sexta-feira, 27 de março de 2020

Nossas diferenças não nos separam. Elas nos unem.


LIÇÃO 87

Hoje nossa revisão abrangerá estas ideias:

1. (73) Eu quero que haja luz.

Hoje usarei o poder de minha vontade. Não é minha vontade tatear nas trevas de um lado para outro, assustado por sombras e com medo de coisas invisíveis e irreais. A luz será meu guia hoje. Eu a seguirei aonde ela me conduzir, e só olharei para aquilo que ela me mostrar. Neste dia experimentarei a paz da percepção verdadeira.

2. Para aplicações específicas, estas formas desta ideia seriam úteis:

Isto não pode esconder a luz que quero ver.
Tu estás na luz comigo, [nome].
Isto parecerá diferente na luz.

3. (74) Não há nenhuma vontade a não ser a Vontade de Deus.

Estou em segurança hoje porque não há nenhuma vontade a não ser a de Deus. Eu só posso ter medo quando acredito que existe outra vontade. Eu só tento atacar quando estou com medo, e só quando tento atacar posso acreditar que minha segurança eterna está ameaçada. Hoje, reconhecerei que tudo isto não acontece. Eu estou em segurança porque não há nenhuma vontade a não ser a de Deus.

4. Estas são algumas formas úteis desta ideia para aplicações específicas:

Que eu perceba isto na harmonia com a Vontade de Deus.
É Vontade de Deus que tu sejas Seu Filho, [nome], e minha também.
Isto é parte da Vontade de Deus para mim, não importa como eu o veja.

*

COMENTÁRIO:

Explorando a LIÇÃO 87

"Eu quero que haja luz."

Esta é a primeira das duas ideias que revisamos com a lição de hoje. Uma ideia que nos oferece o desafio de buscarmos no mais íntimo de nós mesmos responder à pergunta: Tu queres que a luz se faça em tua vida?

A existência da luz pressupõe o fim das trevas e da escuridão. Quando nos encontramos mergulhados na dor e no sofrimento, por quaisquer razões que se tenham apresentado a nossa experiência, tudo o que parece que vemos é uma treva densa, que nos envolve e quer nos engolir. Parece que nunca mais vamos ser capazes de experimentar a alegria, não é mesmo?

Eu quero que haja luz.

A alegria, no entanto, tem de estar escondida em nós mesmos. O que acontece é que em tais momentos não conseguimos achá-la. Às vezes, parece até que não queremos, de verdade, achá-la. Ou como diz uma amiga minha. Às vezes, o pior é saber que a dor vai passar. Ou ainda, pensando no que dizem a respeito do tempo: que cura tudo, que é um grande professor, quiçá o melhor de todos. O problema é justamente que, de acordo com o que diz Hector Berlioz: O tempo é um grande professor, mas, infelizmente, ele mata todos os seus discípulos

Apesar e/ou em função de tudo o que podemos pensar, o que nos traz esta primeira ideia que praticamos hoje, como parte do exercício de revisão, é a oportunidade de vivermos o milagre de reencontrar a luz em nós mesmos, seja qual for a situação que vivemos que a tenha feito se esconder de nós. É a partir de nossa vontade que podemos achá-la, reencontrá-la em nós, e experimentá-la, como a lição diz:

Hoje usarei o poder de minha vontade. Não é minha vontade tatear nas trevas de um lado para outro, assustado por sombras e com medo de coisas invisíveis e irreais. A luz será meu guia hoje. Eu a seguirei aonde ela me conduzir, e só olharei para aquilo que ela me mostrar. Neste dia experimentarei a paz da percepção verdadeira.

A luz é o que somos no amor. E a alegria é a Vontade d'Ele para nós. É isso que vamos praticar com a segunda das ideias que revisamos hoje.

"Não há nenhuma vontade a não ser a Vontade de Deus."

Faz uma enorme diferença em nossa vida, no dia-a-dia, perceber, reconhecer, entender e aceitar e ficar grato por nossa vontade e a de Deus serem uma só, pois a partir desta aceitação, podemos passar a ver o mundo de forma diferente, com olhos amorosos que incluem e acolhem a tudo e a todos em sua visão.  

