terça-feira, 10 de junho de 2014

Cada um cumpre apenas o papel que lhe cabe


LIÇÃO 161

Dá-me tua bênção, Filho santo de Deus.

1. Hoje praticamos de modo diferente e assumimos uma posição diante de nossa raiva, a fim de que nossos medos possam desaparecer e oferecer espaço para o amor. A salvação está aqui nas palavras sinceras com que praticamos a ideia de hoje. Aqui está a resposta à tentação, que não pode nunca deixar de acolher o Cristo no lugar em que medo e raiva predominavam antes. Aqui se completa a Expiação, ultrapassa-se o mundo com segurança e o Céu é restituído imediatamente. Aqui está a resposta da Voz por Deus.

2. A abstração completa é a condição natural da mente. Mas uma parte dela não é natural agora. Ela não olha para todas as coisas como uma só. Em lugar disso, ela vê apenas fragmentos do todo, pois apenas deste modo ela poderia inventar o mundo imperfeito que vês. A finalidade de todo o ver é te mostrar aquilo que desejas ver. Todo o ouvir apenas traz a tua mente os sons que queres ouvir.

3. Assim se criaram as particularidades. E agora são as particularidades que temos de usar ao praticar. Nós as damos ao Espírito Santo para que Ele possa empregá-las para um propósito que seja diferente daquele que lhes demos. Contudo, Ele só pode usar o que fizemos para nos ensinar a partir de um ponto de vista diferente, de forma que possamos ver uma utilidade diferente para todas as coisas.

4. Um irmão é todos os irmãos. Cada mente contém todas as mentes, pois todas as mentes são uma só. Esta é a verdade. Mas estes pensamentos deixam claro o significado da criação? Estas palavras trazem com elas perfeita clareza para ti? O que parecem ser exceto sons vazios, belas talvez, corretas em sentimentos, mas fundamentalmente não compreendidas nem compreensíveis. A mente que ensinou a si mesma a pensar de forma particular não pode mais apreender a abstração no sentido de que ela é todo-abrangente. Precisamos ver um pouco para aprender muito.

5. Parece ser o corpo que sentimos limitar nossa liberdade, fazer-nos sofrer e, por fim, extinguir nossa vida. Mas corpos são apenas símbolos para uma forma concreta de medo. O medo, sem símbolos, não pede nenhuma reação, pois os símbolos só podem representar o sem sentido. Por ser verdadeiro, o amor não precisa de nenhum símbolo. Mas o medo, por ser falso, se prende às particularidades.

6. Corpos atacam mas mentes não. Esta ideia é lembrança de nosso livro texto, onde é enfatizada com frequência. É esta a razão pela qual corpos se tornam símbolos de medo facilmente. Insistiu-se muitas vezes contigo para olhares além do corpo, pois a visão dele apresenta o símbolo do "inimigo" do amor que a visão de Cristo não vê. O corpo é o alvo para o ataque pois ninguém pensa odiar uma mente. Porém, o que a não ser a mente determina que o corpo ataque? Que outra coisa poderia ser a sede do medo exceto aquilo que pensa no medo?

7. O ódio é particular. Tem de haver algo a ser atacado. Tem-se de perceber um inimigo de tal forma que ele possa ser atacado e visto e ouvido e, por fim, morto. Quando o ódio pousa sobre algo, ele exige a morte com tanta certeza quanto a Voz de Deus anuncia que a morte não existe. O medo é insaciável e absorve tudo o que seus olhos veem, vendo-se a si mesmo em tudo, forçado a se voltar contra si mesmo e a destruir.

8. Aquele que vê um irmão como um corpo o vê como símbolo do medo. E atacará porque o que vê é seu próprio medo fora de si mesmo, pronto para atacar e clamando para se unir a ele novamente. Não te deixes enganar pela intensidade da raiva que o medo projetado tem de gerar. Ele uiva, em fúria, e arranha o ar na esperança desvairada de poder alcançar seu autor e devorá-lo.

9. É isto que os olhos do corpo veem em alguém a quem o Céu estima, a quem os anjos amam e a quem Deus criou perfeito. Esta é a realidade dele. E, na visão de Cristo, sua beleza se reflete de uma forma tão sagrada e tão linda que dificilmente poderias resistir a te ajoelhares a seus pés. Porém, em vez disso, tomarás a mão dele pois és igual a ele na visão que te vê assim. O ataque a ele é um inimigo para ti, pois não perceberás que tua salvação está nas mãos dele. Pede-lhe apenas isto e ele te dará. Pede-lhe que não simbolize teu medo. Tu pedirias que o amor destruísse a si mesmo? Ou queres que ele te seja revelado e te liberte?

