LIÇÃO 17
Eu não vejo nenhuma coisa neutra.
1. Esta ideia é outro passo na direção da identificação de como causa e efeito operam realmente no mundo. Tu não vês nenhuma coisa neutra porque não tens nenhum pensamento neutro. É sempre o pensamento que vem primeiro, apesar da tentação de se acreditar que é o contrário. Não é deste modo que o mundo pensa, mas tens de aprender que é deste modo que tu pensas. Se não fosse assim, a percepção não teria nenhuma causa e seria, ela mesma, a causa da realidade. Em virtude de sua natureza altamente variável, isto é muito pouco provável.
2. Ao aplicares a ideia de hoje, dize a ti mesmo, de olhos abertos:
Eu não vejo nenhuma coisa neutra porque não tenho nenhum pensamento neutro.
Em seguida, olha a tua volta fixando teu olhar sobre cada coisa que observares por tempo suficiente para dizer:
Eu não vejo um(a) ____________ neutro(a), porque meus
pensamentos sobre ____________ não são neutros.
Poderias dizer, por exemplo:
Eu não vejo uma parede neutra, porque meus
pensamentos sobre paredes não são neutros.
pensamentos sobre paredes não são neutros.
Eu não vejo um corpo neutro, porque meus
pensamentos sobre corpos não são neutros.
3. Como de costume, é essencial não fazer nenhuma distinção entre o que acreditas ser animado ou inanimado, agradável ou desagradável. Independente daquilo em que possas acreditar, tu não vês nada que seja verdadeiramente vivo ou alegre. Isto é porque ainda não estás ciente de qualquer pensamento realmente verdadeiro e, portanto, realmente feliz.
4. Recomenda-se três ou quatro períodos específicos de prática e pede-se não menos do que três para o máximo aproveitamento, mesmo que experimentes resistência. No entanto, se experimentares, a duração do período de prática pode ser reduzida para menos do que o minuto aproximado que recomenda caso contrário.
*
COMENTÁRIO:
Explorando a LIÇÃO 17
Antes de nos aventurarmos na exploração da lição de hoje, gostaria de voltar, mais uma vez, à de ontem e fazer algumas observações que me ocorreram a partir das práticas com ela no dia 16. No ano passado. Desculpem-me os que acharem estas observações impertinentes e/ou longas demais. Em todo o caso, parece-me importante ressaltar a necessidade de que mergulhemos fundo nas práticas para perceber claramente em que ponto, e até que ponto, estamos nos auto-enganando, se elas não se revelam efetivas para as nossas experiências de todos os dias.
Assim é que, no ano passado, como disse, durante minhas práticas da lição 16, ela me remeteu diretamente a uma conversa pessoal que tive com um amigo e também a uma mensagem que recebi dele, e que foi respondida alguns dias depois, na ocasião. Pensando nisso e também em todas as questões levantadas ao longo de todos esses anos de prática, por David e por Eliane e por outros colegas, e também pelas pertinentes observações compartilhados por nossa colega Cida, gostaria de registrar o seguinte.
Lembrem-se, por favor, de que, por enquanto, estamos falando da ideia para as práticas do dia de ontem.
Atenção! "Tudo o que vês é o resultado de teus pensamentos".
Quer dizer, tudo o que vês, tudo o que experimentas, todas as experiências que se apresentam em tua vida, na minha vida e na vida de todos e de cada um de nós, derivam diretamente daquilo que pensamos.
E não há exceção possível a isso.
Assim, a lição segue dizendo que nossos pensamentos não podem ser grandes ou pequenos. Ou são falsos, ou são verdadeiros.
É claro que entendemos que os pensamentos verdadeiros - aqueles que temos com Deus, n'Ele, seja o que for que Deus signifique para cada um de nós - nos trazem todas as experiências de alegria e de paz.
Por outro lado, os pensamentos falsos, quer dizer, aqueles pensamentos que temos a partir da crença na separação, são os responsáveis por tudo aquilo que experimentamos que não está vinculado à alegria e à paz. Ou seja, são os pensamentos falsos que constroem este mundo de problemas, de violência, de guerras, de escassez e morte, de doenças e de limitações de qualquer natureza.
É isso que vemos o Curso nos apresentar no segundo parágrafo dessa lição 16.
Por mais inconscientes, ou inconsequentes, que sejamos, lá, no fundo, somos capazes de reconhecer, às vezes até com algum receio, que não temos "pensamentos vãos". Como quando, por exemplo, desejamos que alguma coisa ruim aconteça a alguém e recebemos, de repente, a notícia de que a pessoa em questão sofreu um acidente, está passando por alguma dificuldade, ou até mesmo morreu.
