LIÇÃO 9
Eu não vejo nada tal como é agora.
1. Esta ideia, obviamente, resulta das duas anteriores. Mas, embora possas ser capaz de aceitá-la intelectualmente, é improvável que ela signifique alguma coisa para ti por enquanto. Contudo, neste ponto a compreensão não é necessária. De fato, o reconhecimento de que não compreendes é um pré-requisito para desfazer tuas ideias falsas. Estes exercícios se ocupam da prática, não da compreensão. Tu não precisas praticar aquilo que já compreendes. Na verdade, visar à compreensão e pressupor que já a tens seria andar em círculos.
2. É difícil para a mente não treinada acreditar que aquilo que ela parece retratar não existe. Esta ideia pode ser bastante assustadora e pode encontrar resistência ativa sob inúmeras formas. No entanto, isso não impede sua aplicação. Não se pede nada mais do que isso para estes exercícios ou quaisquer outros. Cada pequeno passo afastará um pouco as trevas e a compreensão finalmente virá para iluminar cada canto da mente que tenha ficado livre dos escombros que o escureciam.
3. Estes exercícios, para os quais três ou quatro períodos de prática são suficientes, envolvem olhar ao redor de ti e aplicar a ideia do dia a qualquer coisa que vejas, lembrando-te da necessidade de aplicação que não faça distinções e da regra essencial de não excluíres nada. Por exemplo:
Eu não vejo esta máquina de escrever tal como ela é agora.
Eu não vejo este telefone tal como ele é agora.
Eu não vejo este braço tal como ele é agora.
4. Começa com as coisas mais próximas de ti e depois estende o alcance para fora:
Eu não vejo aquele cabide de casacos* tal como ele é agora.
Eu não vejo aquela porta tal como ela é agora.
Eu não vejo aquele rosto tal como ele é agora.
5. Salienta-se mais uma vez que, embora não se deva tentar uma inclusão total, tem-se de evitar qualquer exclusão específica. Certifica-te de que és honesto para contigo mesmo ao fazer esta distinção. Podes ser tentado a escondê-la.
*Nota de Tradução: Vide nota à tradução da lição conforme publicação em 9 de janeiro de 2010.
*
COMENTÁRIO:
Explorando a Lição 9:
Eis-nos aqui mais uma vez, hoje, prontos para as práticas de mais uma lição. A nona. E quem já está conosco há algum tempo, sabe que nos últimos anos praticamos as dez primeiras lições a partir dos comentários feitos a elas por Tara Singh, em um de seus livros, que já citei aqui.
E é claro que precisamos rever o que ele diz, lembrando que, ao final de seu comentário ele chama a nossa atenção para o fato de que precisamos ser honestos para com nós mesmos, uma responsabilidade que a lição se encarrega de nos dar. Aprenderás a ser honesto para contigo mesmo hoje? Aprenderemos?
Comecemos por abrir nossos olhos, nossas mentes e corações para a ideia na forma como ela se apresenta:
"Eu não vejo nada tal como é agora."
E a partir daí, Tara Singh nos diz:
Olhamos para todas as coisas por meio de imagens do pensamento, que mantêm o passado vivo. Essas imagens não são reais porque o que é real é real agora mesmo. Preocupadas com pensamentos do passado, nossas mentes alimentam ilusões sem fim. Não estamos no presente. Se estivéssemos no presente - neste momento - não seríamos capazes de dar nome a qualquer coisa. Quando isolamos e damos nome a uma flor, por exemplo, não a vemos. Quando se "vê" alguma coisa no presente, ela nos liga à eternidade.
Uma flor não poderia existir se, por milhões de anos não tivesse chovido, se não houvesse o ar e a luz do sol. Quantas folhas prepararam o solo à volta dela. Uma flor pode nos ligar à própria criação deste planeta. Ele é uma alegre expressão do eterno, da força criativa. Não está limitada pelo tempo.
Mas nós não podemos experimentar a totalidade no presente porque estamos presos no passado. O que poderia ser pior?
Por quantos séculos lutamos para saber disso! Afinal, percebemos que o tempo é uma ilusão. Não o tempo cronológico, mas o tempo psicológico - a ilusão de que amanhã eu vou "conseguir".
Então, como mudamos todos os nossos conceitos? É útil sermos apenas honestos acerca de nossas ilusões. A verdadeira gratidão é realmente a chave. Não precisamos fazer nada.
Neste mundo, lutamos para conseguir um diploma e para achar um meio de sobreviver, por isso pensamos que temos de lutar para nos tornarmos espirituais. É possível que nossa educação nos tenha tornado medíocres, que nossos esforços pela sobrevivência pessoal sejam perversos? Ficamos excitados com nossas, assim chamadas, realizações. Mas que valor têm as realizações, se não conhecemos nossa infinitude? Estamos aqui para abençoar o mundo, não nos estabelecemos para a satisfação de "carências".
