LIÇÃO 129
Além deste mundo há um mundo que eu quero.
1. Esta é a ideia que se segue à que praticamos ontem. Tu não podes te limitar à ideia de que o mundo é inútil, pois, a menos que vejas que há alguma coisa mais para se esperar, só ficarás deprimido. Nossa ênfase não está na desistência do mundo, mas na troca dele por aquilo que é muito mais satisfatório, pleno de alegria e capaz de te oferecer paz. Pensas que este mundo pode te oferecer isto?
2. Talvez valha a pena pensar mais uma vez por um breve momento a respeito do valor deste mundo. Talvez admitas que não há nenhuma perda em se abandonar toda a ideia de valor aqui. O mundo que vês é, de fato, impiedoso, instável, cruel, indiferente a ti, rápido na vingança e implacável em seu ódio. Ele só dá para tirar e afastar todas as coisas que te foram caras por algum tempo. Não se encontra o amor duradouro, pois não há nenhum aqui. Este é o mundo do tempo, aonde todas as coisas acabam.
3. Será uma perda achar, em lugar deste, um mundo no qual seja impossível perder; em que o amor dure para sempre e a vingança não tenha nenhum significado? Será perda encontrar todas as coisas que realmente queres e saber que elas não têm fim e que continuarão a ser exatamente como as queres ao longo do tempo? Não obstante, até mesmo elas serão finalmente trocadas por aquilo de que não podemos falar, pois tu vais, daí, a um lugar onde as palavras falham por completo, na direção de um silêncio no qual não se fala uma língua e, contudo, compreende-se com certeza.
4. A comunicação, precisa e clara como o dia, permanece ilimitada por toda a eternidade. E o Próprio Deus fala a Seu Filho, da mesma forma que Seu Filho fala com Ele. A linguagem d'Eles não tem palavras, porque o que Eles dizem não pode ser representado por meio de símbolos. O conhecimento d'Eles é direto e totalmente compartilhado e totalmente uno. Quão distante disto estás, tu, que permaneces preso a este mundo. E, todavia, quão próximo estás, quando o trocas pelo mundo que queres.
5. Agora o último passo é certo; agora, estás a um instante da intemporalidade. Aqui só podes olhar para frente, nunca para trás, para ver de novo o mundo que não queres. Eis aqui o mundo que vem para tomar o lugar dele, quando libertas tua mente das ninharias que o mundo apresenta para te manter prisioneiro. Não dês valor a elas e elas desaparecerão. Valoriza-as e elas te parecerão reais.
6. A escolha é esta. Que perda pode haver para ti em escolher não valorizar o nada? Este mundo não tem nada que realmente queiras, mas aquilo que escolhes em seu lugar tu, de fato, queres! Deixa que ele te seja dado hoje. Ele espera apenas por tua escolha para tomar o lugar de todas as coisas que buscas mas não queres.
7. Pratica tua vontade para fazer esta troca dez minutos pela manhã e à noite, e mais uma vez no intervalo entre uma e outra. Começa com isto:
Além deste mundo há um mundo que eu quero. Escolho ver aquele
mundo em vez deste, pois aqui não há nada que eu realmente queira.
Em seguida, fecha os olhos sobre o mundo que vês e na escuridão silenciosa observa as luzes que não são deste mundo se acenderem uma a uma, até que o lugar onde uma começa e a outra termina perca todo o significado enquanto elas se fundem numa só.
8. Hoje, as luzes do Céu se inclinam em tua direção, para brilhar sobre tuas pálpebras enquanto descansas além do mundo da escuridão. Eis aqui a luz que teus olhos não podem ver. E, no entanto, tua mente pode vê-la com clareza e pode compreender. Hoje te é dado um dia de graça e nós agradecemos. Percebemos claramente neste dia que o que temias perder era apenas a perda.
9. Agora, de fato, compreendemos que não existe perda. Pois, finalmente, vimos o oposto dela e estamos gratos porque a escolha foi feita. Lembra-te de tua decisão a cada hora e reserva um instante para confirmar tua escolha, deixando de lado quaisquer pensamentos que tenhas e dando ênfase, por um breve instante, apenas a isto:
O mundo que vejo não tem nada que eu queira.
Além deste mundo há um mundo que eu quero.
