sábado, 27 de janeiro de 2024

Levar-nos à alegria é o grande propósito as práticas

 

LIÇÃO 27

Acima de tudo eu quero ver.

1. A ideia de hoje exprime algo mais forte do que simples determinação. Ela dá prioridade à visão entre teus desejos. Podes te sentir hesitante quanto a usar a ideia, com base em que não tens certeza de que é isto que queres realmente. Isto não importa. O objetivo dos exercícios de hoje é fazer chegar mais perto o momento em que a ideia será inteiramente verdadeira.

2. Pode haver uma grande tentação em acreditares que se pede a ti algum tipo de sacrifício, quando dizes que queres ver acima de tudo. Se ficares inquieto em relação à falta de reservas pressuposta, acrescenta:

A visão não custa nada a ninguém.

Se o medo da perda ainda persistir, acrescenta ainda:

Ela só pode abençoar.

3. A ideia de hoje precisa de muitas repetições para o máximo aproveitamento. Ela deve ser usada pelo menos a cada meia hora, e mais se possível. Poderias tentar usá-la a cada quinze ou vinte minutos. Recomenda-se que, quando acordares ou pouco depois, estabeleças um intervalo de tempo definido para o uso da ideia e que tentes ser fiel a ele do início ao fim do dia. Não será difícil fazer isso mesmo se estiveres ocupado conversando ou ocupado de outra maneira no momento. Ainda assim, podes repetir uma frase curta para ti mesmo sem perturbar coisa alguma.

4. A questão verdadeira é quantas vezes tu te lembrarás? Quanto queres que a ideia de hoje seja verdadeira? Responde a uma destas perguntas e terás respondido à outra. É provável que percas várias aplicações e, talvez um número bastante grande delas. Não te incomodes com isto, mas tenta prosseguir em teu horário daí por diante. Se ao menos uma vez durante o dia sentires que foste totalmente sincero enquanto repetias a ideia de hoje, podes ter certeza de que poupaste muitos anos de esforço a ti mesmo.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 27

"Acima de tudo eu quero ver."

Caras, caros,

Como eu já disse antes, uma vez que nossas práticas até aqui já abriram algumas clareiras na floresta fechada de nossos pensamentos e apresentaram inúmeras possibilidades para nos levar à conclusão da necessidade de mudarmos a forma de pensar nosso viver no mundo e também o modo de que nos valemos para olhar para ele e para nós mesmos e nós mesmas, chegou, hoje, o momento de reforçar a decisão que tomamos com as lições de números 20 e 21, [Eu estou decidido a ver.] e [Eu estou decidido a ver de modo diferente.], lembram? O que acham? Estão prontas, prontos?

"Acima de tudo eu quero ver."

Forte isto, não? Paremos por um instante. Vamos refletir por alguns momentos, acerca daquilo que a ideia apresenta. 

"Acima de tudo eu quero ver." 

Será que é isso mesmo? Ver! O que será que quero, acima de tudo? Já me perguntei isto? Que resposta obtive?

O que diz a lição?

A ideia de hoje exprime algo mais forte do que simples determinação. Ela dá prioridade à visão entre teus desejos...

Já passamos por algo parecido a isso dias atrás, com as lições de que falei no início, em que praticamos as ideias: [Estou decidido a ver.] e [Estou decidido a ver de modo diferente.], não é mesmo? E entendemos - ? - que a ideia então era, de fato, um momento para se tomar a decisão. E entendemos - ? - a necessidade da tomada de decisão, porque nos percebemos cegas, cegos, num mundo em que nada faz nenhum sentido, não é mesmo?

Mesmo assim, muitas e muitos de nós relutam a tomar a decisão. Pensamos - como muitas vezes, e em relação a várias coisas diferentes em nossa vida: "posso fazer isso depois, ainda tenho muito tempo". Não é? Mas será que há mesmo muito tempo? Para mim? Para ti? Para nós?

*

Pausa para uma historinha:

Existe um conto indiano que narra a seguinte história:
Um discípulo procura o seu mestre e lhe pergunta:
-  mestre, qual é o seu segredo para nunca se enfurecer e ser sempre amável?
E o mestre lhe respondeu:
-  não sei se posso falar sobre o meu segredo, mas eu sei qual é o seu...
E o discípulo curioso, perguntou:
- e qual é o meu segredo?
Compenetrado, o mestre disse: você vai morrer em uma semana.
Assustado com as palavras do mestre, o discípulo procurou, na semana seguinte, tratar os amigos e os familiares com muita afeição e, no sétimo dia, deitou-se em sua cama e pediu que chamassem o seu mestre.
Quando este chegou, o discípulo lhe disse: “abençoe-me, sábio mestre, pois estou morrendo”.
Após abençoar o discípulo, o mestre lhe perguntou: “e como você passou a semana? Brigou com a família, com os amigos?”
E o discípulo lhe respondeu: “obviamente que não. Eu os amei intensamente.”
Após ouvir isso, o mestre lhe falou: você acabou de descobrir o meu segredo. Eu sei que posso morrer a qualquer momento, por isso, procuro ser sempre amável com todas as pessoas de minhas relações.”
Como você vai passar seu dia? Sua semana? Sua vida? 

