quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

A partir das práticas, viver o "presente", aqui e agora

 

LIÇÃO 52

A revisão de hoje abrange estas ideias:

1. (6) Eu estou transtornado porque vejo o que não existe.

A realidade nunca é assustadora. É impossível que ela possa me transtornar. A realidade só traz a paz perfeita. Quando estou transtornado, é sempre porque substituí a realidade por ilusões que inventei. As ilusões são perturbadoras porque lhes dou realidade e, deste modo, considero a realidade uma ilusão. Nada na criação de Deus, de nenhuma forma, se deixa abalar por esta minha confusão. Eu sempre estou transtornado por nada.

2. (7) Eu só vejo o passado.

Ao olhar a minha volta, condeno o mundo para o qual eu olho. Chamo a isto de ver. Utilizo o passado contra todos e contra tudo, transformando-os em meus inimigos. Quando eu me perdoar e me lembrar de Quem sou, abençoarei a todos e a tudo o que vir. Não haverá passado e, por isso, nenhum inimigo. E olharei com amor para tudo o que deixei de ver antes.

3. (8) Minha mente está preocupada com pensamentos passados.

Eu só vejo meus próprios pensamentos e minha mente está preocupada com o passado. O que, então, posso ver tal como é? Que eu me lembre de que olho para o passado a fim de impedir que o presente desponte em minha mente. Que eu compreenda que estou tentando usar o tempo contra Deus. Que eu aprenda a entregar o passado, percebendo claramente que, ao fazê-lo, não estou desistindo de nada.

4. (9) Eu não vejo nada tal como é agora.

Se eu não vejo nada tal como é agora, pode-se verdadeiramente dizer que não vejo nada. Eu só posso ver o que existe agora. A escolha não está entre ver o passado ou o presente; a escolha está simplesmente entre ver ou não. Aquilo que escolhi ver me custou a visão. Agora quero escolher outra vez a fim de poder ver.

5. (10) Meus pensamentos não significam coisa alguma.

Eu não tenho nenhum pensamento privado. No entanto, é apenas de pensamentos privados de que estou ciente. O que estes pensamentos podem significar? Eles não existem e, por isso, não significam nada. Contudo, minha mente é parte da criação e parte de seu Criador. Será que eu não prefiro me unir ao modo de pensar do universo a esconder tudo o que, de fato, é meu com meus pensamentos "privados" lamentáveis e sem significado?

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 52

Caras, caros,

Apesar de eu ter acabado (ontem) de lhes dize que não iria me alongar em comentários neste período de revisão, como para as práticas de cada uma das ideias a cada dia, é preciso salientar alguns pontos para que fique bem claro - espero -, para todos e todas, e para cada um, ou cada uma, de nós, a que se destinam as práticas. Daí o comentário que se segue, repetindo os de anos anteriores.

E agora? 

(Lembram-se desta pergunta?)

Como continuar a comentar estas lições depois da maratona que foi trabalhar com as primeiras cinquenta seguindo mais uma vez mais ou menos o modelo de Tara Singh para as dez primeiras? 

(E desta?)

O que vocês acham? 

(E de mais esta?)

Creio que mesmo para quem está fazendo as lições há muito tempo, não há como se aproximar de cada lição e do espírito do Curso se não o fazemos como se fosse a primeira vez. Porque é sempre a primeira vez, quando já aprendemos, porque decidimos, a deixar todo o passado para trás.

Se nos aproximamos de uma ideia, mesmo nesta revisão, com o pensamento de que ela não é mais tão importante porque já trabalhamos com ela anteriormente, quer tenha sido neste ano, quer em anos anteriores, quer há muito tempo, perdemos a oportunidade de experimentar a verdade eterna que ela nos oferece. Pois a estamos vendo sob o olhar do julgamento. 

Então, é preciso que mantenhamos em mente a necessidade de nos aproximarmos de cada uma das ideias que praticamos de mente e corações abertos, prontos e prontas para receber o que ela quer nos dar. Prontos e prontas para aceitar o desafio que ela nos oferece e colher, receber, reconhecer e aceitar o milagre que ela nos traz.

E daí que já tenhamos trilhado este caminho antes?

Agora, ele é um caminho inteiramente novo, se abandonamos o passado. Além do mais, é sempre tempo de tomarmos a decisão, caso ainda não a tenhamos tomado.

Lembram-se de que falo sempre da importância da decisão, da tomada de decisão? Por que pensam que faço isso? Que insisto nisso?

Parte da resposta está no texto de Tara Singh que lhes ofereci ontem como comentário e introdução a este período de revisão e parte está em um pequeno texto que descobri algum tempo atrás, revelador do que o Curso fala a respeito da necessidade de se tomar a decisão e daquilo que acontece a partir do momento em que o fazemos. 

