segunda-feira, 1 de julho de 2024

No compartilhamento, nossa fé em Deus ganha força

 

LIÇÃO 183

Invoco o Nome de Deus e o meu próprio.

1. O Nome de Deus é santo, mas não é mais santo do que o teu. Invocar o Nome de Deus é apenas invocar teu próprio nome. Um pai dá seu nome ao filho e, assim, identifica o filho consigo. Os irmãos dele compartilham o nome e, deste modo, ficam unidos por um laço ao qual se voltam em busca de sua identidade. O Nome de teu Pai te lembra de quem tu és, mesmo em um mundo que não sabe; mesmo que tu não te lembres.

2. O Nome de Deus não pode ser ouvido sem resposta, nem dito sem um eco na mente que te convida a lembrar. Dize o Nome d'Ele e convidas os anjos a envolverem o solo em que te encontras e a cantarem para ti enquanto abrem suas asas para te manter seguro e te proteger de todo pensamento mundano que se intrometeria em tua santidade.

3. Repete o Nome de Deus e todo o mundo responde abandonando as ilusões. Cada sonho a que o mundo dá valor desaparece subitamente e, onde ele parecia estar, encontras uma estrela; um milagre da graça. Os doentes se levantam, curados de seus pensamentos doentios. Os cegos podem ver; os surdos podem ouvir. Os infelizes abandonam sua lamentação e as lágrimas de dor secam quando o riso feliz vem para abençoar o mundo.

4. Repete o Nome de Deus e os nomes insignificantes perdem o sentido. Todas as tentações se tornam apenas uma coisa inominável e indesejável diante do Nome de Deus. Repete o Nome d'Ele e vê com que facilidade esqueces os nomes de todos os deuses que valorizaste. Eles perdem o nome de deus que lhes deste. Tornam-se anônimos e inúteis para ti, embora, antes de deixares que o Nome de Deus substitua seus nomes insignificantes, ficasses diante deles em adoração chamando-os de deuses.

5. Repete o Nome de Deus e invocas teu Ser, Cujo Nome é o d'Ele. Repete o Nome d'Ele e todas as coisas pequeninas e inomináveis sobre a terra assumem a perspectiva correta. Aqueles que invocam o Nome de Deus não podem confundir o inominável pelo Nome, nem o pecado pela graça, nem corpos pelo Filho santo de Deus. E, se te unires a um irmão, enquanto te sentas com ele em silêncio, e repetires o Nome de Deus junto com ele em tua mente calma, estabeleces aí um altar que alcança o Próprio Deus e Seu Filho.

6. Pratica apenas isto hoje: repete o Nome de Deus lentamente muitas e muitas vezes. Esquece todos os nomes a não ser o d'Ele. Não ouças mais nada. Deixa que todos os teus pensamentos se prendam a isto. Não usamos nenhuma outra palavra exceto no início, quando declaramos a ideia de hoje apenas uma vez. E, então, o Nome de Deus se torna nosso único pensamento, nossa única palavra, a única coisa que ocupa nossas mentes, o único desejo que temos, o único som com algum significado e o único Nome de tudo o que desejamos ver, de tudo o que chamaríamos de nosso.

7. Deste modo fazemos um convite que não pode ser recusado nunca. E Deus virá e Ele Mesmo o atenderá. Não penses que Ele ouve as preces inúteis daqueles que O invocam com os nomes de ídolos que o mundo preza. Eles não podem alcançá-Lo desta forma. Ele não pode ouvir os apelos a Ele para não ser Ele Mesmo, ou para que Seu Filho receba outro nome que não o d'Ele.

8. Repete o Nome de Deus e O reconheces como o único Criador da realidade. E reconheces também que Seu Filho é parte d'Ele, criando em Seu Nome. Senta em silêncio e deixa que o Nome d'Ele se torne a ideia todo-abrangente que ocupa por completo tua mente. Deixa que todos os pensamentos silenciem exceto este. E responde a todos os outros com isto e vê o Nome de Deus substituir os milhares de nomes insignificantes que deste a teus pensamentos, sem te aperceberes de que há um único Nome para tudo o que existe e para tudo o que existirá.

9. Hoje podes chegar a um estado no qual experimentarás a dádiva da graça. Podes escapar de toda a escravidão do mundo e dar ao mundo a mesma liberação que achaste. Podes lembrar daquilo que o mundo esqueceu e lhe oferecer tua própria lembrança. Hoje podes aceitar o papel que desempenhas na salvação do mundo e também em tua própria salvação. E ambas podem se realizar por completo.

10. Volta-te para o Nome de Deus para tua liberação e ela te é dada. Não é necessário nenhuma prece a não ser esta, pois ela contém todas em si. As palavras são insignificantes e todos os apelos desnecessários quando o Filho de Deus invoca o Nome de seu Pai. Os Pensamentos de seu Pai se tornam seus próprios pensamentos. Ele reclama para si tudo o que seu Pai deu, ainda dá e dará para sempre. Ele Lhe pede que deixe que todas as coisas que ele pensava ter feito fiquem sem nome agora e que, no lugar delas, o santo Nome de Deus seja sua compreensão da inutilidade delas.

