sábado, 17 de junho de 2023

Imprimir a marca da Graça divina a tudo no mundo

 

LIÇÃO 168

Tua graça me é dada. Eu a reivindico agora.

1. Deus fala conosco. Não falaremos com Ele? Ele não está distante. Ele não faz nenhuma tentativa de Se esconder de nós. Nós tentamos nos esconder d'Ele e nos enganamos. Ele permanece inteiramente acessível. Ele ama Seu Filho. Não existe nenhuma certeza a não ser esta, mas esta é suficiente. Ele amará Seu Filho para sempre. Enquanto a mente de Seu Filho permanece adormecida, Deus ainda o ama. E quando a mente dele desperta, Ele o ama com um Amor imutável.

2. Se ao menos conhecesses o significado do Amor de Deus, esperança e desespero seriam impossíveis. Pois a esperança estaria satisfeita para sempre; qualquer espécie de desespero inimaginável. A graça d'Ele é Sua resposta para todo o desespero, pois nela está a lembrança de Seu Amor. Ele não daria alegremente o meio pelo qual se reconhecer Sua Vontade? A graça de Deus é tua a partir de teu reconhecimento. E a lembrança d'Ele desperta na mente que Lhe pede o meio pelo qual seu sono acaba.

3. Hoje pedimos a Deus a dádiva que Ele preserva com o maior cuidado em nossos corações, esperando para ser reconhecida. Esta é a dádiva por meio da qual Deus se inclina para nós e nos eleva, dando Ele Mesmo o passo final para a salvação. Orientados pela Voz d'Ele, aprendemos todos os passos, menos este. Mas, finalmente, Ele Mesmo vem e nos toma em Seus Braços e varre as teias de nosso sono. Sua dádiva de graça é mais do que apenas uma resposta. Ela devolve todas as lembranças que a mente adormecida esquecera; toda a certeza do que é o significado do Amor.

4. Deus ama Seu Filho. Pede-Lhe agora para dar o meio pelo qual este mundo desaparecerá; e, em primeiro lugar, virá a visão e, apenas um instante depois, o conhecimento. Pois, na graça, vês uma luz que envolve o mundo inteiro no amor e observas o medo desaparecer de cada rosto, enquanto os corações se elevam e reivindicam a luz como sua. O que fica agora para que o Céu se atrase por mais um instante? O que ainda não se desfez, se teu perdão descansa sobre todas as coisas?

5. Este é um dia novo e santo, pois recebemos o que nos foi dado. Nossa fé está no Doador, não em nossa própria aceitação. Nós reconhecemos nossos erros, mas Ele, para Quem qualquer erro é desconhecido, ainda é Aquele Que responde aos nossos erros dando-nos o meio de abandoná-los e de nos elevarmos a Ele com gratidão e amor.

6. E Ele desce para nos encontrar, enquanto vamos a Ele. Pois o que Ele prepara para nós Ele nos dá e nós recebemos. Esta é a Vontade d'Ele porque Ele ama Seu Filho. Rezamos a Ele hoje, devolvendo apenas a palavra que Ele nos dá por meio de Sua Própria Voz, a Palavra d'Ele, Seu Amor:

Tua graça me é dada. Eu a reivindico agora.
Pai, venho a Ti. E Tu virás a mim, que peço.
Eu sou o Filho que Tu amas.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 168

Caras, caros,

Em algum ponto do Curso, no texto, a Voz afirma que pedimos muito pouco do mundo. Isto quer dizer que, em geral, a maioria de nós se contenta com pouco na ilusão que vive. Poucos são aqueles e aquelas que reivindicam mais para suas vidas. E, normalmente, mesmo dentro desta experiência ilusória de mundo que vivemos, são esses poucos e essas poucas que vivem, a seu modo, a Vontade de Deus para nós, de alegria e paz completas.

A razão para tal afirmação no ensinamento é o fato de que, como outra das coisas que ele diz, "não existe nada fora" de cada uma, de cada um de nós. Isto é, o mundo só existe para cada uma e para cada um de nós como representação daquilo que trazemos dentro. Assim ele é, para cada uma e para cada um de nós, exatamente como queremos que ele seja. Percebem?

Não um mundo que seja igual a outro. E a experiência de mundo que vivemos, cada uma e cada um de nós, mesmo que não tenhamos consciência disso, é sempre a que escolhemos.

É por esta razão que precisamos praticar a ideia que Curso traz para hoje com toda a nossa capacidade de compreensão e com toda a abertura de que dispusermos para aceitarmos que nós, cada uma e cada um de nós, somos o mundo todo. Nós o criamos a partir da graça que aceitamos ou não como nossa. E podemos acessar a graça sempre que o quisermos. Basta pedir. E aceitá-la.

"Tua graça me é dada. Eu a reivindico agora."

A ideia para as práticas de hoje, como, em geral, cada uma das que praticamos com o Livro de Exercícios, lição após lição, oferece mais uma vez a oportunidade do contato com nossa herança legítima de Filhos de Deus, conforme eu já disse muitas outras vezes. 

