sábado, 27 de novembro de 2021

É impossível conflito entre a tua vontade e A de Deus

 

12. O que é o ego?

1. O ego é idolatria; o sinal do ser limitado e separado, nascido em um corpo, condenado a sofrer e a terminar sua vida na morte. Ele é a "vontade" que percebe a Vontade de Deus como inimiga e toma uma forma na qual ela é negada. O ego é a "prova" de que a força é fraca e de que o amor é amedrontador, de que a vida é, na verdade, morte e de que só aquilo que contraria Deus é verdadeiro.

2. O ego é louco. Com medo, ele se põe diante de Todos os Lugares, separado do Todo, separado do Infinito. Em sua loucura, ele pensa ter se tornado um vitorioso sobre o Próprio Deus. E, em sua autonomia insuportável, ele "percebe" que a Vontade de Deus foi destruída. Ele sonha com castigo e treme diante das imagens de seus sonhos; seus inimigos, que buscam assassiná-lo antes de ele poder garantir sua segurança atacando-os.

3. O Filho de Deus não tem ego. O que ele pode saber da loucura e da morte de Deus, se habita n'Ele? O que ele pode saber da tristeza e do sofrimento, se vive na alegria eterna? O que ele pode saber do medo e do castigo, do pecado e da culpa, do ódio e do ataque, se tudo o que existe à volta dele é a paz perene, livre de conflitos e imperturbada para sempre, no silêncio e na tranquilidade mais profundos?

4. Conhecer a realidade é não ver o ego e seus pensamentos, seus esforços, seus atos, suas leis e crenças, seus sonhos, suas esperanças  seus planos para a própria salvação e o custo que a crença nele cobra. Em termos de sofrimento, o preço pela fé no ego é tão imenso que a crucificação do Filho de Deus é oferecida diariamente em seu santuários sombrio, e o sangue tem de jorrar diante do altar em que seus seguidores doentios se preparam para morrer.

5. Porém, um único lírio de perdão transformará as trevas em luz; o altar às ilusões no santuário à Própria Vida. E a paz será devolvida para sempre às mentes santas que Deus criou como Seu Filho, Sua morada, Sua alegria, Seu amor, inteiramente Seu, um só com Ele totalmente.

*

LIÇÃO 331

Não há nenhum conflito, pois minha vontade é Tua.

1. Quão tolo, Pai, acreditar que Teu Filho pudesse causar sofrimento a si mesmo! Ele poderia fazer um plano para sua própria maldição e ser deixado sem uma forma segura de liberação? Tu me amas, Pai. Tu nunca poderias me deixar abandonado, para morrer em um mundo de dor e de crueldade. Como pude pensar que o Amor abandona a Si Mesmo? Não existe nenhuma vontade a não ser a Vontade do Amor. O medo é um sonho, e não existe nenhuma vontade que possa entrar em conflito com a Tua. Conflito é sono, e paz despertar. Morte é ilusão; vida, verdade eterna. Não existe nenhuma oposição a Tua Vontade. Não existe nenhum conflito, pois minha vontade é Tua.

2. O perdão nos mostra que a Vontade de Deus é Uma Só, e que nós a compartilhamos. Vamos olhar para as imagens sagradas que o perdão nos mostra hoje, a fim de podermos encontrar a paz de Deus. Amém.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 331

Chegamos hoje, mais uma vez - a décima-terceira para os que acompanham as postagens deste blogue desde seu início -,  à décima segunda das quatorze instruções que o Curso nos oferece para acompanhar e dar unidade às práticas das lições desta segunda parte do Livro de Exercícios. Esta parte que, como eu já disse várias vezes antes, de acordo com o Curso, quer nos oferecer os meios para que alcancemos a percepção verdadeira. 

O tema da instrução para a qual voltamos nossa atenção é: O que é o ego? E é necessário que voltemos a ele diariamente nos próximos dez dias. Ao menos uma vez antes das práticas com a ideia para o dia. Para tanto, como tenho feito, já há alguns anos, desde o início das lições desta segunda parte do livro, vou continuar a postar a instrução a cada dia, antes de cada lição.

Conforme vocês já devem ter percebido, em particular aqueles e aquelas que já estão passando por este ponto pela segunda, terceira ou mais vezes, esta instrução traz informações preciosas a respeito do ego [o falso eu que quer usurpar o lugar de Deus, como nos ensina o Curso] e de seu sistema de pensamento. Ao mesmo tempo ela nos ensina a olhar para além dele, para nos auxiliar a entrarmos em contato com a verdade do que somos, para nos colocarmos na posição e no lugar em que a Vontade de Deus, em Seu Amor infinito, quer que estejamos. E que é o único lugar em que podemos estar.

Vamos, pois, às práticas com a primeira das dez ideias que as lições deste período nos oferece. Uma ideia que mais uma vez busca nos ensinar o caminho para nos libertarmos de todos os conflitos que o sistema de pensamento do ego quer que acreditemos verdadeiros. Uma ideia que assegura não ser possível qualquer conflito entre a minha, a tua, as nossas vontades, e a Vontade de Deus. É por esta razão, pois, que a ideia que praticamos para iniciar este bloco de dez lições diz: 

Não há nenhum conflito, pois minha vontade é Tua. 