Não há lá no fundo de nós uma espécie de remorso, de culpa, de medo que a responsabilidade pelo acontecido a ela seja nossa?
Mas podemos ficar tranquilos em relação a isto. Não é! Pois nada acontece a ninguém que não seja parte da vontade desse alguém. O exemplo é apenas para ilustrar a ideia de que nenhum de nossos pensamentos é "vão". Nunca!
Como a lição diz, "aquilo que dá origem à percepção de um mundo inteiro dificilmente pode ser chamado de vão".
E prossegue, como no primeiro parágrafo, dizendo que todo pensamento que nos ocorre coopera para que a verdade se apresente ou opera para a multiplicação das ilusões. Pois, de fato, podemos multiplicar o nada. Quer dizer, sempre que agimos a partir dos pensamentos falsos, estamos colaborando para que a ilusão se estabeleça e/ou se multiplique. Entretanto, não é possível estendermos o nada, apesar de sua multiplicação, pois todas as ilusões, como o Curso ensina, são uma só e estão vinculadas à crença na separação, que não é verdadeira e não existe.
E mais, indo agora para o que nos diz o terceiro parágrafo:
Se entendermos o que o Curso nos diz aí, se compreendermos, com o sentido de aceitar que o que ele diz é verdadeiro, seremos capazes de identificar nos pensamentos falsos que temos a fonte de todos os males que vemos no mundo. Todos os males, os problemas, as angústias, os medos e as doenças que se apresentam a nós, em nossas experiências.
É, então, possível percebermos por que razão o mundo se mostra a nós da forma como se mostra. Precisamos abandonar urgentemente, limpar em nós, os pensamentos falsos, para deixarmos de acreditar em guerras, catástrofes, naturais, ou não, violência, escassez, doenças, pecado e toda a lista de horrores que vemos vir até nós todos os dias.
Só nós somos os responsáveis por todas essas coisas que nos chegam. Porque damos crédito, acreditamos que essas coisas existem de verdade e não são apenas ilusões criadas pelos pensamentos falsos que temos.
Precisamos começar a aprender - e rapidamente, eu diria - a iluminar os cantos escuros de nossas mentes para afastar de lá os menores indícios de pensamentos de medo porque eles não são de fato sem importância, ou triviais. É preciso substitui-los por pensamentos verdadeiros, que nos levem a experimentar serenidade, amor, paz e alegria. Estas as características naturais dos filhos de Deus, que somos nós. Todos nós, e não apenas alguns eleitos, ou autodenominados eleitos, escolhidos.
Precisamos substituir a crença na separação, construída a partir conceitos que nos dão os pensamentos falsos, pelo pensamento verdadeiro segundo o qual ainda somos como Deus nos criou. Nada do que façamos a partir dos pensamentos falsos é real. Eles só constroem ilusões.
Leiamos novamente lá na lição a parte citada do capítulo 21 com o título de A última questão sem resposta.
Ainda não está bem claro para algum de nós? O que queremos do Curso? O que queremos para nossa vida? Queremos de fato a visão constante, constância, ou nos contentamos com os altos e baixos que nos oferecem a percepção dos sentidos do corpo?
Já testamos, já pusemos em prática inúmeras vezes o poder de nosso desejo, embora nem sempre tenhamos nos dado conta de que foi ele - o nosso desejo - que trouxe até nós aquilo por que ansiávamos. Também não nos damos conta, em geral, de que mesmo aquilo de indesejável, ou desagradável, que vem até nós é fruto de nosso desejo. Neste caso, desejo transformado em medo. Porque medo é desejo, o Curso ensina.
Se, apesar de termos tentado de tudo mesmo, ainda não vivemos na alegria e na paz de Deus, não será porque, no fundo, bem lá no mais fundo de nós mesmos ainda mora um resquício de crença de que existe algum poder fora de Deus?
Examinemos nossa consciência, nossos pensamentos, nossas crenças com toda a honestidade de que somos capazes, para verificar se não estamos dando poder a algo, a alguma coisa que julgamos separada de Deus?
Paz e bem!
Voltemos, pois, agora nossa atenção para a lição de hoje. Ela também confirma tudo isso que está dito aí acima e ainda o comentário feito à lição 16, neste ano e em todos os anos anteriores.
