domingo, 1 de dezembro de 2019

A escolha daquilo que quer viver pertence a cada um


12. O que é o ego?

1. O ego é idolatria; o sinal do ser limitado e separado, nascido em um corpo, condenado a sofrer e a terminar sua vida na morte. Ele é a "vontade" que percebe a Vontade de Deus como inimiga e toma uma forma na qual ela é negada. O ego é a "prova" de que a força é fraca e de que o amor é amedrontador, de que a vida é, na verdade, morte e de que só aquilo que contraria Deus é verdadeiro.

2. O ego é louco. Com medo, ele se põe diante de Todos os Lugares, separado do Todo, separado do Infinito. Em sua loucura, ele pensa ter se tornado um vitorioso sobre o Próprio Deus. E, em sua autonomia insuportável, ele "percebe" que a Vontade de Deus foi destruída. Ele sonha com castigo e treme diante das imagens de seus sonhos; seus inimigos, que buscam assassiná-lo antes de ele poder garantir sua segurança atacando-os.

3. O Filho de Deus não tem ego. O que ele pode saber da loucura e da morte de Deus, se habita n'Ele? O que ele pode saber da tristeza e do sofrimento, se vive na alegria eterna? O que ele pode saber do medo e do castigo, do pecado e da culpa, do ódio e do ataque, se tudo o que existe à volta dele é a paz perene, livre de conflitos e imperturbada para sempre, no silêncio e na tranquilidade mais profundos?

4. Conhecer a realidade é não ver o ego e seus pensamentos, seus esforços, seus atos, suas leis e crenças, seus sonhos, suas esperanças  seus planos para a própria salvação e o custo que a crença nele cobra. Em termos de sofrimento, o preço pela fé no ego é tão imenso que a crucificação do Filho de Deus é oferecida diariamente em seu santuários sombrio, e o sangue tem de jorrar diante do altar em que seus seguidores doentios se preparam para morrer.

5. Porém, um único lírio de perdão transformará as trevas em luz; o altar às ilusões no santuário à Própria Vida. E a paz será devolvida para sempre às mentes santas que Deus criou como Seu Filho, Sua morada, Sua alegria, Seu amor, inteiramente Seu, um só com Ele totalmente.

*

LIÇÃO 335

Escolho ver a inocência de meu irmão.

1. O perdão é uma escolha. Nunca vejo meu irmão tal qual ele é, pois isso está muito além da percepção. O que vejo nele é apenas o que quero ver, porque isso representa o que quero que seja a verdade. É só a isso que reajo, não importa o quanto eu pareça ser impelido por acontecimentos externos. Escolho ver aquilo que quero ver e é isso, e apenas isso, que vejo. A inocência de meu irmão me mostra que quero ver minha própria inocência. E eu a verei, se escolher ver meu irmão em sua luz santa.

2. O que poderia devolver a memória de Ti para mim, exceto ver a inocência de meu irmão? A santidade dele me lembra de que ele foi criado um comigo e igual a mim mesmo. Nele encontro meu Ser e em Teu Filho encontro também a memória de Ti.


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COMENTÁRIO:


Explorando a LIÇÃO 335

Talvez seja conveniente, e sirva de alguma ajuda, como fizemos nos últimos anos, porque já nos aproximamos do final de mais um destes, que medimos por um calendário de dias, semanas, meses, recapitular algumas ideias de lições que, a meu ver, têm algo a acrescentar a nossa reflexão com as práticas da ideia de hoje. Recapitulo, pois, apesar de alguma pequenas mudanças, inclusive o título dado à postagem em anos passados, invertendo apenas a posição das palavras. Vejamos, então: 

Escolho ver a inocência de meu irmão.

Vamos pois, mais uma vez, recapitular os comentários anteriores a esta mesma lição e as ideias que, acredito, podem nos levar a aprofundar a reflexão e, ao mesmo tempo, oferecer exemplos bem claros da coerência do ensinamento. E, desde já, como também fiz anteriormente, peço-lhes mais uma vez que me perdoem se o comentário lhes parecer demasiado longo. Fiquem, por favor, só com a lição e com as práticas da ideia, se lhes parecer melhor.

A primeira delas é a ideia da lição 22, lembram?: 


O que eu vejo é uma forma de vingança. 

De acordo com o que aprendemos na lição 312, "a percepção vem depois do julgamento". Isto é, só depois que damos um nome à coisa, ou atribuímos um valor ou uma qualidade à pessoa para quem olhamos, é que as vemos. E as vemos de um modo que representa aquilo que queremos que seja a verdade a respeito delas, tanto das pessoas quanto das coisas, ou das situações por que passamos ou vemos alguém passar.

A segunda é a da lição 34: 


Eu poderia ver paz em vez disso. 

