sexta-feira, 9 de março de 2012

Os hábitos afastam nossa atenção de nós mesmos


LIÇÃO 69

Minhas mágoas escondem a luz do mundo em mim.

1. Ninguém pode ver o que tuas mágoas escondem. Uma vez que tuas mágoas escondem a luz do mundo em ti, todos ficam nas trevas e tu a seu lado. Mas, quando o véu de tuas mágoas se ergue, ficas liberado com eles. Compartilha a salvação agora com aquele que ficou a teu lado quando estavas no inferno. Ele é teu irmão na luz do mundo que salva a ambos.

2. Vamos fazer, hoje, mais uma tentativa verdadeira de alcançar a luz em ti. Antes de empreendermos isto em nosso período de prática mais longo, vamos dedicar vários minutos à reflexão a respeito do que tentamos fazer. Estamos, literalmente, tentando entrar em contato com a salvação do mundo. Estamos tentando ver adiante do véu da escuridão que a mantém escondida. Estamos tentando permitir que o véu seja erguido, para ver as lágrimas do Filho de Deus desaparecerem na luz do sol.

3. Comecemos nosso período de prática mais longo hoje com a percepção perfeita de que isto é verdade e com determinação verdadeira para alcançar o que nos é mais caro do que tudo. A salvação é nossa única necessidade. Não há nenhum outro propósito e nenhuma função diferente a se cumprir aqui. Nossa única meta é aprender a salvação. Vamos finalizar a antiga busca hoje, encontrando a luz em nós, para mostrá-la a todos que buscam conosco para que a vejam e se regozijem.

4. Agora, de modo muito tranquilo, de olhos fechado, tenta abandonar todas as informações que, em geral, ocupam tua consciência. Pensa em tua mente como um círculo imenso, cercado por uma camada de nuvens escuras e pesadas. Tu podes ver apenas as nuvens porque pareces estar fora do círculo e bem separado dele.

5. Do lugar aonde estás não podes ver nenhuma razão para acreditar que existe uma luz brilhante escondida pelas nuvens. As nuvens parecem ser a única realidade. Elas parecem ser tudo o que há para se ver. Por isso não tentas atravessá-las e ir além delas, que é o único modo pelo qual ficarias realmente convencido da inconsistência delas. Faremos esta tentativa hoje.

6. Depois de pensares a respeito da importância do que tentas fazer por ti mesmo e pelo mundo, tenta sossegar em perfeita serenidade, lembrando apenas o quanto queres alcançar a luz em ti hoje -, agora! Decide-te a atravessar as nuvens. Estende-te e toca-as em tua mente. Dispersa-as com a mão; sente-as sobre tua face e testa e pálpebras à medida que as atravessas. Continua; as nuvens não podem te impedir.

7. Se estiveres fazendo os exercícios de forma correta, começarás a ter uma sensação de ser elevado e conduzido adiante. Teu pequeno esforço e tua modesta determinação invocam o poder do universo para te ajudar e o Próprio Deus te erguerá das trevas para a luz. Tu estás em harmonia com a Vontade d'Ele. Não podes falhar porque tua vontade é a d'Ele.

8. Confia em teu Pai hoje e fica certo de que Ele te ouve e te atende. Podes ainda não reconhecer Sua resposta, mas podes, de fato, ter certeza de que ela te é dada e de que ainda a receberás. Experimenta, enquanto tentas atravessar das nuvens para a luz, manter esta confiança em tua mente. Tenta te lembrar de que, enfim, estás unindo tua vontade à de Deus. Tenta manter em mente, com clareza, o pensamento de que aquilo que empreendes com Deus tem de ser bem-sucedido. Depois, deixa que o poder de Deus opere em ti e por teu intermédio, a fim de que se façam a Vontade d'Ele e a tua.

