segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Não existem palavras para descrever o que somos


LIÇÃO 35

Minha mente é parte da Mente de Deus.
Eu sou absolutamente santo.

1. A ideia de hoje não descreve o modo como te vês agora. Ela descreve, porém, o que a visão te mostrará. É difícil, para qualquer um que pense estar neste mundo, acreditar nisto a respeito de si mesmo. No entanto, o fato de não acreditar nisto é a razão para ele pensar que está neste mundo.

2. Tu acreditarás ser parte do lugar aonde pensas estar. Isto porque te cercas do ambiente que queres. E tu o queres para proteger a imagem que fazes de ti mesmo. A imagem é parte desse ambiente. O que vês enquanto acreditas estar nele é visto pelos olhos da imagem. Isto não é visão. Imagens não podem ver.

3. A ideia para hoje apresenta uma perspectiva bem diferente de ti mesmo. Ao estabelecer tua Fonte, ela estabelece tua Identidade e te descreve do modo que realmente tens de ser na verdade. Utilizaremos uma aplicação um pouco diferente para a ideia de hoje porque a ênfase para hoje está mais no que percebe do que naquilo que ele percebe.

4. Começa cada um dos três períodos de prática de cinco minutos de hoje pela repetição da ideia para ti mesmo e, depois, fecha os olhos e examina tua mente em busca dos vários tipos de termos descritivos nos quais te vês. Inclui todas as características baseadas no ego que atribuis a ti mesmo, positivas ou negativas, desejáveis ou indesejáveis, grandiosas ou humilhantes. Todas são igualmente irreais, porque não olham para ti mesmo com os olhos da santidade.

5. Na parte inicial do período de exame mental, é provável que enfatizes aquilo que consideras serem os aspectos mais negativos de tua percepção de ti mesmo. Perto da última parte do período de exercícios, no entanto, termos descritivos mais auto-elogiosos podem muito bem te passar pela mente. Tenta reconhecer que a direção de tuas fantasias a teu próprio respeito não importa. Ilusões, na realidade, não têm nenhuma direção. Elas simplesmente não são verdadeiras. 

6. Uma lista aleatória adequadas para a aplicação da ideia para hoje poderia ser a seguinte: 

Eu me vejo submisso.
Eu me vejo deprimido.
Eu me vejo fracassado.
Eu me vejo ameaçado.
Eu me vejo desamparado.
Eu me vejo vitorioso.
Eu me vejo perdedor.
Eu me vejo generoso.
Eu me vejo virtuoso.

7. Não deves pensar nestes termos de um modo abstrato. Eles te ocorrerão à medida que várias situações, pessoas e acontecimentos em que tomes parte passarem por tua mente. Escolhe qualquer situação específica que ter ocorrer, identifica o termo ou termos descritivos que acreditas serem aplicáveis a tuas reações àquela situação e usa-os para a aplicação da ideia de hoje. Depois de citares cada um, acrescenta:

Mas minha mente é parte da Mente de Deus.
Eu sou absolutamente santo.

8. Durante os períodos mais longos de exercícios, é provável que haja intervalos em que não te ocorra nada específico. Não te esforces para imaginar situações específicas para preencer o intervalo, mas apenas relaxa e repete a ideia de hoje devagar até que algo te ocorra. Embora nada do que, de fato, te ocorrer deva ser omitido dos exercícios, nada deve ser "desencavado" com esforço. Não se deve usar nem coerção nem discriminação.

9. Tantas vezes quanto possível durante o dia, escolhe uma característica ou características específicas que atribuis a ti mesmo no momento e aplica a ideia para hoje a elas, acrescentando a cada uma delas a ideia na forma indicada acima. Se não te ocorrer nada em particular, simplesmente repete a ideia para ti mesmo de olhos fechados.

*

COMENTÁRIO:

Nesta segunda-feira, dia 4 de fevereiro, vamos explorar a LIÇÃO 35.

"Minha mente é parte de Mente de Deus.
Eu sou absolutamente santo."

Para quem tem alguma questão ou dúvida acerca da forma que utilizei para traduzir o que lição diz no original - e que é diferente da versão que publicada que conhecemos - recomendo uma passada de olhos nos comentários dos dois anos passados.

Para começar nossa exploração, parafraseio uma afirmação de Alan Watts a respeito do ponto principal do tema de que trata um de seus livros - As Filosofias da Ásia -, relacionando-o ao ponto essencial de nossas práticas, que não é uma ideia, uma teoria, nem mesmo um tipo de comportamento, antes elas nos oferecem um modo de experimentar uma transformação da consciência comum de todos os dias, a fim de que fique bem claro para nós que este é o modo como, na verdade, as coisas são. Ou ainda, como diz Tara Singh, a fim de que possamos perceber a verdade eterna que há em cada uma das ideias que praticas em toda lição.