*

Continuando:
Por quanto tempo vamos adiar nossa decisão?
"Acima de tudo eu quero ver."

Vamos refletir a respeito do que nos diz a lição:

A ideia de hoje exprime algo mais forte do que simples determinação. Ela dá prioridade à visão entre teus desejos. Podes te sentir hesitante quanto a usar a ideia, com base em que não tens certeza de que é isto que queres realmente. Isto não importa. O objetivo dos exercícios de hoje é fazer chegar mais perto o momento em que a ideia será inteiramente verdadeira.

O que talvez ainda não tenhamos nos dado conta - e que está lá na introdução ao livro de exercícios e deve funcionar - e funciona - como o primeiro passo para o exercício de abandonar o julgamento - é a instrução para que apliquemos as ideias que as lições nos oferecem independente da forma com que as percebemos, do modo como nos sentimos em relação a elas.

Isto é muito importante!

Não acreditamos que somos muitas vezes em nossas vidas "aparentemente" forçadas e forçados, por assim dizer, a fazer coisas de que não gostamos? Quer porque o patrão manda, quer porque nossos pais nos mandaram, quer porque a sociedade nos pede que ajamos desta ou daquela maneira? E, na maioria das vezes, porque o mundo, ou pelos meios de comunicação, ou a partir dos grupos sociais de que fazemos parte, ou pela educação que recebemos, nos treina para seguirmos apenas determinados caminhos, esperando que nos portemos de modo obediente e sirvamos a um sistema que só faz reforçar a crença na separação e trata a todas e todos nós como gado a ser levado ao matadouro para o abate, e para aumentar o lucro dos que detêm o poder que dá o dinheiro, ou um cargo público, ou uma profissão pública. 

O mundo do ego, o mundo do falso eu, não quer nos dar a chance de escolher de verdade aquilo que nos faz felizes, livres. Um punhado de pessoas, ao longo da história, pelo que sabemos, se rebelou e buscou uma forma de viver livre para a construção da própria felicidade, pensando ainda que todas as pessoas deveriam dar prioridade à própria felicidade e à de seus semelhantes, parentes, amigos, estendendo esta aspiração de liberdade e felicidade para todas as pessoas do mundo. Essas pessoas, rebeldes, por assim dizer, foram torturadas, mortas nas fogueiras, ou crucificadas, ou simplesmente desapareceram no mato, como disse um professor de história em uma aula que tive à noite de um desses últimos dias. Suas histórias, do modo que se diz hoje, foram deletadas para que não nos contagiassem com a ideia de que é possível ser livre acima das vontades que não sejam apenas a nossa - a de cada um, a de cada uma.

"Acima de tudo eu quero ver."

Como explica a lição:

Pode haver uma grande tentação em acreditares que se pede a ti algum tipo de sacrifício, quando dizes que queres ver acima de tudo...

É mais ou menos como nos casos que destaquei acima. Podemos pensar que fazer determinadas coisas, em função do que nos pede o mundo, é um ataque a nosso livre arbítrio, um ataque a nossa vontade, um ataque a nossa liberdade de decidirmos por nós mesmos/as o que queremos.

Grande equívoco! Jung dizia que livre arbítrio é aprender a fazer com alegria aquilo que temos de fazer. Ou, pensando no que o Curso diz, "a percepção é uma escolha e não um fato". Isto é, pensemos o que quer que pensemos, as experiências que escolhemos viver vão se apresentar, apesar de acharmos que o que queríamos não era, ou não foi, aquilo que se apresentou.

É isso!

"Acima de tudo eu quero ver."

Vejamos, pois:

Pode haver uma grande tentação em acreditares que se pede a ti algum tipo de sacrifício, quando dizes que queres ver acima de tudo. Se ficares inquieto em relação à falta de reservas pressuposta, acrescenta:

A visão não custa nada a ninguém.

Se o medo da perda ainda persistir, acrescenta ainda:

Ela só pode abençoar.

Reforcemos: A visão não custa nada a ninguém. Ela só pode abençoar. Sempre que tomamos a decisão de fazer alguma coisa, qualquer coisa, para resolver uma questão que nos perturbe, essa decisão, essa atitude, abre caminho para uma mudança na energia de que nos valemos em relação àquela questão. O universo inteiro se movimenta para nos auxiliar a resolver aquilo que nos impede de viver a alegria.

