domingo, 11 de outubro de 2015

É possível, natural e fácil comandar nossas emoções


LIÇÃO 284

Posso escolher mudar todos os pensamentos que ferem.

1. A perda não é perda quando percebida de forma correta. A dor é impossível. Não há absolutamente nenhuma aflição que tenha algum motivo. E qualquer tipo de sofrimento não é nada a não ser um sonho. Esta é a verdade, primeiro para ser dita apenas e, em seguida, repetida muitas vezes; e depois para ser aceita apenas como parcialmente verdadeira, com muitas reservas. Para, mais tarde, ser refletida mais e mais seriamente e para ser, finalmente, aceita como a verdade. Eu posso escolher mudar todos os pensamentos que ferem. E quero ir além destas palavras hoje, e além de todas as reservas, para chegar à aceitação plena da verdade nelas.

2. Pai, aquilo que Tu dás não pode ferir, por isso tristeza e dor têm de ser impossíveis. Permite que eu não deixe de confiar em Ti hoje,aceitando apenas o que é alegre como Tuas dádivas, aceitando apenas o que é alegre como a verdade.

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COMENTÁRIO:


Explorando a LIÇÃO 284

Vamos trabalhar, hoje, uma vez mais, com uma ideia que oferece a todos nós a oportunidade de aprendermos a primeira lição que aprendi, há anos, a partir de meus primeiros contatos com o Curso, a qual já contei algumas vezes antes aqui. 

Qual é esta lição? 

É a que me diz que, em qualquer situação, em qualquer circunstância, sou sempre eu e apenas eu que comando minhas emoções. Todas elas são frutos de meus pensamentos. E sempre, a qualquer momento, posso escolher mudar meus pensamentos, se assim o decidir. Por isso, é possível, natural e fácil comandar nossas emoções. Basta assumirmos o controle de nossos pensamentos. Escolher o que queremos pensar.

É importante saber também que, se eu escolher mudar meus pensamentos, mudo o mundo inteiro. Que dizer, mudo minha experiência de mundo, porque mudo forma de vê-lo, de interpretá-lo. O mesmo se dá com tudo e todos que vemos a nossa volta.

É por isso que se pode dizer que a busca pelo sentido da vida é uma busca fadada ao fracasso, porque não há sentido a se encontrar. A vida se basta a si mesma e, assim como a verdade, apenas é. Ponto final. 

Não há como falar de um sentido para a vida a partir da percepção do mundo que nos é dada pelos sentidos. Muito embora sejam evidentes os indícios de que a vida não acaba nunca. Não se esgota nesta ou naquela forma. A visão dos olhos do corpo - e os sentidos de modo geral -, não a conseguem apreender. Ela foge ao intelecto, à razão. Não há palavras que lhe possam desvendar e aprisionar o sentido.

Assim é que, no dizer de Joel S. Goldsmith, só é possível se abandonar o "falso sentido" da vida, que julgamos e vemos material - isto é, na matéria -, quando consideramos que a verdadeira existência, que o existir verdadeiro da vida está no espírito. Aliás, é por isso que uma das lições da primeira parte deste livro de exercícios nos leva a praticar com a ideia: Eu sou espírito. Lembram?

Aprendemos, então, a partir daí, que "a vida física, do homem, do animal e da planta, não passa de um sentido enganoso" que se dá à existência, à vida. Aí podemos concluir também que, da mesma forma, é desnecessário que nos ocupemos de suprir "as chamadas necessidades da vida material", com as quais nos preocupamos tanto, a ponto de não deixarmos quase nenhum espaço para o espírito em nós. 

E quando nos afastamos do espírito é quase certo que vamos passar por situações e experiências de dor, de sofrimento e de carência, porque nos afastamos da Fonte de tudo. O "fracasso" acontece quando deixamos de acreditar que somos expressões vivas de Deus, ou da Vida e da Verdade, ou da Inteligência das qualidades divinas, ou do Espírito. 

Isto nunca é verdade. Deus, ou a Consciência, expressa a Si Mesmo e a Suas qualidades eternamente. A Consciência, a Vida, o Espírito, Deus, não pode falhar nunca. É por isto que podemos escolher mudar os pensamentos, para que nos mantenhamos ligados ao Espírito e deixemos de dar força à crença na separação. 

É por isso que podemos escolher ser nós mesmos e abandonar a mentira em que nos acomodamos como nos mostra a crônica, Se eu fosse eu, de Clarice Lispector, publicada no livro A Descoberta do Mundo, que mais uma vez compartilho com vocês abaixo e que diz o seguinte: 

Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura se revela inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase "se eu fosse eu", que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir. 

E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como? não sei. 

Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo o que é meu, e confiaria o futuro ao futuro. 

"Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeira chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor também, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais... 

Às práticas?

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