domingo, 24 de julho de 2022

Tudo o que queremos, na verdade, é a paz de Deus

 

LIÇÃO 205

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

1. (185) Eu quero a paz de Deus.

A paz de Deus é tudo o que quero. A paz de Deus é minha única meta; o objetivo de todo o meu viver aqui, o fim que busco, meu propósito e minha função, e minha vida, enquanto eu morar em um lugar em que não estou em casa.

Eu não sou um corpo. Sou livre.
Pois ainda sou como Deus me criou.

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COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 205

Voltemos mais uma vez às perguntas feitas nos comentários dos últimos anos:

O que eu quero? O que tu queres? O que queremos? Quem, de fato, sabe o que quer? Quem está buscando atender aos anseios mais profundos de seu coração? Será que alguém entre nós se ocupa verdadeiramente de buscar aquilo que quer ou, como a maioria, está preocupado/a tentando afastar aquilo que não quer?

Quem de nós já experimentou, alguma vez, alguma coisa, uma sensação melhor do que a de estar na mais absoluta paz de Deus e ainda pôde pensar que seria possível existir algo mais a se querer depois de ter experimentado essa paz?

Haverá - alguém pode afirmar de forma categórica a partir de sua experiência pessoal - algo melhor do que a paz de Deus [penso que se pode dizer isso também, falando da paz de espírito, aquela paz, aquela sensação de tranquilidade em que tudo, absolutamente tudo, está no lugar certo, que temos de vez em quando - um instante santo, de que fala o Curso] para se desejar neste mundo, ou em qualquer mundo que possa existir?

A resposta a estas perguntas e a todas as perguntas que possamos ter e que possamos pensar e que possamos vir a fazer ao longo de nossa vida está na ideia que revisamos hoje. 

A maioria dos equívocos a que nos leva o sistema de pensamento do ego se deve ao fato de ele nos fazer pensar que podemos enganar a Deus, "um pouquinho só". Quer dizer, o ego nos faz acreditar que podemos, sim, desejar pra valer as coisas do mundo e ao mesmo tempo estabelecer um relacionamento satisfatório com Ele. Na prática, isto não é nada mais do que auto-engano, ou a quem pensamos enganar, senão a nós mesmos/as, acreditando que podemos esconder alguma coisa de Deus? Já não aprendemos que Ele/Ela é o que somos e que somos o que Ele/Ela é? 

Assim, é sempre só a nós mesmos/as que buscamos enganar, pois Deus não está em nenhum lugar que não em nós mesmos/as. Não existe um Deus exterior a nós, a quem possamos recorrer para nos livrar da dor, do sofrimento, da doença ou da morte. O único Deus que existe só diz sim a tudo o que escolhermos. E estas experiências - dor, sofrimento, perda, escassez, miséria, doença ou morte - só existem para aqueles ou aquelas de nós que as escolhem. Ou não acreditamos que existem pessoas felizes, alegres, satisfeitas com tudo o que têm, que não aspiram nada mais porque Deus - seu Deus interior - lhes dá tudo aquilo de que precisam em todos os momentos? 

Minha esposa, a partir de uma conversa a respeito de uma das últimas experiências que tivemos em nossa viagem pelo sertão num dos últimos anos passados, logo que voltamos, me lembrou de um filme a que ela assistiu, uma espécie de documentário, que retratava a experiência de um jornalista ocidental que passara um ano entre os mongóis, no deserto, junto àquelas tribos de nômades que vivem em tendas e se deslocam pelo deserto de período em período. 

O filme conta que foi uma experiência riquíssima para o jornalista que, ao encerrar seu tempo entre eles, enquanto os mongóis finalizavam os preparativos para mais uma jornada, queria dar um presente de despedida aos que o acolheram, sem descobrir o que poderia ser. Resolveu, então, perguntar a eles qual era a coisa de que mais sentiam falta. E eles não entenderam a pergunta. Pois é só a partir do ponto de vista do ocidental, que vive no dito mundo civilizado e tecnológico, que alguém pode pensar que uma tribo nômade pode sentir falta de alguma coisa em seu modo de viver. 

Na verdade, a ideia de que alguma coisa pode faltar a alguém é apenas mais um dos disfarces a que recorre o sistema de pensamento do ego para nos fazer pensar que alguma coisa no mundo pode vir a nos satisfazer, a nos dar a felicidade. Nós nos comparamos, egoicamente, uns aos outros, e umas às outras, a partir daquilo que pensamos ter e que "falta" - em nossa percepção equivocada - a outros e outras. Para nos julgarmos melhores do que outros e outras. É aquela ideia: "eu tenho, você não tem". Ou a ideia da inveja que tenho de algo que outro, ou outra, tem e eu não. No entanto, isso só aprofunda mais e mais a ideia de separação, porque, por mais que acreditemos ter neste mundo, há sempre alguém que, aparentemente, tem mais. E isso tira a paz de qualquer um, ou qualquer uma, que ainda esteja iludido/a, pensando que há algum valor em se ter alguma coisa do mundo. Ninguém pode ter mais do que apenas aquilo que é. Ou, dito de outra forma, só temos o que somos. Nada mais.

Na verdade, quem tem a paz de Deus [paz de espírito] tem tudo. Nada lhe pode faltar. Ou, dizendo de outra forma, só podemos descobrir que temos tudo, quando experimentarmos, de fato, a paz de Deus. Lembram-se do Salmo: "O Senhor [o divino em mim] é meu pastor e nada me pode faltar"?

É por isto que a ideia para as práticas de hoje pode nos ensinar - e ensina a quem quiser aprender de fato - a manifestar de forma clara e inequívoca o único desejo que pode nos levar a alcançar salvação, para nós mesmos/as e para o mundo inteiro, além de nos colocar a todos e todas em contato com a luz de que somos feitos/as e que nos mostra a verdade a nosso próprio respeito.

Como eu já disse várias vezes antes - e repito uma vez mais hoje -, o pensamento que vamos utilizar para as práticas de hoje é o único pensamento verdadeiro de que precisamos para transformar de modo indescritível nossa experiência de estar no mundo. Ele é um pensamento que pode nos transportar para além de todas as aparentes barreira e obstáculos que parecem nos impedir de alcançar a alegria e a paz perfeitas, que são a Vontade de Deus para todos e cada um e cada uma de nós.

Só por isso vale perguntar mais uma vez: Quanto tempo ainda vamos esperar para aceitar a ideia de que tudo o que queremos, de fato, é a paz de Deus [mesmo que não tenhamos consciência disso]? De que ela é a única coisa que pode preencher nossas vidas com a alegria perfeita e completa, que é a condição natural do Filho de Deus? Quanto tempo ainda vamos levar para decidir que só queremos que o Deus em nós viva a vida por nós e escolha o que é melhor para nós?

Às práticas?

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