A prática desta ideia juntamente com a da ideia de hoje serve para reforçar em nossa consciência a ideia de que, conforme o Curso afirma: Existe outro modo de olhar para o mundo. E para todas as coisas e pessoas que existem no mundo. Um modo que pode nos devolver a segurança, a serenidade, a paz e a alegria, que são nossa herança natural.

A terceira das ideias que me ocorre como forma de aprofundar e estender as práticas da ideia da lição de hoje é a da lição 138: 


O Céu é a decisão que tenho de tomar. 

Cabe aqui nos perguntarmos - cada um de nós para si mesmo - "o que é o Céu para mim"?

Não seria viver o Céu, olhar para meu irmão ou irmã, seja qual for a forma com que ele, ou ela, se apresente, e ver apenas sua inocência, isto é, ver nele, ou nela, apenas a manifestação do divino? Há como se experimentar isso? Há! - diz o Curso. Mas temos de tomar a decisão e mantê-la, "no matter what", quer dizer, não importa o que aconteça. Não importa que obstáculos se interponham entre nossa decisão e o necessário para cumprir o compromisso que assumimos ao tomá-la.

E aqui entra a quarta das ideias relacionadas à de hoje para recapitulação. É a da lição 152: 


O poder de decisão é meu. 

Aí já não há mais como fugir. É preciso que reconheçamos que não vivemos o Céu apenas porque ainda não nos decidimos por isso. Mais: esta ideia nos ensina também não haver ninguém, a não ser a nós mesmos, a quem responsabilizar. Ninguém é culpado de nada. O que acontece apenas é que ainda não tomamos a decisão. Devemos nos culpar por isso? Não! Muitas vezes não sabemos como fazê-lo. Muitas vezes pensamos que já a tomamos, mas as experiências se apressam a nos mostrar coisas diferentes do Céu. São as práticas diárias que podem nos ajudar, sem dúvida -, e muito.

A última das ideias, então, que gostaria que revíssemos, para finalizar este comentário, é a da lição 253: 


Meu Ser é o soberano do universo. 

E aqui, creio, cabe até voltar às primeiras frases desta lição específica. Que são as seguintes:

É impossível que qualquer coisa não solicitada por mim mesmo venha a mim. Mesmo neste mundo, sou eu que governo meu destino. Aquilo que eu desejo é o que acontece. O que não acontece é aquilo que não quero que aconteça.

Dito isto, resta-nos voltar para as práticas com a ideia de hoje: 


Escolho ver a inocência de meu irmão. 

E a lição começa dizendo, ainda que de modo diferente, a mesma coisa que nos dizem as lições que trouxemos de volta à lembrança: 

O perdão é uma escolha

Isto é, somos nós - cada um de nós a sua própria maneira -, e apenas nós, que podemos decidir aquilo que queremos viver. E isto é livre arbítrio. 

E continua:

Nunca vejo meu irmão tal qual ele é, pois isso está muito além da percepção. O que vejo nele é apenas o que quero ver, porque isso representa o que quero que seja a verdade. É só a isso que reajo, não importa o quanto eu pareça ser impelido por acontecimentos externos. Escolho ver aquilo que quero ver e é isso, e apenas isso, que vejo. A inocência de meu irmão me mostra que quero ver minha própria inocência. E eu a verei, se escolher ver meu irmão em sua luz santa.

É por isso que, por mais que queiramos em determinadas ocasiões, não podemos abrir mão de nossa responsabilidade por qualquer coisa que se apresente a nossa consciência. Pois ninguém, mas ninguém mesmo, pode escolher ou decidir por nós, a não ser quando, equivocados, entregamos a outro o poder que nos pertence por direito. E, mesmo assim, temos de assumir a responsabilidade por aquilo que o outro fez com o poder que lhe demos.

Só teremos de volta, porém, o poder que nos pertence, quando tivermos de volta a memória de Deus em nós. Com ela poderemos desfrutar de tudo o que nos pertence como filhos d'Ele. Quando formos capazes de tomar a decisão de perdoar o mundo e ver a inocência do filho de Deus, e de entregar a Ele toda a nossa vida, dizendo, como orienta a lição:

O que poderia devolver a memória de Ti para mim, exceto ver a inocência de meu irmão? A santidade dele me lembra de que ele foi criado um comigo e igual a mim mesmo. Nele encontro meu Ser e em Teu Filho encontro também a memória de Ti.

Vamos, então, aprofundar a reflexão acerca do que queremos? Acerca do que estamos fazendo para chegar lá? Até quando vamos apelar para o auto-engano, dizendo a nós mesmo que estamos fazendo tudo o que podemos? Que não conseguimos fazer mais? Lembremo-nos daquela instrução que diz que "não consigo" é sinônimo de "não quero". 

Às práticas?


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