*
COMENTÁRIO:
Explorando a LIÇÃO 129
Caras, caros,
Quem de nós já não pensou que este mundo não é o melhor dos mundos? Quem dentre nós ainda não se questionou acerca da possibilidade de um mundo melhor do que este? Quem neste mundo vive sua vida de modo pleno e está feliz com o que vive? Quantos e quantas de nós? Haverá mesmo alguém assim?
Será mesmo que este mundo em que aparentemente vivemos é verdadeiro, ou ele é apenas "maya" como dizem os budistas, apenas uma ilusão de mundo? E haverá, de fato, um mundo verdadeiro, um mundo real, que não podemos ver, nem imaginar?
Bem... a ideia para as práticas de hoje vai nos falar exatamente disto.
Vejamos:
"Além deste mundo há um mundo que eu quero."
É quase que bastante óbvio pensar, como eu já disse várias vezes antes, e como o Curso ensina, que, se este mundo não tem nada que eu queira, tem de haver um mundo que pode me dar o que quero. Um mundo que eu queira. É assim que vamos começar a lição de hoje:
Esta é a ideia que se segue à que praticamos ontem. Tu não podes te limitar à ideia de que o mundo é inútil, pois, a menos que vejas que há alguma coisa mais para se esperar, só ficarás deprimido. Nossa ênfase não está na desistência do mundo, mas na troca dele por aquilo que é muito mais satisfatório, pleno de alegria e capaz de te oferecer paz. Pensas que este mundo pode te oferecer isto?
É também, talvez, quase óbvio, para alguns e/ou algumas de nós, que se este mundo pudesse oferecer aquilo que queremos, não viveríamos as insatisfações, as incertezas, as dúvidas e os sobressaltos que ele nos oferece. Não viveríamos com medo do que pode acontecer no próximo instante, daqui a pouco, amanhã ou no futuro. Aliás, se pensássemos que este mundo pode nos dar qualquer coisa que queiramos, nós o viveríamos sempre no presente. Saberíamos deixar de levar em consideração quaisquer coisas acontecidas no passado e não nos preocuparíamos com nada do que pudesse vir a acontecer de agora em diante.
Pois, na verdade, a partir do que se pode ler no livro "A Escola dos Deuses", de Elio D'Anna, que já mencionei aqui, e que li há já alguns anos, aquilo que vemos à volta de nós... a aparente realidade externa a nós é sempre o passado, como o Curso também afirma. [Lembram das lições iniciais? Há uma, a sétima, que nos ensina e nos leva a praticar a ideia: "Eu só vejo o passado".] Aquilo a que chamamos de presente, na realidade, não é uma transmissão ao vivo. Aquilo que vemos e tocamos, os eventos que podemos jurar que acontecem neste exato momento são estados registrados tempos atrás. Para poderem acontecer, receberam nosso consentimento em outra dimensão no mundo do ser. Pois em nossos estados normais, por assim dizer, tudo o que escolhemos é a partir do sistema de pensamento do ego. Assim é que as coisas que pensamos ver agora são frutos de uma escolha que fizemos no tempo. Uma escolha que se materializa, como projeção de nossos pensamentos, também no tempo, que, na verdade, não existe.**
A lição continua:
Talvez valha a pena pensar mais uma vez por um breve momento a respeito do valor deste mundo. Talvez admitas que não há nenhuma perda em se abandonar toda a ideia de valor aqui. O mundo que vês é, de fato, impiedoso, instável, cruel, indiferente a ti, rápido na vingança e implacável em seu ódio. Ele só dá para tirar e afastar todas as coisas que te foram caras por algum tempo. Não se encontra o amor duradouro, pois não há nenhum aqui. Este é o mundo do tempo, aonde todas as coisas acabam.
Sabemos disso o tempo todo, mesmo que o neguemos a maior parte de tempo. Independente do apego que temos a certas coisas ou pessoas do mundo, ou mesmo a ideias, sabemos que tudo aqui é transitório e não vai durar. É por isso que a ideia para as práticas de hoje nos traz a possibilidade de estendermos o alcance de nossos anseios para além daquilo que é passageiro. Uma ideia que nos leva ao contato - ou à possibilidade dele -, nem que apenas por um breve instante, com aquilo que somos na verdade, em Deus.
