LIÇÃO 22
O que vejo é uma forma de vingança.
1. A ideia de hoje descreve de forma precisa o modo com que uma pessoa que alimente pensamentos de ataque em sua mente tem de ver o mundo. Ao projetar sua raiva no mundo, ela vê a vingança prestes a cair sobre si. Assim, seu próprio ataque é percebido como autodefesa. Isto se torna um círculo vicioso crescente até ela estar disposta a mudar seu modo de ver. Caso contrário, pensamentos de ataque e de contra-ataque a perturbarão e povoarão o mundo inteiro. Que paz de espírito é possível para ela, então?
2. É desta fantasia cruel que queres escapar. Não é uma boa notícia ouvir que isto não é verdade? Descobrir que podes escapar não é uma descoberta feliz? Tu construíste aquilo que queres destruir; todas as coisas que odeias e queres atacar e matar. Tudo aquilo de que tens medo não existe.
3. Olha para o mundo ao teu redor pelo menos cinco vezes hoje por, no mínimo, um minuto a cada vez. Enquanto teus olhos se moverem lentamente de um objeto para outro, de um corpo para outro, dize a ti mesmo:
Eu vejo apenas o perecível.
Eu não vejo nada que vá durar.
O que vejo não é real.
O que vejo é uma forma de vingança.
Ao final de cada período de prática, pergunta a ti mesmo:
Este é o mundo que realmente quero ver?
A resposta certamente é óbvia.
*
COMENTÁRIO:
Explorando a LIÇÃO 22
Caras, caros,
"O que vejo é uma forma de vingança."
O Curso pede nas instruções para as práticas com a ideia acima:
Olha para o mundo ao teu redor pelo menos cinco vezes hoje por, no mínimo, um minuto a cada vez. Enquanto teus olhos se moverem lentamente de um objeto para outro, de um corpo para outro, dize a ti mesmo, a ti mesma:
Aproveitando ainda parte do que eu disse nos últimos anos: quando iremos aprender que esta guerra absurda e inconsequente que travamos - uns e umas mais, outros e outras menos - contra o mundo é apenas reflexo de conflitos interiores, resultantes de nossa não-aceitação do papel que nos cabe como filhos e filhas de Deus, seres que carregam o divino em si?
Olha para o mundo ao teu redor pelo menos cinco vezes hoje por, no mínimo, um minuto a cada vez. Enquanto teus olhos se moverem lentamente de um objeto para outro, de um corpo para outro, dize a ti mesmo, a ti mesma:
Eu vejo apenas o perecível.
Eu não vejo nada que vá durar.
O que vejo não é real.
O que vejo é uma forma de vingança.
Como se dá este tipo de visão? Como ela, a visão, funciona?
Podemos pensar em explicar a fisiologia do ver, quais são os mecanismos que o corpo, a partir dos comandos do cérebro, ativa para que nós, todos e todas que desfrutamos de uma visão saudável, vejamos. Mas este não é o caso, eu diria. Porque a visão de que o Curso fala é aquela de que a maioria de nós se esquiva. Quer dizer, um grande número de pessoas no mundo - e põe grande nisso - tem muito medo de olhar para si, para dentro, por acreditar, por pensar mal a respeito de si. Por terem sido criadas e fazerem seu aprendizado do mundo a partir da crença na imperfeição e no pecado, ou por terem sido maltratadas por famílias disfuncionais e por pessoas mal intencionadas ao longo de seu crescimento. Além, é claro, de terem sido influenciadas pelo meio onde cresceram e se desenvolveram. Ou pelo ambiente em que vivem até hoje.
É óbvio que, para a visão de que o Curso fala, que não tem a ver a capacidade de ver dos olhos do corpo, sem o conhecimento de que nossos pensamentos não significam coisa alguma, pensamos poder atribuir a eles, e ao que vemos a partir deles, todo o significado que têm para nós. E é óbvio também que, sim, é isto o que fazemos. E, porque acreditamos que é só deste modo que o mundo funciona, acreditamos também que é só assim que podemos agir. Projetando nossos pensamentos sobre o mundo e vendo-os se materializarem do jeito que queremos ou, numa grande maioria de vezes, o que é pior - no julgamento do ego -, de um jeito que não é o que queremos. Outras do jeito que pensamos querer. Ou mesmo projetando-os sem saber, inconscientes de que é a partir do que pensamos que as experiências se apresentam em nossa vida. Ou, noutras ainda, reclamando por esta ou aquela situação "desagradável" se ter materializado, como se ela não tivesse sido uma escolha nossa.
O que vejo é uma forma de vingança.
Ou não é isso que nos leva a dizer: "Bem feito! Eu bem que avisei que era isso que ia acontecer.", quando alguém a quem demos um conselho, ou uma opinião, e que se recusou a nos ouvir, se dá mal? Isso não um ataque?
A lição diz:
A ideia de hoje descreve de forma precisa o modo com que uma pessoa que alimente pensamentos de ataque em sua mente tem de ver o mundo. Ao projetar sua raiva no mundo, ela vê a vingança prestes a cair sobre si. Assim, seu próprio ataque é percebido como autodefesa. Isto se torna um círculo vicioso crescente até ela estar disposta a mudar seu modo de ver. Caso contrário, pensamentos de ataque e de contra-ataque a perturbarão e povoarão o mundo inteiro. Que paz de espírito é possível para ela, então?
