sábado, 15 de julho de 2023

Para aprenderes a lidar com teu medo mais profundo

 

LIÇÃO 196

Só posso crucificar a mim mesmo.

1. Quando isto for bem compreendido e mantido em plena consciência, não tentarás te ferir nem tornar teu corpo escravo da vingança. Não atacarás a ti mesmo e perceberás claramente que atacar outro é apenas atacar a ti mesmo. Ficarás livre da crença louca de que atacar um irmão te salva. E compreenderás que a segurança dele é a tua própria segurança e que com a cura dele ficas curado.

2. A princípio, talvez não compreendas como se pode encontrar a misericórdia que é ilimitada e mantém todas as coisas sob sua proteção segura na ideia que praticamos hoje. De fato, ela pode parecer um sinal de que não se pode nunca fugir ao castigo porque o ego, sujeito àquilo que vê como ameaça, está pronto para citar a verdade para proteger suas mentiras. Porém, deste modo, ele só pode deixar de compreender a verdade de que se vale. Mas tu podes aprender a perceber estas aplicações tolas e negar o significado que parecem ter.

3. Desta forma, também ensinas tua mente que não és um ego. Pois as maneiras pelas quais o ego quer distorcer a verdade não te enganarão mais. Não acreditarás que és um corpo a ser crucificado. E verás, na ideia de hoje, a luz da ressurreição olhando para os pensamentos de libertação e de vida, além de todos os pensamentos de crucificação e de morte. 

4. A ideia de hoje é um passo que damos para nos conduzir, da escravidão, ao estado de perfeita liberdade. Vamos dar este passo hoje, a fim de podermos seguir rapidamente pelo caminho que a salvação nos mostra, dando cada passo na sequência estabelecida, enquanto a mente renuncia a seus fardos um a um. Não é de tempo que necessitamos para isto. Só de vontade. Pois aquilo que parecia precisar de mil anos pode ser feito facilmente em um só instante pela graça de Deus.

5. O pensamento sombrio e sem esperança de que podes fazer ataques a outros e te salvar te prega na cruz. Talvez ele parecesse ser a salvação. Mas ele apenas defendeu a crença de que o medo de Deus é verdadeiro. E o que é isto senão o inferno? Quem poderia acreditar que seu Pai é seu inimigo mortal, que está separado de si, e que espera para destruir sua vida e apagá-lo do universo sem medo do inferno em seu coração?

6. Esta é a forma de loucura em que acreditas, quando aceitas o pensamento amedrontador de que podes atacar outro e ficar livre. Até que esta forma mude, não há esperança. Até que, ao menos, vejas que isto tem de ser inteiramente impossível, como poderia haver saída? O medo de Deus é real para quem quer que pense que este pensamento é verdadeiro. E ele não perceberá sua tolice, ou nem mesmo verá que ela existe de modo que lhe seja possível questioná-la.

7. Para questioná-la de algum modo, primeiro sua forma tem de mudar pelo menos tanto quanto permitir que se abrande o medo de represália e que a responsabilidade te seja, até certo ponto, devolvida. A partir daí podes pelo menos considerar se queres continuar neste caminho doloroso. Até que esta mudança se realize, não podes perceber que são apenas teus pensamentos que te amedrontam e que tua libertação depende de ti.

8. Nossos próximos passos serão fáceis, se deres este hoje. A partir daí vamos adiante bem rápido. Pois tão logo compreendas que é impossível seres ferido a não ser por teus próprios pensamentos, o medo de Deus tem de desaparecer. Não podes, então, acreditar que o medo seja causado fora de ti. E Deus, A Quem pensaste em banir pode ser acolhido de volta na menta santa que Ele nunca deixou.

9. Pode-se, com certeza, ouvir a canção da salvação na ideia que praticamos hoje. Se só podes crucificar a ti mesmo, não feriste o mundo e não precisas temer sua vingança e sua perseguição. Tampouco precisas te esconder aterrorizado pelo medo mortal de Deus que a projeção esconde atrás de si. A coisa que mais temes é tua salvação. Tu és forte e é força que queres. E és livre e alegre pela liberdade. Buscaste ser tanto fraco quanto limitado, porque temias tua força e tua liberdade. Contudo, a salvação está nelas.

10. Há um instante em que o terror parece se apoderar de tua mente de forma tão completa que a saída parece bastante desanimadora. Quando perceberes claramente, de uma vez por todas, que é a ti mesmo que temes, a mente se perceberá dividida. E isto ficou escondido enquanto acreditaste que o ataque poderia ser dirigido para fora e devolvido de fora para dentro. Parecia existir um inimigo fora que tinhas de temer. E deste modo um deus fora de ti mesmo se tornou teu inimigo mortal; a fonte do medo.

