LIÇÃO 208
Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.
1. (188) A paz de Deus brilha em mim agora.
Vou me aquietar e deixar que a terra se aquiete comigo. E, neste silêncio, encontraremos a paz de Deus. Ela está dentro do meu coração, que dá testemunho do Próprio Deus.
Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.
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COMENTÁRIO:
Explorando a LIÇÃO 208
Caras, caros,
Como eu já disse alguma vezes antes, a ideia que vamos praticar hoje pode nos ajudar a aprender a salvação, a vivê-la e a estendê-la ao mundo, livrando-nos de todos os equívocos e permitindo que a luz de Deus brilhe sobre cada um e cada uma de nós e sobre todos e todas nós. Aliás, isto é o que cada uma das ideias que praticamos nesta revisão pode fazer, se aprendida, aceita e aplicada com disciplina e determinação, conforme o Curso nos diz.
Para aproveitar uma vez mais, quer dizer, re-reaproveitar, o comentário feito a esta lição anteriormente gostaria de convidá-los, de novo, a pensarem na seguinte frase:
"A vida é muito simples."
O que isto lhes diz, se é que lhes diz alguma coisa? Parece-lhes verdadeira tal afirmação? Parece-se de algum modo com a experiência de vida que vivem, que nós vivemos? Ou é exatamente o contrário?
"A vida é muito simples."
Parece-lhes muito ingênuo dizer isto? Muito pretensioso, arrogante?
Na verdade, a partir do que sabemos de tudo o que recebemos como legado de inúmeros mestres, a vida é, de fato, muito simples. Nós é que a complicamos. É o que dizem todos, ou quase todos, os que viveram sua vida de maneira simples. Ou os que a vivem ainda hoje de forma simples, com simplicidade. A questão é que, de modo diferente daquele que ensinam os mestres, cada um, ou cada uma, de nós complica a vida a sua própria maneira.
Fazendo dela um bicho-de-sete-cabeças, damos à vida uma complexidade que ela absolutamente não tem, se prestarmos atenção verdadeira a suas manifestações e desdobramentos.
Aqui, vou fazer uma interrupção neste comentário para acrescentar um tipo de historinha que está no livro de Rosana Kazakevic a respeito de sua experiência no Caminho de Santiago, que li há não muito tempo, após minha volta do Caminho de Santiago, seis anos atrás. O livro se chama "Uma viagem por dentro e por fora", para quem se interessar.
Diz ela que a certa altura retomou uma conversa que tivera com Deus antes e Ele lhe perguntou se ela queria de fato a companhia d'Ele, ao que ela respondeu que sim.
Na continuação da conversa ela disse a Deus que gostava de fazer planos e Ele disse que sabia, e que ela já tinha estragado muitos planos d'Ele.
Ela, é claro, quis saber que planos e de que forma ela os tinha estragado.
E Ele respondeu que foram muitos. Ela tinha estragado todos os planos d'Ele em que não seguia sua/dela voz interior [a d'Ele também, é óbvio], fazendo tudo o que os outros queriam. Disse Deus a ela que era uma escolha dela e que ela reclamava dos resultados. Chorava e piorava. Aí, Ele teve de deixá-la por conta até que ela visse que suas escolhas, as dela, não eram boas. Finalmente, ela viu. E Ele completou dizendo que os resultados não são atribuição d'Ele, eles vêm com as escolhas do caminho que cada uma ou cada um faz.
E, continuando com o comentário:
É por isso que a vida, tal qual cada um e cada uma de nós, só quer ser o que é, cumprir seu papel, e é isso o que ela faz, diferentemente da maioria de nós, que se sente paralisada à simples menção apenas de que é preciso antes de tudo ser, ou de agir no mundo a partir do que se é. Afinal, alguém sabe dizer o que somos? Na verdade, como o Curso ensina, só encontraremos a alegria e a paz perfeitas e completas, a vontade de Deus para todos, todas, cada um e cada uma de nós [que é a mesma que a nossa], quando aprendermos a ser o que somos. Isto é, quando nos decidirmos a viver a partir daquilo que somos, quando dermos espaço e atenção à nossa própria voz interior, que não é nada mais nada menos do que a voz do divino em nós.
A vida sempre cumpre seu papel independentemente daquelas dificuldades que atribuímos a seu desdobrar-se, ou que pensamos ver enquanto a vida se manifesta. Não há dificuldades para ela. Todos os seus caminhos são planos e retos. Não há curvas, nem desvios. A vida, apesar de qualquer coisa que pensemos dela, segue sempre em frente. Nada a detém. Tudo e todos fazem parte do que ela é. Da mesma forma que tudo e todos são partes do que somos, na verdade.
Entretanto, naquilo que nos diz respeito, as coisas são diferentes. Muitas vezes, por medo de manifestar o que somos, ou por medo de ser aquilo que acreditamos ser no mais íntimo de nós mesmos/as, nós nos negamos o direito de ser e, por consequência, negamos a vida que vibra em nós e que quer se manifestar. Quer ser apenas a manifestação da alegria, que é a verdadeira característica daquilo que somos.
Negando a vida a nós mesmos/as, passamos a cultivar, ao mesmo tempo, um medo e um desejo mórbidos de morte em qualquer das formas que acreditamos que ela se apresente. Matamo-nos uns aos outros, umas às outras e a nós mesmos/as das mais variadas maneiras.
Em nome do orgulho, como eu já disse também em anos passados, deixamos de estender a mão a quem precisa receber algum conforto de nós. Em nome do medo, deixamos de nos mostrar, defendendo-nos constante e continuamente daquilo a que chamamos de ataques, mas que não passam de pedidos de ajuda.
Como o Curso ensina, qualquer ataque é um pedido de ajuda, um pedido de atenção e de amor, que se oferece a nós para mudarmos a forma de ver o mundo. Pede que mudemos nossa maneira de criar e de construir o mundo, nosso modo de nos relacionarmos com o mundo para que ele possa experimentar a paz e a luz de Deus.
Vamos pensar nisso durante as práticas de hoje?
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