sábado, 27 de julho de 2024

A confiança só pode nascer da aceitação do outro

 

LIÇÃO 209

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

1. (189) Sinto o Amor de Deus em mim agora.

O Amor de Deus é o que me criou. O Amor de Deus é tudo o que sou. O Amor de Deus demonstra que sou Seu Filho. O Amor de Deus em mim me liberta.

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 209

Caras, caros,

Penso, como já disse em anos anteriores, que grande parte da ingenuidade, da espontaneidade, da alegria e do destemor da maioria das crianças muito pequenas - e de algumas maiores, ou de outras, ditas especiais - se deve a sua quase que total dependência dos pais e de adultos a sua volta e à confiança que lhes dedicam, uma vez que sua razão ainda não lhes dá a capacidade de pensar lógica e racionalmente, o que só vai acontecer em uns poucos anos, quando acontecer. Se acontecer.

A depender da forma com que forem ensinadas a se relacionarem com as pessoas e coisas do mundo, elas vão continuar a desenvolver sua confiança em si mesmas e nas outras pessoas, a partir da confiança que devotam aos pais e aos adultos que as rodeiam, ao mesmo tempo em que vão começar a ser menos dependentes deles, quando tudo se desenrolar a contento, da forma como costuma acontecer normalmente.

É, pois, por um lado, muito importante que aprendamos - se ainda não aprendemos - a confiar nas pessoas, em todas as pessoas que se apresentam em nossas vidas em qualquer momento, pois é só este aprendizado que vai nos dar a confiança necessária para que nos entreguemos à vida de forma incondicional, reconhecendo, aceitando e acolhendo toda e qualquer experiência que se apresentar, porque cientes de que nós as escolhemos, mesmo quando não temos consciência do momento em que se deu a escolha e, às vezes, nem da razão ou razões por que ela foi feita. 

Por outro, é preciso termos ciência de que a confiança nos outros é reveladora da confiança em nós mesmos, em nós mesmas. Porque, se não confiamos em nós mesmos, ou em nós mesmas, não há como confiar nas outras pessoas que compartilham o mundo à volta de nós. Quer dizer, até há, mas aí vamos nos valer daquela confiança desconfiada, vamos nos relacionar com uns e outros e umas e outras com aquilo a que se costuma chamar de "um pé atrás". 

É também muito importante saber que a confiança só pode nascer da aceitação do outro por inteiro e, por extensão, a confiança completa em nós mesmos, ou em nós mesmas, sem julgamento. Isto é, é necessário abandonar o julgamento para confiar. Lembremo-nos de que quando não confiamos em nós mesmos, ou em nós mesmas, estamos desconfiando do divino. E o mesmo acontece quando não temos confiança nos outros. Ou como disse alguém, "tudo é sempre entre Deus e eu", porque não há nada fora de mim. Ou de Deus.

Lembram-se da primeira lição que revisamos nesta série, a última das revisões: Confio e meus irmãos, que são um comigo? E todos e todas são meus irmãos, minhas irmãs, nossos irmãos, nossas irmãs. Todas as pessoas do mundo.

E digo tudo isto mais uma vez apenas para que busquemos nos pôr em sintonia com o que trazemos de nossa experiência em relação à ideia que o Curso nos oferece para as práticas de hoje.

Nada do que já passou tem qualquer importância. E, se não fomos ensinados a confiar, ou se não fomos educados de forma a ser cada vez mais livres, e a viver em harmonia com a Vontade de Deus para nós, o momento para corrigir a percepção é agora. O momento para ser livre, para escolher e tomar a decisão pela liberdade, é agora. É agora, neste momento, neste instante exato, que podemos sentir o Amor de Deus. E, não importa a experiência pela qual estejamos passando, se quisermos perceber alguma mudança no mundo, é só agora, no instante presente, neste exato momento, que precisamos e podemos mudar nosso modo de olhar para ele. Isto, por consequência, vai trazer a mudança, com toda a certeza.

Não há outro tempo a não ser o presente. Quando nos deixamos enganar por aquilo a que damos nome de passado, imaginando que, se alguma coisa lá tivesse sido diferente, a situação que vivemos hoje poderia ser diferente, estamos nos auto-enganando. Estamos da mesma forma nos auto-enganando, quando buscamos nos convencer de que amanhã tudo vai ser diferente, porque nos propusemos a começar a fazer as coisas de forma diferente. É, sim, auto-engano, enquanto não tomarmos, de fato, a decisão e nos convencermos de que o que é preciso mudar só pode ser mudado agora: a partir da tomada de decisão.

Basta que pensemos uma vez mais na terceira daquelas quatro leis espirituais que se ensina na Índia: "Toda vez que você iniciar é o momento certo". Mas não dá para deixar para amanhã. É preciso tomar a decisão agora. E saber que tomar a decisão é apenas o começo. E que ela vai ter de ser tomada a cada passo, a cada instante, a cada novo desafio, a cada nova experiência. Até estarmos certos de que tomamos a decisão que nos leva a viver a Vontade de Deus de alegria e paz perfeitas e completas para nós o tempo todo. Até sermos capazes de dizer e viver o tempo inteiro o que a ideia de hoje nos pede para praticar. Pois enquanto não formos capazes de confiar em nós mesmos, ou em nós mesmas, e de nos amarmos inteira e completamente, ainda não estaremos sentindo em nós o Amor de Deus. E não o viveremos de fato. Daí a necessidade da atenção, da vigilância e dos exercícios diários.

Às práticas?

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