quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

E só o que não aceitamos que não compreendemos


LIÇÃO 2

Eu dou a todas as coisas que vejo neste quarto [nesta rua, desta janela, neste lugar]
todo o significado que têm para mim.

1. As práticas com esta ideia são as mesmas que aquelas com a primeira. Começa com as coisas que estão perto de ti e aplica a ideia a qualquer coisa sobre a qual teu olhar pouse. Depois, amplia o alcance para fora. Vira a cabeça para incluir o que quer que esteja em qualquer um dos lados. Se possível, vira-te e aplica a ideia àquilo que estava atrás de ti. Continua, tanto quanto possível, a não fazer distinção quando escolheres os sujeitos para a aplicação da ideia; não te concentres em nenhuma coisa em particular e não tentes incluir tudo o que vês em uma área determinada, ou introduzirás tensão.

2. Olha simplesmente com naturalidade e com razoável rapidez ao teu redor, tentando evitar a escolha por tamanho, brilho, cor, material ou pela importância relativa para ti. Escolhe os objetos simplesmente quando os vires. Tenta aplicar o exercício com igual facilidade a um corpo ou a um botão, uma mosca ou um piso, um braço ou uma maçã. O único critério para a aplicação da ideia a qualquer coisa é simplesmente que teus olhos a tenham encontrado. Não faças nenhuma tentativa de incluir qualquer coisa em particular, mas certifica-te de que nada seja excluído de forma específica.

*

COMENTÁRIO: 

Explorando a LIÇÃO 2:


E então, o que acharam das possibilidades que as práticas com a primeira lição trouxeram para se viver um ano diferente de todos os anos que já vivemos antes, permitindo que ele seja o mesmo em tudo? Parece-lhes possível viver um ano diferente [daqueles todos que já vivemos] deixando que tudo nele seja o mesmo? Prontos, então, para a segunda ideia que temos para praticar neste segundo dia? É o que vamos fazer mais uma vez hoje. 

Para os que já estão conosco há algum tempo, penso que já ficou claro que são os nossos pensamentos e crenças que moldam e constroem o mundo que experimentamos, bem como todas as situações, pessoas e circunstâncias que ele nos apresenta. Quem chega pela primeira vez até aqui, porém, ao se aproximar do Curso e de suas práticas, tem de ser levado a saber que somos nós que criamos o mundo em que vivemos, e que há tantos mundos quantas são as pessoas que nele habitam. Daí tantas experiências aparentemente diferentes de mundo. Daí, por conseguinte, tantos mundos. Todos ilusórios para a experiências das formas e dos sentidos.

Não lhes parece claro que as coisas que vemos neste quarto [nesta rua, desta janela, neste lugar] só têm todo o significado que têm, porque nós lhes demos tal significado? E que o significado que demos a elas está todo baseado nos pensamentos que temos, nas crenças em nós, resultados das lições que recebemos do mundo e das pessoas do mundo com quem aprendemos a respeito de todas ou quase todas as coisas que nos chegaram ao conhecimento até aqui?

Quem de nós pode dizer com cem por cento de certeza que conhece qualquer coisa que vê sem se referir a algum pensamento do passado, a alguma informação, a algum conceito que recebeu de alguém no passado?

Quem ou quantos de nós pode dizer com convicção que não foi influenciado por nenhum julgamento e que é capaz de olhar para tudo e para todos sem julgar nada do que vê, aceitando simplesmente que as coisas são o que são e pronto? E que não há nada de errado com nada nem com ninguém neste mundo nem em nenhum mundo que possa existir?

É exatamente para limparmos nossa memória cheia de preconceitos e de julgamentos que as práticas das lições desta primeira parte do livro se apresentam. É preciso que aprendamos a assumir a responsabilidade pelo valor que damos às coisas todas, às pessoas todas, a todas as situações e circunstâncias que se apresentam em nossas vidas. 

É preciso que tenhamos bem claro em nossas mentes que as coisas que vemos a nossa volta no mundo, próximas ou distantes de nós, são o que são, independentemente do que possamos pensar delas, porque, como disse o poeta "pensar é não compreender", mormente se entendermos que compreender é sinônimo de aceitar. Pois só não compreendemos aquilo que não aceitamos. Ou o contrário, que também é verdadeiro, só não aceitamos aquilo que não compreendemos. Porque não o compreendemos.

Ou, voltando ainda ao poeta, "o mundo não se fez para pensarmos nele... mas para olharmos para ele e estarmos de acordo..." Pois "pensar é estar doente dos olhos".

Daí as instruções do Curso, para que olhemos para tudo de modo diferente. Para que aprendamos um modo diferente de olhar para tudo no mundo, e para o próprio mundo. Eliminemos, pois, de nosso modo de ver o mundo o pensar o mundo. Não há o que pensar, se quisermos aprender a evitar o julgamento.

Pois, como diz o poeta, "a única inocência é não pensar".

Às práticas?

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