Como o Curso diz a respeito do mundo e do que pensamos experimentar nele, e como também podemos ler em Elio D'Anna e em muitos outros autores e mestres comprometidos com a verdade, estendendo a ideia de que falava acima, os fatos e acontecimentos são estados de ser solidificados, tornados visíveis pelo tempo. Enquanto os assistimos e somos envolvidos por eles, podemos acreditar que eles estão se verificando diante de nossos olhos, podemos ter a ilusão de que são novos e de que acontecem pela primeira vez. Na realidade, entretanto, eles são apenas a projeção de um estado de ser de nosso passado, que se repete com apenas algumas pequenas variações.
Apesar de nossa experiência de vida estar aparentemente ligada a este mundo das formas, que vemos, e que mudam conforme muda nosso olhar, a lição de hoje nos convida a praticar a ideia da existência de um mundo que se situa além deste que vemos. Mais: que é este outro mundo - o real e verdadeiro -, que ainda não somos capazes de ver, o que, de verdade, queremos.
E pergunta:
Será uma perda achar, em lugar deste, um mundo no qual seja impossível perder; em que o amor dure para sempre e a vingança não tenha nenhum significado? Será perda encontrar todas as coisas que realmente queres e saber que elas não têm fim e que continuarão a ser exatamente como as queres ao longo do tempo? Não obstante, até mesmo elas serão finalmente trocadas por aquilo de que não podemos falar, pois tu vais, daí, a um lugar onde as palavras falham por completo, na direção de um silêncio no qual não se fala uma língua e, contudo, compreende-se com certeza.
O que de fato te prende a este mundo? Há nele alguma coisa, pessoa ou ideia, sem a qual absolutamente não podes viver? Pensa um pouco. Reflete um pouco. Já passaste pela experiência de acreditar que determinada coisa era imprescindível e já não a tens. Ou pela experiência de crer, em algum momento de tua vida, que não seria possível viver sem a companhia daquela pessoa específica, e já não convives com ela.
E nele:
A comunicação, precisa e clara como o dia, permanece ilimitada por toda a eternidade. E o Próprio Deus fala a Seu Filho, da mesma forma que Seu Filho fala com Ele. A linguagem d'Eles não tem palavras, porque o que Eles dizem não pode ser representado por meio de símbolos. O conhecimento d'Eles é direto e totalmente compartilhado e totalmente uno. Quão distante disto estás, tu, que permaneces preso a este mundo. E, todavia, quão próximo estás, quando o trocas pelo mundo que queres.
Mas como fazer esta troca? De acordo com o Curso, não precisas fazer nada. Basta que te rendas à Presença de Deus em tua vida, reconhecendo-a em ti, em tudo. Abandonando todas as coisas que exigem a presença de um "eu" separado de todos os outros. Abandonando toda ideia de "meu", "minha", abrindo-te às dádivas que Deus te dá e que são verdadeiramente dadas porque são eternas. "Fazendo" como Joel Goldsmith, que declara em um de seus livros: "Eu não penso em minha vida; eu observo Deus em ação".
Precisas tomar a decisão. Precisas estabelecer a meta de viver a verdade em sintonia com o divino, a partir da sintonia com o Espírito Santo em ti. E, mais do que apenas estabelecer a meta, vivê-la.
Tomada a decisão
Agora...
... o último passo é certo; agora, estás a um instante da intemporalidade. Aqui só podes olhar para frente, nunca para trás, para ver de novo o mundo que não queres. Eis aqui o mundo que vem para tomar o lugar dele, quando libertas tua mente das ninharias que o mundo apresenta para te manter prisioneiro. Não dês valor a elas e elas desaparecerão. Valoriza-as e elas te parecerão reais.
É isto que basta: a tomada de decisão. Lembra-te, porém, de que a decisão tem de ser tomada a cada passo, a cada instante, a cada fração de segundo e a cada segundo, a cada minuto, e tem ser renovada o tempo todo,
Isto é o que nos oferecem as práticas, a oportunidade de renovar a tomada de decisão dia a dia, passo a passo, sem desistir jamais de viver o mundo que queremos, em lugar deste mundo que não oferece nada do que queremos.
Sigamos, pois, o restante das orientações que a lição reserva para nossas práticas, na certeza de que a ideia hoje vai nos fazer entender melhor as experiências por que passamos. Principalmente se já formos capazes de entender que todas elas sempre se apresentam a partir de uma escolha que fazemos ou fizemos, individual ou conjuntamente. Uma escolha que sempre podemos mudar, quando, e se, aceitamos a responsabilidade pela experiência que o mundo nos apresenta, acolhendo-a e sendo gratos/as por ela se ter apresentado da maneira que for.
