quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

As coisas vistas a partir dos sentidos nada significam

 

LIÇÃO 28

Acima de tudo quero ver as coisas de modo diferente.

1. Hoje damos, de fato, aplicação específica à ideia de ontem. Nestes períodos de prática, assumirás uma série de compromissos definidos. Não nos interessa agora se os cumprirás no futuro. Se ao menos estiveres disposto a assumi-los agora, deste início ao movimento para mantê-los. E nós ainda estamos no começo.

2. Podes te perguntar por que é importante dizer, por exemplo, "Acima de tudo quero ver esta mesa de modo diferente". Ela não é absolutamente importante em si mesma. Mas o que é por si mesma? E o que significa "em si mesma"? Tu vês muitas coisas separadas a tua volta, o que, de fato, significa que não estás vendo em absoluto. Tu vês ou não. Quando vires uma única coisa de modo diferente, verás todas as coisas de modo diferente. A luz que verás em qualquer uma delas é a mesma que verás em todas.

3. Quando dizes, "Acima de tudo quero ver esta mesa de modo diferente", estás assumindo um compromisso de retirar todas as ideias preconcebidas acerca da mesa e de abrir tua mente para o que ela é e para que ela serve. Tu não a estás definindo em termos passados. Estás perguntando o que ela é, em lugar de lhe dizer o que ela é. Não estás amarrando seu significado a tua experiência diminuta com mesas, nem estás limitando o propósito dela a tuas ideias pessoais insignificantes.

4. Tu não questionarás aquilo que já definiste. E a finalidade destes exercícios é fazer perguntas e receber respostas. Ao dizeres, "Acima de tudo quero ver esta mesa de modo diferente", estás te comprometendo a ver. Não é um compromisso exclusivo. É um compromisso que se aplica tanto à mesa quanto a qualquer outra coisa, nem mais nem menos.

5. Poderias, de fato, obter a visão simplesmente a partir dessa mesa, se estivesses disposto a retirar todas as tuas ideias particulares a respeito dela e a olhar para ela com uma mente completamente aberta. Ela tem algo para te mostrar; algo belo e puro e de valor infinito, cheio de felicidade e esperança. Escondido sob todas as tuas ideias a respeito dela está seu propósito verdadeiro, o propósito que ela compartilha com todo o universo.

6. Portanto, ao usares a mesa como um sujeito para aplicar a ideia para hoje, tu estás realmente pedindo para ver o propósito do universo. Farás este mesmo pedido a cada sujeito que usares nos períodos de prática. E assumes o compromisso com cada um deles de permitir que seu propósito te seja revelado, em lugar de colocar teu próprio julgamento sobre ele.

7. Teremos seis períodos de prática de dois minutos hoje, nos quais primeiro se declara a ideia de hoje e, em seguida, se aplica a ideia a qualquer coisa que vejas ao teu redor. Os sujeitos não só devem ser escolhidos aleatoriamente, mas deve-se atribuir a cada um a mesma sinceridade enquanto se aplica a ideia de hoje a ele, em uma tentativa de reconhecer o valor igual deles todos em sua contribuição para teu ver.

8. Como de costume, as aplicações devem incluir o nome do sujeito que, por acaso, teus olhos encontrarem e deves fixar teus olhos nele enquanto dizes:

Acima de tudo quero ver este _________ de modo diferente.

Cada aplicação deve ser feita bem devagar e tão refletidamente quanto possível. Não há pressa.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 28

Como já havíamos visto antes, é preciso que explicitemos nossa decisão de ver e que saibamos da necessidade de mudar a maneira com que olhamos para o mundo e para as coisas e pessoas todas do mundo. Para sermos, de fato, capazes de ver acima de tudo. E de, acima de tudo, vermos as coisas de modo diferente.

Aprendemos já que o significado e o valor de todas as coisas que vemos, e que percebemos também com os outros sentidos do corpo, não pode ser percebido quando olhamos para elas a partir dos filtros que nos oferece o ego, ou "o grande impostor". 

É por isso também que julgo ser interessante que nos disponhamos a comentar a respeito das lições que praticamos. Pois cada uma delas "pega" a cada um, a cada uma, de nós de um modo diferente. E se compartilharmos o modo com que vemos as práticas e aquilo que elas nos trazem há grande chance de que nossa experiência sirva para iluminar os caminhos de muitos e muitas dos/das que vão conosco. 

Agradeço, por isso, mais uma vez pelos comentários de Cida, Eliane, Nina, David, Lena, Murilo, Paula, Elza e por todos/as quantos/as já conseguiram postar seu comentário aqui ou que expressaram uma opinião ou dúvida via mensagem. Continuo, do mesmo modo, a agradecer a visita de todos e de todas que passam por aqui e não comentam.

