quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Voltar-se para a criança interior para ver o mundo

 

3. O que é o mundo?

1. O mundo é percepção equivocada. Ele nasce do erro e não abandona sua fonte. Ele não continuará a existir quando o pensamento que lhe deu origem deixar de ser apreciado. Quando a ideia de separação se transformar em um pensamento de perdão verdadeiro, o mundo será visto sob outra luz; e uma luz que leva à verdade, na qual o mundo inteiro tem de desaparecer e todos os seus erros sumirem. Como consequência disto, sua fonte desaparece e seus efeitos também.

2. O mundo foi feito como um ataque a Deus. Ele simboliza o medo. E o que é o medo exceto ausência de amor? Desta forma o mundo tinha por objetivo ser um lugar aonde Deus não pudesse entrar, e onde Seu Filho pudesse estar separado d'Ele. A percepção nasceu aqui, pois o conhecimento não poderia produzir tais pensamentos insanos. Mas os olhos enganam e os ouvidos escutam de forma errada. Então, os erros se tornam bem possíveis, pois a certeza desaparece.

3. Em seu lugar nasceram os mecanismos da ilusão. E, agora, eles partem para encontrar o que lhes cabe buscar. Seu objetivo é servir à finalidade para a qual o mundo foi feito para testemunhar e tornar verdadeira. Eles veem, em suas ilusões, apenas uma base sólida na qual a verdade existe, mantida ao lado das mentiras. Porém, tudo o que elas informam é só ilusão que é mantida ao lado da verdade.

4. Do mesmo modo que a vista foi feita para conduzir para longe da verdade, ela pode ser reorientada. Os sons se tornam o chamado por Deus e toda percepção pode receber uma nova finalidade d'Aquele a Quem Deus nomeou Salvador do mundo. Segue Sua luz e vê o mundo da forma que Ele vê. Ouve só a Voz d'Ele em tudo o que fala a ti. E deixa Ele te dar a paz e a certeza que jogaste fora, mas que o Céu preserva n'Ele para ti.

5. Não nos acomodemos até que o mundo se junte a nossa percepção transformada. Não nos demos por satisfeitos até que o perdão se torne total. E não tentemos mudar nossa função. Temos de salvar o mundo. Pois nós, que o fizemos, temos de vê-lo pelos olhos de Cristo, para que aquilo que foi feito para morrer possa ser devolvido à vida eterna.

*

LIÇÃO 243

Não julgarei nada do que acontecer hoje.

1. Serei honesto comigo mesmo hoje. Não pensarei que já sei aquilo que tem de permanecer além de minha compreensão atual. Não pensarei que compreendo o todo a partir de fragmentos de minha percepção, que são tudo o que posso ver. Reconheço hoje que isto é verdadeiro. E, por esta razão, fico desobrigado de julgamentos que não posso fazer. Deste modo, eu me liberto e liberto àquilo que vejo para ficar em paz tal como Deus nos criou.

2. Pai, hoje deixo a criação livre para ser ela mesma. Aceito todas as suas partes, nas quais me incluo. Somos um só porque cada parte contém a memória de Ti e porque a verdade tem de brilhar em todos nós como um só.

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COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 243

Caras, caros,

Comecemos a nos preparar para aprofundar a reflexão com a ideia de hoje, voltando ainda uma vez ao que eu disse nalguns dos comentários anteriores a esta mesma lição. 

A ideia para as práticas de hoje remete imediatamente à lição de número 132: Libero o mundo de tudo aquilo que eu pensava que ele fosseLembram? Uma lição de importância muito grande para a meta que nos propõe o Curso com a primeira parte do Livro de Exercícios: o desaprender daquilo que o mundo ensina. 

Passadas, porém, as lições cujo objetivo era o desaprender o que o mundo ensina, voltamo-nos, agora, desde o início desta segunda parte do livro de exercícios, para a possibilidade do aprendizado da percepção verdadeira, a percepção que nos dá o espírito em nós. 

