terça-feira, 22 de outubro de 2019

Ao invés de separar, a diversidade só pode nos unir


8. O que é o mundo real?

1. O mundo real é um símbolo, igual ao resto do que a percepção oferece. Contudo, ele representa o contrário daquilo que tu fizeste. Teu mundo é visto pelos olhos do medo e te traz à mente as evidências do horror. O mundo real não pode ser visto senão por olhos que o perdão abençoa, a fim de que eles vejam um mundo no qual o horror seja impossível e não se possa encontrar indícios de medo.

2. O mundo real possui uma contrapartida para cada pensamento infeliz que se reflete em teu mundo; uma compensação infalível para as cenas de medo e para os ruídos de luta que teu mundo contém. O mundo real apresenta um mundo visto de forma diferente, por olhos serenos e por uma mente em paz. Não há nada aí a não ser paz. Não se ouve nenhum grito de dor e de tristeza aí porque não fica nada fora do perdão. E as imagens são serenas. Só imagens felizes podem chegar à mente que se perdoa.

3. Que necessidade esta mente tem de pensamentos de morte, ataque e assassinato? O que ela pode perceber a sua volta a não ser segurança, amor e alegria? O que há para ela querer escolher condenar e o que há para ela querer julgar de modo desfavorável? O mundo que ela vê nasce de uma mente em paz consigo mesma. Não há nenhum perigo à espreita em nada do que ela vê, porque ela é benigna e só vê benignidade.

4. O mundo real é o símbolo de que o sonho de pecado e de culpa acabou, e de que o Filho de Deus já não dorme. Seus olhos despertos percebem o reflexo seguro do Amor de seu Pai; a garantia infalível de que ele está redimido. O mundo real indica o fim do tempo, pois a percepção dele torna o tempo inútil.

5. O Espírito Santo não tem nenhuma necessidade do tempo depois que o tempo cumpre o propósito d'Ele. Agora, Ele espera aquele único instante a mais para que Deus dê Seu passo final e o tempo desapareça, levando consigo a percepção enquanto se vai, e deixa apenas a verdade para ser ela mesma. Esse instante é nossa meta, porque ele contém a lembrança de Deus. E, quando olhamos para um mundo perdoado, é Ele Quem nos chama e vem para nos levar para casa, lembrando-nos de nossa Identidade, que nosso perdão nos devolve.

*

LIÇÃO 295

Hoje o Espírito Santo olha através de mim.

1. Cristo pede para usar meus olhos hoje para, desta forma, redimir o mundo. Ele pede esta dádiva para poder me oferecer paz de espírito e afastar todo o medo e toda a dor. E, quando se afastam de mim, os sonhos que eles pareciam depositar sobre o mundo desaparecem. A redenção tem de ser única. Quando sou salvo, o mundo é salvo comigo. Pois todos nós temos de ser redimidos juntos. O medo se apresenta de muitas formas diferentes, mas o amor é um só.

2. Meu Pai, Cristo me pediu uma dádiva, e uma dádiva que dou para que ela me seja dada. Ajuda-me a usar os olhos de Cristo hoje, para, deste modo, permitir que o Espírito Santo abençoe todas as coisas sobre as quais eu venha a pousar me olhar, para que Seu Amor misericordioso possa permanecer em mim.


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COMENTÁRIO:


Explorando a LIÇÃO 295

Preparei-me hoje, mais uma vez, para fazer um comentário diferente daqueles que fiz em anos anteriores para esta mesma lição, mas, de novo, em função da leitura do livro The Power of Intention [A Força da Intenção], de Wayne Dyer, de que lhes falei há algum tempo, achei que valia a pena manter a mesma linha de raciocínio que ele tem para chamar a atenção de vocês novamente para a necessidade de que estejamos sempre atentos para questionar toda e qualquer informação que chegue até nós. 

Se voltarmos um pouquinho que seja de nossa atenção a uma ou duas das ideias que praticamos nos últimos poucos dias, veremos que elas nos aconselham, entre outras coisas, a esquecer o passado de meu irmão, ou que nos dizem que o passado passou, se foi, e não pode nos tocar. Há ainda uma que nos pede que pratiquemos ver só a felicidade deste momento.

Assim como eu disse anteriormente - isto é, nos comentários que estou meio que repetindo -, refletindo a respeito destas ideias de dias atrás, não há como não pensar no fato de que, conscientes disso ou não, ainda nos debatemos, hoje, em tentativas de encontrar novas interpretações para as palavras que, atribuídas a Jesus, chegaram até nós, ditas há mais de 2.000 anos. Mesmo àquelas que, de verdade, não podem ter sido ditas por ele. E também pelas que certamente, pelo que se sabe dele - e acreditando que ele, de fato, existiu -, ele diria ou poderia ter dito. A se considerar que o Jesus histórico, de quem tão pouco se conhece, teve realmente o papel que a Igreja constituída com base em sua figura lhe atribui, o que é bastante passível de muita dúvida. 

Penso, porém, que devem ser muito poucos os que se perguntam: - Quem pode garantir que o que ele disse mesmo seja o que os escritos e escritores nos trouxeram ao longo do tempo? Quem pode nos garantir que existiu mesmo "o homem-Deus" que a Igreja nos quer vender até hoje? Há muitos estudiosos, não-teólogos e teólogos também, que acreditam que a Igreja "inventou" este Jesus de que falamos hoje. Inclusive a história toda de crucificação e ressurreição. 