É o seguinte:

Enquanto alguém não se compromete, existe a hesitação, a oportunidade de voltar atrás, a falta de efetividade. Há [porém], em relação a todos os atos de iniciativa [e criação], uma verdade elementar, cuja ignorância mata incontáveis ideias e planos: no momento em que alguém se compromete definitivamente, a Providência também se movimenta. Toda sorte de coisas acontece para ajudar alguém, o que, de outro modo, jamais teria ocorrido. Uma sequência inteira de eventos resulta da decisão, surgindo a seu favor todo tipo de incidentes não previstos, encontros e apoio material que nenhum homem jamais teria sonhado que pudessem acontecer desse jeito.

Goethe

Curso também se refere à necessidade da tomada de decisão, em particular no capítulo 21 do texto, sob o título VII. A última questão sem resposta, tomando como ponto de partida a pergunta [a última de quatro]: E quero ver aquilo que neguei porque é a verdade?

Esta pergunta diz o Curso, ainda parece amedrontadora e diferente das outras três... A razão te asseguraria que elas são a mesma. E se refere à única e última decisão que tens de tomar. E o próprio texto pergunta: "Por que a questão final é tão importante", se ela é a mesma que as outras três?

A resposta que a razão [a parte de nossa mente que está em contato constante com Deus] dá é a seguinte: 

Ela é a mesma que as outras três, exceto no que diz respeito ao tempo. As outras são decisões que podem ser tomadas e então desfeitas e tomadas outras vez. Mas a verdade é constante e subentende um estado no qual indecisões são impossíveis. Podes desejar um mundo que governes que não te governe, e mudar de ideia. Podes desejar trocar tua impotência pelo poder e perder este mesmo desejo quando um pequeno lampejo de pecado te atrair. E podes querer ver um mundo inocente e permitir que um "inimigo" te tente a usar os olhos do corpo e mudar o que desejas.

É ainda o Curso que fala:

Em conteúdo, todas as questões são a mesma. Pois cada uma pergunta se estás disposto a trocar o mundo do pecado [que é pura ilusão construída pelo ego e seu sistema de pensamento] por aquilo que o Espírito Santo vê, uma vez que é isso o que o mundo do pecado nega. E, por isso, aqueles que olham para o pecado veem a negação do mundo real. A última pergunta, porém, acrescenta o desejo de constância a teu desejo de ver o mundo real, deste modo o desejo [de ver o mundo real] se torna o único desejo que tens. Ao responderes "sim" à última questão, acrescentas sinceridade às decisões que já tomaste acerca de tudo mais. Pois só então renuncias à opção de mudar de ideia de novo. Quanto isto for o que queres, o resto está inteiramente respondido.

Por que pensas que não tens certeza de que as outras foram respondidas? Seria necessários fazê-las com tanta frequência se tivessem sido? Até que a última decisão seja tomada, a resposta é tanto "sim" quanto "não". Pois respondes "sim" sem perceber que "sim" tem de significar "não" [enquanto te reservares o direito de mudar de ideia quanto a tua decisão de assumir o compromisso contigo mesmo].

Em todo o caso, o Curso continua: 

Ninguém se decide contra sua [própria] felicidade, mas pode fazê-lo se não perceber que o faz. E se vê sua felicidade como algo em mudança constante, ora isto, ora aquilo, e ora uma sombra enganosa sem vínculo com nada, de fato se decide contra ela.

No último parágrafo desta parte do texto vemos a razão pela qual se dá tanta importância à decisão. E só depois de a termos tomado em definitivo é que vamos ser capazes de reconhecer, compreender e aceitar que:

A felicidade enganosa ou a felicidade em forma mutante, que se transforma com tempo e lugar, é uma ilusão que não tem significado algum. A felicidade tem de ser constante, porque a obtemos pela desistência do desejo do inconstante. Não se pode perceber a alegria senão pela visão verdadeira. E a visão verdadeira só pode ser dada àqueles que desejam constância. O poder do desejo do Filho de Deus continua a ser a prova de que ele está equivocado quando se percebe impotente. Deseja o que quiseres e o verás e pensarás que é real. Nenhum pensamento deixa de ter o poder de libertar ou matar. E nenhum pode deixar a mente de quem o pensa ou deixar de influenciá-lo.

Hoje temos mais uma vez a oportunidade de tomar a decisão pelas práticas de cinco ideias poderosíssimas, que podem nos levar mais perto do reconhecimento da necessidade de abandonarmos o sistema de pensamento do ego, de abandonarmos o mundo, de abandonarmos o passado.

É a prática, a aplicação, das ideias a nossa experiência diária que vai fazer que acabem os transtornos por algo que não existe, que vai nos fazer reconhecer que só vemos o passado, porque a mente em nós só sabe se ocupar de pensamentos do passado. É também a aplicação que vai nos auxiliar a viver o "agora", o "presente", por nos mostrar que não vemos nada tal qual é agora, pois nossos pensamentos, contaminados pelo passado, pelo julgamento, não podem significar coisa alguma.

Às práticas?

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