sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

"Toda 'coisa' perceptível é um produto da mente."


LIÇÃO 32

Eu invento o mundo que vejo.

1. Hoje, continuamos a desenvolver o tema de causa e efeito. Tu não és vítima do mundo que vês porque tu o inventaste. Tu podes desistir dele tão facilmente quanto o inventaste. Tu o verás ou não, conforme desejares. Enquanto o quiseres, tu o verás; quando não o quiseres mais, ele não existirá para que o vejas.

2. A ideia para hoje, como as anteriores, se aplica a teus mundos interior e exterior, que, na verdade, são o mesmo. Porém, já que os vês como diferentes, os períodos de prática para hoje incluirão duas fases novamente, uma envolvendo o mundo que vês fora de ti e a outra o mundo que vês em tua mente. Nos exercícios de hoje, tenta introduzir a ideia de que ambos estão em tua própria imaginação.

3. Mais uma vez, começaremos os períodos de prática da manhã e da noite com a repetição da ideia para hoje duas ou três vezes enquanto olhas a tua volta para o mundo que vês como fora de ti mesmo. Em seguida, fecha os olhos e olha para teu mundo interior. Tenta, tanto quanto possível, tratar ambos da mesma forma. Repete a ideia para hoje sem pressa tantas vezes quanto desejares, à medida que observas as figuras que tua imaginação apresenta para tua consciência.

4. Recomenda-se de três a cinco minutos para os dois períodos mais longos de prática, pedindo-se não menos do que três. Pode-se utilizar mais do que cinco, se achares os exercícios tranquilos. Para facilitar isto, escolhe um momento em que prevejas poucas interrupções e quanto tu mesmo te sentires suficientemente preparado.

5. Deve-se continuar com estes exercícios durante o dia tantas vezes quanto possível. As aplicações mais breves consistem em repetires a ideia devagar, enquanto examinas ora teu mundo interior, ora teu mundo exterior. Não importa qual dos dois escolheres.

6. A ideia para hoje também deve ser aplicada imediatamente a qualquer situação que possa te afligir. Aplica a ideia dizendo a ti mesmo:

Eu inventei esta situação tal como a vejo.

*

COMENTÁRIO:

Nesta sexta-feira, dia 1 de fevereiro, vamos explorar a LIÇÃO 32:


"Eu invento o mundo que vejo."

Como assim? Eu?

Mas não foi Deus que criou o mundo?

Não! Isto é parte da mitologia que aprendemos nas aulas de religião e que faz parte do sistema de pensamento do mundo, ensinado por uns com o objetivo de exercer o poder sobre outros.

De acordo com o Curso, o mundo que vemos - aparentemente caótico e desordenado, cheio de desigualdades e diferenças, onde todos lutam com todas as forças de que são capazes para, de alguma forma, adquirir mais poder, mais coisas, ou o que quer que seja que lhes passe pela cabeça como algo necessário para sua felicidade - não é criação de Deus.

Para se dizer de outro modo, de uma forma um tanto mais filosófica, se me permitem chamá-la assim, conforme ensina Wei Wu Wei:

Toda "coisa " perceptível é um produto da mente.
O que somos na condição de "coisas" é isso,
E o que somos de modo diferente de "coisas" também.

Toda manifestação, assim, é um produto da mente.
O que quer que sejamos como manifestação é um produto da mente.
O que quer que sejamos em um estado diferente de manifestado
É a própria mente.

Uma vez que a mente só está manifestada na manifestação
Ela, em si mesma, é não-manifestação.
Assim, é isso que somos em estado diferente daquele de manifestado.
Deste modo nós, seres sencientes, somos a própria mente se manifestando,
E, objetivamente, a mente se manifestando como "coisas".

A coisa-em-si, como o termo afirma, é mente.
Fenômeno, como o termo afirma, é aparência.
Não-manifestados, nós somos a coisa-em-si,
Manifestados, somos aparências (fenômenos).


Eu invento o mundo que vejo.

Enlouqueci? - vocês podem estar se perguntando.

Não, não! É o que a lição tenta nos mostrar. Se é a mente que cria aquilo que se manifesta, e se tenho o poder de mudar os pensamentos que penso, se posso escolher ver, e ver de modo diferente, então posso inventar um mundo diferente deste em que acredito viver e que me parece, por vezes, tão imperfeito.

