quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Não devemos ou podemos excluir nada da prática



LIÇÃO 17

Eu não vejo nenhuma coisa neutra.

1. Esta ideia é outro passo na direção da identificação de como causa e efeito operam realmente no mundo. Tu não vês nenhuma coisa neutra porque não tens nenhum pensamento neutro. É sempre o pensamento que vem primeiro, apesar da tentação de se acreditar que é o contrário. Não é deste modo que o mundo pensa, mas tens de aprender que é deste modo que tu pensas. Se não fosse assim, a percepção não teria nenhuma causa e seria, ela mesma, a causa da realidade. Em virtude de sua natureza altamente variável, isto é muito pouco provável.

2. Ao aplicares a ideia de hoje, dize a ti mesmo, de olhos abertos:

Eu não vejo nenhuma coisa neutra porque não tenho nenhum pensamento neutro.

Em seguida, olha a tua volta fixando teu olhar sobre cada coisa que observares por tempo suficiente para dizer:

Eu não vejo um(a) ____________ neutro(a), porque meus
pensamentos sobre ____________ não são neutros.

Poderias dizer, por exemplo:

Eu não vejo uma parede neutra, porque meus
pensamentos sobre paredes não são neutros.

Eu não vejo um corpo neutro, porque meus
pensamentos sobre corpos não são neutros.

3. Como de costume, é essencial não fazer nenhuma distinção entre o que acreditas ser animado ou inanimado, agradável ou desagradável. Independente daquilo em que possas acreditar, tu não vês nada que seja verdadeiramente vivo ou alegre. Isto é porque ainda não estás ciente de qualquer pensamento realmente verdadeiro e, portanto, realmente feliz.

4. Recomenda-se três ou quatro períodos específicos de prática e pede-se não menos do que três para o máximo aproveitamento, mesmo que experimentes resistência. No entanto, se experimentares, a duração do período de prática pode ser reduzida para menos do que o minuto aproximado que recomenda caso contrário.

*

COMENTÁRIO:

Continuemos nesta quinta-feira, dia 17 de janeiro, a explorar a lição à moda de Tara Singh? Da maneira  que ele usou para as dez primeiras? Isso lhes parece bom? Ou já estão cansados de comentários tão longos?


"Eu não vejo nenhuma coisa neutra."

A lição começa por dizer:


Esta ideia é outro passo na direção da identificação de como causa e efeito operam realmente no mundo. Tu não vês nenhuma coisa neutra porque não tens nenhum pensamento neutro.

Esta é uma relação que podemos fazer quase que de maneira óbvia, não é mesmo? Se nosso pensamento estiver sempre carregado de julgamento - e normalmente está -, se estiver funcionando como uma galeria de imagens na qual aprisionamos todas as pessoas e coisas que povoam nosso mundo, todas estas coisas e pessoas nunca serão neutras à luz de nossa percepção.

Percebem?

Lembremo-nos do exemplo da xícara, ou tomemos qualquer outro objeto "conhecido". O que sabemos dele, de fato, que não seja apenas a imagem que fizemos?Que não se refira tão somente à carga de "significado" - bom ou ruim - que depositamos sobre ele? Que não se relaciona ao apego que temos a ele ou que não esteja ligado ao ódio, aversão ou medo que sentimos quando pensamos nele?


Eu não vejo nenhuma coisa neutra.

Aí está a verdade eterna das palavras que o Curso nos oferece:


Tu não vês nenhuma coisa neutra porque não tens nenhum pensamento neutro. É sempre o pensamento que vem primeiro, apesar da tentação de se acreditar que é o contrário. Não é deste modo que o mundo pensa, mas tens de aprender que é deste modo que tu pensas. Se não fosse assim, a percepção não teria nenhuma causa e seria, ela mesma, a causa da realidade. Isto é muito pouco provável, em virtude de sua natureza muito inconstante.