O milagre que as práticas das ideias que revisamos hoje é que elas são capazes de juntar mais uma vez nossa vontade à Vontade de Deus, uma vez que elas são a mesma, uma vez não existe nem nunca poderá existir nenhuma vontade separada da Vontade de Deus.

Não há nenhuma vontade a não ser a Vontade de Deus.

É assim que a lição pede que pratiquemos esta segunda ideia:

Estou em segurança hoje porque não há nenhuma vontade a não ser a de Deus. Eu só posso ter medo quando acredito que existe outra vontade. Eu só tento atacar quando estou com medo, e só quando tento atacar posso acreditar que minha segurança eterna está ameaçada. Hoje, reconhecerei que tudo isto não acontece. Eu estou em segurança porque não há nenhuma vontade a não ser a de Deus.

Lembremo-nos do que diz Ramana Maharshi a respeito de Deus, em sintonia com as ideias que praticamos:

"Deus não apenas é o coração de tudo, ele é o propósito de tudo, ele é a fonte de tudo, a morada e o fim de tudo. Tudo vem dele, tem seu lugar nele e, por fim, se resolve nele." 

É ao entendimento disto que as práticas nos levam, se feitas com atenção, obedecendo às instruções que o Curso nos dá para cada uma delas. É para nos ajudar a descobrir que existe, de fato, uma forma diferente de olhar para tudo, uma forma que podemos aprender da aceitação da Vontade de Deus para nós, da aceitação de que a única vontade que existe é a d'Ele, e de que a Vontade d'Ele é a mesma que a nossa. 

É esta forma diferente de olhar para tudo e para todos, que nos ensina a envolver o mundo todo e tudo o que ele contém em um abraço amoroso, que cura todos os males e todas as dores que pensamos existir, pois não julga e não condena. Ao contrário, aceita as diferenças amorosamente por entender que as diferenças não separam. Na verdade é o contrário, são nossas diferenças que nos unem. 

São as diferenças que nos permitem conhecer formas outras de viver e de ver o mundo, enriquecendo toda a vida. Elas nos permitem conhecer partes de nós mesmos com as quais não tínhamos tido contato enquanto isolados, fechados, ilhados em nós mesmos. 

O diferente, quando o vejo, reconheço e aceito, sou eu mesmo. É uma parte de mim que se mostra para me fazer completo, para me tornar inteiro, se ainda não sou, se ainda não abarquei o mundo inteiro, perdoando-o dentro de mim. E isso não tem nada a ver com a forma pela qual o diferente se aproxima de mim. A forma, seja ela qual for, é sempre tão-somente um reflexo de mim mesmo, daquilo que trago dentro de mim. 

Em um determinado momento do texto, o Curso chama a atenção para a forma com que olhamos para o irmão, para o próximo. Isto é, podemos nos perguntar a cada instante, a cada novo encontro com as pessoas que povoam nosso mundo: como eu te vejo? De que modo devo olhar para o próximo para ver a santidade em mim? E o que vai me trazer a experiência de ver a santidade em mim? 

Eis o que o Curso diz, parafraseando-o: 

O mundo ficaria imóvel e a paz desceria sobre ele em benignidade e com uma bênção tão completa que nenhum vestígio de conflito continuaria a existir para assombrar-te na escuridão da noite, se apenas visses a santidade do teu irmão. 

E mais: 

Teu irmão é teu salvador dos sonhos feitos de medo. É a cura de tua noção de sacrifício e de teu medo de que o que tens poderia se dispersar no vento e se converter em pó. Em teu irmão está a garantia de que Deus está aqui e de que está contigo agora. 

E ainda: 

Enquanto teu irmão for o que ele é [ele é como Deus o criou], podes estar certo de que é possível conhecer a Deus e de que Ele será conhecido por ti. Pois Deus jamais poderia abandonar Sua própria criação. O sinal de que isso é verdadeiro está no teu irmão, que te é oferecido de forma que todas as tuas dúvidas a teu próprio respeito possam desaparecer diante da santidade dele [que, reconhecida, revela tua própria santidade]. Olha para teu irmão e vê nele a criação de Deus. Pois é nele que o Pai espera pelo teu reconhecimento de que Ele o criou [assim como a ti] como parte de Si Mesmo.

Às práticas?

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