De acordo com David Hawkins, que já citei aqui:

A prontidão para iniciar a jornada não pode ser forçada; e também não se pode criticar as pessoas se ela [a prontidão] ainda não aconteceu para elas. O nível de consciência tem de ter avançado até o estágio em que tal intenção seja significativa e atraente. Uma vez inspirado, um buscador com frequência irá além de todas as conveniências e estilos de vida costumeiros e sacrificará [no sentido de que ele será capaz de abandonar sem nenhum sacrifício qualquer apego] qualquer coisa que fique no caminho. 

Sempre podemos nos enganar ou nos deixar enganar pelo ego. O importante é que saibamos que qualquer erro tem sempre a possibilidade de correção, desde que não o transformemos em "pecado", algo que não existe para o Curso. E que não existe na verdade. A não ser na experiência ilusória de um mundo condenado por aqueles e aquelas que desde tempos remotos se decidiram a exercer um poder ilegítimo sobre seus semelhantes.

Dito isto, então, passemos a explorar juntos a lição e a ideia para as práticas de hoje.

"Acima de tudo quero ver as coisas de modo diferente."

O que pode significar para cada um e cada uma de nós esta afirmação, a afirmação desta ideia, que dá titulo à lição de que nos ocupamos e se oferece as nossas práticas? Pensemos por alguns momentos. Façamos uma pequena pausa. Vamos suspender por um instante os pensamentos e ficar apenas com a ideia: Acima de tudo quero ver as coisas de modo diferente.

Por quê? Para quê?

A que isso vai me levar? Não estou feliz assim como estou? Não estou satisfeito com minha vida da forma como a percebo e vivo?

Não!?

O que precisa mudar? As pessoas? As coisas? Os acontecimentos? O mundo? Eu?

Não é só a alegria que experimento em todas as situações por que passo? Não é apenas a paz de espírito que me guia em todas as circunstâncias em meus relacionamentos com as pessoas, coisas e acontecimentos do mundo? Não é a certeza de que já estou salvo/a e de que todos e todas nós também já estamos salvos/as, porque continuamos a ser como Deus nos criou?

Não!? 

O que preciso mudar?

A lição traz o seguinte, para começar:

Hoje damos, de fato, aplicação específica à ideia de ontem. Nestes períodos de prática, assumirás uma série de compromissos definidos. Não nos interessa agora se os cumprirás no futuro. Se ao menos estiveres disposto a assumi-los agora, deste início ao movimento para mantê-los. E nós ainda estamos no começo.

Podemos perceber que não há razão para eu (ou qualquer um ou qualquer uma de nós) me preocupar agora com o que vai acontecer depois - no futuro, um tempo que ainda não existe -, a partir de minha (nossa) tomada de decisão. Basta-me [e é o que basta também a cada um e a cada uma de nós], no momento, neste exato momento, estar disposto/a a assumir este compromisso:

Acima de tudo quero ver as coisas de modo diferente.

Existe algum motivo para eu querer mudar minha forma de ver, meu olhar sobre o mundo, sobre as pessoas, coisas e acontecimentos do, e no, mundo?

Sem dúvida, se pensar com um pouco mais de cuidado do que habitualmente, parece-me que poucas vezes experimento a alegria plena, a paz perfeita e completa - a certeza da salvação -, que são, no dizer do Curso, a Vontade de Deus para mim, assim como também para cada um e cada uma de nós. E para todos e todas nós. É diferente para algum/a de vocês? Vocês vivem a alegria e a paz e para a alegria e para a paz? Todos os dias? Os dias todos?

Então, posso concluir, meu modo de ver, em geral, me afasta da alegria. Impede-me de viver a apenas a paz.

Justifica-se, pois, o que a lição explica a seguir:

Podes te perguntar por que é importante dizer, por exemplo, "Acima de tudo quero ver esta mesa de modo diferente". Ela não é absolutamente importante em si mesma. Mas o que é por si mesma? E o que significa "em si mesma"? Tu vês muitas coisas separadas a tua volta, o que, de fato, significa que não estás vendo em absoluto. Tu vês ou não. Quando vires uma única coisa de modo diferente, verás todas as coisas de modo diferente. A luz que verás em qualquer uma delas é a mesma que verás em todas.

É por isso! Porque estou cego/a a maior parte do tempo. Não percebo o significado da unidade porque estou preso à crença em uma separação que, em realidade, não pode ser verdadeira. Já tive experiências da unidade. Já experimentei momentos em que tudo - aparentemente do nada - pareceu fazer sentido. E fez.

