a menos que seu contrário se prove falso.

7. A ideia da morte de Deus é tão absurda que até mesmo os loucos têm dificuldade em acreditar nela. Pois ela pressupõe que Deus estava vivo uma vez e de alguma forma pereceu; morto, aparentemente, por aqueles que não queriam que Ele sobrevivesse. A vontade mais forte deles pôde triunfar sobre a d'Ele e, por isso, a vida eterna deu lugar à morte. E, com o Pai, morreu também o Filho.

8. Os adoradores da morte podem ter medo. E, não obstante, pensamentos como estes podem ser amedrontadores? Se eles percebessem que é apenas nisto que acreditam, seriam liberados imediatamente. E tu lhes mostrarás isto hoje. Não há morte e nós renunciamos a ela agora sob todas as formas, para a salvação dele e para a nossa própria salvação também. Deus não fez a morte. Por isto, qualquer forma que ela assuma tem de ser ilusão. É esta posição que tomamos hoje. E nos é dado olhar para além da morte e ver, adiante, a vida.

9. Abençoa nossos olhos hoje, Pai Nosso. Somos Teus mensageiros e queremos olhar para o reflexo glorioso de Teu Amor que resplandece em todas as coisas. Vivemos e nos movemos em Ti apenas. Não estamos separados de Tua vida eterna. A morte não existe, pois a morte não é a Tua Vontade. E nós habitamos no lugar aonde Tu nos colocaste, na vida que compartilhamos Contigo e com todas as coisas vivas, para sermos iguais a Ti, e partes de Ti para sempre. Nós aceitamos Teus Pensamentos como nossos e nossa vontade está eternamente em unidade com a Tua. Amém.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 163

"Não há morte. O Filho de Deus é livre."

Como falar de liberdade para quem acredita em morte? Que liberdade pode existir para alguém, se sua crença é a de que, mais dia menos dia, seu destino vai ser a morte? A ideia da existência da morte é uma grande ameaça à liberdade. Não podemos ser, de fato, livres, enquanto acreditarmos na morte.

Não existe morte! O Curso afirma isto com todas as letras. Mais, ele diz também que não há nenhum mundo. E só poderemos ser livres, de verdade, quando reconhecermos como verdadeiras estas afirmações. Pois não seremos livres, enquanto pairarem sobre nossas cabeças a ideia de que caminhamos inexoravelmente para o fim da vida e a de que há alguma coisa de valor neste mundo de ilusões.

O Filho de Deus é livre. Eu sou como Deus me criou. Não há morte. Não há nada a temer. Deus vai comigo aonde eu for. Se me defendo, sou atacado. O poder de decisão é meu. Recuarei e permitirei que Ele me mostre o caminho.

Eis aí algumas ideias que já praticamos algumas vezes - alguns de nós várias vezes. Quantos de nós, de fato, já as assumiram e incorporaram a sua experiência de vida como verdades que podem fazer ver o mundo de modo diferente? Verdades que podem mostrar um mundo perdoado, porque apenas ilusório, passageiro? Um mundo que é apenas fruto de uma percepção equivocada, que muda ao sabor das impressões dos sentidos.

Não há morte. Tudo o que existe é vida e vida abundante e plena que se multiplica de uma miríade de formas diferentes nas aparências que vemos, tocamos, provamos, ouvimos e cheiramos. 

Não há morte. E só por isso podemos ser livres.  

Todo o medo que nos mantém acorrentados e presos a um mundo de ilusões, e nos impede de ser o que somos nas mais variadas circunstâncias e a maior parte do tempo de nossa vida, desaparecerá como que por um passe de mágica, quando acreditarmos, de verdade, na ideia que o Curso nos convida a praticar hoje. 

Não há morte. Ora, todo o medo que experimentamos na ilusão a que chamamos de vida se origina da ideia de que somos mortais, perecíveis, frágeis, passíveis de ataque e destrutíveis, passageiros, como tudo o que vemos neste mundo. Afinal, já "vivemos" o bastante para saber que tudo aquilo que tocamos hoje amanhã pode deixar de existir na forma. Pois "tudo muda o tempo todo no mundo", conforme diz a canção. Mas, se, de fato, não há morte, e se acreditássemos mesmo nisto, com certeza não haveria nada a temer, ou haveria? 

O Filho de Deus é livre. É claro que, se o que nos aprisiona e nos mantém acorrentados à ilusão é o medo da morte, se aprendermos que não há morte, voltamos a experimentar a liberdade, voltamos a ser livres como sempre fomos. Pois o limitado e prisioneiro é apenas uma ideia equivocada de nós mesmos, uma ilusão que pensamos viver e que ocupa o lugar legítimo do Filho de Deus, enquanto acreditamos na separação. Não é aquilo que nós mesmos somos que vive esta ilusão. É um ego, um falso eu, uma entidade que não existe, ilusória, assim como a morte.

Ao praticar com dedicação, com disposição e alegria a ideia de hoje, vamos deixar que o Filho de Deus em nós se apresente e assuma o lugar usurpado - aparentemente com nossa concordância - por um ser que não existe, um ser cuja existência se baseia apenas na crença equivocada de uma separação que também não existe, que inventou, na ilusão, a ideia de que podemos ser diferentes daquilo que somos verdadeiramente, esquecendo-nos de que somos, e seremos sempre, como Deus nos criou, conforme vimos e praticamos com a lição de ontem.

Às práticas?

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