quarta-feira, 25 de maio de 2022

Para não ficarmos perdidos nas ilusões deste mundo

 

LIÇÃO 145

Minha mente contém só o que penso com Deus.

(129) Além deste mundo há um mundo que eu quero.

(130) É impossível ver dois mundos.

*

COMENTÁRIO: 

Antes de nos debruçarmos sobre as ideias para a revisão de hoje, antes da exploração de cada uma delas, vamos voltar nossa atenção mais uma vez por alguns instantes para uma questão a respeito da dor e de sua realidade, postada há alguns anos por nosso colega e companheiro de jornada, David, ao comentar a respeito da lição 142 e da anterior, e de seus comentários. 

Óbvio é que, para a maioria de nós, estudantes do Curso, como o próprio David reconhece, quase todas as nossas experiências dizem respeito na maior parte do tempo à ilusão de que vivemos num mundo [se não estivermos vivendo a experiência de um "instante santo", se não estivermos no aqui e agora, inteiramente imersos/as no momento presente]. Neste mundo que, se pensarmos bem, só pode ser ilusório, uma vez que ele não bate em praticamente nenhuma de suas características com qualquer mundo em que viva qualquer uma das cerca de 8 bilhões de pessoas que o dividem conosco. Ou haverá algo comum no mundo que pensamos viver com qualquer outro mundo em que viva algum de nossos semelhantes, nossos contemporâneos, hoje? Com o mundo em que vive David, por exemplo? 

Numa tentativa de resposta, o que posso dizer é que a experiência da dor, David, como toda e qualquer outra experiência que se apresenta em nossa vida, é também uma escolha que fazemos. Seja ela uma dor física, em função de uma doença, ou de um acidente, seja ela uma dor psicológica, uma angústia, uma depressão, ou outra qualquer do gênero. [Talvez seja interessante voltarmos às lições 135 e 136, entre outras, que nos dá o significado da doença, na visão do ensinamento.]

É claro que ela é "real", por assim dizer, para quem a sente. No entanto, se já aprendemos que somos nós que criamos e construímos o mundo e as experiências que queremos viver nele, certamente seremos capazes de assumir 100% da responsabilidade por tudo o que acontece em nossa vida. É isso que pode nos dar a possibilidade de fazer escolhas diferentes, quando os resultados das que fizemos nos afastam da alegria, que é nossa condição natural. 

Então, David e colegas, a dor pode acontecer e ser inevitável em algum momento em nossa vida. Porém, não podemos nos identificar com ela, podemos escolher não transformá-la em sofrimento, acreditando em sua terrível realidade e nos deixando abater por ela. Ela, na verdade, não tem nunca nenhum poder, a não ser aquele que damos a ela. 

Ramana Maharshi, que faz parte mais uma vez deste comentário logo abaixo, passou os últimos longos anos de sua vida no corpo, acometido de uma doença que causaria uma dor insuportável dia após dia a qualquer ser humano comum, não desperto, segundo todos os médicos que o examinaram. No entanto, pelo que dizem os que o conheceram e escreveram sobre ele ao longo dos anos, ele nunca se queixou em momento algum. Espero que estas observações lhe sirvam de algum auxílio, David, e fique à vontade para continuar a conversa, se achar necessário. 

Vamos, então, à exploração da nossa lição de hoje.


Explorando a LIÇÃO 145

"Minha mente contém só o que penso com Deus."

Além deste mundo há um mundo que eu quero.

É impossível ver dois mundos.

As ideias que revisamos hoje são a sequência natural das ideias da revisão de ontem. Abrem nova porta para entrarmos em contato com a verdade a respeito do que vemos a partir da percepção do corpo e dos sentidos. Permitem que nos debrucemos sobre nossas escolhas para refletir a respeito do que nos mantém presos/as a este mundo. O que há nele que ainda queiramos? A que estamos apegados? 

São as práticas com estas duas ideias que podem explicar e nos fazer ver a razão pela qual não há nada que, de fato, queiramos neste mundo. Ele não é verdadeiro. Pelo menos não da maneira como o percebemos.

Elas também servem para assegurar que não nos sintamos perdidos em um mundo que é apenas fruto de uma ilusão da percepção equivocada. Uma percepção que tem por ponto de partida a crença na possibilidade de uma existência separada daquilo que somos verdadeiramente e, por consequência, separada de Deus e apartada de todas as manifestações d'Ele.

A segunda das ideia de nossa revisão de hoje, ao garantir que não é possível ver dois mundos, nos assegura a existência de apenas um mundo verdadeiro: aquele que está além do que vemos na ilusão e que é o que queremos.

E, mais uma vez - para nos lembrarmos -, o que o Curso nos pede não é que desistamos deste mundo, mas que o troquemos por um mundo muito mais satisfatório, mais pleno de alegria. Um mundo que pode nos oferecer a paz. Para tanto, basta escolhermos mudar nossa forma de pensar a respeito deste mundo que vemos. Como todos já aprendemos, não há nada a mudar fora de nós. Qualquer mudança só é possível a partir do interior. É só dentro que precisamos mudar.

Precisamos nos lembrar também de que o mundo que vemos apenas reflete nossa forma de pensar, que, por sua vez, é influenciada por nossas crenças, para se tornar o reflexo de nossa escolha do que queremos ver. É só a partir de um ponto de vista equivocado que podemos pensar em mundo no qual possam existir o ódio e o amor ao mesmo tempo.

As práticas ensejam a mudança na forma de pensar, de que precisamos para limpar nossa consciência do auto-engano a que nos induz o sistema de pensamento do falso eu, em que este mundo de ilusões se baseia.

Às práticas, pois!
 

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