Continuemos, pois, a explorar a lição à moda de Tara Singh. Quer dizer, de modo parecido com a maneira que ele usou para comentar as dez primeiras, de que me vali nalguns últimos anos, neste inclusive para algumas delas. Isso lhes parece bom? Ou já estão cansados de comentários tão longos? Ou só eu os acho longos? Lembrem-se de que a instrução básica é: o importante é a prática com a ideia da forma com que o Curso a oferece, do modo que o Curso orienta. A leitura, ou o uso, do comentário que adiciono aqui não é obrigatória. Por isso, por favor, se o comentário lhes parecer demais, deixem-no de lado. Voltem-se para a lição.
Hoje ela é:
E começa por dizer:
Esta é uma relação que podemos fazer quase que de maneira óbvia, não é mesmo? Se nosso pensamento estiver sempre carregado de julgamento - e normalmente está -, se estiver funcionando como uma galeria de imagens na qual aprisionamos todas as pessoas e coisas que povoam nosso mundo, todas estas coisas e pessoas nunca serão neutras à luz de nossa percepção. Nem livres para serem o que são, assim como nós também nos tornamos prisioneiros das imagens e dos julgamentos que fazemos.
Percebem?
Lembremo-nos mais uma vez do exemplo da xícara, ou tomemos qualquer outro objeto "conhecido". O que sabemos dele, de fato, que não seja apenas a imagem que fizemos, ou a que desde muito cedo em nossa vida nos ensinaram a fazer? O que sabemos dele, do objeto, que não se refira tão somente à carga de "significado" - bom ou ruim - que depositamos sobre ele? Que não se relacione ao apego que temos a ele ou que não esteja ligado ao ódio, à aversão ou ao medo, ou a qualquer outra emoção que temos quando pensamos nele?
Não lhes parece ser assim? O que nos leva, por exemplo, a colecionar objetos, coisas? Não há algumas coisas em nossa vida que nos parecem indispensáveis? E se são, a nosso modo de ver, indispensáveis, podem ser neutras?
Aí está a verdade eterna das palavras que o Curso nos oferece:
O que podemos concluir, então, como já vínhamos adivinhando - se não chegamos a ser explícitos -, é que são os nossos pensamentos que determinam o que vemos (e isto já apareceu desta mesma forma na lição de ontem, se não me engano). Ou, dito de outra forma, nós somos inteiramente responsáveis por tudo o que acontece no mundo, ou, melhor dizendo, por pelo menos tudo aquilo que chega a nossa consciência. E cada um, cada uma, de nós é responsável apenas por seu próprio mundo, é claro.
Isso nos leva, também - ou pelo menos deveria nos levar -, à conclusão de que assim como há um mundo para cada um, cada uma, de nós, não há razão para qualquer julgamento em nenhuma circunstância, pois não nos é possível, nem com todos os sentidos, nem com um sexto, sétimo ou oitavo sentidos, apreender a totalidade dos mundos que pensamos ver.
É muito importante também que atentemos para a necessidade de não se fazer distinções entre os objetos e pessoas ou situações que escolhemos para a aplicação da ideia do exercício. Esta é uma recomendação que o Curso traz desde a introdução ao livro de exercícios. Ela é muito pertinente, porque, não sendo ainda capazes de abandonar por completo o julgamento, podemos pensar, iludidos pelo ego, que pode haver coisas ou pessoas que devam ou possam ser excluídas da prática.
Não há!
Às práticas?
OBSERVAÇÃO:
Repetindo uma vez mais: quem quiser um comentário que situe esta mesma ideia a partir de outro ângulo, para comparar o quanto, de fato, é verdadeira a ideia para as práticas de hoje, dê uma passadinha de olhos no comentário feito a esta mesma lição em 17 de janeiro de 2012.
Atenção! "Tudo o que vês é o resultado de teus pensamentos".
Quer dizer, tudo o que vês, tudo o que experimentas, todas as experiências que se apresentam em tua vida, na minha vida e na vida de todos e de cada um de nós, derivam diretamente daquilo que pensamos.
E não há exceção possível a isso.
Assim, a lição segue dizendo que nossos pensamentos não podem ser grandes ou pequenos. Ou são falsos, ou são verdadeiros.
É claro que entendemos que os pensamentos verdadeiros - aqueles que temos com Deus, n'Ele, seja o que for que Deus signifique para cada um de nós - nos trazem todas as experiências de alegria e de paz.
Por outro lado, os pensamentos falsos, quer dizer, aqueles pensamentos que temos a partir da crença na separação, são os responsáveis por tudo aquilo que experimentamos que não está vinculado à alegria e à paz. Ou seja, são os pensamentos falsos que constroem este mundo de problemas, de violência, de guerras, de escassez e morte, de doenças e de limitações de qualquer natureza.
É isso que vemos o Curso nos apresentar no segundo parágrafo dessa lição 16.
