sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

O único estado que existe é o que vivemos. Agora!

 

LIÇÃO 22

O que vejo é uma forma de vingança.

1. A ideia de hoje descreve de forma precisa o modo com que uma pessoa que alimente pensamentos de ataque em sua mente tem de ver o mundo. Ao projetar sua raiva no mundo, ela vê a vingança prestes a cair sobre si. Assim, seu próprio ataque é percebido como auto-defesa. Isto se torna um círculo vicioso crescente até ela estar disposta a mudar seu modo de ver. Caso contrário, pensamentos de ataque e de contra-ataque a perturbarão e povoarão o mundo inteiro. Que paz de espírito é possível para ela, então?

2. É desta fantasia cruel que queres escapar. Não é uma boa notícia ouvir que isto não é verdade? Descobrir que podes escapar não é uma descoberta feliz? Tu construíste aquilo que queres destruir; todas as coisas que odeias e queres atacar e matar. Tudo aquilo de que tens medo não existe.

3. Olha para o mundo ao teu redor pelo menos cinco vezes hoje por, no mínimo, um minuto a cada vez. Enquanto teus olhos se moverem lentamente de um objeto para outro, de um corpo para outro, dize a ti mesmo:

Eu vejo apenas o perecível.
Eu não vejo nada que vá durar.
O que vejo não é real.
O que vejo é uma forma de vingança.

Ao final de cada período de prática, pergunta a ti mesmo:

Este é o mundo que realmente quero ver?

A resposta certamente é óbvia.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 22

Antes de passarmos à exploração propriamente dita da lição, quero agradecer mais uma vez as manifestações de todas as colegas e de todos os colegas, que continuam a compartilhar suas impressões e a praticar as lições juntamente com todos os/as anônimos/as e não-anônimos/as que passeiam por este espaço, quer diariamente, quer de forma esporádica. E também à manifestação de quem anda por aqui pela vez primeira e resolve deixar uma mensagem contendo sua impressão, seu entendimento.

Como está dito na abertura do blogue, em 21 de janeiro de 2009, conforme a repetição da primeira postagem feita ontem para quem não esteve por aqui desde o início, o objetivo para a criação deste espaço foi, e continua a ser, exatamente a troca de ideias a respeito das lições e do Curso, e de todo o seu ensinamento, além, é claro, o de possibilitar o acesso de todos e de todas a um só lugar onde as lições se apresentem dia a dia, com um comentário, cuja intenção é ser um facilitador, para melhor entendimento dos pontos principais da lição a cada dia, todos os dias. Para o entendimento dos pontos centrais do ensinamento e de sua aplicação em nossas vidas, no dia a dia.

Assim, muito obrigado ao David, que no passado comentou a lição do dia 19 de janeiro, dizendo que "é tão difícil não julgar... mas [que] sem dúvida... não julgar é o grande salto para a compreensão da união [unidade] de todos nós". 

Só para ilustrar mais uma vez, repetindo uma pequena reflexão a respeito do que ele diz, precisamos pensar, lembrar, ter em mente, que somos nós mesmos - cada um e cada uma de nós a seu modo - que fazemos este mundo e escolhemos as experiências que queremos viver.

Como fazemos isso? A partir de nossos pensamentos, de nossas crenças. São nossos pensamentos que criam as experiências por que escolhemos passar, por maior que seja a resistência que tenhamos em aceitar isto. O mundo, e tudo o que há nele, faz parte da esfera de nossa responsabilidade pessoal. Não tem nada ver com Deus nem com ninguém que não nós mesmos, nós mesmas. Porque não há nada fora. 

Assim, é claro que, se eu penso - ou algum ou alguma de nós pensa - que "é tão difícil não julgar", é este pensamento que vai criar as experiências que vão me/nos fazer julgar, ou que vão me/nos dar argumentos [ao ego em mim, em nós] para justificar meus/nossos julgamentos, pois minha/nossa crença se faz revelada na expressão "é tão difícil não julgar". 

Percebem, como nós criamos para nós mesmos as armadilhas em que nos colocamos?

Agradeço também a Eliane e a Nina, por todos os comentários, confirmando que continuam conosco. E a Lena que também comentou uma ou outra lição, dizendo-se perceber, em 2014, diferente da Lena de 2013, ao praticar mais uma vez as lições. Provavelmente, se ela continua conosco, o que acredito ser verdadeiro, o mesmo deve ter se dado em relação às práticas de 2015 e 2016, que devem ter trazido à tona uma nova Lena, para viver o ano de 2017 - não me lembro se houve algum comentário seu em 2018, Lena. Em 2019 tivemos o prazer de refletir a respeito de vários comentários de colegas que resolveram abrir suas impressões e compartilhá-las conosco. O ano passado, 2020 - o ano da pandemia, que ainda não acabou - também trouxe comentários variados durante uma e outra lição ao longo do tempo. Sou grato a todas e todos que comentam. Lembrem-se, por favor, de que quanto mais nos tornamos conscientes de nós mesmos/as e de nosso papel de "salvadores do mundo" tanto maior é nossa responsabilidade para com todos e todas os/as que povoam este mundo ilusório conosco. Mais importante é que sejamos capazes de viver "o sonho feliz", deixando que o aparente "pesadelo" que nos oferece o mundo e o sistema de pensamento do ego se vá.