9. Nos períodos de prática mais breves, que quererás fazer com a maior frequência possível em função da importância da ideia de hoje para ti e para tua felicidade, lembra-te de que tuas mágoas escondem a luz do mundo de tua consciência. Lembra-te também de que não a buscas sozinho e de que sabes onde procurá-la. Dize, então:

Minhas mágoas escondem a luz do mundo em mim.
Não posso ver aquilo que escondo. Quero, porém, permitir
que me seja revelado, para minha salvação e para a salvação do mundo.

Certifica-te ainda de dizeres a ti mesmo:

Se eu esconder esta mágoa, a luz do mundo ficará escondida de mim,

se fores tentado a manter qualquer coisa contra alguém hoje.

*

COMENTÁRIO:

Repetindo uma vez mais o que eu já disse anteriormente, em nossa ilusão de que estamos despertos, a maior parte das vezes não nos damos conta do quanto nos deixamos enganar por alguns hábitos que acreditamos não fazer efeito sobre o mundo, sobre as pessoas do mundo e sobre nós mesmos e nosso modo de ver o mundo, esquecidos de que são nossos pensamentos e as ações decorrentes deles que criam e constróem nossa experiência de mundo. E, pode-se dizer, muitos de nossos hábitos são destrutivos, concordam? A começar pelo fato de que um hábito, em geral, afasta nossa atenção de nós mesmos. Isto é, um hábito normalmente é um comportamento que fazemos no "automático", por assim dizer. Sem a atenção necessária para nos fazer presentes ao ato, à ação. De modo geral, os hábitos são frutos de crenças que apenas nos mergulham mais fundo na escuridão, afastando-nos sempre e cada vez mais da possibilidade da cura, da salvação e do encontro com a luz.

Um desses hábitos é o de julgar, o de emitir um juízo de valor, esquecendo de que o mundo e tudo o que há nele é neutro e como tal deve ser visto, percebido e considerado. Por quê? Porque em momento algum estamos em algum lugar que nos permita a visão total e completa de todos os aspectos envolvidos em uma situação qualquer, nem mesmo temos instrumentos que nos permitam avaliar de forma completa e perfeita os possíveis resultados que hão de advir de uma situação.


É por isso que o Curso veio à luz. Para nos ensinar formas de perceber quando estamos julgando e para nos ajudar a tomar a decisão de parar de julgar. E é também para isso que o Livro de Exercícios se apresenta e nos oferece cada uma das lições. Porém, lembrando do comentário do ano passado, para esta lição desta sexta-feira, dia 9 de março, quando menos esperamos, nos surpreendemos julgando. Uma opinião, uma impressão que o ego quer fazer parecer "inocente", afinal todos têm uma opinião. Muitas vezes, no entanto, as opiniões nos empurram diretamente ao caminho da dor e do sofrimento, pois se revelam ataques ao(s) outro(s). E, então, aquilo que parecia, aos olhos do ego, "inocente" nos aprisionou no inferno, por termos colocado sobre alguém a culpa por alguma coisa que experimentamos.

Outro destes hábitos, e aí entra a ideia que praticamos hoje, é guardar mágoas. Somos muitos "sensíveis" em determinados momentos em relação a determinadas pessoas e a determinados assuntos. Assim nos magoamos muito facilmente. Uma pequenina observação à toa, um palavra dita em um tom de voz que nos pareça acima do normal, um olhar que nos pareça de desagrado ou reprovação e pronto: já ficamos ofendidos. Já não queremos mais "brincar" com a pessoa. Ficamos "de mal".

É preciso, como já disse outras vezes, que nos lembremos e nos esforcemos ao máximo para aprender que tudo o que experimentamos e vivemos e criamos é unicamente responsabilidade nossa, de cada um de nós mesmos. Não há, pois, em momento algum, razão nenhuma, por que culpar ninguém nem nada, por nenhuma sequer das experiências que vivemos. Nem há razão alguma para que guardemos uma mágoa sequer de alguém por qualquer motivo.

É isso que vamos praticar e aprender com a lição de hoje. Oxalá aprendamos.

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