quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Santo, e tão santo quanto nós, só existe este instante

 

1. O que é o perdão?

1. O perdão reconhece que o que pensaste que teu irmão fez a ti não aconteceu. Ele não perdoa os pecados e os torna reais. Ele vê que não houve pecado. E, em vista disso, todos os teus pecados são perdoados. O que é o pecado exceto uma ideia falsa acerca do Filho de Deus? O perdão simplesmente vê sua falsidade e, em razão disso, a abandona. Agora, então, o que fica livre para ocupar seu lugar é a Vontade de Deus.

2. Um pensamento que não perdoa é um pensamento que faz um juízo ao qual não porá em dúvida, embora não seja verdadeiro. A mente está fechada e não será liberada. O pensamento oculta a projeção, apertando suas correntes a fim de que as distorções fiquem mais veladas e mais disfarçadas; menos facilmente sujeitas à dúvida e mantidas mais distante do bom senso. O que pode se interpor entre uma projeção rígida e o objetivo que ela escolhe como a meta que quer?

3. Um pensamento que não perdoa faz muitas coisas. Busca seu objetivo numa ação frenética, torcendo e destruindo aquilo que vê como intromissões ao caminho que escolheu. Seu objetivo, e também o meio pelo qual quer alcançá-lo, é a distorção. Ele inicia suas tentativas furiosas de esmagar a realidade sem preocupação com qualquer coisa que pareça apresentar uma contradição a seu ponto de vista.

4. O perdão, por outro lado, é tranquilo e, de modo sereno, não faz nada. Ele não transgride nenhum aspecto da realidade, nem busca alterá-la para formas que lhe agradem. Ele olha simplesmente e espera, e não julga. Aquele que não quer perdoar tem de julgar, pois precisa justificar seu fracasso em perdoar. Mas aquele que quer perdoar tem de aprender a receber a verdade exatamente como ela é.

5. Não faças nada, então, e permite que o perdão te mostre o que fazer, por intermédio d'Aquele Que é teu Guia, teu Salvador e Protetor, forte em esperança e certo de teu êxito final. Ele já te perdoou, porque esta é Sua função, que Lhe foi dada por Deus. Agora tu tens de compartilhar a função d'Ele e perdoar aquele que Ele salvou, cuja inocência Ele vê e a quem Ele reconhece como o Filho de Deus.

*

LIÇÃO 227

Este é meu instante santo de liberação. 

1. Pai, é hoje que fico livre, porque minha vontade é Tua. Pensei atender a outra vontade. Porém não existe nada do que pensei separado de Ti. E sou livre porque estava equivocado, e não afetei de modo algum minha própria realidade com minhas ilusões. Agora desisto delas e as abandono aos pés da verdade, para serem eliminadas para sempre de minha mente. Este é meu instante santo de liberação. Pai, sei que minha vontade é una com a Tua.

2. E, assim, hoje, ficamos cientes de nossa volta alegre ao Céu, que, de fato, nunca deixamos. O Filho de Deus abandona seus sonhos neste dia. O Filho de Deus volta novamente para casa neste dia, liberado do pecado e coberto de santidade com sua mente correta devolvida a ele finalmente.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 227

Caras, caros,

Em texto do Curso que já lemos várias vezes nos grupos de leitura - ao tempo em que eu ainda fazia parte de grupos presenciais de leitura do Curso - aprendemos que a única coisa que precisamos fazer para alcançar a visão e chegar à realização da Vontade de Deus de alegria e paz completas para nós é dizer o seguinte com convicção, isto é, dizer apropriando-nos do sentido, decididos a aceitar nosso papel na salvação - a nossa própria e a do mundo: 

Eu sou responsável pelo que vejo. 
Eu escolho os sentimentos que experimento e
eu decido quanto à meta que quero alcançar.
E todas as coisas que parecem me acontecer
eu as peço e as recebo conforme pedi. 

Este é o instante, agora, o momento exato, em que podemos nos libertar de vez do jugo do mundo e das coisas e pessoas do mundo. O instante em que dizemos estas palavras com toda a certeza de que somos capazes de que é isto o que queremos para nós mesmos, para nós mesmas e para o mundo inteiro. O instante em que tomamos a decisão de assumir toda a responsabilidade por nossa vida e por todo o mundo, por tudo o que aparentemente acontece nele e que nos chega à consciência. Ninguém, a não ser cada um e cada uma de nós, é responsável por nada do que nos acontece. Ninguém, a não ser cada um e cada uma de nós, escolhe os sentimentos que sente, as emoções que experimenta, as experiências que vive.
 
Portanto, não há ninguém a quem culparmos por nada do que acontece em nossas vidas. Tampouco há algum culpado por qualquer coisa que aconteça em sua vida, ou no mundo inteiro. Tudo o que existe é neutro. E tudo está sob nossa própria responsabilidade apenas. É nosso olhar que valoriza, classifica, compara e julga o que vê, quer em nós mesmos, ou em nós mesmas, quer na(s) outra(s) pessoa(s) aparentemente fora de nós, quer no mundo inteiro. 