É claro que já aprendemos que a Vontade de Deus e a nossa são a mesma e uma só. Por isso não deve haver nenhuma dificuldade a esta altura para nos alinharmos à ideia que praticamos. 

Por isso, podemos dizer em uníssono com a lição: 

Quão tolo, Pai, acreditar que Teu Filho pudesse causar sofrimento a si mesmo! Ele poderia fazer um plano para sua própria maldição e ser deixado sem uma forma segura de liberação? Tu me amas, Pai. Tu nunca poderias me deixar abandonado, para morrer em um mundo de dor e de crueldade. Como pude pensar que o Amor abandona a Si Mesmo? Não existe nenhuma vontade a não ser a Vontade do Amor. O medo é um sonho, e não existe nenhuma vontade que possa entrar em conflito com a Tua. Conflito é sono, e paz despertar. Morte é ilusão; vida, verdade eterna. Não existe nenhuma oposição a Tua Vontade. Não existe nenhum conflito, pois minha vontade é Tua.

Aproveitemos, pois, mais uma vez, a fim de facilitar a compreensão - tendo sempre em mente que compreender é aceitar - da ideia e estender a reflexão, para acompanhar a meditação de Julian de Norwich, mística do século XIV, que também mostra não haver nenhum conflito entre o que Deus quer para nós e aquilo que queremos. Vejamos o que ela diz:

Temos o poder de pedir a nosso Amado,
reverentemente,
tudo o que desejamos.

Pois nosso desejo natural é possuir a Deus
e o bom desejo de Deus é nos possuir.

Não deixaremos nunca de ter esse desejo e 
anseio,
enquanto não possuirmos nosso Amado
na plenitude da alegria.

Então, não teremos mais nenhum outro
desejo. 

E há também, para ilustrar claramente a necessidade de que aceitemos e escolhamos a Vontade de Deus, e apenas a Vontade d'Ele, como a nossa, a história do grande santo, que lutava para chegar a Deus, contada assim por Níkos Kazantzákis, em seu "Relatório ao Greco":

Um grande santo lutou durante quarenta dias e não pôde chegar a Deus; havia alguma coisa no meio que o impedia; depois de quarenta anos entendeu: era o jarrinho de que gostava muito porque jogava dentro dele a água que bebia e o refrescava: quebrou-o e, imediatamente, uniu-se a Deus.

E há ainda o koan budista que diz o seguinte:

O mestre conserva a cabeça do discípulo sob a água, por muito, muito tempo; pouco a pouco as bolhas se rarificam; no último instante, o mestre tira o discípulo, o reanima: quando tiveres desejado a verdade [Deus] como desejaste o ar, então saberás o que ela [Deus] é.

Então, quando não houver "mais nenhum outro desejo" a não ser o de conhecer Deus, fazer de Sua Vontade a nossa, há de ser porque reconhecemos, aprendemos e aceitamos o que o perdão nos mostra. Como diz a lição:

O perdão nos mostra que a Vontade de Deus é Uma Só, e que nós a compartilhamos [com Ele]. Vamos olhar para as imagens sagradas que o perdão nos mostra hoje, a fim de podermos encontrar a paz de Deus. Amém. 

Às práticas?

*

ADENDO:

Pareceu-me correto fazer aqui algumas observações, ao mesmo tempo em que expresso meus agradecimentos pelos comentários das colegas estudantes-professoras de milagres nalgumas postagens anteriores. Ia fazer isto ontem para aparecer junto do comentário à última lição com o tema "O que é a criação?", mas não deu tempo. Por isso, este adendo só hoje.

Agradeço, pois, à Nina, à Raquel, à Dandan e à Gloria por terem dedicado parte de seu tempo para trazer a mim - e às pessoas todas que navegam por este espaço - suas impressões a respeito de como a lição diária e os comentários que a acompanha traz à tona os sentimentos que tanto as lições quanto os comentários despertam nelas. 

É bastante animador saber que alguma coisa do que eu digo, ao comentar as lições, na tentativa de incentivar suas práticas e trazer alguma luz para coisas que às vezes parecem estar escondidas, chega até vocês como uma mensagem, como é o caso do que diz Gloria. Que bom. Gloria, obrigado.

Entretanto, é bom lembrar sempre que tudo o que aparece nos comentários vem das lições, do estudo do Curso, de suas ideias e do que apreendo, ou busco apreender, do ensinamento. Os registros que faço ao comentar vêm, acredito, por inspiração do divino em mim, por assim dizer. O mérito, portanto, não é meu apenas. A luz vem do ensinamento. As práticas, como já disse tantas vezes, a meu ver, são certamente a melhor forma de acessarmos a luz que pode mostrar o que somos. E é bom quando podemos chegar a esta luz e dividi-la.

Pelo que o Curso ensina é bem fácil chegar a ela. Praticando.