Tratamos agora de buscar aprender verdadeiramente o que é o mundo. Aprender para que serve o mundo e qual é a nossa função nele, uma vez que o escolhemos para viver a experiência da forma e dos sentidos por algum tempo. É por isso que a pergunta: O que é o mundo?, tema desta terceira série de lições, se justifica. Pois, de verdade, se formos bem honestas, bem honestos, para com nós mesmas, para com nós mesmos, não sabemos o que ele é ou para que serve. E temos sérias dúvidas acerca do que nós mesmas somos, do que nós mesmos somos, e das razões, ou razão, pela qual estamos aqui, não é mesmo?

Então, repetindo mais uma vez o que eu já disse antes, de que modo aprender ou apreender o significado do mundo, enquanto o mantemos preso a conceitos e "pré-conceitos", porque baseados apenas na experiência de nossas percepções individuais, que mudam tantas vezes quantas mudam as posições de um ponteiro que marca os segundos em um relógio? Se é que alguém ainda lembra como é um relógio que marca os segundos com ponteiros. 

[ Um pequeno parêntese: Li outro dia, folheando um livro nalgum lugar, uma observação que questionava como seria nosso modo de viver, se, a cada dia, nascêssemos de novo, sem nenhuma informação prévia do que tínhamos vivido ou das possibilidades que se apresentariam a nós, sem a "experiência" do que vivemos nos dias anteriores todos. Que tal pensar a este respeito? Cada novo dia que nasce, traz à luz um novo, uma nova, tu. E, claro, um mundo inteiramente novo, que não conheces.]

A verdade é que, se de fato prestamos atenção às práticas da primeira parte, aprendemos que elas se destinavam a nos oferecer instrumentos e ideias para desaprendermos os conceitos e "pré-conceitos" do sistema de pensamento que recebemos do - e no - mundo [do ego, do falso eu], aprendidos todos ao longo do tempo [que é apenas ilusão e não existe, a não ser como parte da ilusão]. E que continuamos e continuaremos a aprender enquanto ainda influenciados por aquele sistema, vivendo esta experiência, no tempo - ilusório -, neste mundo - de ilusões.

Ora, repito, o desaprender de um sistema de pensamento por si só pode facilitar o aprendizado de outro [ou preparar para um salto a uma consciência mais abrangente]. É mais ou menos como aquela historinha zen, se vocês lembram, uma xícara cheia não pode receber mais chá do que sua capacidade, não importa o quanto continuemos a vertê-lo. Para colocar chá novo e quente é necessário esvaziá-la primeiro.

Lembremo-nos de que a ideia que praticamos hoje também tem a ver com a exortação de Jesus, segundo nos contam a seu respeito, a que voltemos a ser como as criancinhas. Não no sentido de uma regressão a um estado infantil, mas no sentido de se poder experimentar o mundo e as coisas do mundo sempre como se fora a primeira vez. 

As criancinhas não têm nenhum pré-conceito. E ainda não aprenderam a formular conceitos. Olham para o mundo com os olhos da inocência. E conseguem se maravilhar com as coisas mais simples, que nós já reputamos corriqueiras. A xícara de sua inteligência continua a se esvaziar depois de cada experiência, mesmo quando ela se repete vezes e vezes sem conta. E a deixam pronta [e vazia] para receber o chá da sabedoria e da informação que se lhes apresente. O tempo não tem significado para elas. Seu maravilhar-se com a vida e com as formas que a vida lhes revela é sempre novo. E se renova a cada instante, a cada experiência, a cada descoberta.

O segredo [se é que existe algum] de que nos esquecemos - por acumularmos conceitos e "pré-conceitos" ao longo de nossa jornada, sem os descartarmos a cada passo na direção do novo - é a prontidão que as crianças têm para aprender. A capacidade que elas têm de se entregar à experiência, à brincadeira presente, sem reservas. A capacidade de abandonar o que aprenderam anteriormente, a brincadeira anterior, para viverem apenas a do momento. E, como o Curso ensina, elas sabem naturalmente que não precisam fazer nada. Basta-lhes ser!

É a isso que as práticas de hoje, feitas de forma honesta e aberta, podem, mais uma vez, nos conduzir.

Às práticas?

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