Aprendamos, portanto, com as práticas deste dia a agradecer por tudo o que recebemos e por tudo o que vivemos, para alcançar a certeza de que "todas as coisas cooperam para o bem". E de "que tudo está [sempre, em qualquer momento em que olhamos para o mundo] absolutamente certo da forma como está". Nem poderia ser diferente. Se ainda não somos capazes de ver assim, é porque ainda não aprendemos a escolher de modo diferente, a olhar para o mundo de modo diferente. Acima de tudo, porque ainda acreditamos que há, ou que pode haver, alguma coisa de valor neste mundo.
Às práticas?
Um adendo e uma pequena reflexão a respeito dele:
Repetindo: num dos anos passados, nossa colega Cida Guimarães, compartilhou o seguinte como comentário [dei uma pequenina editada] a esta lição:
Esse mundo que eu quero tem cores, perfume, harmonia, é manifestado na multiplicidade da Natureza. Para sintonizar nele é preciso "purificar", limpá-lo de todas as toxidades impostas por uma vida distante do que é natural. Um bom começo é cuidarmos com carinho da nossa alimentação. O curso diz que há um "Deus" no nosso interior. Então, vamos nos alimentar oferecendo para Ele tudo que é saudável, vivo e simples. Tudo que ele mesmo nos oferece: frutas, verduras, legumes e sementes. Deixar de intoxicar nosso "Deus" com alimentos cheios de agrotóxicos, industrializados, com açúcar e gordura, álcool, etc. Nossas células, livres de tudo isso, têm possibilidade de voltar a funcionar divinamente e de nos ajudar a encontrar o caminho de volta. Conectar-nos com o belo da Natureza, com sua simplicidade e seus mistérios. Cultivar uma planta, acompanhando o seu crescimento, da semente até o desabrochar da plantinha. São caminhos concretos que nos levam para estágios mágicos da vida verdadeira. O divino está aí a cada momento. Vamos nos pôr em sintonia com essa dimensão sempre.
Preciso aqui, antes de entrar na reflexão que quero que façamos, lembrar a vocês que os comentário são sempre bem-vindos, pois são eles que nos oferecem a sempre nova possibilidade de entrarmos em contato com partes de nós com as quais ainda não estamos familiarizados e que podem revelar - e muitas vezes revelam, de fato - crenças que temos e que nos limitam.
Pensemos, pois.
Talvez valha a pena pensar mais uma vez por um breve momento a respeito do valor deste mundo. Talvez admitas que não há nenhuma perda em se abandonar toda a ideia de valor aqui. O mundo que vês é, de fato, impiedoso, instável, cruel, indiferente a ti, rápido na vingança e implacável em seu ódio. Ele só dá para tirar e afastar todas as coisas que te foram caras por algum tempo. Não se encontra o amor duradouro, pois não há nenhum aqui. Este é o mundo do tempo, aonde todas as coisas acabam.
Sabemos disso o tempo todo, mesmo que o neguemos a maior parte de tempo. Independente do apego que temos a certas coisas ou pessoas do mundo, ou mesmo a ideias, sabemos que tudo aqui é transitório e não vai durar. É por isso que a ideia para as práticas de hoje nos traz a possibilidade de estendermos o alcance de nossos anseios para além daquilo que é passageiro. Uma ideia que nos leva ao contato - ou à possibilidade dele -, nem que apenas por um breve instante, com aquilo que somos na verdade, em Deus.
Como o Curso diz a respeito do mundo e do que pensamos experimentar nele, e como também podemos ler em Elio D'Anna e em muitos outros autores e mestres comprometidos com a verdade, estendendo a ideia de que falava acima, os fatos e acontecimentos são estados de ser solidificados, tornados visíveis pelo tempo. Enquanto os assistimos e somos envolvidos por eles, podemos acreditar que eles estão se verificando diante de nossos olhos, podemos ter a ilusão de que são novos e de que acontecem pela primeira vez. Na realidade, entretanto, eles são apenas a projeção de um estado de ser de nosso passado, que se repete com apenas algumas pequenas variações.
Além deste mundo há um mundo que eu quero.
Apesar de nossa experiência de vida estar aparentemente ligada a este mundo das formas, que vemos, e que mudam conforme muda nosso olhar, a lição de hoje nos convida a praticar a ideia da existência de um mundo que se situa além deste que vemos. Mais: que é este outro mundo - o real e verdadeiro -, que ainda não somos capazes de ver, o que, de verdade, queremos.
