sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Repara que nada daquilo que vês é o que parece ser

 

LIÇÃO 12

Estou transtornado porque vejo um mundo sem significado*.

1. A importância desta ideia está no fato de que ela contém uma correção para uma distorção básica de percepção. Tu pensas que aquilo que te transtorna é um mundo assustador, ou um mundo triste, ou um mundo violento, ou um mundo doente. Todas estas características são dadas a ele por ti. O mundo em si mesmo não tem significado.

2. Estes exercícios são feitos com os olhos abertos. Olha ao teu redor, desta vez bem devagar. Tenta regular teu ritmo de forma que a passagem lenta de teu olhar de uma coisa para outra envolva um intervalo de tempo razoavelmente constante. Não permitas que o tempo da passagem se torne marcadamente mais longo ou mais curto, mas tenta, em lugar disso, manter um andamento sereno e uniforme do início ao fim. O que vês não importa. É isso que ensinas a ti mesmo quando dás a qualquer coisa sobre a qual teu olhar pouse atenção e tempo iguais. Este é um passo inicial no aprendizado de dar valor igual a todas elas.

3. Enquanto olhas ao teu redor, dize a ti mesmo:

Penso ver um mundo amedrontador, um mundo
perigoso, um mundo hostil, um mundo triste,
um mundo perverso, um mundo louco,

e assim por diante, usando quaisquer termos descritivos que te ocorrerem. Se te ocorrerem termos que parecem mais positivos do que negativos, inclui-os. Por exemplo, podes pensar em "um mundo bom", ou em "um mundo satisfatório". Se tais termos te ocorrerem usa-os juntamente com os outros. Podes não entender ainda por que estes adjetivos "amáveis" são adequados a estes exercícios, mas lembra-te de que um "mundo bom" pressupõe um "mau" e um "mundo satisfatório" pressupõe um "insatisfatório". Todos os termos que passarem por tua mente são sujeitos adequados para os exercícios de hoje. Sua qualidade aparente não importa.

4. Certifica-te de não alterares os intervalos de tempo entre as aplicações da ideia de hoje àquilo que pensas ser agradável e àquilo que pensas ser desagradável. Para os propósitos destes exercícios, não há nenhuma diferença entre eles. No final do período de prática, acrescenta:

Mas estou transtornado porque vejo um mundo sem significado.

5. Aquilo que não tem significado não é bom nem mau. Por que, então, um mundo sem significado deveria te transtornar? Se pudesses aceitar o mundo como sem significado e permitir que a verdade fosse escrita sobre ele para ti, isso te faria indescritivelmente feliz. Mas, em razão de ele ser sem significado, és impelido a escrever nele aquilo que queres que ele seja. É isto o que vês nele. É isto que não tem significado na verdade. Por baixo de tuas palavras está escrita a Palavra de Deus. A verdade te transtorna agora, mas quando tuas palavras forem apagadas, verás as d'Ele. Este é o propósito fundamental destes exercícios.

6. Três ou quatro vezes são suficientes para a prática da ideia para hoje. Os períodos de prática também não devem exceder um minuto. Podes achar até mesmo isso longo demais. Interrompe os exercícios sempre que experimentares uma sensação de inquietude.

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*NOTA DE TRADUÇÃO: Continua valendo a observação feita ontem a respeito da expressão sem significado como equivalente a sem sentido para traduzir a palavra original: meaningless.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 12

Caras, caros,

A ideia que vamos praticar hoje favorece, mais uma vez - exatamente como cada uma das lições -, a escolha e nos dá a possibilidade de uma mudança radical em nosso modo de ver o mundo. É necessário que o aceitemos [o mundo] como algo sem significado se quisermos, de fato, viver a alegria e a paz completas, conforme e a Vontade de Deus para nós. Se quisermos, de fato viver aquilo que o Curso chama de "o sonho feliz".  

Vamos explorar a ideia de hoje um pouco mais juntos?

"Eu estou transtornado porque vejo um mundo sem significado."

Se voltarmos a uma das lições recentes anteriores - a quinta -, vamos nos lembrar de que praticamos esta mesma ideia dita de modo um pouco diferente: Eu nunca estou transtornado pela razão que imagino.

E vejam que logo no primeiro parágrafo da lição de hoje está o que se pode chamar de "a essência" da verdade que ela nos oferece.

Vejamos:

A importância desta ideia está no fato de que ela contém 
uma correção para uma distorção básica de percepção.

Já falamos algumas vezes antes que aquilo que vemos e percebemos a partir dos sentidos, da visão do corpo, não tem significado algum, porque a visão a partir da percepção quase que invariavelmente nos engana. Nada do que vemos é o que parece ser, por mais estranha que esta afirmação nos possa parecer. Tu consegues perceber isto? Nada do que pensamos significa nada. Bulhufas. Nadinha mesmo. Nerusquinha de biribitanhas. E por quê? Porque os pensamentos que temos não são nossos pensamentos verdadeiros, que são apenas aqueles que pensamos com Deus, em contato com o divino em nós mesmos e em nós mesmas. São aqueles pensamentos que não estão atrelados à percepção e nem dependem dela.

Então, o que há para se fazer - que é o que o Curso nos propõe - a cada lição é praticar a mudança de percepção. É para isso que o Curso nos oferece o livro de exercícios. Para começarmos, de fato, a buscar um modo diferente de ver.