11. Todas as coisas insignificantes estão quietas. Agora os sons insignificantes são inaudíveis. As coisas insignificantes da terra desaparecem. O universo não se constitui de nada que não do Filho de Deus, que invoca seu Pai. E a Voz de seu Pai responde em Nome do santo Nome de seu Pai. Neste relacionamento eterno e sereno, no qual a comunicação transcende de longe todas as palavras e ainda supera a profundidade e a elevação do que quer que as palavras poderiam transmitir, está a paz eterna. Em nome de nosso Pai queremos experimentar esta paz hoje. E, em Nome d'Ele, ela nos será dada.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 183

Caras, caros,

O que sabemos a respeito dos nomes? De onde eles vêm? A que servem? Tu consideras teu nome bonito? Gostas dele? Não? Por quê?

Bem, a rigor é preciso que aprendamos que tudo aquilo a que damos nome recebe também o nome de Deus a seu lado. Quer dizer, tudo aquilo que nomeamos é também Deus. Assim como o nome que temos, cada um e cada uma de nós.

Diz-se que a saudação budista "Namastê" significa "o deus em mim saúda o deus em ti". É assim que nos saudamos uns e umas aos outros e às outras, com ciência de que estamos saudando Deus em cada um, em cada uma?

É disto que vamos tratar em nossas práticas com a ideia de hoje.

"Invoco o Nome de Deus e o meu próprio."

Invocar o nome de Deus é invocar também meu próprio nome, uma vez que fui criado à imagem e semelhança d'Ele [lembrando-nos de que esta semelhança não tem absolutamente nada a ver com o corpo, uma vez que tal qual Deus, o que somos é espírito. Ideias.]. É n'Ele que encontro minha verdadeira Identidade, minha realidade além das aparências e além da falsa identidade que aceitei ao acreditar no que me diz o ego, a partir da percepção dos sentidos e do corpo, com o que ele se confunde e quer me confundir.

Assim, meio que repriso uma vez mais um comentário anterior a esta mesma lição, com pequenas alterações e acréscimos, por continuar gostando dele. Creio, quer dizer, continuo a crer, que ele exprime alguns aspectos de nosso envolvimento com a percepção dos sentidos, da forma e do corpo, aos quais muitas vezes não estamos atentos, ou atentas, distraídos e distraídas que estamos de nós mesmos e de nós mesmas a maior parte do tempo. 

Posso dizer, então, de novo que a ideia que o Curso nos oferece para as práticas de hoje, tem tudo a ver com aquilo que Eckhart Tolle diz a respeito das palavras no segundo capítulo de seu livro Um Novo Mundo - O Despertar de uma Nova Consciência.

E penso, continuo a pensar, que o que ele diz pode inclusive ser de grande auxílio em nossas práticas de hoje, ajudando-nos a abrir mão das palavras, de conceitos preconcebidos e de ideias limitadoras que temos acerca do mundo, e das coisas do mundo, em favor do uso de uma só palavra: Deus, a única palavra que traz em si todo o significado de todas as coisas. Lembrando-nos de que as palavras só têm o significado e o valor que cada um e cada uma de nós dá a elas.

Eis o que Tolle diz: 

"As palavras, não importa se são verbalizadas e transformadas em sons ou se permanecem como pensamentos, podem lançar um encanto quase hipnótico sobre nós. É muito fácil nos perdermos por causa delas, sermos hipnotizados pela crença implícita de que, quando vinculamos um termo a alguma coisa sabemos o que ela é. A verdade é que não sabemos o que ela é. Apenas encobrimos o mistério com um rótulo. Tudo - um pássaro, uma árvore, uma simples pedra e, certamente, um ser humano - é, em última análise, incognoscível. Isto porque o que podemos perceber, experimentar, e a respeito do que podemos pensar, é a camada superficial da realidade, menos do que a ponta de um iceberg.

"(...) As palavras reduzem a realidade a algo que a mente humana é capaz de entender, o que não é muita coisa. A linguagem consiste em cinco sons básicos que se originam nas cordas vocais. Elas são as vogais a, eiou. Os outros sons são consoantes produzidas pela pressão do ar: s, fg, e assim por diante. Você acredita que alguma combinação destes sons básicos é suficiente para explicar o que é você, o propósito supremo do universo ou até mesmo o que uma árvore ou uma pedra são em essência?" 

Ampliando ainda um pouco mais o comentário, creio que as práticas com a ideia de hoje podem nos levar a compreender também o que, no dizer de Karen Armstrong, em seu livro Em defesa de Deus, já sabiam e sabem "alguns dos maiores teólogos judeus, cristãos e muçulmanos", e mais todos os mestres espirituais de todos os tempos. Isto é, que, "embora seja importante expressar nossas ideias sobre o divino" ..., "todas as palavras utilizadas para descrever coisas mundanas não servem para falarmos de Deus. Ele não é bom, divino, poderoso ou inteligente em qualquer sentido que possamos compreender. Não podemos sequer dizer que Deus existe, porque nosso conceito de existência é limitado demais".

É por esta razão que o próprio Curso a certa altura afirma que, em alguma instância, por mais vagamente que seja, reconhecemos "que Deus é [apenas] uma ideia" e que a fé n'Ele se reforça pelo compartilhar. Mais do que só isso o Curso afirma: "O que achas difícil aceitar é o fato de que, assim como teu Pai, tu és uma ideia" [e não um corpo]: à imagem e semelhança de Deus.

Isso tudo é razão suficiente para nos dedicarmos com afinco e atenção às práticas, não acham? 

Às práticas?

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