Pode-se até pensar que a Igreja se constituiu em cima das ditas "fake news", ou notícias falsas, fabricada para atender os interesses dos poderosos da época. Tal como os poderosos de hoje fabricam notícias para manterem seu poder sobre aqueles que, sem uma educação libertadora, sucumbem ao mando dos que dizem saber.

E que dizer, então, dos textos de que nos valemos até hoje e que são muito mais antigos do que os ditos "evangelhos" do Novo Testamento que o cristianismo nos legou?

Não estaremos todos sugestionados por uma história, no caso da Igreja e de Jesus, que foi sendo escrita apenas para atender aos interesses de uns poucos que queriam exercer algum poder sobre um grande número de pessoas, condicionando-as a este ou àquele comportamento, sob a ameaça de uma condenação a um castigo eterno e permanente após a morte do corpo? Uma possibilidade inconcebível, na verdade. Afinal, os registros todos que temos são feitos, ou foram feitos, por apenas cerca de meia dúzia de pessoas, que nos contam o que viram de acordo com sua percepção. Será que outras testemunhas não diriam coisas diferentes?

Um dos livros que li a respeito dos textos chegaram até nós diz que: "Quem quer que lesse um livro na Antiguidade nunca estava cem por cento seguro de que estava lendo o que o autor escrevera. Palavras podiam ter sido trocadas. E, de fato, eram, mesmo que só um pouco".

E por quê? Porque "as pessoas que reproduziam textos por todo o império [romano] não eram, normalmente, aquelas que queriam ler os textos. Os copistas, em geral, reproduziam os textos para outros", e sempre por encomenda.

Assim, remetendo a Orígenes, afirma o autor que muitas vezes "as diferenças entre os manuscritos se tornaram gritantes, ou pela negligência de algum copista ou pela audácia perversa de outros; ou eles descuidavam de verificar o que transcreveram ou no processo de verificação acrescenta[va]m ou apaga[va]m trechos, como mais lhes agrad[ass]e".

Somos sugestionáveis! Mas, sabendo disso, não lhes parece ser mais fácil olhar para tudo e questionar os mapas que nos estão apresentando, perguntando-nos, ou a quem os oferece a nós, se eles têm alguma a coisa a ver, de fato, com a geografia do caminho que queremos trilhar ou se não serão apenas mais alguns instrumentos destinados a nos indicar a direção errada, ou uma direção que atenda somente aos interesses dos fazedores e vendedores de mapas? 


Quem nos garante que de fato estamos fazendo só aquilo que queremos, de verdade, fazer? Quem pode nos dar a certeza de que não estamos apenas funcionando como títeres, qual marionetes manipuladas por cordões, por que iludidos por uma liberdade que nos venderam como "a liberdade", mas que no fundo só permite que multipliquemos as ações que atendem a interesses que não são nossos verdadeiramente?

É claro que este comentário poderia ser muito mais extenso, dada a imensa gama de possibilidades e de questões que ele suscita. Mas deveria? O que quero com ele é apenas chamar sua atenção para o fato de que não pode ser senão por meio do Espírito Santo, do divino em nós [alguns podem preferir chamar isso de consciência], que poderemos ter acesso à verdade a respeito de nós mesmos e do que somos de fato.

E é para isto que nos orienta a ideia das práticas de hoje. Pois, ainda de acordo com o livro de que falava acima, "... o único modo de entender o que um autor quer dizer é conhecer o que suas palavras - todas as suas palavras - realmente querem dizer". E quero crer que conhecer significa acolher as palavras experimentalmente, ou seja, encontrar seu eco dentro de nós mesmos, como expressão do divino em nós. Divino que compartilhamos com quem escreve o que lemos.

Há, porém, que nos lembrarmos de que, além disso, todas as palavras estão sempre sujeitas a milhares de interpretações, que variam de acordo com o interesse, com o objetivo e com a experiência de quem quer que esteja lidando com elas. E, mesmo que venhamos a conhecer "todas as palavras" de um autor, o que elas "realmente" querem dizer está além de nossa percepção. E muitas vezes até além da percepção do próprio autor. [Lembram-se da diferença entre percepção e conhecimento?]

Qualquer um, que não o autor, pode se identificar com as palavras dele, pode concordar com o que ele diz, pode discordar e pode até mesmo entender o que ele diz como não tendo absolutamente nada a ver com a realidade de que ele fala, pelo menos não com a realidade da forma com que a vê este leitor discordante.

No entanto, se emprestarmos nossos ouvidos interiores ao Espírito Santo, para tentar ouvi-Lo a partir da compreensão amorosa do divino em nós, é bastante provável que cheguemos à comunicação perfeita. É bem provável que cheguemos a comungar com o(s) outro(s), partilhando o entendimento de que somos um, e de que a diversidade, ao invés de nos separar, nos une, e enriquece nossa experiência dando-lhe uma variedade de matizes e cores e sons e melodias que ela não teria em muitas circunstâncias, vistas apenas com os olhos do corpo, ouvidas apenas com os ouvidos do corpo. Sentidas apenas com os sentidos do humano em nós. 


Às práticas?


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