10. Hoje praticamos de uma forma que tentamos anteriormente. Tua prontidão está mais próxima agora e hoje chegarás mais perto da visão de Cristo. Se estiveres atento para alcançá-la, serás bem-sucedido hoje. E, uma vez que fores bem-sucedido, não estarás mais disposto a aceitar as testemunhas que os olhos de teu corpo fazem surgir. O que verás entoará para ti antigas melodias de que te lembrarás. Tu não estás esquecido no Céu. Não queres te lembrar dele?

11. Escolhe um irmão, símbolo dos demais, e pede a salvação a ele. Vê-o, em primeiro lugar, tão claramente quanto puderes, na mesma forma com a qual estás acostumado. Vê o rosto dele, suas mão e pés, sua roupa. Observa o sorriso dele e vê gestos familiares que ele faz com tanta frequência. Em seguida pensa nisto: o que vês agora esconde de ti a visão daquele que pode perdoar todos os teus pecados, cujas mãos sagradas podem arrancar os cravos que trespassam as tuas e erguer a coroa de espinhos que colocaste sobre tua cabeça ensaguentada. Pede-lhe isto para que ele possa te libertar:

Dá-me tua bênção, Filho santo de Deus. Eu quero te ver
com os olhos de Cristo e ver em ti minha inocência perfeita.

12. E Aquele Que invocaste te atenderá. Pois Ele ouvirá a Voz por Deus em ti e responderá com tua própria voz. Olha agora para ele, a quem vês apenas como carne e osso, e reconhece que Cristo vem a ti. A ideia de hoje é tua saída segura para a raiva e para o medo. Certifica-te de a usares imediatamente, caso sejas tentado a atacar um irmão e perceber o símbolo de teu medo nele. E o verás subitamente transformado de inimigo em salvador, de demônio em Cristo.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 161

"Dá-me tua bênção, Filho santo de Deus."

A ideia para as práticas de hoje oferece a única saída possível para o inferno que pensamos viver: o aprendizado da visão de Cristo. É neste aprendizado, e em nossas práticas com ele, que vamos encontrar o meio de pedir que a visão de Cristo nos seja dada, para que aprendamos a olhar para tudo e para todos como um só, como partes nossas que não estão separadas de nós. Para podermos nos tornar, - melhor dizendo - para podermos voltar a nos perceberemos, íntegros. Tudo o que existe é parte de nós e nos completa. Da mesma forma que o Curso ensina que "o Próprio Deus é incompleto sem mim", precisamos nos perceber - para corrigir a percepção - que somos, pensamos ficar, incompletos, sempre que excluímos alguma coisa ou alguém de nossa vida.

De acordo com o que o Curso ensina, não há nenhuma particularidade na visão de Cristo. A partir dela somos capazes de perceber que tudo e todos cumprem apenas o papel que lhes cabe no plano de Deus para a salvação. É também a partir dela que podemos compreender que tudo que vemos é apenas uma interpretação que fazemos da realidade aparente para nossa percepção equivocada. As práticas ensinam que podemos mudar isto valendo-nos da visão de Cristo.

De acordo com o que o Curso ensina, assim como é impossível não acreditarmos naquilo que vemos, é igualmente impossível ver algo em que não acreditamos. Pois nossa percepção - a de todos e qualquer um de nós - se constrói a partir da experiência, que leva à crença. Precisamos, porém, ter em mente de forma bem clara que percepção e consciência são coisas diferentes, muito embora usemos a palavra percepção indistintamente para nos referirmos tanto à consciência quanto à interpretação daquilo de que tomamos consciência.

Precisamos aprender e ter bem claro para nós, e em nós, o tempo todo, que tudo o que percebemos é apenas nossa própria interpretação daquilo que vemos, ou daquilo que experimentamos a partir dos sentidos. Pois a consciência não necessita da percepção nem das crenças.

Daí, a necessidade de aprendermos a usar a visão de Cristo para abandonar de uma vez por todas a interpretação que fazemos do mundo e das coisas do mundo a partir do sistema de pensamento do ego. Como já vimos, o mundo - e tudo e todos que existem nele - é neutro. Apenas nós podemos lhe dar valor e significado.

Daí a necessidade das práticas. 

A elas?

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