terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Praticar para aprender o milagre da entrega


LIÇÃO 57

Hoje vamos revisar estas ideias:

1. (31) Eu não sou [a] vítima do mundo que vejo.

Como posso ser vítima de um mundo que pode ser completamente desfeito, se eu escolher fazê-lo? Minhas correntes estão soltas. Posso me livrar delas simplesmente por desejar fazê-lo. A porta da prisão está aberta. Posso abandoná-la simplesmente caminhando para fora dela. Nada me prende a este mundo. Só meu desejo de ficar me mantém prisioneiro. Quero desistir de meus desejo loucos e caminhar, enfim, na direção da luz do sol.

2. (32) Eu invento o mundo que vejo.

Eu inventei a prisão na qual me vejo. Tudo o que preciso fazer é reconhecer isto e estou livre. Eu me engano ao acreditar que é possível aprisionar o Filho de Deus. Fui cruelmente enganado nesta crença, que não quero mais. O Filho de Deus tem de ser livre para sempre. Ele é tal como Deus o criou, e não o que quero fazer dele. Ele está aonde Deus quer que ele esteja, e não aonde eu imaginava mantê-lo.

3. (33) Existe outro modo de olhar para o mundo.

Uma vez que a finalidade do mundo não é aquela que atribuí a ele, tem de haver outro modo de olhar para ele. Eu vejo tudo de cabeça para baixo e meus pensamentos são o contrário da verdade. Eu vejo o mundo como uma prisão para o Filho de Deus. A verdade, então, tem de ser que o mundo realmente é um lugar no qual ele pode ser libertado. Quero olhar para o mundo como ele é, e vê-lo como um lugar onde o Filho de Deus encontra sua liberdade.

4. (34) Eu poderia ver paz em vez disto.

Quando eu vir o mundo como um lugar de liberdade, perceberei claramente que ele reflete as leis de Deus em lugar das regras que inventei para ele obedecer. Compreenderei que a paz, não a guerra, habita nele. E perceberei que a paz também habita nos corações de todos aqueles que compartilham este lugar comigo.

5. (35) Minha mente é parte da Mente de Deus. Eu sou absolutamente santo.

Quando compartilho a paz do mundo com meus irmãos, começo a compreender que esta paz nasce do fundo de mim mesmo. O mundo para o qual olho adquire a luz do meu perdão e me devolve o brilho do perdão. Nesta luz eu começo a ver aquilo que minhas ilusões a meu próprio respeito mantinham escondido. Começo a compreender a santidade de todas as coisas vivas, incluindo a mim mesmo, e a unidade delas comigo.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 57

A primeira das ideia que vamos explorar em nossas práticas da revisão de hoje tem a ver com a forma pela qual vemos a nós mesmos, vemos o mundo e trazemos a nós as experiências que vão fazer parte de nossa vida. É:

"Eu não sou [a] vítima do mundo que vejo."

Uma chamada de atenção de Louise Hay, logo na introdução de seu livro Você Pode Curar Sua Vida, põe em xeque a ideia que o ego quer nos vender de que podemos ser vítimas de alguma coisa fora de nós no mundo. Diz Louise, referindo-se a alguns pontos de sua filosofia de vida:

"Somos todos cem por cento responsáveis por nossas experiências.
Cada pensamento que temos está criando nosso futuro.
O ponto de poder está sempre no momento presente.
Todos sofrem de culpa e ódio voltados contra si próprios.
A frase chave de todos é: 'Não sou bastante bom'.
É apenas um pensamento e um pensamento pode ser modificado.
Ressentimento, crítica e culpa são os padrões mais prejudiciais.
A liberação do ressentimento pode remover até o câncer.
Quando realmente amamos a nós mesmos, tudo na vida funcional.
Devemos nos libertar do passado e perdoar a todos.
Devemos estar dispostos a começar a aprender a nos amarmos.
A auto-aprovação e auto-aceitação no agora são a chave para mudanças positivas.
Cada uma das chamadas 'doenças' em nosso corpo é criada por nós."

Onde então a vítima?

Vê-se que a partir desta ideia é perfeitamente lógico praticar com a segunda de hoje.

"Eu invento o mundo que vejo."

É claro que se somos cem por cento responsáveis por nossas experiências, temos de ser nós mesmos a inventar o mundo que vemos, com tudo o que há nele, alegria, tristeza, dor, amor, felicidade e angústia. Porém, é preciso ficarmos atentos para o fato de que há um só e único poder. O de Deus. Tudo o que pensamos criar, que inventamos, aparentemente separados de Deus, é apenas ilusão. Para o bem ou para o mal.

Como diz Joel Golsdmith: "Enquanto não percebermos que nossos pensamentos bons não são o poder espiritual, não seremos capazes de perceber que mesmo os pensamentos maus do mundo também não são poder". O único poder é Deus.

