quinta-feira, 23 de setembro de 2021

"A gente vive... é... para se desiludir, desmisturar." GR

 

5. O que é o corpo?

1. O corpo é uma cerca que o Filho de Deus imagina ter construído para separar partes de seu Ser de outras partes. É dentro desta cerca que ele pensa viver para morrer quando ela enfraquecer e se deteriorar. Pois dentro desta cerca ele pensa estar a salvo do amor. Identificando-se com sua segurança, ele percebe a si mesmo como aquilo que sua segurança é. De que outra forma ele poderia ter certeza de que permanece no interior do corpo e de que mantém o amor do lado de fora?

2. O corpo não permanecerá. Mas ele vê isto como segurança em dobro. Pois a impermanência do Filho de Deus é "prova" de que suas cercas funcionam e cumprem a tarefa que sua mente atribui a elas. Pois, se sua unidade ainda permanecesse intocada, quem poderia atacar e quem poderia ser atacado? Quem poderia ser vitorioso? Quem poderia ser sua presa? Quem poderia ser vítima? Quem o assassino? E, se ele não morresse, que "prova" haveria de que o Filho de Deus pode ser destruído?

3. O corpo é sonho. Igual a outros sonhos, algumas vezes ele parece retratar a felicidade, mas pode bem repentinamente retroceder para o medo, onde nascem todos os sonhos. Pois só o amor cria na verdade e a verdade nunca pode ter medo. Criado para ser medroso, o corpo tem de servir ao propósito que lhe foi dado. Mas nós podemos mudar o propósito a que o corpo obedecerá mudando o que pensamos acerca de sua finalidade.

4. O corpo é o meio pelo qual o Filho de Deus volta à sanidade. Ainda que ele tenha sido feito para prendê-lo no inferno de forma irremediável, apesar de a meta do Céu ter sido trocada pela busca do inferno. O Filho de Deus estende sua mão para alcançar seu irmão e para ajudá-lo a caminhar pela estrada junto com ele. O corpo se torna sagrado imediatamente. Agora ele serve para curar a mente à qual ele tinha feito para matar.

5. Tu te identificarás com aquilo que pensas que te deixará seguro. Seja isso o que for, acreditarás que é um contigo. Tua segurança está na verdade, e não em mentiras. O amor é tua segurança. O medo não existe. Identifica-te com o amor e estás seguro. Identifica-te com o amor e estás em casa. Identifica-te com o amor e encontras teu Ser.

*

LIÇÃO 266

Meu Ser sagrado vive em ti, Filho de Deus.

1. Pai, Tu me deste todos os Teus Filhos para serem meus salvadores, meus conselheiros visíveis; os portadores da Tua Voz santa para mim. Tu estás refletido neles e, neles, Cristo olha para mim desde o meu Ser. Que Teu Filho não se esqueça de Teu Nome santo. Que Teu Filho não se esqueça de sua Fonte santa. Que Teu Filho não se esqueça de que o Nome dele é o Teu.

2. Neste dia entramos no Paraíso, invocando o Nome de Deus e nosso próprio nome, reconhecendo nosso Ser em cada um de nós; unidos no Amor santo de Deus. Quantos salvadores Deus nos deu! Como podemos perder o caminho para Ele, quando Ele enche o mundo com aqueles que O indicam e nos dá a visão para olhar para eles?

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 266

A ideia que vamos praticar mais uma vez hoje, do ponto de vista da percepção dos sentidos do corpo, não faz nenhum sentido. Isto é, ela se refere a algo que o ego - o falso eu - tem muito medo que venhamos a descobrir, ou lembrar, acerca de nós mesmos/as, pois que o deixaria sem chão.

O que somos na verdade é o Ser sagrado, que vive em Deus e em Seu Filho, que é o que somos e é o que Deus é. Mas para entrar em contato com esta verdade é preciso que nos afastemos do mundo. É preciso que olhemos para o mundo de um ponto de vista que não se baseie nas impressões da percepção do corpo e que nos mostre que há, em tudo e em todos, alguma coisa além da forma que o olhos veem, além dos modos com que os sentidos do corpo percebem.

Isto tem a ver com a ideia de modificar a percepção, de mudar o modo de ver, conforme nos ensina o Curso com suas lições, ou como vimos no comentário de ontem. Tem a ver com chegar ao ponto de saber que não há nada no mundo, por mais real que nos pareça, que não passe de ilusão, se vocês tiverem em mente o que falamos a este respeito também no comentário às lições de ontem e de anteontem. 

Mudar o modo de ver é curar a percepção. É escolher a percepção correta do Espírito Santo, substituindo a percepção do ego e dos sentidos por ela. Trabalhamos com isto na primeira parte do livro de exercícios, cujas ideias buscavam nos ensinar um modo de desaprender aquilo que o mundo ensina. 

Mas também podemos, nesta segunda parte, sem sombra de dúvida, nos valer das ideias da primeira como forma de alcançar a percepção correta, que é o que o Curso se propõe a nos ensinar agora. Assim, eis aqui, de novo, parte do comentário feito antes a esta lição:

Não há nada a temer [Lição 48]. Nestes tempos aparentemente muito conturbados que vivemos, em que todos os veículos de comunicação - ou a maioria deles - escolheram nos contar quase que apenas aquelas notícias que confirmam a ideia de - e reforçam a crença na - separação, e nos aconselham a ter medo até do vizinho ao lado, de nossos companheiros ou companheiras, de nossos irmãos ou irmãs e de nossas famílias, ou de nossa própria sombra, precisamos recorrer com frequência a esta lição. Ela figura, em meu modo de ver, entre as mais importantes do Curso, no que diz respeito à meta da primeira parte do livro de exercícios: o desaprender daquilo que o mundo nos ensina, como eu disse acima.

Há uma espécie de sintonia - e não poderia ser diferente - entre a ideia da lição 48 e esta que praticamos hoje. Pois, se prestarmos bastante atenção, perceberemos que, de fato, não há razão alguma para se temer nenhuma das pessoas que aparentemente povoam este nosso mundo. A ideia de hoje nos ensina a olhar para todas e para cada uma delas e ver nelas o nosso salvador. Todas as pessoas que vivem no mundo conosco têm a função de nossos "conselheiros visíveis". Seja qual for a forma com que se apresentem. Seja qual for a mensagem que nos tragam.

Se olharmos bem para cada uma das pessoas que se apresenta em nossa vida, seremos capazes de identificar nela o Filho de Deus, a menos que estejamos nos sentindo separados/as d'Ele/Ela, o que significa que não estamos experimentando o Ser em nós mesmos, que estamos apenas distraídos/as de nós mesmos/as.

E, mais uma vez, não há como não lembrar, nem como deixar de voltar às falas do jagunço Riobaldo, do livro Grande Sertão: Veredas. Ouçam o que ele diz a certa altura:

"Pensar mal é fácil, porque esta vida é embrejada. A gente vive, eu acho, é mesmo para se desiludir e desmisturar. A senvergonhice reina, tão leve e leve pertencidamente, que por primeiro não se crê no sincero sem maldade."

Não é mesmo o caso de se buscar praticar com mais afinco? 

Às práticas?

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