Lembram-se do que eu disse nos últimos anos? Não, não, é claro que não precisam lembrar. Esta é apenas uma pergunta retórica. Mas alguns, algumas, de vocês, quem sabe?, aqueles e aquelas que levam as práticas a sério - existem estas pessoas, certamente, não? - podem talvez já ter experimentado alguma diferença em seu modo de viver, em seu modo de se relacionar com o mundo e com as pessoas com quem convivem, a partir do que o ensinamento traz.
Por que razão vocês imaginam que insistimos tanto em manter um ponto de vista, uma forma de pensar que nos foi ensinada e que só faz impedir que vivamos a paz de espírito que nos colocaria de forma permanente no céu? De quem imaginam que temos de nos vingar? Do passado? Do futuro? De maus tratos que sofremos na infância, na adolescência ou mais tarde, após nos termos tornado adultos e adultas, quando embarcamos na viagem a que estamos todos e todas destinados e destinadas como responsáveis por nós mesmos e por nós mesmas, pela nossa própria manutenção e sustento em um mundo absolutamente competitivo, em que não se pode dar lugar à alegria, à atenção e cuidado para com o outro, sob pena de termos nosso tapete "puxado", ou de sermos taxados de bobos, bobas, ingênuos, ingênuas, Pollyanas, e outros adjetivos similares?
Como eu disse lá, em 2009 ainda, no momento de abertura do blog, a "mudança" necessária para que vejamos o mundo de forma diferente não é um estado para ser obtido, ou perseguido e alcançado em muitas vidas. No tempo. Pode-se [é bem possível!] consegui-la instantânea e imediatamente. Num piscar de olhos. Ela depende apenas de uma decisão, de nossa decisão, a de cada um e cada uma de nós. Depende de se buscar um estado de atenção permanente a nós mesmos. a nós mesmas. Ao que somos e ao que vivemos, e ao que criamos a partir do que somos, ou seja, a partir do estado de atenção. Ao que sentimos em nosso contato particular com o mundo que criamos e recriamos a cada instante, a cada nova informação, a cada experiência nova.
A "mudança", quando nos decidimos por ela, provê um estado de "iluminação" constante e permanente que se pode, sim!, alcançar pela consciência de que não existe, para nenhum de nós, para nenhuma de nós, um estado diferente daquele que vivemos agora. Quer dizer, e isto é tão importante que poderia ser o título da postagem, o único estado que existe de fato é o que vivemos agora, seja qual for ele. Todos e todas vivemos a cada instante apenas aquilo que nos é dado viver, a partir das escolhas que fazemos, das crenças e dos pensamentos que usamos para construir nossa experiência de mundo e o próprio mundo. Ou, dito de outra forma, o estado que vivemos agora - seja no momento ou no lugar que for - é o único que existe.
O que vejo é uma forma de vingança.
Enquanto não escolhermos e decidirmos, de fato, ver de modo diferente, o que o mundo vai nos mostrar é apenas uma forma de vingança, nossa própria vingança contra o mundo e contra todos e todas no mundo, que justifique e devolva o ataque que fazemos, ou que pensamos ter recebido. Um ataque que pensamos fazer a outro(s), outra(s), mas que, na verdade, só fazemos a nós mesmos, a nós mesmas.
Aproveitando ainda parte do que eu disse nos últimos anos: quando iremos aprender que esta guerra absurda e inconsequente que travamos - uns e umas mais, outros e outras menos - contra o mundo é apenas reflexo de conflitos interiores, resultantes de nossa não-aceitação do papel que nos cabe como filhos e filhas de Deus, seres que carregam o divino em si?
Para Pierre Lévy, em seu livro "o fogo libertador", que recomendo veementemente:
"O ódio de si dá a sensação de que o outro o odeia, pois projetamos nossos sentimentos e pensamentos no mundo. A crença de que o outro o odeia provoca fatalmente ódio no outro. O outro, ao considerar que você o odeia, também irá odiá-lo, confirmando assim seus primeiros pensamentos e sustentando o ciclo. É assim que pensamentos odiosos, a começar pelo ódio de si, criam um mundo de ódio.
"Usamos constantemente os seres, os signos e as coisas que estão em nosso contato em proveito de nosso drama pessoal. Em vez de ver as situações e as pessoas tais como são, perdemos muito tempo tentando descobrir o que elas representam para nós. O que está em jogo no mundo também está em nosso pensamento...
"A sabedoria consiste em parar de projetar, ficar efetivamente presente e aberto em vez de fabricar e refabricar continuamente o mundo que corresponde a nosso pensamento..., sofrendo assim as consequências.
(...)
"O infeliz vive num mundo hostil, cheio de obstáculos. É estrangeiro num mundo que o agride e o frustra. O sábio, em compensação, tem a riqueza infinita de um mundo que lhe pertence. O mundo o ama. O mundo lhe devolve o amor que ele tem por si mesmo."
E o Curso ensina:
E o Curso ensina:
Por isso precisamos olhar para o mundo e, atentos, aplicar a ideia a cada coisa que vemos, questionando-nos, depois de declarar que o que vemos não é real e que é apenas uma forma de vingança, como a lição aconselha:
Este é o mundo que realmente quero ver?
Às práticas?
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