quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Reconhecer e aceitar o poder de nosso pensamento


LIÇÃO 16

Eu não tenho nenhum pensamento neutro.

1. A ideia para hoje é um passo inicial para fazer desaparecer a crença de que teus pensamentos não têm nenhum efeito. Tudo o que vês é o resultado de teus pensamentos. Não há nenhuma exceção para este fato. Os pensamentos não são grandes ou pequenos, poderosos ou fracos. Eles simplesmente são verdadeiros ou falsos. Os verdadeiros criam a sua própria semelhança. Os falsos o fazem à deles.

2. Não existe nenhuma noção mais contraditória do que a de "pensamentos vãos". Aquilo que dá origem à percepção de um mundo inteiro dificilmente pode ser chamado de vão. Todo pensamento que tens colabora com a verdade ou com a ilusão; ou ele estende a verdade ou multiplica ilusões. Tu, de fato, podes multiplicar o nada, mas não o estenderás ao fazê-lo.

3. Além do teu reconhecimento de que teus pensamentos nunca são vãos, a salvação pede que reconheças também que todo pensamento que tens ou traz paz ou guerra, ou amor ou medo. Um resultado neutro é impossível porque é impossível um pensamento neutro. Há uma tentação tão grande de rejeitar os pensamentos de medo como sem importância, triviais e como não merecedores de que te incomodes com eles, que é essencial que os reconheças a todos como igualmente destrutivos, mas igualmente irreais. Praticaremos esta ideia de muitas formas antes que verdadeiramente a compreendas.

4. Ao aplicares a ideia para hoje, examina tua mente por cerca de um minuto de olhos fechados e busca efetivamente não deixar passar nenhum pensamento "minúsculo" que possa ser capaz de frustrar o exame. Isto é bastante difícil até te acostumares. Descobrirás que ainda é difícil para ti não fazer distinções irreais. Todo pensamento que te ocorrer, independentemente das qualidades que atribuas a ele, é um sujeito adequado para a aplicação da ideia de hoje.

5. Nos períodos de prática, repete primeiro a ideia para ti mesmo e, depois, à medida que cada um passar por tua mente, mantêm-no na consciência enquanto dizes a ti mesmo:

Este pensamento sobre _________ não é um pensamento neutro.
Aquele pensamento sobre _________ não é um pensamento neutro.

Como de costume, utiliza a ideia de hoje sempre que tomares consciência de um pensamento em particular que desperte inquietação. Para esta finalidade, sugere-se a seguinte forma:

Este pensamento sobre ________ não é um pensamento neutro,
porque eu não tenho nenhum pensamento neutro.

6. Recomenda-se quatro ou cinco períodos de prática, se os achares relativamente fáceis. Se experimentares alguma tensão, três serão suficientes. A duração do período dos exercícios também deve ser reduzida se houver desconforto.

*

COMENTÁRIO:

"Eu não tenho nenhum pensamento neutro."

A lição que vamos explorar nesta quarta-feira, dia 16 de janeiro, tem por objetivo dissipar  a crença de que os pensamentos que temos não exercem nenhum efeito, como informa já de saída a primeira frase do primeiro parágrafo.

Não é verdade que pensamos poder pensar o que quisermos a respeito de quem quer que seja por acreditarmos que nada do que pensamos pode atingir ninguém ou pode ter qualquer efeito sobre qualquer coisa no mundo? Não é este o fundamento sobre o qual se baseia nossa ânsia por julgar, por falar - bem ou mal - de pessoas, de situações, de política, de economia, de futebol, de comportamento, ou de qualquer tema que nos passe pela cabeça?

Eu não tenho nenhum pensamento neutro.

A lição começa:

A ideia para hoje é um passo inicial para fazer desaparecer a crença de que teus pensamentos não têm nenhum efeito. Tudo o que vês é o resultado de teus pensamentos. Não há nenhuma exceção para este fato.

Já não aconteceu com vocês de estarem pensando em alguém e esse alguém se materializar em sua frente? Quer, de fato, pessoalmente, quer por uma ligação telefônica, uma mensagem no computador, uma notícia num jornal ou revista, ou mesmo no rádio ou na televisão? Ou de pensarem em alguma coisa e essa coisa aparecer em sua frente, surgindo aparentemente do nada?

Eu não tenho nenhum pensamento neutro.

Tudo o que vês é o resultado de teus pensamentos. 
Não há nenhuma exceção para este fato.

Ao final do capítulo vinte-e-um do texto, o Curso, sob o tema, A última questão sem resposta, chama a atenção para o seguinte:

A alegria não pode ser percebida, exceto pela visão constante. E a visão constante só pode ser dada àqueles que desejam constância. O poder do desejo do Filho de Deus continua a ser a prova de que aquele que se percebe impotente está equivocado. Deseja o que quiseres e o verás e pensarás que é real. Todo pensamento tem apenas o poder de libertar ou matar. E nenhum pensamento pode deixar a mente de quem o pensa, ou deixar de ter efeito sobre ele.

Pensemos, então, por alguns instantes, a respeito do poder de nossos pensamentos. O poder de nossos desejos, que chega, às vezes, a nos assustar. Será isso o que nos amedronta tanto: saber-nos portadores do mesmo poder de Deus? É isso que não queremos reconhecer e aceitar: o fato de que podemos, sim, mudar o mundo, salvar-nos e salvá-lo? Basta, para tanto que mudemos nosso modo de pensar. Melhor dizendo, basta que deixemos de julgar. Basta decidirmos abandonar qualquer tipo de julgamento para termos acesso a nossos pensamentos verdadeiros. Aqueles que temos com Deus.