Acima de tudo eu quero ver.

Não precisamos ficar preocupadas/os, receosas/os, ou temer pelos resultados de nossa decisão de ver. Acima de tudo.

A visão não custa nada a ninguém.
Ela só pode abençoar.

Quando paramos para olhar de perto qualquer questão que nos aflige, abrindo-nos à razão, àquilo que sabemos existir em nós, que é capaz de resolver qualquer coisa que nos incomode, dizemos muitas vezes: "agora eu entreguei a Deus. Cansei. Não sei mais o que fazer. Só um milagre pode me ajudar". Não é assim com vocês?

Em geral, o que acontece a seguir é que tudo se resolve de forma aparentemente inexplicável. 

O que aconteceu?

Aconteceu que deixamos de lutar pelo controle, entendemos e aceitamos que não temos resposta para tudo - porque nem tudo tem resposta -, e que não sabemos mesmo o que é melhor para nós em praticamente nenhuma ocasião. Isto também é o que nos ensinou uma lição recente: Eu não percebo meus maiores interesses. Por que então insistir em lutar contra o que quer que seja? Por que resistir a abrir mão das respostas do falso eu, do "grande impostor"?

"Acima de tudo eu quero ver."

Sempre que tomamos uma decisão em nossas vidas, estabelecendo um objetivo que desejamos atingir, buscamos saber de antemão que movimentos serão necessários para se "chegar lá". E é claro que nos preparamos da melhor forma possível para não sofrer com nada daquilo que precisamos fazer para a consecução do objetivo. Sabemos que se advier qualquer sofrimento - a ideia de sacrifício - seremos tentados/as a desistir.

De quantas coisas já desistimos? E por quê?

"Acima de tudo eu quero ver."

Tudo está relacionado à alegria. A alegria é a condição natural do filho de Deus, de cada uma e de cada um de nós, de todas e de todos nós. A tomada de decisão, sabemos, visa a, a partir do objetivo que traçamos, nos levar a uma condição que vai, diferente daquela que vivemos agora, nos oferecer mais alegria. 

Dizendo de outro modo, quando desejamos mudar alguma coisa em nossas vidas, sempre o fazemos porque algo ou alguém [invariavelmente nós mesmas/os e nosso modo de pensar equivocado], a nosso modo de ver, nos está impedindo de viver aquela alegria de que nos sabemos - ainda que na maioria das vezes de forma inconsciente - merecedoras/es.

E onde está esse algo? Esse alguém? Fora de nós? No mundo? É outra pessoa? Está na situação que vivemos? Nas circunstâncias que nos cercam? Em casa? No lugar onde vivemos? Podemos nos perguntar a respeito de inúmeras outras razões a que atribuímos nossas insatisfações, sejam quais forem elas.

"Acima de tudo eu quero ver."

É claro que sabemos da necessidade de repetir para nós mesmos/as o quanto estamos certos/as ao tomar qualquer decisão. E, com a decisão de ver "acima de tudo", como a lição ensina, não é diferente.

Vejamos:

A questão verdadeira é quantas vezes tu te lembrarás? Quanto queres que a ideia de hoje seja verdadeira? Responde a uma destas perguntas e terás respondido à outra. É provável que percas várias aplicações e, talvez um número bastante grande delas. Não te incomodes com isto, mas tenta prosseguir em teu horário daí por diante. Se ao menos uma vez durante o dia sentires que foste totalmente sincero enquanto repetias a ideia de hoje, podes ter certeza de que poupaste muitos anos de esforço a ti mesmo.

A mudança de nosso modo de pensar, a escolha de abrir mão do controle, a aceitação de que os pensamentos que temos não significam coisa alguma, a compreensão e o reconhecimento de que não somos capazes de perceber nossos maiores interesses e de que não sabemos para que serve coisa alguma e todas as outras ideias que praticamos até aqui, aplicadas, só podem nos pôr em contato com a alegria e abençoar todas as coisas no mundo.

Mas precisamos de fato responder, apenas para nós mesmas/os, honestamente e com determinação, às questões postas no início do quarto parágrafo da lição:

A questão verdadeira é quantas vezes tu te lembrarás? 
Quanto queres que a ideia de hoje seja verdadeira? 

Cabe tão somente a nós mesmas/os escolher viver só a alegria, repetindo o que eu já disse tantas vezes. Uma vez feita esta escolha é possível entender a frase de uma antiga canção de Vinicius de Moraes que, em sintonia com o que o Curso ensina a respeito do tempo diz: "a coisa mais divina que há no mundo é viver cada segundo como nunca mais". Algo que tem muito a ver também com o conto do mestre e seu discípulo na pausa para a historinha contada acima. Não lhes parece? 

Às práticas?

Nenhum comentário:

Postar um comentário