sábado, 3 de fevereiro de 2024

É preciso tornarmos impessoais nossas experiências

 

LIÇÃO 34

Eu poderia ver paz em vez disso.

1. A ideia para hoje começa a descrever as condições que predominam no outro modo de ver. Paz de espírito é evidentemente uma questão interior. Ela tem de começar com teus próprios pensamentos e, então, se estender para fora. É de tua paz de espírito que surge uma percepção serena do mundo.

2.Pede-se três períodos mais longos de prática para os exercícios de hoje. Aconselha-se um pela manhã e um à noite, com um período adicional a ser empreendido no intervalo a qualquer momento que pareça o mais adequado à disposição. Todas as aplicações devem ser feitas de olhos fechados. É para teu mundo interior que as aplicações da ideia de hoje devem ser feitas.

3. Pede-se cerca de cinco minutos de exame mental para cada um dos períodos mais longos de prática. Examina tua mente em busca de pensamentos de medo, situações que provoquem ansiedade, pessoas ou acontecimentos "desagradáveis", ou qualquer outra coisa a respeito da qual nutras pensamentos não amorosos. Observa-os todos despreocupadamente, repetindo a ideia para hoje devagar enquanto os observas surgirem em tua mente e deixa que cada um seja substituído pelo seguinte.

4. Se começares a sentir dificuldade para pensar em sujeitos específicos, continua a repetir a ideia para ti mesmo de uma maneira calma, sem aplicá-la a nada em particular. Certifica-te, porém, de não fazer nenhuma exclusão específica.

5. As aplicações mais breves têm de ser frequentes e devem ser feitas sempre que sentires que tua paz de espírito está ameaçada de algum modo. O objetivo é o de te protegeres da tentação durante o dia inteiro. Se surgir uma forma específica de tentação em tua consciência, o exercício deve tomar esta forma:

Eu poderia ver paz nesta situação em vez do que vejo nela agora.

6. Se as invasões a tua paz de espírito tomarem a forma de emoções adversas mais genéricas, tais como depressão, ansiedade ou angústia, usa a ideia em sua forma original. Se achares que precisas de mais do que uma aplicação da ideia de hoje para te ajudar a mudar o modo de pensar em qualquer contexto específico, tenta reservar alguns minutos e dedicá-los à repetição da ideia até experimentares alguma sensação de alívio. Ela te será útil se disseres a ti mesmo especificamente:

Eu posso substituir minhas sensações de depressão,
ansiedade ou angústia [ou meus pensamentos
a respeito desta situação, pessoa ou acontecimento] pela paz.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 34

Caras, caros,
 
Para que possamos, de fato, viver um dia de louvor e de agradecimento, um dia de alegria sem fim, que nos mostre um vislumbre do que é olhar de outro modo para o mundo, vamos explorar a lição e a ideia que o Curso oferece para hoje.

"Eu poderia ver paz em vez disso."

Como se pode ler em um livro de Don Miguel Ruiz, um curador, um xamã mexicano, da tribo dos toltecas: 

"Todos nós, pelo menos uma vez em nossas vidas, experimentamos a comunhão com nosso Criador. Há momentos de inspiração em que sentimos a grandeza da criação, a beleza e a perfeição de todas as coisas que existem. Nossa reação emocional [só] pode ser de maravilhamento. Sentimos a mais incrível paz interior misturada com intensa alegria, e a chamamos de bênção, ou estado de graça e gratidão".

É nesta direção que as práticas querem nos levar. Porque é indo nesta direção que podemos chegar à verdade do que somos. E também para que possamos nos maravilhar cada vez mais e perceber mais vezes a perfeição que nos rodeia, sendo gratos e gratas por ela, sentindo-nos abençoados e abençoadas por estarmos vivos, aqui e agora, aonde quer que estejamos.

É em razão disso que a lição começa assim:

A ideia para hoje começa a descrever as condições que predominam no outro modo de ver.

Eu poderia ver paz em vez disso.

O que me incomoda? Ainda a pandemia?  As notícias que informam a respeito de novas mutações do vírus, com variantes muito mais contagiosas? Novos surtos? O trabalho ou a falta dele, a escola, o patrão, os colegas, a atividade, em si, a que me dedico? É a política? São os partidos, os políticos? O governo? As guerras? A violência?
As pessoas com quem convivo e que pensam de modo diferente do meu? Estou lidando com algo que não tem, aparentemente, significado algum, não faz nenhum sentido? Mas que sentido há no mundo, além daquele que lhe dou?

Se as coisas não fazem sentido para mim, não será porque eu não estou vendo nenhum sentido em mim, em minha vida? Não será porque estou dissociado daquilo que sou na verdade? Não será porque "eu" quero que as coisas tenham sentido, mesmo quando não têm, quando são neutras, como tudo no mundo? Como o próprio mundo? A quem se refere este "mim"? Quem é este "eu" de que falo?

Se nada do que vejo faz sentido ou se apresenta de forma caótica e confusa, quem em mim pode tomar a decisão de ver as coisas de modo diferente?
 
Eu poderia ver paz em vez disso.

E a lição diz em seguida: 

Paz de espírito é evidentemente uma questão interior. Ela tem de começar com teus próprios pensamentos e, então, se estender para fora. É de tua paz de espírito que surge uma percepção serena do mundo.

Como encontrar, então, a "tal" paz de espírito?