Então, o que podemos concluir, como já vínhamos adivinhando - se não chegamos a ser explícitos -, é que são os nossos pensamentos que determinam o que vemos. Ou, dito de outra forma, nós somos inteiramente responsáveis por tudo o que acontece no mundo, por pelo menos tudo aquilo que chega até nossa mente. E cada um de nós é responsável apenas por seu próprio mundo, é claro.

Isso nos leva, também, à conclusão de que assim como há um mundo para cada um de nós, não há razão para qualquer julgamento em nenhuma circunstância, pois não nos é possível, nem com todos os sentidos, apreender a totalidade dos mundos que pensamos ver.


Eu não vejo nenhuma coisa neutra porque não tenho nenhum pensamento neutro.

É muito importante também que atentemos para a necessidade de não se fazer distinções entre os objetos e pessoas ou situações que escolhemos para a aplicação da ideia do exercício. Esta é uma recomendação que o Curso traz desde a introdução ao livro de exercícios. Ela é muito pertinente, porque, não sendo ainda capazes de abandonar por completo o julgamento, podemos pensar, iludidos pelo ego, que pode haver coisas ou pessoas que devam ou possam ser excluídas da prática.

Não há!

OBSERVAÇÃO: Quem quiser um comentário que situe a ideia a partir de outro ângulo, para comparar o quanto, de fato, é verdadeira a ideia para as práticas de hoje, dê uma passadinha de olhos no comentário feito a esta mesma lição em 17 de janeiro de 2012.  

5 comentários:

  1. Moisés
    Eu estou gostando e aproveitando muito esta forma de explorar as lições. Só que fui dar uma olhada na lição de 2012 e achei o comentário tão maravilhoso que conforme ele mesmo explica, as palavras não podem descrever. Por isso estou comentando somente para te devolver um sábio que tantas vezes me destes que é: "Se este caminho tem um coração, siga-o."
    Neste caso específico dos teus comentários diários para as lições do blog, sou e serei eternamente grata pela dedicação e tamanha doação deste teu enorme coração. O que fizeres será sempre bom e bem feito. Super obrigada e um grande beijo.
    Vou colar abaixo o comentário de 2012 para aqueles que ainda tem alguma dificuldade em lidar com o blog.

    terça-feira, 17 de janeiro de 2012

    Uma reafirmação do princípio da incerteza

    LIÇÃO 17

    A ideia que o Curso apresenta para nossas práticas nesta terça-feira, dia 17 de janeiro, complementa e, de certa forma, estende o alcance da ideia que praticamos ontem. Traz consigo uma oportunidade nova para dar sequência ao processo de abandonar a crença de que podemos ser imparciais, neutros, em relação a qualquer coisa neste mundo. É, eu diria, uma reafirmação do princípio da incerteza que nos deu Heisenberg, ao concluir que todo observador afeta os resultados da experiência que faz e que, por consequência, os resultados de uma experiência qualquer não podem ser indicadores da neutralidade. Isto é, são sempre subjetivos. Pois não existe um observador objetivo. Nada mais lógico, uma vez que o observador traz consigo uma longa carga de referências emocionais que o ligam aos objetos de sua pesquisa.


    Como já disse antes também, a ideia para as práticas de hoje serve para nos chamar a atenção para o fato de que rara e dificilmente somos capazes de ver as coisas de forma imparcial ou neutra. Isto é, sem tomar uma posição. Ninguém nunca nos ensinou que o mundo - e as coisas nele - é neutro.Por isso não nos sentimos capazes ver as coisas, as pessoas, as situações como neutras. Quase nunca. Pois todos os nomes que damos a elas estão quase que invariavelmente carregados de um conteúdo emocional, que vem de muito longe no tempo.

    Continua...