A continuação do primeiro parágrafo diz:

Tu pensas que aquilo que te transtorna é um mundo assustador, 
ou um mundo triste, ou um mundo violento, ou um mundo doente.

Não é assim mesmo que pensas? Que a grande maioria de nós pensa? Ora o mundo nos assusta, ora as pessoas nos assustam. Ora os acontecimentos nos assustam, ora as coisas do mundo parecem nos ameaçar de tal modo que nos sentimos prisioneiros. Ora o que vemos nos enche de tristeza, ora de pavor. Não conseguimos compreender a loucura ou a doença do mundo. Será que algum dia, nalgum momento, conseguiremos perceber, de fato, que o que vemos no mundo é apenas a projeção de nossos pensamentos sem significado? E que a única coisa que há que ser mudada são exatamente esses pensamentos? 

Neste momento que o mundo vive, o temor das pessoas - ou da maioria delas no mundo inteiro - está voltado, ainda, ou para um vírus e para as suas variantes, ou para o "mal" que ele e suas variantes podem trazer. Ou está voltado para as guerras entre Ucrânia e Rússia, ou entre Israel e os palestinos. O vírus e suas variantes continuam a ameaçar as pessoas com doença e morte numa escala dificilmente imaginada antes. Sua ação é comparável à ação do agente causador da epidemia da gripe espanhola, lá no início do século XX, causador da morte de milhões de pessoas no mundo inteiro. A guerra entre ucranianos e russos se prolonga e pode vir a se tornar letal para outras milhões de pessoas, ameaçando espalhar-se e expandir o conflito entre apoiadores de um e de outro lado. Já na Palestina, Israel tem poder de fogo suficiente para fazer desaparecerem todos os palestinos da face da terra, varrendo sua história, suas gentes, seus costumes, sua cultura e tudo o que representaram para a raça humana nos últimos milênios.

E o que é este vírus, suas variantes e as guerras de que falamos oferecem, se formos refletir a fundo, senão a materialização da necessidade de que as mentalidades mudem? A materialização da necessidade de que compreendamos que a separação entre as pessoas e entre outras formas de vida do planeta, todas as imagináveis, no micro e no macro, não é real. Tudo está conectado. Daí, a necessidade de que pensemos no todo sempre, antes de pensarmos de forma egoísta apenas no que pode ser melhor para nós mesmos, para nós mesmas. 

De que vale a alguém ganhar o mundo e perder sua própria alma? Isto é que acontece com as pessoas preocupadas com o lucro que podem obter a partir da ação do vírus, ou das guerras. Ou, pensando num exemplo que se pode ver no filme "Não Olhe para Cima", recente, de que podem servir as matérias-primas raras do cometa, se ele colidir com a Terra e destruir toda a vida do planeta, ou destruir o planeta mesmo? 

Assim, podemos chegar à próxima frase do texto para colocar nossa atenção no fato de que o mundo funciona a partir do que pensamos nele. Pois:

Todas estas características são dadas a ele por ti. 
O mundo em si mesmo não tem significado.

Isto mesmo! Para corrigir o equívoco de nossa percepção, que nos faz ver o mundo fora, é mesmo necessário que reconheçamos que o que nos assusta, amedronta ou entristece é aquilo que fazemos com o mundo, do mundo. Pois só nós podemos lhe dar os atributos que vemos nele.

O que acontece então? Quando reconhecemos e aceitamos o fato de que as qualidades e defeitos do mundo, das pessoas, das coisas e dos acontecimentos não estão neles, mas em nós mesmos e em nós mesmas tão somente?

Começamos a vislumbrar uma luz. O que nos transtorna é ver um mundo sem significado, em lugar de ver, como desejaríamos, um mundo bom, ou mundo mau, um mundo assim ou um mundo assado. Por quê?

A lição explica:

Aquilo que não tem significado não é bom nem mau. Por que, então, um mundo sem significado deveria te transtornar? Se pudesses aceitar o mundo como sem significado e permitir que a verdade fosse escrita sobre ele para ti, isso te faria indescritivelmente feliz. Mas, em razão de ele ser sem significado, és impelido a escrever nele aquilo que queres que ele seja. É isto o que vês nele. É isto que não tem significado na verdade. Por baixo de tuas palavras está escrita a Palavra de Deus. A verdade te transtorna agora, mas quando tuas palavras forem apagadas, verás as d'Ele. Este é o propósito fundamental destes exercícios. 

Como já vimos antes, apenas nós - cada um, cada uma, de nós a seu modo - somos responsáveis pelo mundo que vemos, não apenas por aquilo que se passa debaixo de nossos olhos, nas imediações e vizinhanças dos lugares aonde nos encontramos, mas por tudo aquilo que nos chega à consciência a respeito do que acontece no mundo inteiro. No universo inteiro.

Ou como disse Clarice Lispector em uma de suas crônicas, referindo-se à Anunciação, obra do pintor italiano Angelo Savelli: 

"É a mais bela e cruciante verdade do mundo. Cada ser humano recebe a anunciação; e, grávido de alma, leva a mão à garganta em susto e angústia. Como se houvesse para cada um, em algum momento da vida, a anunciação de que há uma missão a cumprir. A missão não é leve: cada homem é responsável pelo mundo inteiro".

É para reconhecer e aceitar esta responsabilidade, ou missão, para nos voltarmos para o interior de nós mesmos e de nós mesmas e, a partir daí, estendermos a Vontade de Deus, de alegria completa e de paz perfeita para todos nós, que praticamos. 

Às práticas?

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