Mudando meu modo de olhar para o mundo. Já passamos por isto há pouco em lições anteriores. Retirando do mundo tudo aquilo que acho que ele é com base em experiências do passado. A história só existe como repetição de erros, o Curso ensina. Só pode ser esta a razão para que vivamos e revivamos, nós e a humanidade toda, as mesmas experiências de guerras, de fome, de morte, de doenças e de destruição. Ainda não fomos capazes de aprender com os erros que história nos mostra. Tanto é assim que a humanidade toda, em grande número de países hoje em dia, está trazendo de volta governos e governantes que se alinham a políticas genocidas, como o fascismo e o nazismo. Ditaduras disfarçadas de democracia, que se impõem pelo medo. Políticas que querem tolher as liberdades das pessoas.

Isto, é claro, é assustador. Mas apenas para o falso eu, o ego, na experiência da ilusão que pensamos viver. Sabemos também que nada é o que parece ser. Só precisamos encontrar, em nós mesmos, em nós mesmas, um modo de não aprisionar nem as coisas, nem as pessoas, nem as situações que vemos ou as que experimentamos em rótulos que as separem de nossa própria experiência. Temos de aceitar que tudo começa com as escolhas que fazemos, com os pensamentos que pensamos. São elas, as escolhas que fazemos, e nossos pensamentos que materializam o mundo em que pensamos viver.

Don Ruiz, em outro de seus livros, diz que um dos compromissos que precisamos assumir, se quisermos voltar a experimentar a alegria de viver em todos os momentos de nossa vida, é o de nunca levarmos nada para o lado pessoal.

Da mesma forma, Joel Goldsmith diz que precisamos aprender a impessoalizar, despersonalizar, tornar as experiências, de alguma forma, impessoais. Ninguém nunca faz nada contra nós, contra mim, contra ninguém. Tudo acontece por uma razão e só a pessoa que vive a situação - qualquer que ela seja - pode assumir a responsabilidade pelo que está vivendo, porque o pediu, ainda que inconscientemente a mais das vezes. E precisa fazê-lo para poder chegar à paz.

Eu poderia ver paz em vez disso.

Sempre existe a possibilidade de se escolher de novo, como o Curso ensina. Quando alguma coisa me acontece, alguma coisa que me afasta da alegria e da felicidade, preciso lidar com ela de modo responsável. Não posso culpar ninguém pelo que aconteceu, sob pena de perder de vista minha paz de espírito. Tenho de assumir que o que me acontece é escolha minha, mesmo que a escolha tenha se dado de forma inconsciente.

Se busco encontrar culpados para as coisas que vivo, estou me enganando e fugindo da responsabilidade que assumi em relação a minha própria vida. Pois já sei que "eu invento o mundo que vejo".

O que fazer então com uma situação problemática, uma "doença", uma "perda", uma "tragédia", esta pandemia, ou qualquer coisa que, não curada, pode me levar à depressão, ao desespero, à perda completa da paz de espírito? E quantas aparentemente "acontecem" todos os dias na vida de todas as pessoas? O que fazer?

Preciso enfrentar a situação, olhar de frente para ela e assumir que ela só se apresentou por ser a experiência que escolhi viver - ainda que de modo inconsciente, como já disse um pouco acima. Assumir a responsabilidade por qualquer experiência que se apresente a mim é o primeiro passo. Não importa se, conscientemente, não tenho lembrança de a ter pedido. "Aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido." Esta é uma das quatro leis - a segunda delas - espirituais que se aprende na Índia. E ela se refere a tudo.

Sabendo disso, então, posso, devo e vou acolher e aceitar a experiência que se apresenta, qualquer que seja ela - segundo passo. E posso, devo e vou - terceiro passo - agradecer por ela se ter apresentado exatamente da forma que se apresentou. Pois, de um modo que nem sempre se pode explicar, ela trouxe exatamente aquilo de que eu precisava para conhecer um pouco mais de mim mesmo.

O quarto e último passo é escolher de novo. Quando - e se - for o caso. Mas não posso chegar a este passo sem passar por cada um dos anteriores. Na prática, o que preciso aprender é a não resistir a nada. Pois a resistência em geral se deve ao julgamento. Um ditado popular diz: "Aquilo a que se resiste persiste".

Isso não quer dizer, no entanto, que precisamos aceitar tudo de forma passiva. Não! Quer dizer apenas que devemos olhar para o que se apresenta e assumir ativamente a responsabilidade que nos cabe. Agora, quando alguma coisa se apresenta sem que isso nos afete, então, é porque não somos o responsável por ela. Aí, basta que deixemos a vida fluir simplesmente. Acrescentando, se for o caso, a nosso repertório a nova informação que a situação nos trouxe.

Por isso é que a ideia para hoje, em qualquer situação, nos pede para praticar: 

Eu poderia vez paz em vez disso.

Mais uma vez, o restante do que a lição oferece são instruções específicas a respeito do modo de aplicar a ideia para nosso maior benefício, de praticá-la.

De maneira particular, podemos ficar bem atentos/as ao que ela traz ao final, para usarmos não apenas hoje, mas em quaisquer ocasiões em que vejamos balançar nossa paz de espírito.

É isso:

Eu posso substituir minhas sensações de depressão,
ansiedade ou angústia [ou meus pensamentos
a respeito desta situação, pessoa ou acontecimento] pela paz. 

Às práticas?

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