E pergunta:
Será uma perda achar, em lugar deste, um mundo no qual seja impossível perder; em que o amor dure para sempre e a vingança não tenha nenhum significado? Será perda encontrar todas as coisas que realmente queres e saber que elas não têm fim e que continuarão a ser exatamente como as queres ao longo do tempo? Não obstante, até mesmo elas serão finalmente trocadas por aquilo de que não podemos falar, pois tu vais, daí, a um lugar onde as palavras falham por completo, na direção de um silêncio no qual não se fala uma língua e, contudo, compreende-se com certeza.
O que de fato te prende a este mundo? Há nele alguma coisa, pessoa ou ideia, sem a qual absolutamente não podes viver? Pensa um pouco. Reflete um pouco. Já passaste pela experiência de acreditar que determinada coisa era imprescindível e já não a tens. Ou pela experiência de crer, em algum momento de tua vida, que não seria possível viver sem a companhia daquela pessoa específica, e já não convives com ela.
Além deste mundo há um mundo que eu quero.
E nele:
A comunicação, precisa e clara como o dia, permanece ilimitada por toda a eternidade. E o Próprio Deus fala a Seu Filho, da mesma forma que Seu Filho fala com Ele. A linguagem d'Eles não tem palavras, porque o que Eles dizem não pode ser representado por meio de símbolos. O conhecimento d'Eles é direto e totalmente compartilhado e totalmente uno. Quão distante disto estás, tu, que permaneces preso a este mundo. E, todavia, quão próximo estás, quando o trocas pelo mundo que queres.
Mas como fazer esta troca? De acordo com o Curso, não precisas fazer nada. Basta que te rendas à Presença de Deus em tua vida, reconhecendo-a em ti, em tudo. Abandonando todas as coisas que exigem a presença de um "eu" separado de todos os outros. Abandonando toda ideia de "meu", "minha", abrindo-te às dádivas que Deus te dá e que são verdadeiramente dadas porque são eternas. "Fazendo" como Joel Goldsmith, que declara em um de seus livros: "Eu não penso em minha vida; eu observo Deus em ação".
Precisas tomar a decisão. Precisas estabelecer a meta de viver a verdade em sintonia com o divino, a partir da sintonia com o Espírito Santo em ti. E, mais do que apenas estabelecer a meta, vivê-la.
Tomada a decisão
Agora...
... o último passo é certo; agora, estás a um instante da intemporalidade. Aqui só podes olhar para frente, nunca para trás, para ver de novo o mundo que não queres. Eis aqui o mundo que vem para tomar o lugar dele, quando libertas tua mente das ninharias que o mundo apresenta para te manter prisioneiro. Não dês valor a elas e elas desaparecerão. Valoriza-as e elas te parecerão reais.
É isto que basta: a tomada de decisão. Lembra-te, porém, de que a decisão tem de ser tomada a cada passo, a cada instante, a cada fração de segundo e a cada segundo, a cada minuto, e tem ser renovada o tempo todo,
Isto é o que nos oferecem as práticas, a oportunidade de renovar a tomada de decisão dia a dia, passo a passo, sem desistir jamais de viver o mundo que queremos, em lugar deste mundo que não oferece nada do que queremos.
Sigamos, pois, o restante das orientações que a lição reserva para nossas práticas, na certeza de que a ideia hoje vai nos fazer entender melhor as experiências por que passamos. Principalmente se já formos capazes de entender que todas elas sempre se apresentam a partir de uma escolha que fazemos ou fizemos, individual ou conjuntamente. Uma escolha que sempre podemos mudar, quando, e se, aceitamos a responsabilidade pela experiência que o mundo nos apresenta, acolhendo-a e sendo gratos/as por ela se ter apresentado da maneira que for.
Aprendamos, portanto, com as práticas deste dia a agradecer por tudo o que recebemos e por tudo o que vivemos, para alcançar a certeza de que "todas as coisas cooperam para o bem". E de "que tudo está [sempre, em qualquer momento em que olhamos para o mundo] absolutamente certo da forma como está". Nem poderia ser diferente. Se ainda não somos capazes de ver assim, é porque ainda não aprendemos a escolher de modo diferente, a olhar para o mundo de modo diferente. Acima de tudo, porque ainda acreditamos que há, ou que pode haver, alguma coisa de valor neste mundo.
