quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Estamos satisfeitos com o mundo que vemos?


LIÇÃO 23

Posso escapar do mundo que vejo
desistindo dos pensamentos de ataque.

1. A ideia para hoje contém a única saída para o medo que será sempre bem-sucedida. Nada mais funcionará; tudo o mais é sem significado. Mas este jeito não pode falhar. Todo pensamento que tens cria algum segmento do mundo que vês. É com teus pensamentos, então, que temos de trabalhar, se quisermos que tua percepção do mundo mude.

2. Se a causa do mundo que vês são os pensamentos de ataque, tens de aprender que são esses pensamentos que não queres. Não faz sentido deplorar o mundo. Não faz sentido tentar mudar o mundo. Ele é incapaz de mudança porque é apenas um efeito. Mas, de fato, faz sentido mudar teus pensamentos a respeito do mundo. Agora estás mudando a causa. O efeito mudará automaticamente.

3. O mundo que vês é um mundo vingativo e tudo nele é um símbolo de vingança. Cada uma de tuas percepções da "realidade externa" é uma representação pitoresca de teus próprios pensamentos de ataque. Cabe muito bem perguntar se isso pode ser chamado de "ver". Fantasia não é uma palavra melhor para tal processo e alucinação um termo mais adequado para o resultado?

4. Tu vês o mundo que fazes, mas não te vês como o autor das imagens. Tu não podes ser salvo do mundo, mas podes escapar daquilo que é sua causa. Isto é o que significa salvação, pois onde está o mundo quando aquilo que é causa dele acaba? A visão já tem um substituto para todas as coisas que pensas ver agora. A beleza pode iluminar tuas imagens e, assim, transformá-las de tal modo que tua as amarás, mesmo que elas forem feitas de ódio. Pois tu não as farás sozinho.

5. A ideia para hoje apresenta o pensamento segundo o qual não estás preso ao mundo que vês, porque é possível mudar aquilo que é causa dele. Esta mudança pede, primeiro, que a causa seja identificada e, em seguida, abandonada, para poder ser substituída. Os dois primeiros passos deste processo pedem tua cooperação. O último não. Tuas imagens já foram substituídas. Ao dares os primeiros dois passos, verás que isso é verdade.

6. Além de usá-la ao longo do dia, quando a necessidade surgir, pede-se cinco períodos de prática para a aplicação da ideia de hoje. Ao olhares a tua volta, repete lentamente a ideia para ti mesmo primeiro e, depois, fecha os olhos e dedica cerca de um minuto a examinar tua mente em busca de tantos pensamentos de ataque quantos te ocorrerem. À medida que cada um passar por tua mente, dize:

Posso escapar do mundo que vejo desistindo dos
pensamentos de ataque sobre ________ .

Mantém cada pensamento de ataque em mente enquanto dizes isto e, então, descarta aquele pensamento e passa ao seguinte.

7. Certifica-te de incluir tanto os pensamentos em que atacas quanto aqueles em que és atacado nos períodos de prática. Os efeitos de ambos são exatamente os mesmos porque eles são exatamente os mesmos. Tu ainda não reconheces isto e pede-se, apenas desta vez, que os trates como se fossem os mesmos nos períodos de prática de hoje. Ainda estamos no estágio de identificação da causa do mundo que vês. Quando, finalmente, aprenderes que os pensamentos em que atacas e aqueles nos quais és atacado não são diferentes, estarás pronto para abandonar a causa.

*

COMENTÁRIO:

Qual desbravadores a se embrenharem por terrenos e caminhos nunca pisados antes em tempo algum, vamos, nesta quarta-feira, de 23 de janeiro, explorar a LIÇÃO 23:

"Eu posso desistir do mundo que vejo
desistindo dos pensamentos de ataque."

Que nos parece ser a proposta da lição? Queremos mesmo desistir do mundo, podemos nos perguntar. Por quê? Há alguma coisa que queremos no mundo? Há, no mundo, alguma coisa, ou pessoa, sem a qual não podemos viver?

