LIÇÃO 314
Busco um futuro diferente do passado.
1. Da nova percepção do mundo vem um futuro muito diferente do passado. Agora o futuro é reconhecido como extensão do presente apenas. Os erros do passado não podem lançar sombras sobre ele, uma vez que o medo perde seus ídolos e imagens e, por não ter forma, não tem nenhum efeito. Agora, a morte não reivindicará o futuro, pois no presente sua meta é a vida e se provê com alegria todos os meios necessários. Quem pode se lamentar ou sofrer se o presente está livre e estende sua segurança e sua paz a um futuro sereno e repleto de alegria?
2. Pai, estávamos equivocados no passado e escolhemos o presente para ficar livres. Agora deixamos de fato o futuro em Tuas Mãos, deixando para trás nossos erros passados e certos de que Tu cumprirás Tuas promessas presentes e guiarás o futuro na luz sagrada delas.
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COMENTÁRIO:
Explorando a LIÇÃO 314
Repetindo uma das frases de um dos livros de Wayne Dyer que li há não muito tempo:
Muda o modo de olhares para as coisas e as coisas para as quais olhas mudam.
Esta mesma ideia, dita de outro modo, é a ideia que o Curso oferece para as práticas de hoje. Uma ideia a respeito da qual todos, ou quase todos nós, já pensamos à exaustão, conforme já comentei aqui. Cheguei até a perguntar se estaria enganado ao dizer isso. Será que só eu pensei a respeito do tempo? Será que só eu penso a respeito desta questão?
É claro que sei que não. Pois desde que temos notícia de quaisquer seres pensantes, ouvimos dizer que a questão do tempo sempre ocupou espaço de destaque nos pensamentos de vários pensadores que viveram antes de nós neste mundo. Aliás, o tempo é ainda uma das questões de que se ocupam muitos dos pensadores deste mesmo tempo em que vivemos.
E o pior - ou melhor ? - de tudo: ninguém ainda, no mundo, nos deu uma resposta satisfatória. Uma resposta que deixe claro de uma vez por todas que o tempo não existe, pelo menos não na forma que pensamos nele, não na forma de que nos valemos dele, ou nos deixamos aprisionar por ele. Se a deu, preferimos não ouvi-la e apegar-nos às nossas crenças que dizem que o tempo passa, que o tempo cura, que o tempo é o melhor remédio.
Uma música da banda Legião Urbana, cantada por Renato Russo, diz que "temos todo o tempo do mundo", mas muitos de nós não acreditam nisso, não é mesmo? Fala-se cada vez mais hoje em dia a respeito de uma aceleração do tempo. Aceleração que dá a muitos a sensação de que tudo está passando mais depressa. Muito mais depressa. E até já ouvi dizer que as ditas 24 horas que tem o dia [convencionalmente] se reduziram a 16.
Será?
Será que alguém que viva sua vida presente, consciente de que tudo o que acontece só acontece agora, neste instante, tem esta mesma percepção do tempo? Será que é possível, fora da ilusão de tempo em que pensamos viver, marcar a quantidade de horas que dura um dia? Quem de nós já não teve dias que pareceram durar anos e anos que passaram tão depressa que parecem ter sido vividos ontem? Ou, como já vimos o Curso perguntar, alguém saberá responder quanto tempo dura um instante? E já não experimentamos também instantes que nos pareceram ter durado uma eternidade?
O Curso ensina que o único tempo que existe é o presente. O agora. Isto é, o tempo em que nos encontramos quando estamos inteiros no lugar em que estamos, qualquer que seja ele, qualquer que seja o momento, ocupando-nos do que quer que estejamos fazendo. Seja o que for. É por isto que todas as discussões a respeito do tempo não levam a nada. Pois quanto mais nos ocupamos de definir o tempo, dividindo-o em passado, presente e futuro, tanto mais ele nos escapa.
E muitas vezes nos lamentamos por não termos feito determinada coisa em uma tal situação. Ou por a termos feito noutra. Buscamos ficar mais atentos para não repetir um mesmo erro no futuro. Planejamos o que vamos fazer quando uma situação semelhante se apresentar. Ou seja, em geral, como o Curso ensina, passamos do passado diretamente para o futuro, sem perceber aonde estamos, sem estar no único lugar e tempo em que, de fato, podemos estar.
É por esta razão que as práticas de hoje são importantes. Oxalá elas nos permitam liberar o futuro e esquecer o passado, deixando-o junto de todas as ilusões que trouxe. Perdoado! É só isso que pode nos oferecer a perspectiva de que o futuro não seja mais como o passado, que ele se apresente pleno de potencialidades e possibilidades a serem realizadas no presente. Pois só deste modo poderemos aproveitar o tempo de forma plena. E antes de eu os deixar com o convite para as práticas, ofereço-lhes um poema, de um poeta amigo, com sua forma de pensar o tempo. O poema se intitula Tango. Vejam aí, por favor, e reflitam com as práticas.
Tango
Carlos Machado
Bem que eu desconfiava:
o passo do tempo
não é constante
nem fiel ao
milho seco do relógio
- ração ofertada,
de grão em grão, a um
pássaro invisível.
Serpente elástica,
o tempo se expande
e contrai como
corda de trapézio
circense
e arrasta o espaço
num laço dodecafônico.
Para Einstein
ao tempo se permite
uma dança,
e o espaço vai
passo a passo com ele.
Os dois parceiros,
num tango
cósmico, vibram
no desconcerto desse
trapézio-violino,
que os maestros nunca
saberão se está
dentro ou fora do tom.
Às práticas?
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