É claro também que a partir das práticas das duas ideias anteriores, pode-se depreender que:

"Existe outro modo de olhar para o mundo."

Não cabe a nenhum de nós determinar a finalidade do mundo, uma vez que em momento algum temos todos os dados ou todas as informações de que necessitaria alguém para resolver uma questão qualquer de modo que só o bem pudesse resultar dela.

Nós nem sabemos o que pode ser o bem para nós, conforme já praticamos. Não sabemos para que serve coisa alguma neste mundo. Nem ao menos sabemos o que somos, a maior parte do tempo. Valendo-nos ainda do que diz Joel Goldsmith, é preciso ponderar que:

A verdade obtida por meio do intelecto, do cérebro, como diria Tara Singh, e que permanecer no nível da mente humana, independente de quão lógica ou razoável possa parecer, não tem nada a ver com a percepção espiritual. E é só a partir do contato com o Espírito em nós é que vamos ser capazes de descobrir, reconhecer e aceitar a verdade eterna desta terceira ideia de hoje. A verdade que pode nos colocar em contato com o Céu na terra e permitir que cheguemos mais perto da verdade a respeito de nós mesmos.

Precisamos nos decidir o quanto antes a emprestar um olhar diferente a tudo que vemos no mundo, se quisermos obter o que a quarta ideia de nossas práticas diz ser possível.

"Eu poderia ver paz em vez disto."

O que nos impede de ficar em paz? De viver a paz de espírito que só pode ser resultado da alegria e do amor pela vida que recebemos e que não tem fim?

Mateus, no Novo Testamente, dá-nos uma pista das razões por que vemos o que vemos e permitimos que o que vemos nos tire a paz nos afaste da alegria e nos cegue para o amor.

Diz ele: 

Porque o coração deste povo se tornou insensível.
E eles ouviram de má vontade,
e fecharam os olhos,
para não acontecer que vejam com os olhos,
e ouçam com os ouvidos,
e entendam com o coração, e se convertam,
e assim eu os cure.

Para Goldsmith, nisto está "toda a história do mundo humano". O mundo, que se orienta pelo sistema de pensamento de separação do ego, "não quer que [se] lhe tire o dinheiro, o poder ou a posição. O mundo tem medo de ouvir esta mensagem, por temer que possa se convencer de que a guerra não é uma necessidade e que os pânicos e as crises são inúteis". O mundo, de fato, não quer ver a paz.

Quando alcançamos a paz de espírito somos capazes de compreender que somos muito mais do que corpos e formas e sentidos. Em paz, é possível aprender, reconhecer, aceitar e pôr em prática tudo aquilo que precisamos fazer para ser no mundo uma manifestação do divino.

É a partir da experiência da paz interior que podemos praticar a última das ideias deste dia, com a confiança e a certeza de que ela é a expressão da verdade acerca de nós.

"Minha mente é parte da Mente de Deus. Eu sou absolutamente santo."

Mas qual de nós acredita nisto de si mesmo? Ou qual de nós vive a partir desta convicção: a de que é absolutamente santo? E o que significa para nós ser santo?

Ser santo não tem nada a ver com não cometer erros, com não ter dúvidas ou com não se deixar enganar pelo ego às vezes. Tem a ver, sim, com a tomada de decisão de ver de modo diferente. De ver, acima de tudo. Ser santo, do modo como acredito que o Curso entende, é aceitar-se como se é. E ser no mundo a expressão mais autêntica do divino. O que significa ser capaz de entregar ao Espírito, à Mente de Deus, tudo aquilo com que não se pode lidar.

É ser e aceitar-se por inteiro, incluindo nesta aceitação toda e qualquer experiência que se escolher e que se apresentar. Fazer como diz Eckhart Tolle:

Perdoe-se por não estar em paz.
Quando você aceita totalmente a sua falta de paz,
essa falta se transforma em paz.
Tudo o que você aceita totalmente o conduz para lá,
o leva para a paz.
Este é o milagre da entrega.

Às práticas?

Um comentário:

  1. Hellô
    Quero fazer um adendo ao meu comentário de ontem, agradecendo também a Cida Guimarães por seus comentários tão inspiradores.
    E respondendo ao Moisés quando pergunta: "Às praticas?"
    Sim, Moisés, às praticas...Já que só elas e com afinco podem nos colocar em estado de alerta buscando sempre a paz, já que somos todo o tempo "bombardeados" pelo sistema de pensamento do mundo do ego.
    Quero reafirmar o meu agradecimento ENORME a vocês que comentam e ao Moisés por nos presentear com este bálsamo diário que é este blog.
    Muita, luz, paz, amor e milagres a vocês.

    ResponderExcluir