Há um ponto no texto em que o Curso diz [estou traduzindo direto do original, sem consultar a tradução de Lillian Paes]:

Qualquer coisa neste mundo, que acredites ser boa e valiosa e pela qual valha a pena lutar, pode te ferir e o fará. Não porque tenha o poder para ferir, mas apenas porque negaste que ela é só um ilusão e a tornaste real. E ela é real para ti. Ele deixou de ser nada. E a partir da realidade percebida para ela se apresenta todo o mundo das ilusões doentias. Toda a crença no pecado, no poder do ataque, na dor e no mal, no sacrifício e na morte, vem a ti. Porque ninguém pode tornar real uma ilusão e, ao mesmo tempo, escapar das restantes. Pois que pode escolher manter as ilusões que prefere e encontrar a segurança que só a verdade pode dar? Quem pode acreditar que as ilusões são a mesma e ainda assim afirmar que uma sequer delas é melhor?
   
Ora, lembrando do comentário do ano passado, o que contém o mundo que vemos? Ou, personalizando um pouco mais, o que contém o mundo que vês? Ele te parece estar cheio de desgraças, de infelicidade, de dor, de sofrimento, de desastres, de poluição dos mais variados tipos? 

Eu posso desistir do mundo que vejo
desistindo dos pensamentos de ataque.

Ele está superpopuloso, com gente, como se diz, "saindo pelo ladrão", sem lugar para dormir, sem lugar para morar, sem as condições mínimas para uma vida decente e confortável? Estás satisfeito com o mundo que vês? Ou gostarias de mudá-lo? Ou gostarias de ter nascido em outra época, em outro lugar? Em outro corpo? Com uma situação econômica diferente? Em outro ambiente familiar? Com outras pessoas como pais, irmãos, parentes?

A lição ensina:

A ideia para hoje contém a única saída para o medo que será sempre bem-sucedida. Nada mais funcionará; tudo o mais é sem significado. Mas este jeito não pode falhar. Todo pensamento que tens cria algum segmento do mundo que vês. É com teus pensamentos, então, que temos de trabalhar, se quisermos que tua percepção do mundo mude.

O que vemos é uma forma de vingança [lembram da lição de ontem?]. Logo tudo no mundo que vemos também é, certamente, uma forma de vingança. Uma vingança que se apresenta em função de nossa crença na separação e de nossa crença na necessidade do ataque como forma de defesa. Ou muito de nós não concordam com a expressão corriqueira: "a melhor defesa é o ataque"?

Entretanto, como o Curso diz:

Se a causa do mundo que vês são os pensamentos de ataque, tens de aprender que são esses pensamentos que não queres. Não faz sentido deplorar o mundo. Não faz sentido tentar mudar o mundo. Ele é incapaz de mudança porque é apenas um efeito. Mas, de fato, faz sentido mudar teus pensamentos a respeito do mundo. Agora estás mudando a causa. O efeito mudará automaticamente.

A bem da verdade, e pensando ainda em comentários anteriores a esta mesma lição, a partir do que vimos até agora, o que o Curso nos oferece é a oportunidade de perceber que este mundo, e tudo o que ele contém, não tem nenhum significado. Isto é, para a verdade e para o que somos, na verdade, o mundo - e tudo o que há nele -  não tem nenhum valor. Para aprendermos a dar a ele apenas o valor que ele tem, na verdade. Isto é, se nada do que vemos tem qualquer significado ou valor, não há porque nos apegarmos a nada. Se nada do que vemos vai durar para sempre, não há motivo algum para imaginarmos que existem no mundo coisas de que precisamos para ser o que somos, para viver nossas vidas, a não ser na experiência ilusória da forma e dos sentidos.

Ora, continua a lição:

O mundo que vês é um mundo vingativo e tudo nele é um símbolo de vingança. Cada uma de tuas percepções da "realidade externa" é uma representação pitoresca de teus próprios pensamentos de ataque. Cabe muito bem perguntar se isso pode ser chamado de "ver". Fantasia não é uma palavra melhor para tal processo e alucinação um termo mais adequado para o resultado? 

