sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Ver-nos como 'egoólicos' em recuperação. (Y.B.)


LIÇÃO 289

O passado acabou. Não pode me tocar.

1. A menos que o passado esteja acabado em minha mente, o mundo real tem de se esconder de minha vista. Pois, vendo apenas o que não existe, não estou, de fato, olhando para lugar algum. Como posso, então, perceber o mundo que o perdão oferece? Fez-se o passado para esconder esse mundo, pois esse é o mundo que só se pode ver agora. Ele não tem nenhum passado. Pois o que se pode perdoar senão o passado, que, se for perdoado, desaparece.

2. Pai, permite que eu não olhe para um passado que não existe. Pois Tu me ofereces Teu Próprio substituto em um mundo presente, que o passado deixa intocado e livre de pecado. Eis aqui o fim da culpa. E aqui estou pronto para Teu passo final. Devo perdir-Te que esperes mais para que Teu Filho encontre a graça que Tu planejaste para ser o fim de todos os seus sonhos e de toda a sua dor?

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 289

Repito por inteiro, por pertinente, o comentário feito a esta lição nos dois últimos anos. 

A ideia que vamos praticar hoje, como não poderia deixar de ser, estende e complementa a que praticamos ontem, tornando-a mais geral e abrangente. Mais ou menos como nos informa, e quer que aprendamos, a introdução ao livro de exercícios. Lembrem-se, por favor, da orientação de voltar à introdução, ao tema central para o período, a cada dia, antes das práticas.

Vejamos mais uma vez o que nos diz o livro na introdução geral aos exercícios: 

"O propósito do livro de exercícios é o de treinar tua mente de forma sistemática para uma percepção diferente de todos e de tudo no mundo. Os exercícios são planejados para te ajudar a generalizar as lições de modo a compreenderes que cada uma delas é igualmente aplicável a todos e a tudo o que vês" [LE-in.4].

Lembremo-nos também uma vez mais de uma frase de um filme a que assisti tempos atrás e que já compartilhei antes com vocês. A frase de um dos personagens é a seguinte: "A história de nossa vida, afinal, não é nossa vida. É apenas nossa história". 

Por que relembrar disto? Porque, se pensarmos bem, prestando bastante atenção ao fato de que cada um vê o mundo a partir de uma ótica muito particular e intransferível, seremos capazes de ver, de compreender até, de juntar a ideia das práticas de hoje à frase do filme. E mais, de aplicá-la a todos e a tudo.

E por que aplicar a ideia a tudo e a todos? - podemos nos perguntar. Como uma amiga perguntava outro dia, de que me vale perdoar o outro, não reagir, buscar amá-lo apesar de tudo, independente do que ele faça, para o bem ou para o mal? 

Vale pelo seguinte, se lembrarmos de um comentário anterior feito a esta mesma lição: só precisamos fazer tudo isso porque, em última instância, tudo o que fazemos diz respeito a nós mesmos e a Deus tão-somente. Não fazemos nada para ninguém senão para nós mesmos. Sempre que nos relacionamos com alguém, no fundo, no fundo, nosso relacionamento é apenas com Deus. Isto é, nada é entre nós e alguém, quem quer que seja. Tudo é sempre uma questão entre nós e Deus, seja como for que pensemos n'Ele. Percebem nisto a razão pela qual nos dedicamos a estas práticas? 

Se isto ainda não parecer suficiente, vale lembrar também que, em geral, nalgum momento de nossas vidas nos propusemos a fazer alguma mudança e não conseguimos levá-la a cabo. Ou começamos a mudar um impulso negativo durante algum tempo, poucas semanas ou meses, para logo depois voltarmos ao nosso velho modo de ser, ou de agir. Quer dizer, voltar aos hábitos antigos e arraigados, por não conseguirmos nos manter conscientes da necessidade de olhar para tudo e para todos de modo diferente. 

Então... A mudança duradoura é possível. Sempre. Desde que estejamos dispostos: a abandonar o passado e a abrir mão de nossas características compulsivas e destrutivas; a substituir os comportamentos que não funcionam por outros que funcionem; e a resistir ao desejo de obter a energia que gratifica o ego, quando nos sentimos em baixa, e sustituí-la pela paz, pelo amor e pelo perdão.

Em resumo, é preciso que deixemos de olhar para trás.

Enfim, como diz Yehuda Berg, do mesmo modo que "um alcoólico tem sempre de buscar resistir a beber, temos de nos ver como 'egoólicos' em recuperação, que precisam desafiar incessantemente as tentações e armadilhas do nosso passado para não sucumbirmos e voltarmos ao nosso velho modo de ser".

O que, na verdade, não é nada muito simples, "porque o caminho mais fácil é muito mais sedutor e exerce uma atração enigmáticas e poderosa sobre nós", diz ele ainda. Esta atração é aquela a que o Curso chama de "a atração da culpa". Porém, é preciso termos presente que, se - e cada vez que - nos desviarmos do caminho, sempre podemos aprender com os erros [ou, melhor dizendo, aprender com as experiências, sejam elas de que natureza forem] e assumir um novo compromisso.

E o melhor momento para se assumir este compromisso é agora. Ou algum de nós ainda acredita que existe outro tempo além deste momento?

Berg aconselha:

Não olhe para trás. Seu velho ser ainda está lá.
Olhe para a frente, e você verá tudo o que está destinado a se tornar. 

Às práticas?

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