E, repetindo a pergunta que já fiz também outras vezes: o que é preciso fazer para tomar posse desta herança?

Há uma parte do texto que diz literalmente: "tu não precisas fazer nada". O que isso quer dizer, na prática? Que podemos cruzar os braços, deitar numa rede, sentar num sofá ou deitar numa cama e esperar que tudo o que nos pertence por direito caia do Céu?

Não, não e não! 

Isso não significa que podemos nos sentar simplesmente e esperar que a solução para tudo caia do Céu. Apesar de, ao mesmo tempo, poder significar exatamente isto para aqueles que acreditam, de fato, que não é preciso fazer nada, que é só deixar que a vida os leve. Por que não? 

Entretanto, o que podemos pensar a respeito da afirmação de que não é preciso fazer nada, a partir de qualquer experiência por que tenhamos passado, é que o "não fazer nada" do Curso não é exatamente a mesma coisa que o ego pensa a respeito de "não fazer nada". Não é um "não fazer nada" passivo. É ativo. No seguinte sentido:

Um "não fazer nada" ativo pelo que entendo é aquele que, a partir de nossa consciência do espírito em nós, no contexto do ensinamento do Curso, envolve não utilizar as intenções do sistema de pensamento do ego nem para planejar, nem para "fazer" as coisas que ele nos pede que façamos por nós mesmos/as. Quer dizer, sem estarmos antes sintonizados/as ao divino em nós. Vejam a este respeito o capítulo 30, de onde tirei o nome deste blogue. Logo após a introdução do capítulo, ele traz o subtítulo Regras para decisões, que talvez sirva para nos ajudar a entender o que significa "não fazer nada" para o ensinamento. 

Não podemos nos deixar enganar pelo que o ego nos apresenta na forma e pensar que vivemos em um mundo que necessita de reparos. E, para tanto, de planejamento. Um mundo que homens e mulheres precisam mudar. Um mundo em que o que vemos a cada instante é apenas uma grande confusão gerada por erros enormes de todos os que viveram antes de nós e por erros maiores ainda daqueles que vivem este tempo conosco, e que não aprenderam nada com os erros dos que vieram antes. E pensar até mesmo que aqueles que virão depois de nós vão continuar a cometer os mesmos erros que já foram cometidos ao longo do tempo. Aliás, entre outras coisas, o Curso afirma também que a história só existe porque continuamos a cometer os mesmos erros. Ou seja, a história não é nada mais do que uma sucessão de erros. E, se pensarmos bem, os acertos não são considerados importantes, uma vez que o sistema de pensamento do ego dá sempre a maior atenção para o erro, para o conflito, para o ataque, para o julgamento e para tudo o que pode servir para lhe conferir existência.

Em meu modo de ver, o "não fazer nada" do ego - o "não fazer nada" passivo - é o entregar-se à ideia de que não importa o que façamos, nada irá mudar, pois só o que pode mudar é a ilusão. Não importa quão boas e nobres sejam as nossas intenções, o mundo e todos e tudo nele estão condenados, no melhor dos sentidos, à verdade. 

Para o ego, as coisas, na ilusão, só vão piorar ou melhorar, às vezes, para piorar depois vezes sem conta, ad infinutum, independentemente do que cada um ou cada uma fizer, pois somos, todos, todas, cada um e cada uma de nós, apenas partes insignificantes de um universo muito maior sobre o qual não temos a menor influência. Tudo dentro da ilusão de mundo que o falso eu nos mostra.

Para o Curso, no entanto, em meu modo de ver, o "não fazer nada" - o ativo - é reconhecer o que a lição de hoje nos convida a praticar. "Não fazer nada" é, pois, reconhecer que somos herdeiros legítimos e naturais da graça divina. E reconhecer que a merecemos e que podemos reivindicá-la. Até porque para viver a graça, ou na graça, é preciso que a queiramos. Ou, como dizia uma lição anterior, é reconhecer que estamos encarregados "das dádivas de Deus". O "não fazer nada" ativo é, portanto, reivindicar esta graça, para aprender a olhar para o mundo de modo diferente. E ver nele, e em tudo o que existe, a marca da graça de Deus, impressa pelo nosso olhar amoroso. 

Estendendo ainda um tantinho mais este comentário, creio que é possível dizer também que o "não fazer nada" a que o Curso se refere tem a ver com curar a percepção, com acordar, da forma que Goldsmith traz para a nossa reflexão em seu livro A Arte de Curar pelo Espírito, em que ele diz:

Acordar.
É esta a natureza da cura espiritual. Se estiveres lutando contra alguma forma de pecado, de desejos falsos, doença, pobreza, desemprego, ou infelicidade, para de lutar e acorda. Acorda para tua verdadeira identidade. Tu não és um nadador em mar profundo; tu não és um sofredor em pecado e doença: Tu és a consciência de Cristo, uma criança de Deus, e, com tua luta, perpetuas precisamente o erro contra o qual lutas. 

Às práticas?

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