E é exatamente isso que a lição de hoje nos diz, para início de conversa. Vejamos:

A ideia de hoje não descreve o modo como te vês agora. Ela descreve, porém, o que a visão te mostrará. É difícil, para qualquer um que pense estar neste mundo, acreditar nisto a respeito de si mesmo. No entanto, o fato de não acreditar nisto é a razão para ele pensar que está neste mundo.

Não é verdade que te parece difícil acreditar em tua santidade? Neste mundo, tudo o que aprendemos nos leva a concluir exatamente o contrário disto, não é mesmo?

Além do mais o que significa santidade para ti? O que é ser santo?

Ser santo é simplesmente ser. Isto é, ser capaz de se ser o que se é em qualquer circunstância é sinal de nossa santidade. Nada mais, nada menos. Não significa mudar nada do que somos. Significa, porém, não negar nada do que somos.

Para assumirmos nossa santidade, como quer que aprendamos a lição, basta que tomemos a decisão de ver. Pois é isso, apenas nossa santidade - e a santidade do mundo e de tudo o que há nele - que a visão vai nos mostrar. Ou seja, aceitar a santidade do que somos, pode nos fazer aceitar "o mundo [inteiro e tudo o que há nele] com embevecimento, gratidão e reverência". Não uma reverência de submissão, mas uma reverência que nos coloca em sintonia com a ideia de que o mundo é tão somente um reflexo daquilo que somos.

Minha mente é parte de Mente de Deus.
Eu sou absolutamente santo.

O que nos leva a não enxergar - e por vezes a negar - o que somos na verdade é o que a lição traz a seguir:

Tu acreditarás ser parte do lugar aonde pensas estar. Isto porque te cercas do ambiente que queres. E tu o queres para proteger a imagem que fazes de ti mesmo. A imagem é parte desse ambiente. O que vês enquanto acreditas estar nele é visto pelos olhos da imagem. Isto não é visão. Imagens não podem ver.

Não é assim mesmo que nos posicionamos? Ao adotarmos para nossa vida determinadas ideias, nós as vestimos, nas roupas que usamos, nas pessoas com quem nos relacionamos, nos modos de lazer que escolhemos, na atividade profissional a que nos dedicamos e em tudo mais. Isto é, nós nos consideramos separados de outros modos de viver e, muitas vezes, nos recusamos a nos colocar na posição do outro para entender as razões que o levaram a agir desta ou daquela maneira, contrariando, ou rejeitando nosso modo particular de ver o mundo.

É preciso atenção para tudo o que fazemos, como bem diz o ditado: "o pior cego é o que não quer ver". Quando nos isolamos num ponto de vista, ou num modo de olhar para as coisas, um modo inflexível, deixamos passar muitas oportunidades de viver a alegria e de encontra a paz de espírito. Eu poderia ver paz em vez disso, lembram?

Além do mais, como diz a canção, "tudo muda o tempo todo no mundo, não adianta fugir, nem mentir pra si mesmo". Pois o mundo é apenas o resultado dos pensamentos dos que o pensam e muda de acordo com os pensamentos que escolhemos.

Minha mente é parte da Mente de Deus.
Eu sou absolutamente santo.

O que quero dizer com isso tudo está no que a lição nos oferece na sequência:

A ideia para hoje apresenta uma perspectiva bem diferente de ti mesmo. Ao estabelecer tua Fonte, ela estabelece tua Identidade e te descreve do modo que realmente tens de ser na verdade.

Na verdade, o que tu és, tua Identidade, não pode ser descrita, no sentido de que não há como definir com palavras o que cada um de nós é em Deus, com Ele - e só podemos ser n'Ele. Além disso, definir, como se sabe, é limitar. Se o que o Deus é é indefinível, por ser Ele ilimitado, isto também se aplica a nós, a mim, a ti e a qualquer ser humano, a qualquer ser vivo, animado ou inanimado, de que tenhamos notícia.

Ao Se apresentar a Moisés, no episódio bíblico da sarça ardente, Deus diz a Moisés que EU SOU é quem o instrui a falar ao povo.

É isso: EU SOU O QUE SOU. Deus simplesmente é. E tu e eu também.

Viver a experiência do mundo, a partir de um corpo dotado de sentidos que escolhe a percepção como forma de ver está muito aquém de nossa Identidade.

É por isso que a lição nos convida a praticar ver-nos tal qual nos vemos [na ilusão] e trabalhar com algumas das ideias que usamos para pensar a nosso próprio respeito. Façamos isto não de forma abstrata, mas sim trazendo à consciência as ideias que fazemos de nós mesmos, para podermos nos curar ao entendermos a verdade a nosso próprio respeito, a verdade acerca de quem somos. Pois, como a lição ensina:

Minha mente é parte da Mente de Deus.
Eu sou absolutamente santo.

Às práticas?

Nenhum comentário:

Postar um comentário