Por mais inconscientes, ou inconsequentes, que sejamos, lá, no fundo, somos capazes de reconhecer, às vezes até com algum receio, que não temos "pensamentos vãos". Como quando, por exemplo, desejamos que alguma coisa ruim aconteça a alguém e recebemos, de repente, a notícia de que a pessoa em questão sofreu um acidente, está passando por alguma dificuldade, ou até mesmo morreu.
Não há lá no fundo de nós uma espécie de remorso, de culpa, de medo que a responsabilidade pelo acontecido a ela seja nossa?
Mas podemos ficar tranquilos em relação a isto. Não é! Pois nada acontece a ninguém que não seja parte da vontade desse alguém. O exemplo é apenas para ilustrar a ideia de que nenhum de nossos pensamentos é "vão". Nunca!
Como a lição diz, "aquilo que dá origem à percepção de um mundo inteiro dificilmente pode ser chamado de vão".
E prossegue, como no primeiro parágrafo, dizendo que todo pensamento que nos ocorre coopera para que a verdade se apresente ou opera para a multiplicação das ilusões. Pois, de fato, podemos multiplicar o nada. Quer dizer, sempre que agimos a partir dos pensamentos falsos, estamos colaborando para que a ilusão se estabeleça e/ou se multiplique. Entretanto, não é possível estendermos o nada, apesar de sua multiplicação, pois todas as ilusões, como o Curso ensina, são uma só e estão vinculadas à crença na separação, que não é verdadeira e não existe.
E mais, indo agora para o que nos diz o terceiro parágrafo:
Se entendermos o que o Curso nos diz aí, se compreendermos, com o sentido de aceitar que o que ele diz é verdadeiro, seremos capazes de identificar nos pensamentos falsos que temos a fonte de todos os males que vemos no mundo. Todos os males, os problemas, as angústias, os medos e as doenças que se apresentam a nós, em nossas experiências.
É, então, possível percebermos por que razão o mundo se mostra a nós da forma como se mostra. Precisamos abandonar urgentemente, limpar em nós, os pensamentos falsos, para deixarmos de acreditar em guerras, catástrofes, naturais, ou não, violência, escassez, doenças, pecado e toda a lista de horrores que vemos vir até nós todos os dias.
Só nós somos os responsáveis por todas essas coisas que nos chegam. Porque damos crédito, acreditamos que essas coisas existem de verdade e não são apenas ilusões criadas pelos pensamentos falsos que temos.
Precisamos começar a aprender - e rapidamente, eu diria - a iluminar os cantos escuros de nossas mentes para afastar de lá os menores indícios de pensamentos de medo porque eles não são de fato sem importância, ou triviais. É preciso substitui-los por pensamentos verdadeiros, que nos levem a experimentar serenidade, amor, paz e alegria. Estas as características naturais dos filhos de Deus, que somos nós. Todos nós, e não apenas alguns eleitos, ou autodenominados eleitos, escolhidos.
Precisamos substituir a crença na separação, construída a partir conceitos que nos dão os pensamentos falsos, pelo pensamento verdadeiro segundo o qual ainda somos como Deus nos criou. Nada do que façamos a partir dos pensamentos falsos é real. Eles só constroem ilusões.
Leiamos novamente lá na lição a parte citada do capítulo 21 com o título de A última questão sem resposta.
Ainda não está bem claro para algum de nós? O que queremos do Curso? O que queremos para nossa vida? Queremos de fato a visão constante, constância, ou nos contentamos com os altos e baixos que nos oferecem a percepção dos sentidos do corpo?
Já testamos, já pusemos em prática inúmeras vezes o poder de nosso desejo, embora nem sempre tenhamos nos dado conta de que foi ele - o nosso desejo - que trouxe até nós aquilo por que ansiávamos. Também não nos damos conta, em geral, de que mesmo aquilo de indesejável, ou desagradável, que vem até nós é fruto de nosso desejo. Neste caso, desejo transformado em medo. Porque medo é desejo, o Curso ensina.
Se, apesar de termos tentado de tudo mesmo, ainda não vivemos na alegria e na paz de Deus, não será porque, no fundo, bem lá no mais fundo de nós mesmos ainda mora um resquício de crença de que existe algum poder fora de Deus?
Examinemos nossa consciência, nossos pensamentos, nossas crenças com toda a honestidade de que somos capazes, para verificar se não estamos dando poder a algo, a alguma coisa que julgamos separada de Deus?
Paz e bem!
*
Voltemos, pois, agora nossa atenção para a lição de hoje. Ela também confirma tudo isso que está dito aí acima e ainda o comentário feito à lição 16, neste ano e em todos os anos anteriores.