A lição começa por chamar nossa atenção para o fato de que ela é, na verdade, uma continuação, ou o desenvolvimento, do "tema de causa e efeito".

Ela afirma que não podemos ser as vítimas do mundo que vemos, porque nós o inventamos. E, assim, de modo tão fácil quanto o inventamos podemos desistir dele. E o veremos ou não, de acordo com nossa vontade.

Enquanto o quisermos, ele se mostrará a nós. Quando não mais o quisermos, ele desaparecerá de nossas vistas.

Simples, não?

Porém, o que significa querer o mundo?

Quem já navegou por aqui antes sabe que o Curso diz que enquanto acreditarmos que há alguma coisa de valor no mundo, alguma coisa pela qual acreditamos que valha a pena lutar, essa coisa poderá nos ferir e, em geral, o fará.

Não porque ela tenha poder em si mesma para fazê-lo, mas porque nós demos a ela poder sobre nós. Ao desejá-la nós a tornamos real e ela passou a ser real para nós e nos faz acreditar que vale a pena lutar por ela, fazendo-nos, assim, perder de vista o fato de que ela é apenas uma manifestação.

Vamos ver, mais à frente, que o Curso ensina que o mundo não contém nada que queiramos.


Eu invento o mundo que vejo.

É esta ideia que explica as razões pelas quais vivemos e experimentamos o mundo da forma com que o fazemos.

Ou será que algum de nós não é capaz de perceber que todos vivemos a experiência de mundos diferentes? Onde, em que ponto o mundo em que vivo encontra eco no mundo de outra pessoa qualquer? Quem pode acreditar em um mundo ideal, manifestado, que seja capaz de dar a todos e a cada um a alegria perfeita e completa que é a Vontade de Deus para nós? 

Em uma de suas mensagens diárias, Neale Donald Walsh, autor, entre outros livros, da trilogia Conversando com Deus, diz que "há algo de errado com todas as coisas". Isto é, de qualquer modo que olhemos para o mundo existe sempre alguma coisa que não vai atender a todas as exigências de nossos egos. É por isso que buscamos aprender a - e a decidir - ver de modo diferente, porque existe um modo de olhar para o mundo que vai nos pôr em contato com a perfeição, a partir da perspectiva do espírito em nós.


Eu invento o mundo que vejo. 

E a lição nos pede para aplicarmos a ideia tanto ao mundo que vemos fora de nós quanto àquele que trazemos interiormente, pois o mundo interior é sempre a causa do exterior, que é apenas um efeito.

Ou é difícil entender que "toda 'coisa' perceptível [que se pode perceber pelos sentidos] é um produto da mente"?

Isso, esta ideia, a meu ver, torna mais fácil - quando reconhecemos a verdade eterna nela, quando a entendemos e aceitamos - abandonar qualquer julgamento que fazemos do mundo e das coisas do mundo. Todas as coisas do mundo estão sob nossa responsabilidade, por se tratarem de produtos de nossa mente.

Mesmo que pensemos que outros podem, assim como nós, produzir os efeitos que vemos, temos de reconhecer que os outros, e os efeitos que eles produzem, também são produtos de nossa própria mente.

Difícil?

Se estivermos atentos às práticas até aqui, a ideia de hoje é o desdobramento natural de tudo o que já praticamos. É ela que pode nos levar a aceitarmos a total e inteira responsabilidade por todo o mundo e por tudo aquilo que nos chega à consciência no mundo.

Às práticas? 

2 comentários:

  1. O exercício de hoje fala dos padrões idealizados, nossas máscaras, auto imagens.É preciso admitir a consciència dessa aparência não verdadeira que cada um cria sobre a realidade em que vive e sobre si mesmo. O livro propõe olhar o mundo interno e equivale a afimar: eu inventei minha auto imagem, meu eu idealizado.É lógico que surge a pergunta: " quem sou realmente?". Vamos em frente, confiando que os exercício nos levarão ao encontro de muitas verdadeiras realidades.E isso só pode ser bom, mesmo que o eu idealizado caia do trono.

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  2. Pois é, Cida.

    A pergunta básica para quem quer se conhecer é exatamente esta: Quem sou?

    Tudo começa aí.

    Obrigado por compartilhar.

    Bom fim de semana.

    Paz e bem!

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