Não há nada de que precisemos nos vingar. Nada de que precisemos nos defender. Não há necessidade de ataque de modo algum, por razão alguma. Também não existem, no mundo, coisas, ou pessoas, sem as quais não poderíamos viver. Afinal, tudo o que vemos é apenas projeção daquilo que trazemos dentro de nós. Para sermos bem realistas, como eu já disse antes, talvez seja bom ponderarmos acerca da possibilidade de considerar verdadeiro aquilo que diz a letra de uma música com intenções de ironia, que tocou nos rádios algum tempo atrás: "eu me amo, eu me amo, não posso mais viver sem mim". 

Pois já sabemos, deduzimos ou intuímos  que não há nada fora de nós, apesar de ainda não termos consciência permanente disso. É por isso que a lição diz:

 Tu vês o mundo que fazes, mas não te vês como o autor das imagens. Tu não podes ser salvo do mundo, mas podes escapar daquilo que é sua causa. Isto é o que significa salvação, pois onde está o mundo quando aquilo que é causa dele acaba? A visão já tem um substituto para todas as coisas que pensas ver agora. A beleza pode iluminar tuas imagens e, assim, transformá-las de tal modo que tua as amarás, mesmo que elas forem feitas de ódio. Pois tu não as farás sozinho.

Atentemos, pois para os passos que a lição nos pede para dar - aqueles que dependem de nossa cooperação -, com toda a atenção e honestidade de que somos capazes. Identificar em nós a causa para podermos abandoná-la e permitir que seja substituída. Afinal, como perguntava a lição de ontem: É este mundo [o que vemos agora] que queremos realmente ver?

Pois, também como eu disse anteriormente, não há nada mais verdadeiro e libertador do que a ideia que praticamos hoje. Aliás, nada mais prático do que treinar a ideia que o Curso nos oferece neste dia, para nos libertarmos do mundo. Pois se ele, como o vemos, é uma forma de vingança, e a vingança é uma forma de ataque, de que melhor forma podemos escapar da vingança do mundo que vemos do que desistindo dos pensamentos de ataque, que o criam do modo com que o vemos?

Às práticas?

2 comentários:

  1. Moises,procuro seguir o curso desde 1997 mas nunca chego ao final dos exercícios. Agora estou seguindo seus comentários para fortalecer meu propósito de completar o curso. Eles têm ajudado-me muito.Os de hoje, realmente, liberta-nos de fantasias que criamos para satisfazer os próprios conflitos que criamos. Apliquei num deles e ficou claro a intensidade do ataque que regem, embora de maneira sutil,os nossos pensamentos quanto à questão. Obrigada pelos seus comentários, Cida

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    1. Ah, que bom, Cida.

      Desde que me aproximei do Curso, também em 1997, como você, fiz várias tentativas de fazer os exercícios, sem muito sucesso, em 98 em 99... e também não consegui ir até o fim.

      Só em 2000 é que tomei a decisão de começar no dia 1º e fazê-los todos. Desde então não parei mais. Isto é, se você fizer as contas, este é o 14º ano de práticas para mim. Sem interrupção.

      Mas não estou dizendo isso, para me exibir ou para me colocar em uma posição de quem sabe mais. Faço-o apenas para que todos os que passam por aqui, saibam que é possível. Mas há que se tomar a decisão.

      Digo sempre àqueles com quem compartilho o estudo do Curso, quer nos grupos, quer virtualmente, que é necessário que sejamos capazes e estejamos dispostos a assumir um compromisso e cumpri-lo, "no matter what", isto é, apesar de tudo.

      Muitíssimo importante é saber, reconhecer e aceitar, que este compromisso não é com o Curso, ou com a pessoa que nos apresentou o Curso, ou com a pessoa que ouviu a Voz e escreveu o Curso, ou com qualquer outra coisa. Este compromisso é unicamente com nós mesmos.

      Dizendo de forma diferente, o compromisso que assumimos de fazer os exercícios, é um compromisso que, cumprido, pode - e vai - nos levar ao autoconhecimento, que é a proposta do Curso. Mas a decisão de chegar até lá cabe apenas a cada um de nós.

      Isto implica algum sacrifício? De modo algum. Implica algum esforço? Com certeza. Mas apenas no início, porque a alegria que se começa a experimentar a partir de um determinado ponto só faz aumentar a medida que o tempo passa.

      Obrigado por estar conosco e compartilhar.

      Paz e bem!

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