Todas as coisas que se referem à personalidade e ao tempo trazem a luta consigo. "Ver" de verdade, ou a clareza, não envolve nenhuma luta porque dissipa a personalidade e nos liberta do tempo. Apresenta-nos a nossa própria eternidade.
Cada uma das lições do Curso oferece a visão verdadeira. Uma frase dá início ao processo e, lá pelo fim da lição, podemos chegar à Expiação e à serenidade. Quando isso não acontece, não a lemos.
O processo começa pela diminuição da autoridade do cérebro sobre nós. Quando pensamos na lição no meio de nossas vidas diárias, nós nos libertamos das pressões do tempo. Tornamo-nos verdadeiramente sensíveis e gratos. Então, a única arte que existe é a arte de viver.
Eu não vejo nada tal como é agora.
Esta ideia, obviamente, resulta das duas anteriores.
Eu vejo só o passado.
e
Minha mente se preocupa com pensamentos do passado.
Minha mente se preocupa com pensamentos do passado.
Apreendemos, de fato, estas lições? Devíamos estar nos desenvolvendo com cada lição, num processo diário de desfazer. O Curso é uma alegre aventura:
Eu não vejo nada tal como é agora.
Embora possas ser capaz de aceitá-la intelectualmente, é improvável que ela signifique alguma coisa para ti por enquanto. Contudo, neste ponto a compreensão não é necessária. De fato, o reconhecimento de que não compreendes é um pré-requisito para desfazer tuas ideias falsas. Estes exercícios se ocupam da prática, não da compreensão.
O auto-conhecimento não é intelectual. Nunca saberemos quem somos enquanto defendermos a intelectualidade e a desonestidade. Reconhecer isto pode vir a transformar nossas vidas! Infelizmente, em lugar de chegar à honestidade, nós nos tornamos evasivos. Justificamos nossas ações ou nos tornamos confusos.
Podemos perceber que intelectualizamos nosso comportamento? Por exemplo, se dizemos que vamos ligar para um amigo e não o fazemos, oferecemos justificativas para não termos ligado. Não percebemos o fato de que não nos importamos.
Todo incidente é um espelho no qual podemos ver a nós mesmos. Se não quisermos desvendar nosso isolamento, egoismo e reações, então não somos honestos. E, para desfazê-los, precisamos ver as coisas como elas são. Caso contrário, a correção não acontece. Negamos a dádiva da lição e desperdiçamos as oportunidades para desfazer quando confiamos na intelectualidade.
Podemos desfazer a aparência da intelectualidade? Temos de treinar nossas mentes para perceber a falsidade de nossas pressuposições e conclusões. A mente pode ser treinada para ser tão incorruptível, tão vigilante, que nada do passado possa penetrar.
O Curso diz que a compreensão não é necessária neste ponto. Nosso nível atual de compreensão é apenas intelectual, por isso não nos incomodemos com ele. O Curso dá ênfase à prática, em vez disso. Ele diz, com efeito: "A prática é a porta de entrada. Passa pela porta, não pela janela".
O que está implícito, então, na prática da lição?
Tu não precisas praticar aquilo que já compreendes. Na verdade, visar à compreensão e pressupor que já a tens seria andar em círculos.
É difícil para a mente não treinada acreditar que aquilo que ela parece retratar não existe. Esta ideia pode ser bastante assustadora e pode encontrar resistência ativa sob inúmeras formas. No entanto, isso não impede sua aplicação.
A lição diz que, em razão de nossas mentes não serem treinadas, a prática é necessária. Por isso, a prática tem de ter algo a ver com o treinamento da mente. Nossa prática é, no entanto, apenas uma forma de atividade? Até mesmo admitir que ela é seria enganador, se a admissão fosse apenas intelectual. Perceber isto, em si mesmo, é a ação. No instante em que questionas a intelectualidade e o perceber, acontece um milagre. Tu não és mais a mesma pessoa. Só precisamos ser honestos para perceber nossos enganos.
Uma mente que é treinada para sair do pensamento - mesmo que por uma ínfima fração de segundo - declara a existência da consciência. O pensamento não tem nenhum poder na presença da consciência. Se pusermos todo o nosso coração em nossas práticas, o processo de despertar começa. Mas atenção dividida não vai funcionar. É auto-engano.
A vida é mais forte do que a personalidade. Por que razão dotamos a personalidade de tanto poder? Podemos escapar de nossa escravidão a ela e ser gratos. Então, tornamo-nos criativos - o velho morre e o novo nasce.
Cada pequeno passo afastará um pouco as trevas e a compreensão finalmente virá para iluminar cada canto da mente que tenha ficado livre dos escombros que o escureciam.
Às práticas?
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