É claro que também sou enormemente agradecido a todos e todas que visitam o blogue, mesmo quando não fazem comentários, ou mesmo quando fazem sua visita anonimamente. Espero que ele dê a todos e todas a oportunidade de tomarem sua própria decisão de entrar em contato com o ensinamento do Curso, que oferece uma forma diferente de busca do autoconhecimento, do conhecimento do divino que nos habita. 

Cida tem sido uma parceira constante em seus comentários e contribuições. Preciso lembrar também da Paula, que fez um primeiro comentário há pouco [e lá já se vão quase três anos]. O Murilo, que se juntou a nós recentemente. Há ainda a Majô, que respondeu "presente" pelo WhatsApp e a Maria José, nossa colega, que de vez em quando comenta a lição ou faz alguma pergunta a respeito dela por e-mail. David, este ano, ainda não respondeu presente em comentário, mas acredito que ele continua conosco. E se esqueci alguém, além também dos que já citei em comentário anterior, peço que relevem e me perdoem. Ou se manifestem.

E, mais uma vez, para explorar a ideia para as práticas de hoje, vou me valer, entre outros, do comentário que fiz neste espaço em 2009, quando estava apenas começando e quando os comentários e o blogue ainda não tinham a forma que têm hoje. Que lhes parece? Estão dispostos, mais uma vez, a voltar no tempo - que não existe - e trazer à luz aquilo de que se falou para, quem sabe, começarmos a praticar ver as coisas de modo diferente? 


"O que vejo é uma forma de vingança."

Curso pede:

Olha para o mundo ao teu redor pelo menos cinco vezes hoje por, no mínimo, um minuto a cada vez. Enquanto teus olhos se moverem lentamente de um objeto para outro, de um corpo para outro, dize a ti mesmo:

Eu vejo apenas o perecível.
Eu não vejo nada que vá durar.
O que vejo não é real.
O que vejo é uma forma de vingança.

Como se dá este tipo de visão? Como ela, a visão, funciona?

Podemos pensar em explicar a fisiologia do ver, quais são os mecanismos que o corpo, a partir dos comandos do cérebro, ativa para que nós, todos e todas que desfrutamos de uma visão saudável, vejamos. Mas este não é o caso, eu diria. Porque a visão de que o Curso fala é aquela de que a maioria de nós se esquiva. Quer dizer, um grande número de pessoas no mundo - e põe grande nisso - tem muito medo de olhar para si, para dentro, por acreditar, por pensar mal a respeito de si. Por terem sido criadas e fazerem seu aprendizado do mundo a partir da crença na imperfeição e no pecado, ou por terem sido maltratadas por famílias disfuncionais e por pessoas mal intencionadas ao longo de seu crescimento. Além, é claro, de terem sido influenciadas pelo meio onde cresceram e se desenvolveram.

É óbvio que, para a visão de que o Curso fala, que não tem a ver a capacidade de ver dos olhos do corpo, sem o conhecimento de que nossos pensamentos não significam coisa alguma, pensamos poder atribuir a eles, e ao que vemos a partir deles, todo o significado que têm para nós. E é óbvio também que, sim, é isto o que fazemos. E, porque acreditamos que é só deste modo que o mundo funciona, acreditamos também que é só assim que podemos agir. Projetando nossos pensamentos sobre o mundo e vendo-os se materializarem do jeito que queremos ou, numa grande maioria de vezes, do jeito que não queremos. Outras do jeito que pensamos querer. Ou mesmo projetando-os sem saber, inconscientes de que é a partir do que pensamos que as experiências se apresentam em nossa vida. Ou, noutras ainda, reclamando por esta ou aquela situação "desagradável" se ter materializado, como se ela não tivesse sido uma escolha nossa. 

O que vejo é uma forma de vingança.

Ou não é isso que nos leva a dizer: "Bem feito! Eu bem que avisei que era isso que ia acontecer.", quando alguém a quem demos um conselho, ou uma opinião, e que se recusou a nos ouvir, se dá mal? Isso não um ataque?

A lição diz:

A ideia de hoje descreve de forma precisa o modo com que uma pessoa que alimente pensamentos de ataque em sua mente tem de ver o mundo. Ao projetar sua raiva no mundo, ela vê a vingança prestes a cair sobre si. Assim, seu próprio ataque é percebido como auto-defesa. Isto se torna um círculo vicioso crescente até ela estar disposta a mudar seu modo de ver. Caso contrário, pensamentos de ataque e de contra-ataque a perturbarão e povoarão o mundo inteiro. Que paz de espírito é possível para ela, então?

Lembram-se do que eu disse nos últimos anos? Não, não, é claro que não precisam lembrar. Esta é apenas uma pergunta retórica. Mas alguns, algumas, de vocês, quem sabe?, aqueles e aquelas que levam as práticas a sério, podem talvez já ter experimentado alguma diferença em seu modo de viver, em seu modo de se relacionar com o mundo e com as pessoas com quem convivem, a partir do que o ensinamento traz.