A pergunta da Raquel: "O que é a criação?", que ela diz não estar entendendo no texto, é também o tema que deu unidade às práticas com estas dez últimas lições.

Bem, Raquel, o que posso lhe dizer para tornar mais claro, ou menos obscuro, o significado das palavras que o Curso oferece com este décimo-primeiro tema?

Acho que bastaria, talvez, dizer como diz o início do quarto parágrafo: "Nós somos a criação." Nós, você e eu, e todos e todas nós, filhos e filhas de Deus. Nós, os Pensamentos d'Ele/Ela. E tudo o que de verdadeiro existe em nós, a partir daquela parte de nossa mente que ainda se mantém unida à verdade do Ser. A partir dos pensamentos que temos com Deus.

Há também no terceiro parágrafo uma luz, um alerta, para atentarmos ao fato de que a ilusão - ou as muitas ilusões - de mundo não faz parte da criação. Quer dizer, este mundo que depende de nossos sentidos, da percepção que nossos sentidos nos trazem e que nos mostra apenas coisas e gentes que não vão durar por toda a eternidade.

Nesta segunda parte do livro de exercícios, em temas anteriores, que nos preparavam para chegar até aqui, já tratamos, com o ensinamento, de esclarecer "o que é o mundo": falsa percepção, baseada na crença de que é possível uma existência separada do divino. Vimos também "o que é o mundo real": um símbolo, algo que pode ser percebido a partir da visão de quem já perdoou este mundo e tudo o que há aparentemente nele. Um mundo, este, feito como um ataque à divindade.

Assim, Raquel, acho que posso dizer, sem medo de errar, que a criação de que o Curso fala é tudo aquilo que vem do amor, do perdão absoluto, da luz, da inocência e pureza originais da criança de Deus que ainda vive em nós, em nossa unidade com o divino. Tudo aquilo que não tem fim em nossa experiência de seres, humanos, mas também divinos.

Começamos a compreender a criação quando abrimos os olhos, as mentes e os corações ao observar o mundo que percebemos, sentindo no mais fundo de nós, que tudo está absolutamente certo exatamente como está e se apresenta à nossa experiência.

Por fim, Dandan, uma vez que "este papo já 'tá qualquer coisa... já está pra lá de Marrakesh", resta dizer que sim, o ensinamento pode bem ter se baseado também no Bardo Thödol - O livro tibetano dos mortos. Assim como certamente foi baseado em tudo o que a mente humana foi capaz de trazer à luz, em sua busca para nos devolver à consciência do divino em nós, para que sejamos capazes de andar pelo mundo semeando apenas amor, verdade, paz, luz e perdão. E, claro, para que nossa vida no mundo, neste mundo, seja vivida em plenitude, com a certeza de que a morte é parte do viver e que "aprender a morrer", sem medo, é também aprender a viver.

Sem dúvida, precisamos ter em mente isto que dizes: "somos fragmentos de um mesmo Ser e é só o Todo que buscamos". Ao mesmo tempo, porém, precisamos plantar em nós - com as práticas é possível - a certeza de que o fragmento - o Pensamento de Deus, que cada um, e cada uma, de nós é - é "continente do todo". Quer dizer, ao mesmo tempo em que cada um, ou cada uma, é parte do todo, ele ou ela é o todo, porque somos a criação completa, e a trazemos inteira dentro de nós. Quer maior prova do que termos construído, cada um e cada uma de nós, todo este universo em pensamos viver?

A unicidade - "garantida para sempre" - de que fala o Curso, a meu ver, se refere aos aspectos individuais de cada um ou de cada uma de nós. Aquelas características próprias que nos tornam únicos e que mostram aspectos diferentes da divindade em cada um ou cada uma. 

Há diferentes, diversos, espectros em cada pessoa. Não seríamos seres completos se fôssemos todos o mesmo, idênticos.

Na prática, quer me parecer, dizer que somos o mesmo Ser é apenas uma metáfora para nos referirmos ao divino que há em cada pessoa.

Assim, unicidade e unidade não são a mesma coisa. A unicidade se refere àquilo que me pertence como fragmento e que me diferencia e me leva a ser atraído por outros fragmentos, e a atrai-los para mim na busca pela completude, pela unidade. Esta completude, esta unidade, se dá quando todos os fragmentos vibram harmonicamente na mesma sintonia.

Encerrando momentaneamente esta conversa, que espero não tenha sido cansativa para vocês, é preciso lembrarmos o tempo todo que, como o ensinamento diz, a jornada que fazemos é uma jornada sem distância, porque cada um, cada uma, já é aquilo que busca.

E, por favor, sintam-se sempre muito à vontade para dividir suas impressões, dúvidas e inspirações. Afinal, as partes precisam sempre saber umas das outras, para seu enriquecimento. Este espaço foi pensado para isto.

Paz e bem!

3 comentários:

  1. GRATIDÃO,
    por trazer mais Luz a nossa compreensão dos ensinamentos do CURSO e, também, pelas postagens diárias.
    NAMASTÊ!!!🙏❣️🙏❣️🙏

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