quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Religiões institucionalizadas são só propaganda


LIÇÃO 274

Este dia pertence ao amor. Que eu não tenha medo.

1. Pai, hoje quero deixar que todas as coisas sejam tais como Tu as criaste e oferecer a Teu Filho o respeito devido a sua inocência; o amor do irmão a seu irmão e Amigo. Por meio disso sou redimido. Também por meio disso a verdade penetrará no lugar aonde as ilusões estavam, a luz substituirá toda a escuridão e Teu Filho saberá que é como Tu o criaste.

2. Hoje chega a nós uma bênção especial d'Aquele Que é nosso Pai. Dá este dia a Ele e não haverá nenhum medo hoje, porque o dia é dado ao amor.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 274

A ideia que o Curso oferece para as práticas de hoje nos convida a dedicarmos, mais uma vez, um dia inteiro ao amor. E é só o amor que pode - e vai - nos fazer abandonar e esquecer por completo quaisquer medos. É possível existir coisa melhor a se fazer? Mas, pergunto-lhes mais uma vez, será que somos capazes de dedicar um só dia dos nossos que seja inteiramente ao amor? Quem sabe? Como eu disse antes, se nos decidirmos a ficar atentos, é possível. Se nos decidirmos a estar presentes a tudo o que nos acontecer neste dia, é possível.

Quem sabe será possível? Se dedicarmos, de fato, o dia todo ao silêncio, que é a única forma de chegarmos ao autoconhecimento, deixando de lado tudo o que nos oferece o mundo das ilusões, a partir de nossa sintonia com o sistema de pensamento do falso eu, talvez seja possível. 

Repetindo pela enésima vez o que diz Krishnamurti a respeito do autoconhecimento: "autoconhecimento não significa acumular conhecimentos sobre si próprio; significa observar a si próprio. Se aprendo acumulando conhecimentos, nada aprendo a respeito de mim mesmo". Aprendendo apenas a respeito do conhecimento do mundo que vejo, continuo a encher minhas reservas de informações velhas em lugar de esvaziar a mente para que o novo possa entrar. Lembremo-nos da necessidade de esvaziar a xícara antes de servir um chá novo.

Ele diz ainda que devemos "recusar, não apenas verbal, intelectual ou teoricamente, mas negar realmente tudo o que o homem" diz e precisamos incluir aí tudo o que cada um de nós diz a si mesmo - e aos outros - a partir do que a percepção nos leva a pensar. Cabe a cada um de nós descobrir, por si próprio, o que é a Verdade. Porque não é possível obtermos a Verdade de outrem. E a Verdade também não está fixada em um ponto particular.

Lembremo-nos novamente do comentário anterior a esta lição. Krishnamurti vai ainda além, dizendo que nos cumpre ser sérios para rejeitar toda espécie de propaganda - e toda religião institucionalizada é uma contínua propaganda -, a fim de que possamos descobrir por nós mesmos "o que é a Verdade, se tal coisa existe". 

O que importa, ele diz ainda, é que compreendamos por nós mesmos e não pelo que dizem a nosso respeito psicólogos, filósofos, analistas, intelectuais, velhos mestres, mesmo os mais antigos e venerados, pois, fazendo isto, estaríamos apenas seguindo o que eles dizem a respeito de nós. 

O próprio Buda, de acordo com livro que leio no momento, se recusava, por inútil, repetidamente a discutir a respeito de 14 temas, todos eles buscando uma certeza absoluta, que ninguém pode encontrar no mundo. Vejam aí, por favor, quais são eles e vamos refletir, para mudar, caso algum destes temas seja parte de nossas próprias discussões: 

1) Se o mundo é eterno, ou não, ou ambos, ou nenhuma das duas coisas.
2) Se o mundo é finito (no espaço), ou infinito, ou ambos, ou nenhuma das duas coisas.
3) Se um ser iluminado existe depois da morte, ou não, ou ambos, ou nenhuma das coisas.
4) Se a alma é idêntica ao corpo ou diferente dele. 

Vejam bem, o próprio Buda diz que é inútil se discutir acerca destes temas. Não há reposta possível a nenhuma destas questões. Não é possível haver certeza absoluta nenhuma nunca acerca de nada. Abandonemos, pois, as certezas e busquemos nos contentar com "a sabedoria da insegurança", ou da incerteza, como também nos ensina o Curso.

Daí ser interessante notar também, pois, como já ressaltei outras vezes antes, que o próprio Curso, em uma de suas lições iniciais, nos convida a abandonarmos tudo, inclusive ao próprio Curso, e a irmos, de coração e mente abertos, na direção do mais profundo de nós mesmos. Pois é só lá, diz ele, que vamos poder, de fato, encontrar o que buscamos. E que é, na verdade, o que já somos.

Entreguemo-nos, então, às práticas, deixando este dia aos cuidados do amor, que é o que somos para descobrir que "não há nada a temer", como nos ensina uma das lições da primeira parte do livro de exercícios. 

Às práticas? 

OBSERVAÇÃO: Este comentário com algumas pequenas modificações é o mesmo feito para esta lição nos últimos três anos.

2 comentários:

  1. Moisés, 14 ou 4 temas?
    Grata
    Nina

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    1. Eu também me perguntei isso, Nina, logo que li.

      Só que depois me dei conta do seguinte:

      São quatro temas nos três primeiros itens e mais dois no último. Percebes?

      Obrigado por comentar/perguntar.

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