Como posso dizer que sei disso? Porque, sem sombra de dúvida, já vivi momentos de plena alegria. Esquecido/a de qualquer separação ou julgamento. E já naveguei pela vida ao sabor das ondas de uma paz de espírito que só se pode dever à certeza - naqueles momentos pelo menos - de que me entreguei à Vontade de Deus em mim, abandonando quaisquer preconceitos. Quem nunca?

Não estará aí uma boa razão para eu dizer:

Acima de tudo quero ver as coisas de modo diferente?

A lição nos oferece mais argumentos em favor de tal decisão:

Quando dizes, "Acima de tudo quero ver esta mesa de modo diferente", estás assumindo um compromisso de retirar todas as ideias preconcebidas acerca da mesa e de abrir tua mente para o que ela é e para que ela serve. Tu não a estás definindo em termos passados. Estás perguntando o que ela é, em lugar de lhe dizer o que ela é. Não estás amarrando seu significado a tua experiência diminuta com mesas, nem estás limitando o propósito dela a tuas ideias pessoais insignificantes.

Conforme o que as lições ensinaram até aqui, se prestamos atenção suficiente, isto é, toda a atenção de que somos capazes, são minhas ideias preconcebidas, ou aquilo que trago do passado, que me impedem de ver, não é certo?

Como vimos também, lembrando das primeiras lições que praticamos, dar nome às coisas é separar, é reforçar a crença num mundo de coisas, e pessoas, separadas umas das outras, que dificilmente encontram qualquer proximidade, que raramente são capazes de comunhão, de unidade.

Acima de tudo que ver as coisas de modo diferente.

A lição continua a explicitar por que razão é necessário que escolhamos mudar nossa forma de ver:

Tu não questionarás aquilo que já definiste. E a finalidade destes exercícios é fazer perguntas e receber respostas. Ao dizeres, "Acima de tudo quero ver esta mesa de modo diferente", estás te comprometendo a ver. Não é um compromisso exclusivo. É um compromisso que se aplica tanto à mesa quanto a qualquer outra coisa, nem mais nem menos.

Ora, definir é limitar, aprisionar a coisa definida num conceito, que, muitas vezes, consideramos imutável e definitivo. Não é assim que nos referimos às pessoas que "conhecemos": Fulano é assim, Beltrano é assado. Sicrana tem este e aquele problemas. Ela é incapaz de mudar. Não faz nenhum esforço para me entender. Ele não é capaz de ouvir. Homens são assim mesmo. Todos iguais. As mulheres são muito isto ou muito aquilo, volúveis, instáveis, inconstantes. E por aí a fora?

Vale lembrar de novo, como o Curso o fez alguns dias atrás, em relação a nosso modo de construir as imagens que povoam o mundo, e derivam de, isto é, têm origem, nos nossos pensamentos: "Isso não é ver. É fazer imagens". É separar. 

Acima de tudo quero ver as coisas de modo diferente.

Fiquemos atentos, atentas, à possibilidade de vermos de fato, a partir de nossa decisão de ver as coisas de modo diferente acima de tudo.

A lição abre um mundo inteiramente novo a nossos olhos, a nossos sentidos todos. Caso estejamos dispostos ao compromisso, e a mantê-lo, uma vez assumido, vamos ver se descortinar em nossa vida toda a beleza, toda a alegria e toda a paz, que estão escondidas de nossos olhos em cada uma das coisas sobre as quais pousamos nosso olhar.

Vamos respirar novos ares, aspirar perfumes e fragrâncias desconhecidos, sem lhes impor quaisquer julgamentos. Ouviremos as mais belas melodias no ar. Canções que nos falam diretamente ao coração, sem que pensemos em reduzi-las a nenhum conceito. Tocaremos coisas e pessoas com o prazer de tocar um objeto amado ou desejado por muito tempo como se fosse a vez primeira.

E provaremos aquilo que o mundo nos oferece experimentando como que pela primeira vez, a cada vez, todo o sabor do alimento e da bebida que se preparam para os deuses, ou para o filho de Deus. 

Às práticas? 

Um comentário:

  1. Olá a todos.
    Moises, obrigado pelos seus valorosos comentários.
    Gostaria de relatar uma prática que fiz hoje aplicando esta lição. Parei na frente do espelho e disse: acima de tudo eu quero ver este corpo de modo diferente. Eu quero vê-lo como um instrumento para ensinar o amor de Deus. Na sequência me aproximei do espelho e olhando demoradamente e fixamente nos meus olhos e rosto, declarei: acima de tudo, eu quero ver este rosto de modo diferente.
    O resultado foi muito forte. Profundo. Não sei explicar, mas também houve medo.
    Sugiro que experimentem fazer isso, entregando-se honesta, verdadeira e totalmente.

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