11. Agora, por um instante, um assassino é percebido dentro de ti, ansioso por tua morte, concentrado em tramar o castigo para ti até o momento em que ele possa matar finalmente. No entanto, é neste instante também que a salvação chega. Pois o medo de Deus desaparece. E tu podes chamá-Lo para te salvar, com Seu Amor, das ilusões, chamando-O de Pai e a ti mesmo de Filho d'Ele. Reza para que o instante possa ser logo -, hoje. Afasta-te do medo e tenta te aproximar do amor.

12. Não há nenhum Pensamento de Deus que não vá contigo para te ajudar a alcançar este instante e ir além dele rapidamente com segurança para sempre. Quando o medo de Deus desaparece não há nenhum obstáculo que ainda permaneça entre tu e a santa paz de Deus. Quão benigna e misericordiosa é a ideia que praticamos! Dá-lhe boas vindas, como deves, pois ela é tua libertação. De fato, apenas tua mente é que pode tentar crucificar. Mas ao mesmo tempo tua redenção também virá de ti.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 196

Caras, caros,

Acredito que quase todas nós, quase todos nós, já tivemos atitudes que magoaram, feriram, machucaram alguma pessoa de nossas relações nalgum momento em nossa trajetória pela vida. E, se o fizemos de propósito ou não, não é importante para o fato. O que importante é lembrar, quando evocamos a situação, que a dor que causamos não foi sentida apenas pela pessoa que resolvemos ferir. Doeu, e muito mais até, talvez, em nós mesmas, em nós mesmos, ainda que não o quiséssemos reconhecer na ocasião.

É a razão para tal sentimento ou emoção que a ideia que praticamos hoje vai nos oferecer. Uma vez que todas as pessoas do mundo e mais tudo o que aparentemente existe nele é parte do que somos, podemos já de certo modo concluir, intuir que tudo o que fizermos à menor das criaturas ou coisas que nos cercam é a nós mesmas, a nós mesmos que fazemos.

Daí a ideia para as práticas de hoje ser a que afirma:

"Só posso crucificar a mim mesmo."

Dou-lhes abaixo, uma vez mais, quase que inteiramente sem modificações, o comentário feito a esta mesma lição nos últimos anos. Não por preguiça de pensar ou de escrever um comentário novo. Não por não poder ressaltar algum aspecto diferente da lição e da ideia que o Curso nos oferece para as práticas de hoje, mas, sim, porque me parece que nunca é demais voltarmos nossa atenção para o poder que temos, para aquilo que somos na verdade, como forma de aprendermos a eliminar tudo o que nos impede de entrar em contato - e mantê-lo - com o divino em nós mesmos/as.

Por isso, também vale a pena hoje, novamente, para começar, chamar-lhes a atenção para uma frase do nono parágrafo. Uma frase que é também reveladora do medo de Deus a que o texto da lição se refere. O medo que a lição quer nos ajudar a eliminar. Ela diz: "a coisa que mais temes é tua salvação". E por quê?

Se pensarmos bem, nos veremos forçados a concordar com o que a frase diz. Ela diz, de outro modo, a mesma coisa que Marianne Williamsom nos diz a respeito do poder que temos em seu livro Um Retorno ao Amor, que nada mais é do que um resumo simplificado do ensinamento do Curso. Quem ainda não o leu, e acha difícil a linguagem do Curso, deve com certeza tentar. Acho que a leitura do livro de Marianne, além de nos colocar em contato com tudo o que é central no ensinamento, ajuda a facilitar o entendimento do Curso. 

Em todo o caso, vamos ao que ela diz a respeito de nosso poder e de qual é nosso medo mais profundo: 

"Nosso medo mais profundo não é o de que sejamos medíocres. Nosso medo mais profundo é o de que sejamos poderosos além de qualquer medida. É nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos assusta. Nós nos perguntamos: 'Quem sou eu para ser brilhante, maravilhoso, talentoso, fabuloso?' Na verdade quem és tu para não o seres? Tu és um filho de Deus. Fingir-te pequeno [diminuir a ti mesmo] não ajuda o mundo em nada. Não há nada de brilhante em te encolheres para que os outros não se sintam inseguros a tua volta. Fomos feitos para brilhar, como as crianças. Nascemos para tornar manifesta a glória de Deus, que habita no interior de todos nós. Ela não está apenas em alguns de nós; está em todos nós. E, quando deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente, damos permissão aos outros para que façam o mesmo. Quando nos libertamos de nosso próprio medo, nossa presença libera os outros automaticamente."

Isto - fingir-nos pequenos ou incapazes, diminuir-nos frente aos outros - como já vimos em uma lição anterior, não tem absolutamente nada a ver com humildade. A verdadeira humildade está em reconhecer e aceitar que somos divinos e possuímos, como herança de nossa origem. todo o poder e a glória de Deus.

Vamos pensar a respeito disto durante as práticas?

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