Às práticas?
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Um adendo e uma pequena reflexão a respeito dele:
Repetindo: num dos anos passados, nossa colega Cida Guimarães, compartilhou o seguinte como comentário [dei uma pequenina editada] a esta lição:
Esse mundo que eu quero tem cores, perfume, harmonia, é manifestado na multiplicidade da Natureza. Para sintonizar nele é preciso "purificar", limpá-lo de todas as toxidades impostas por uma vida distante do que é natural. Um bom começo é cuidarmos com carinho da nossa alimentação. O curso diz que há um "Deus" no nosso interior. Então, vamos nos alimentar oferecendo para Ele tudo que é saudável, vivo e simples. Tudo que ele mesmo nos oferece: frutas, verduras, legumes e sementes. Deixar de intoxicar nosso "Deus" com alimentos cheios de agrotóxicos, industrializados, com açúcar e gordura, álcool, etc. Nossas células, livres de tudo isso, têm possibilidade de voltar a funcionar divinamente e de nos ajudar a encontrar o caminho de volta. Conectar-nos com o belo da Natureza, com sua simplicidade e seus mistérios. Cultivar uma planta, acompanhando o seu crescimento, da semente até o desabrochar da plantinha. São caminhos concretos que nos levam para estágios mágicos da vida verdadeira. O divino está aí a cada momento. Vamos nos pôr em sintonia com essa dimensão sempre.
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Preciso aqui, antes de entrar na reflexão que quero que façamos, lembrar a vocês que os comentário são sempre bem-vindos, pois são eles que nos oferecem a sempre nova possibilidade de entrarmos em contato com partes de nós com as quais ainda não estamos familiarizados e que podem revelar - e muitas vezes revelam, de fato - crenças que temos e que nos limitam.
Vamos refletir por uns momentos na descrição do mundo que nossa querida Cida diz querer:
É um mundo que tem cores, perfume, harmonia e se manifesta pela multiplicidade e, por que não dizer?, pela diversidade da natureza. Será desse mundo que a lição fala? Ou esse mundo descrito por ela não será apenas uma versão do Paraíso na terra?
O Curso nos pede que questionemos todas as nossas crenças. Pede que sejamos capazes de questionar tudo aquilo que o mundo nos ensinou e continua a ensinar. Daí este exercício.
Como diz Joel Goldsmith em um de seus livros, é fácil para nós pensar que abandonar o julgamento significa deixar de olhar para o que reputamos feio, nocivo, ruim, mau, tóxico e outros adjetivos quaisquer que queiramos dar às coisas que se nos apresentam à experiência. Mais difícil, diz ele, é perceber que as coisas que reputamos boas, agradáveis, gostosas, também são apenas frutos do julgamento.
O Curso ensina que o mundo, este mundo, e tudo o que há nele, é neutro. Então, não há razão para atribuirmos valores - bons ou maus, ou quaisquer outros - a nada que esteja nele. Porque tudo o que há nele não é real. Ou dito de outra forma, não há nada de real nele. Ele, o mundo que vemos fora, é apenas aparência, ilusão. Projeção daquilo que trazemos dentro.
Indo a mais um ponto da descrição de Cida, e finalizando para não me alongar demais, todos e todas nós somos capazes de entender, ou penso que somos, que uma alimentação natural é melhor para o corpo. E aí é que mora o perigo, isto é, aí que está o revelador da crença por trás desta afirmação. Há aí a revelação da crença de que somos o corpo, não é mesmo?
É claro que, na medida em que nos valemos do corpo como o veículo de comunicação de que fala o Curso, será, talvez - mas apenas talvez - mais inteligente dar ao corpo uma alimentação saudável. Mas o que é saudável para um pode não ser para outro. E se pensarmos na variedade de formas de vida que há na Terra, podemos bem entender que o alimento de uma não pode não ser adequado para outra. E que muitas formas de vida utilizam outras como alimento. O ser humano não é diferente. A maioria pelo menos não.
Há algum mal em se cuidar do corpo? Não, claro que não. Pois o que somos não é o corpo. Por outro lado, haverá algum mal em se descuidar do corpo? A resposta obviamente tem de ser também um não.
Então, aonde eu quero chegar? Não quero chegar a lugar nenhum. Só estou ponderando que aquilo que dizemos e que é revelador de nossas crenças precisa ser olhado sempre com atenção.