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  2. ...Continuação

    As palavras que aprendemos a usar para exprimir nosso conhecimento do mundo e para nos referirmos às coisas todas do e no mundo, seja qual for a língua em que aprendemos a usá-las, são quase sempre carregadas desse conteúdo emocional que, em geral, não podemos ver. Um conteúdo emocional que não pode ser transmitido. Isto é, quando usamos qualquer palavra, a pessoa que nos ouve pode não ter a menor ideia do significado que ela tem para nós. Da mesma forma que nós não somos capazes de identificar a carga emocional que há em uma palavra utilizada por alguém para se referir a alguma coisa. Tanto é assim que qualquer palavra comum e simples como, por exemplo, caneta pode despertar milhões de lembranças diferentes, para o bem ou para o mal, para a alegria ou para o desconforto em cada uma das pessoas a quem ela for dita.
    Muitas vezes não nos damos conta do que há por trás de determinadas palavras que dizemos ou de expressões de que nos valemos para comunicar algum fato ou alguma circunstância de que fomos testemunhas. Outras, a partir da reação das pessoas com quem falamos, somos surpreendidos com a acusação de preconceituosos, de parciais, de "puxar a brasa" para nosso próprio assado ou de buscar favorecer um lado em detrimento de outro e por aí afora. Sem perceber que o preconceito vem de longe, das experiências vividas por tais pessoais com tais palavras e expressões. Outras vezes ainda somos nós mesmos a reagir "mal" a uma palavra ou expressão que ouvimos.
    Não é, pois, à toa que a linguagem é algo vivo, algo que muda constantemente para, nalguns casos, retirar a carga que determinadas palavras e expressões trouxeram consigo ao longo do tempo desde que são usadas. Daí a importância de dedicarmos nossa atenção a cada uma e a todas as coisas que vamos escolher usar durante o exercício. Cada uma delas traz em si a possibilidade de nos abrir os olhos para o fato de que não existe nada no mundo a respeito de que possamos nos considerar neutros.
    Como já disse anteriormente a respeito desta ideia, aprendemos desde sempre a atribuir qualidades a tudo o que vemos e até àquilo que ainda não vemos ou conhecemos, muitas vezes. Ou já não ouvimos dizer - ou nós mesmos já não dissemos - "não vi e não gostei"? Ou, quando respondemos a alguém que nos oferece algo novo para experimentar - "não, nunca experimentei, mas não gosto". Isto pode, de alguma forma, ser exemplo de neutralidade?

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  3. Obrigado, Nina.

    Espero que todos também estejam aproveitando esta forma de explorar as lições.

    Beijos.

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  4. Oi Moisés,

    Os comentários são adequadamente longos à sutileza do que precisamos perceber para alcançarmos a “Verdade que nos libertará”.

    Sinto como se estivesse atravessando um rio com muitas pedras e alguém me estendesse a mão dizendo: “vem, vamos juntos”. Com generosidade e domínio você vem sendo, para mim, o companheiro que me esclarece, entusiasma e encoraja nessa caminhada do UCEM.

    Você diz: “...Se nosso pensamento estiver funcionando como uma galeria de imagens na qual aprisionamos todas as pessoas (a começar por nós mesmos) e coisas que povoam nosso mundo”...

    Eu reflito: enquanto ainda restar “Marilices” egoicas que amparem esse quadro de pensamentos neutros (e por isso mesmo incorretos) eu não chego à tão desejada liberdade para experimentar a Verdade, a Vida e o Amor.

    E excelentes ideias e estímulo para as práticas, eu encontro aqui, com você.

    Tá valendo muito, Moisés...

    Obrigada,
    Marilia

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  5. Maravilha, Marília,

    Oxalá possamos todos encontrar e oferecer as mãos que sirvam para nos ajudarmos uns aos outros na travessia.

    Sou imensamente grato pela oportunidade de conversar com todos os que acessam este espaço e me sinto muito, mas muito mesmo agradecido por contar com seus comentários.

    E, obviamente, com os de todos os(as) outros(as) colegas que eventualmente vêm até aqui para dizer de que forma a lição contribui para que se conheçam melhor.

    É importante notar que vivemos sempre uma situação de ensino-aprendizagem. Isto é, em todos os instantes estamos ensinando e aprendendo, por menos que tenhamos consciência disso. Daí a necessidade das lições diárias. Outro ponto importante também é o fato de que só ensinamos aquilo que nós mesmos precisamos aprender.

    Obrigado por compartilhar.

    Beijos.

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