quinta-feira, 13 de maio de 2010

O dia da libertação dos escravos

LIÇÃO 133

Não darei valor aquilo que não tem valor.

1. Às vezes, no ensino, há benefício em se trazer o aluno de volta a interesses práticos, particularmente depois de teres passado por aquilo que parece teórico e muito distante do que o aluno já aprendeu. Faremos isto hoje. Não falaremos de ideias elevadas e abrangentes do mundo, mas, em vez disto, nos deteremos nos benefícios para ti.

2. Tu não pedes muito da vida, mas pouco demais. Quando permites que tua mente seja atraída para os interesses do corpo, para coisas que compras, para o prestígio, da forma que o mundo valoriza, pedes o sofrimento, não a felicidade. Este curso não tenta tirar de ti o pouco que tens. Não tenta substituir por ideias utópicas as satisfações que o mundo contém. Não há nenhuma satisfação no mundo.

3. Hoje listamos os critérios reais pelos quais testar todas as coisas que pensas querer. A menos que atendam a estes sólidos requisitos, não vale a pena desejá-los em absoluto, pois eles só podem ocupar o lugar daquilo que oferece mais. Não podes inventar as leis que regem a escolha, tanto quanto não podes inventar alternativas entre as quais escolher. Podes fazer a escolha; na verdade, tens de fazê-la. Mas é sábio aprender as leis que pões em movimento quando escolhes e entre quais alternativas escolhes.

4. Já enfatizamos que existem apenas duas, independente de quantas parecem existir. O limite está estabelecido, e não podemos mudar isto. Seria muito mesquinho para contigo permitir que as alternativas fossem ilimitadas e, deste modo, atrasar tua escolha final até que tivesses considerados todas no tempo, sem seres trazido de modo tão claro ao lugar em que só há uma escolha a ser feita.

5. Outra lei benigna semelhante é que não existe nenhuma condescendência naquilo que tua escolha tem de trazer. Ela não pode te dar só um pouco, pois não existe meio termo. Cada escolha que fazes te traz tudo ou nada. Por isto, se aprenderes os testes pelos quais podes distinguir o tudo do nada, farás a melhor escolha.

6. Primeiro, se escolheres algo que não durará eternamente, o que escolhes é sem valor. Um valor temporário não tem qualquer valor. O tempo não pode eliminar nunca um valor que seja real. Aquilo que desaparece gradualmente e morre nunca existiu e não traz nenhuma contribuição para aquele que o escolhe. Ele está enganado pelo nada em uma forma da qual pensa gostar.

7. Em seguida, se escolheres tirar alguma coisa de alguém, não te sobrará nada. Isto porque, quando negas o direito dele a tudo, negas teu próprio direito. Por isto, não reconhecerás as coisas que, de fato, tens negando que elas existem. Aquele que busca tirar está enganado pela ilusão de que a perda pode oferecer ganho. A perda, não obstante, tem de oferecer perda e nada mais.

8. Tua próxima consideração é aquela na qual se baseiam todas as outras. Por que a escolha que fazes tem valor para ti? O que atrai tua mente para ela? A que propósito ela serve? É aqui que é mais fácil do que tudo se enganar. Porque o ego não é capaz de reconhecer aquilo que ele quer. Ele nem mesmo diz a verdade tal como a percebe, pois precisa manter o halo que usa para proteger suas metas de manchas e de ferrugem, para que possas ver quão "inocente" ele é.

9. No entanto, sua camuflagem é um fino verniz que só pode enganar àqueles que ficam contentes em ser enganados. As metas dele são óbvias para qualquer um que se dê ao trabalho de procurá-las. Aqui duplica-se o engano pois aquele que é enganado não perceberá que simplesmente deixou de ganhar. Ele acreditará que atende às metas ocultas do ego.

10. Todavia, embora o ego tente manter seu halo límpido ao alcance de sua visão, ele, ainda assim, tem de perceber suas bordas manchadas e seu núcleo enferrujado. Seus erros inúteis lhe parecem pecados, porque ele olha para a mancha como se fosse dele mesmo; a ferrugem como um sinal de profunda indignidade em si mesmo. Aquele que quer conservar as metas do ego e atendê-las como suas não comete nenhum erro, de acordo com os ditames de seu guia. Esta orientação ensina que é erro acreditar que pecados são apenas equívocos, pois quem sofreria por seus pecados se isto fosse verdade?

11. E, assim, chegamos ao critério para a escolha que é o mais difícil de se acreditar, porque sua clareza está coberta por várias camadas de incerteza. Se sentires qualquer culpa por tua escolha, permites que as metas do ego se interponham entre as alternativas reais. E, deste modo, não percebes de forma clara que há apenas duas, e a alternativa que pensas que escolheste parece assustadora e perigosa demais para ser o nada que, de fato, é.

12. Todas as coisas são absolutamente valiosas ou sem valor, dignas ou não de serem buscadas, totalmente desejáveis ou não valem o menor esforço para se obter. Justamente por isto é fácil escolher. A complexidade não é nada exceto uma cortina de fumaça, que esconde o fato muito simples de que nenhuma decisão pode ser difícil. Qual é o ganho para ti em aprender isto? É muito maior do que apenas o de permitir que faças escolhas facilmente e sem dor.

13. Alcança-se o próprio Céu de mãos vazias e mentes abertas, que vêm sem nada para achar tudo e reclamá-lo como seu. Tentaremos alcançar este estado hoje, deixando o auto-engano de lado e com uma disposição honesta para dar valor apenas ao verdadeiramente valioso e ao real. Nossos dois períodos de prática mais longos, de quinze minutos cada, começam com isto:

Não darei valor àquilo que não tem valor, e busco
apenas o que tem valor, pois é só isto que desejo achar.

14. E, então, recebe aquilo que espera por todos aqueles que chegam sem dificuldades ao portão do Ceú, que se abre quando eles chegam. Se começares a te permitir a acumular alguns fardos inúteis, ou a acreditar que percebes que se apresentam algumas decisões difíceis para ti, sê rápido em responder com esta ideia simples:

Não darei valor àquilo que não tem valor,
porque aquilo que é valioso me pertence.

*

COMENTÁRIO:

Depois de termos aprendido, ontem, a liberar o mundo de todo e qualquer julgamento que fazíamos dele, fica mais fácil praticar, entender e aceitar a ideia para as práticas desta quinta-feira, dia 13 de maio.

Neste dia em que se comemora, aqui no Brasil, a data em que se concedeu a liberdade aos escravos negros, trazidos de lugares distantes do continente africano para trabalharem de sol a sol para o enriquecimento material dos poderosos senhores que dominavam, então, o país, pode-se dizer, ironicamente, que continuamos, de uma forma ou de outra escravizados por um mundo que não tem sentido. Um mundo que não existe. Um mundo que ainda valorizamos, muito embora ele se prove sem valor de todas as maneiras a todo instante.

A lição de hoje visa a nos ensinar a retirar deste mundo todo o valor que lhe damos, para, assim, nos aproximarmos da liberdade pela qual ansiamos. Pois nada nos escraviza mais do qualquer coisa a que damos um valor que ela não tem. E todos, todos, no fundo, sabemos disto.

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