Continuemos, pois, a explorar a lição à moda de Tara Singh. Quer dizer, de modo parecido com a maneira que ele usou para comentar as dez primeiras, de que me vali nalguns últimos anos, neste inclusive para algumas delas. Isso lhes parece bom? Ou já estão cansados de comentários tão longos? Ou só eu os acho longos? Lembrem-se de que a instrução básica é: o importante é a prática com a ideia da forma com que o Curso a oferece, do modo que o Curso orienta. A leitura, ou o uso, do comentário que adiciono aqui não é obrigatória. Por isso, por favor, se o comentário lhes parecer demais, deixem-no de lado. Voltem-se para a lição.
Hoje ela é:
"Eu não vejo nenhuma coisa neutra."
E começa por dizer:
Esta ideia é outro passo na direção da identificação de como causa e efeito operam realmente no mundo. Tu não vês nenhuma coisa neutra porque não tens nenhum pensamento neutro.
Esta é uma relação que podemos fazer quase que de maneira óbvia, não é mesmo? Se nosso pensamento estiver sempre carregado de julgamento - e normalmente está -, se estiver funcionando como uma galeria de imagens na qual aprisionamos todas as pessoas e coisas que povoam nosso mundo, todas estas coisas e pessoas nunca serão neutras à luz de nossa percepção. Nem livres para serem o que são, assim como nós também nos tornamos prisioneiros das imagens e dos julgamentos que fazemos.
Percebem?
Lembremo-nos mais uma vez do exemplo da xícara, ou tomemos qualquer outro objeto "conhecido". O que sabemos dele, de fato, que não seja apenas a imagem que fizemos, ou a que desde muito cedo em nossa vida nos ensinaram a fazer? O que sabemos dele, do objeto, que não se refira tão somente à carga de "significado" - bom ou ruim - que depositamos sobre ele? Que não se relacione ao apego que temos a ele ou que não esteja ligado ao ódio, à aversão ou ao medo, ou a qualquer outra emoção que temos quando pensamos nele?
Não lhes parece ser assim? O que nos leva, por exemplo, a colecionar objetos, coisas? Não há algumas coisas em nossa vida que nos parecem indispensáveis? E se são, a nosso modo de ver, indispensáveis, podem ser neutras?
Eu não vejo nenhuma coisa neutra.
Aí está a verdade eterna das palavras que o Curso nos oferece:
Tu não vês nenhuma coisa neutra porque não tens nenhum pensamento neutro. É sempre o pensamento que vem primeiro, apesar da tentação de se acreditar que é o contrário. Não é deste modo que o mundo pensa, mas tens de aprender que é deste modo que tu pensas. Se não fosse assim, a percepção não teria nenhuma causa e seria, ela mesma, a causa da realidade. Isto é muito pouco provável, em virtude de sua natureza muito inconstante.
O que podemos concluir, então, como já vínhamos adivinhando - se não chegamos a ser explícitos -, é que são os nossos pensamentos que determinam o que vemos (e isto já apareceu desta mesma forma na lição de ontem, se não me engano). Ou, dito de outra forma, nós somos inteiramente responsáveis por tudo o que acontece no mundo, ou, melhor dizendo, por pelo menos tudo aquilo que chega a nossa consciência. E cada um, cada uma, de nós é responsável apenas por seu próprio mundo, é claro.
Isso nos leva, também - ou pelo menos deveria nos levar -, à conclusão de que assim como há um mundo para cada um, cada uma, de nós, não há razão para qualquer julgamento em nenhuma circunstância, pois não nos é possível, nem com todos os sentidos, nem com um sexto, sétimo ou oitavo sentidos, apreender a totalidade dos mundos que pensamos ver.
Eu não vejo nenhuma coisa neutra porque não tenho nenhum pensamento neutro.
É muito importante também que atentemos para a necessidade de não se fazer distinções entre os objetos e pessoas ou situações que escolhemos para a aplicação da ideia do exercício. Esta é uma recomendação que o Curso traz desde a introdução ao livro de exercícios. Ela é muito pertinente, porque, não sendo ainda capazes de abandonar por completo o julgamento, podemos pensar, iludidos pelo ego, que pode haver coisas ou pessoas que devam ou possam ser excluídas da prática.
Não há!
Às práticas?
OBSERVAÇÃO:
Repetindo uma vez mais: quem quiser um comentário que situe esta mesma ideia a partir de outro ângulo, para comparar o quanto, de fato, é verdadeira a ideia para as práticas de hoje, dê uma passadinha de olhos no comentário feito a esta mesma lição em 17 de janeiro de 2012.
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