Eu não tenho nenhum pensamento neutro.

Os pensamentos não são grandes ou pequenos, poderosos ou fracos. Eles simplesmente são verdadeiros ou falsos. Os verdadeiros criam a sua própria semelhança. Os falsos o fazem à deles.

Ora, então, na verdade, nossos pensamentos são a origem de tudo o que vemos. E podemos chegar à visão da verdade, se escolhermos ficar com os pensamentos verdadeiros.

Ou, como é mais comum, podemos ver apenas um mundo de ilusões, criado pelos pensamentos falsos que temos ao nos ligarmos ao sistema de pensamento do ego, que se vê separado de tudo e de todos. E que tenta nos convencer de que podemos, acreditando-nos separados, pensar sem julgar. Não podemos. Na separação em que o ego acredita existir, pensar é julgar.

A lição continua:

Não existe nenhuma noção mais contraditória do que a de "pensamentos vãos". Aquilo que dá origem à percepção de um mundo inteiro dificilmente pode ser chamado de vão. Todo pensamento que tens colabora com a verdade ou com a ilusão; ou ele estende a verdade ou multiplica ilusões. Tu, de fato, podes multiplicar o nada, mas não o estenderás ao fazê-lo.

Assim, não existe a menor possibilidade de que qualquer pensamento seja, de fato, "vão". Mesmo aqueles que pensamos bobos têm efeito. Podemos não perceber de imediato, mas, mais dia, menos dia, algo se apresenta a nossa experiência como resultado de algum pensamento "bobo" que não fomos capazes de identificar como equivocado em nossa mente.

As crenças  que trazem as experiências que escolhemos viver, inconscientes a maior parte das vezes, resultam de pensamentos, emoções e sensações que vamos armazenando na mente sem perceber para poder limpar.

Se pensarmos em um computador, por exemplo, sabemos que há que limpar periodicamente o conteúdo que se acumulou em seu disco rígido, sob o risco de ele parar de funcionar ou funcionar de modo precário. Da mesma forma, precisamos trazer do inconsciente à consciência aqueles conteúdos que nos impedem de acessar a alegria, a serenidade e a paz de espírito, que nos permitem atuar no mundo de forma sadia.

Eu não tenho nenhum pensamento neutro.

Peço-lhes, pois, que deem o máximo de atenção possível ao terceiro parágrafo desta lição:

 Além do teu reconhecimento de que teus pensamentos nunca são vãos, a salvação pede que reconheças também que todo pensamento que tens ou traz paz ou guerra, ou amor ou medo. Um resultado neutro é impossível porque é impossível um pensamento neutro. Há uma tentação tão grande de rejeitar os pensamentos de medo como sem importância, triviais e como não merecedores de que te incomodes com eles, que é essencial que os reconheças a todos como igualmente destrutivos, mas igualmente irreais. Praticaremos esta ideia de muitas formas antes que verdadeiramente a compreendas.

A prática e a aplicação da ideia às pessoas, coisas ou situações, vão provar sua veracidade, se de fato escolhermos aceitar o desafio que lição de hoje nos propõe.

*

Passo agora a responder a uma questão de nosso companheiro de jornada, Jorge Leite, postada ainda no dia 11 de janeiro.

Desculpe-me pela demora em dedicar a atenção a sua pergunta, Jorge. Estava fora de São Paulo e de casa até o último domingo e trabalhei as postagens de modo mais ou menos precário até ontem praticamente.

Quanto a seu comentário, posso dizer que concordo, sim, com a visão que você traz, embora minha concordância seja apenas parcial. Explico:

Aquilo que você diz que o intriga - o fato de eu ter afirmado que tudo o que experimentamos vem de nós -, em meu modo de ver, tanto pode se referir ao nível das personagens do sonho - o do ego - quanto ao nível do ser - da Realidade. Isto é, daquilo que somos na verdade, em essência, se é que se pode dizer desta forma.

Quando vivemos a experiência da ilusão, nós a experimentamos a partir do falso eu, que pensarmos estar em nós e que pensamos que é o que somos. Quando vivemos, por exemplo, um "instante santo", nós o experimentamos a partir de nossa própria decisão de abandonar o julgamento. Ou seja, quando abandonamos o julgamento, vivemos a experiência de ser o "Filho de Deus".

Queiramos ou não, reconheçamos e aceitemos ou não, tudo começa em nós. Não há nada fora. Nem Deus.

Quanto à confusão de níveis de que você fala e de que fala Ken Wapnick, ela aparece logo no início do Curso, já em seu primeiro capítulo. Esta confusão decorre da crença na separação, que é a única forma que o tem de tentar nos convencer de sua existência.

Em geral, sem o perceber, funcionamos a maior parte do tempo em níveis diferentes, ao mesmo tempo, por nos acreditarmos separados, por nos chamarmos de Moisés, Jorge e Marília, ou de todos os outros nomes que damos às pessoas e às coisas. Isso só acontece, contudo, como você diz, "no nível das personagens do sonho". Mas acho que, diferentemente do que você diz, tanto Moisés, quanto Jorge ou Marília, mesmo estando no nível de personagens do sonho, podem despertar. Pois, ainda seguindo seu raciocínio, no nível da mente única já estamos despertos.

As práticas, acredito, servem exatamente para nos afastar do nível comum de consciência, daquilo que Tara Singh chama de "sono do esquecimento", e para nos levar na direção do nível da consciência única, da qual não podemos nos afastar. A não ser na ilusão, no sonho.

O que você me diz?

Namasté,

Moisés 


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