Não sei se o mundo que Cida descreve é o mundo que queremos, nem mesmo sei se ela, de fato, acredita que ele é o mundo que ela quer. Ou se ela acredita que o mundo real e verdadeiro seja mesmo assim. Este exercício de reflexão é apenas uma forma de provocar o questionamento.
Uma vez que, como o Curso nos pede para praticar numa de suas lições, "eu sou espírito", haverá mesmo uma natureza harmônica no mundo que queremos? Haverá necessidade de alimentação saudável ou não? Haverá corpos?
*
** Neste ponto do comentário pensei em colocar parte de um texto de Pierre Lévy, no ponto de seu livro "O Fogo Liberador", que ele intitula "o capítulo da presença" e que vem com o subtítulo "o pensamento e o instante". Depois, pensando bem, resolvi colocá-lo aqui, após o adendo para acrescentar mais um ponto à reflexão que eu quis provocar com ele [o adendo].
Vejam, pois, leiam o que nos diz Lévy em seu livro, que, aliás, recomendo muito, e que eu acredito em sintonia com o Curso:
"Nem os pensamentos nem as emoções representam o que quer que seja. Eles são.
"Passado e futuro só existem nos pensamentos presentes. Acreditar no futuro e no passado (aqueles que nossos pensamentos produzem: não há outros) é manter-se ainda na ilusão de seus pensamentos. Esteja atento à qualidade de seus pensamentos agora. Só o instante existe e a qualidade da vida é o presente.
"Só podemos ter um pensamento por vez. A comparação entre dois pensamentos, o julgamento ou a lembrança de um pensamento é ainda outro pensamento. Quando somos tomados por um pensamento, ele parece ser o mais importante, o mais urgente. Mas logo em seguida esse mesmo pensamento dá lugar a outro, de tal modo que nenhum pensamento é importante.
"Os pensamento que nos parecem 'importantes' e os sentimentos que nos parecem 'vivos' em determinado instante passam para segundo plano ou são esquecidos no instante seguinte. Observar esse processo incessante de aparecimento e desaparecimento, de entrada em cena e de retorno à sombra, deveria ajudar-nos a não acreditar na importância do que quer que seja e a perceber que nosso espírito esta continuamente construindo e destruindo essa importância.
"Nada é absolutamente bom, até mesmo o melhor pensamento: ele poderia nos fazer perder o instante.
"A maioria dos 'pensamentos' vem do automatismo mental. O verdadeiro pensamento, o pensamento nobre, é percepção direta, contemplação, presença, criação, ação sobre si, envolvimento profundo, transformação do ser. O pensamento nobre jamais é julgamento. Sabemos que realmente pensamos quando percebemos diferente, quando um espaço se abre.
"Só os pensamentos felizes são pensamentos verdadeiros. Não estou falando das verdades 'objetivas', 'universais', 'científicas', mas sim das verdades existenciais, emocionais, da verdade das situações. Os pensamentos verdadeiros não são nem evasivas nem subterfúgios. Eles olham para a vida de frente, aqui e agora. Os pensamentos verdadeiros são percepções.
"A maioria dos pensamentos tece um véu que nos separa do mundo e de nós mesmos. Eles desviam nossa atenção do que acontece aqui e agora, Impedem-nos de sentir. Tentamos escapar da experiência direta do grande fluxo porque tememos renunciar à solidez ilusória de nosso eu e do mundo 'exterior'. No entanto, por trás do borrão dos pensamentos, conceitos, preconceitos e de todas as formas de loquacidade mental brilha a luz do despertar.
"Para orientar nossa existência, é preciso saber discernir. Para saber discernir, temos de aprender a ver as coisas tal como são. Para ver as coisas tal como são, é preciso cessar de projetar nossos estados mentais no mundo. Para cessar de projetar, devemos nos conhecer. Para nos conhecermos, precisamos ser nosso próprio amigo. Para sermos nosso próprio amigo, esforcemo-nos para acolher com carinho todos os pensamentos. Para aceitar todos os pensamentos, paremos de distinguir entre os bons e os maus. Se quisermos, sinceramente cessar de distinguir entre os bons e os maus pensamentos, temos de meditar com constância e disciplina. Para meditar, é preciso distinguir, sem julgar, entre a plena consciência do instante e a fuga nos pensamentos. Nesse estágio, o problema de se orientar na vida não mais se apresenta. Moramos desde sempre no coração da existência."
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