Por que razão vocês imaginam que insistimos tanto em manter um ponto de vista, uma forma de pensar que nos foi ensinada e que só faz impedir que vivamos a paz de espírito que nos colocaria de forma permanente no céu? De quem imaginam que temos de nos vingar? Do passado? Do futuro? De maus tratos que sofremos na infância, na adolescência ou mais tarde, após nos termos tornado adultos, quando embarcamos na viagem a que estamos todos destinados como responsáveis por nós mesmos, pela nossa própria manutenção e sustento em um mundo absolutamente competitivo, em que não se pode dar lugar à alegria, à atenção e cuidado para com o outro, sob pena de termos nosso tapete "puxado", ou de sermos taxados de bobos, ingênuos e outros adjetivos similares?

Como eu disse lá, em 2009 ainda, a "mudança" necessária para que vejamos o mundo de forma diferente não é um estado para ser obtido, ou perseguido e alcançado em muitas vidas. No tempo. Pode-se [é possível!] consegui-la instantânea e imediatamente. Num piscar de olhos. Ela depende apenas de uma decisão, de nossa decisão, a de cada um e cada uma de nós. Depende de se buscar um estado de atenção permanente a nós mesmos/as. Ao que somos e ao que vivemos, e ao que criamos a partir do que somos, ou seja, a partir do estado de atenção. Ao que sentimos em nosso contato particular com o mundo que criamos e recriamos a cada instante, a cada nova informação, a cada experiência nova. 

A "mudança", quando nos decidimos por ela, provê um estado de "iluminação" constante e permanente que se pode, sim!, alcançar pela consciência de que não existe, para nenhum de nós, para nenhuma de nós, um estado diferente daquele que vivemos agora. Quer dizer, e isto é tão importante que é o título da postagem, o único estado que existe de fato é o que vivemos agora, seja qual for ele. Todos e todas vivemos a cada instante apenas aquilo que nos é dado viver, a partir das escolhas que fazemos, das crenças e dos pensamentos que usamos para construir nossa experiência de mundo e o próprio mundo. Ou, dito de outra forma, o estado que vivemos agora - seja no momento ou no lugar que for - é o único que existe.

O que vejo é uma forma de vingança.

Enquanto não escolhermos e decidirmos, de fato, ver de modo diferente, o que o mundo vai nos mostrar é apenas uma forma de vingança, nossa própria vingança contra o mundo e contra todos e todas no mundo, que justifique e devolva o ataque que fazemos, ou que pensamos ter recebido. Um ataque que pensamos fazer a outro(s), outra(s), mas que, na verdade, só fazemos a nós mesmos, a nós mesmas.

Aproveitando ainda parte do que eu disse nos últimos anos: quando iremos aprender que esta guerra absurda e inconsequente que travamos - uns e umas mais, outros e outras menos - contra o mundo é apenas reflexo de conflitos interiores, resultantes de nossa não-aceitação do papel que nos cabe como filhos e filhas de Deus, seres que carregam o divino em si?

E o Curso ensina:

É desta fantasia cruel que queres escapar. Ouvir que isto não é verdade, não é uma boa notícia? Descobrir que podes escapar não é uma descoberta feliz? Tu construíste aquilo que queres destruir; todas as coisas que odeias e queres atacar e matar. Tudo aquilo de que tens medo não existe.

Por isso precisamos olhar para o mundo e, atentos, aplicar a ideia a cada coisa que vemos, questionando-nos, depois de declarar que o que vemos não é real e que é apenas uma forma de vingança, como a lição aconselha: 

Este é o mundo que realmente quero ver?

Às práticas?

2 comentários:

  1. A sabedoria do Curso.
    Essa lição me marcou porque
    quando passei por ela pela primeira vez em 2016, ao declarar que o que vejo é uma forma de vingança, inesperadamente, isso me pareceu tão verdadeiro! Mais tarde naquele dia, experimentei algo sem precedentes em minha vida. Fui agraciado por uma visão tão nítida! Tão clara do mundo à minha volta. Tudo parecia tão belo. Isso durou apenas alguns segundos, mas foi suficiente para me fazer valorizar o que eu tinha em mãos.
    Ver o mundo como uma forma de vingança foi claramente verdadeiro. Era uma pessoa tensa, inflexível. Disciplina rígida por auto-imposição, tendo como meta habilidades e posses conquistadas pelo fazer. Isso me isolava dos outros, e me fazia sentir dor. Ainda faz. Tenho uma dor na nuca que já foi absurdamente dolorosa, uma benção. Ela tem sido o meu guia, a minha salvação. Mas não foi sempre assim, eu já olhei para ela como inimiga e descobri que dessa forma, aumentava a sua força e presença.

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  2. Moises
    Peço que dê uma olhada na ilustração que fiz para a lição de hoje, no link abaixo:
    https://drive.google.com/folderview?id=1JW5q_exaGC0AoWOpng9lpF-sDAfNrxfb

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