Assim, não há o que perdoar, não há a quem perdoar, a não ser a nós mesmos e a nós mesmas. E não porque pecamos, ou porque fizemos, fazemos ou podemos vir a fazer alguma coisa errada, mas apenas pelo equívoco de nos considerarmos separados e separadas daquilo que somos na verdade, uns e umas dos outros e das outras, e do divino em nós. 

É para que saibamos o quanto é urgente tomarmos a decisão de viver a partir do divino em nós que as lições nos orientam. Pois, afinal, o que prezamos tanto neste mundo de ilusões e de insatisfações? Alguém dentre nós ainda acredita mesmo poder haver aqui, ou em qualquer lugar neste mundo, algo, alguém, alguma coisa que poderá satisfazê-lo(a) por completo e lhe dar a paz e a alegria que só o divino em nós pode dar? 

Há ainda outro trecho do texto que gostaria de destacar, como fiz no comentário de anos passados para esta lição. É o seguinte - e a partir dele o comentário se repete:   

O perdão é para todos. Mas quando ele está em todos, está completo e todas as funções deste mundo estão completas com ele. Então, o tempo não mais existe. Entretanto, enquanto ainda se está no tempo, há muito a se fazer. E cada um tem de fazer o que lhe cabe, pois o plano todo depende da parte de cada um. 

Este texto, é claro, a meu modo de ver, abre, mais uma vez, as portas todas para a tomada de decisão de que lhes falei acima e também nos comentários feitos a esta lição em anos anteriores. Vejam, por favor, se não é já chegada a hora de se pensar em tomar a decisão pelo Céu, de se alinhar com o ensinamento e de se estabelecer, em conjunto com ele - e com todos os seres, animados ou inanimados, que vivem no mundo conosco -, a meta da verdade. Até quando pensamos poder adiá-la? Até quando vamos seguir nos auto-enganando? Ou alguém entre nós ainda acredita que engana alguém que não a si mesmo, a si mesma? 

E será que alguém, algum ou alguma de nós, pode, de verdade, enganar a si mesmo, a si mesma? Não sabemos todas e todos, o tempo todo, o que nos move, mesmo quando fingimos não saber? Mesmo quando dizemos que foi sem intenção o que fizemos? Mesmo quando alegamos que não estávamos conscientes de nós mesmos, ou de nós mesmas? Ou quando alguém argumenta estar fora de si? Isso é possível? Sim, sim, talvez, mas apenas na ilusão.

É por isso que ideia das práticas de hoje leva ao aprendizado que se refere à tomada de decisão, repetindo. Nunca é demais. Como já perguntei antes, em que momento devemos tomar a decisão? Em que momento fazer a escolha pelo Céu? Será que podemos deixar para depois, daqui a pouco, amanhã? Um dia, talvez, quem sabe? 

Lembremo-nos de algo que eu disse há pouco, numa lição anterior. De acordo com Einstein, "as coisas só acontecem quando algo se move". E, conforme a terceira lei espiritual que se ensina na Índia, "sempre que você começar algo, é o momento certo". A pergunta é, então, até quando vamos adiar a tomada de decisão? Até quando vamos nos contentar em viver uma vida de auto-enganos, percebendo-nos como vítimas de um mundo cruel, impiedoso, que não nos oferece nada que dure? Vejam que as perguntas se repetem. Às vezes, para alguns e para algumas de nós, é preciso desenhar, não é mesmo?

Como lhes tenho dito ao longo destas práticas neste tempo todo, de acordo com o que nos diz o ensinamento, o único tempo que existe é o presente. Só podemos ser livres agora. No momento em que escolhemos sê-lo, no instante em que tomamos efetivamente a decisão de ser livres. Não há outro tempo, nem outro lugar. 

Na verdade, nós - todos, todas, cada um e cada uma de nós - só possuímos o agora, o momento presente, e é nele - neste agora, precisamente - que Deus está. É o único lugar em que Ele/Ela pode estar. Agora. Aqui. Neste momento presente. E só aqui e agora podemos, de fato, tomar a decisão.

O lugar em que nos encontramos é sempre o lugar certo. E o que nos acontece é sempre a única coisa que poderia ter acontecido, lembrando-nos de mais uma das leis espirituais da Índia. Quando tomamos a decisão de viver a experiência do mundo, no mundo, a partir daquilo de mais santo que sabemos existir em nós, do divino em nós, nada mais pode nos impedir de sermos livres.

É para aprender que é este o instante de nossa liberação que praticamos. Não há outro. Pois, na verdade, reforçando, só existe este instante e ele é tão santo quanto cada um e cada uma de nós é santo, ou santa.

Às práticas?

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